O amor e o sexo às vezes me
parecem uma forma de diálogo numa linguagem, mas numa outra linguagem. Me
parece um diálogo que mobiliza todas as linguagens e todos os sentidos. Tal
linguagem que, ao contrário, do que certos artistas pensam não é uma linguagem
de poder, não é isso tanto um jogo de sedução ou somente de apreciação, não é
uma arte a ser ensinada, mas algo a ser precisa e silentemente sentido e que só
é sentido na mais simples sensibilidade. E, é bom que se diga, é algo que não
é, dado a todos possuírem. E isso não por ser inefável ou sagrado, pecaminoso
ou abjeto, mas porque é algo do qual depende certa sintonia, certa afinidade, certa
entrega e despreendimento. E também certa forma de comunicação e de
surpreendimento em que o receptor e o emissor encontram a partir deles algo
mais. Na literatura quando isto é posto claramente resta àqueles que não o
sentem apenas a excitação, aquele prazer da pura fantasia, mas isso não me
parece melhor que o prazer real e sentido, e, então, o que para alguns parece
pornografia e é tratado como tal ou peça de excitação é bem mais do que isso. É
uma outra forma de ser, é, nas palavras não somente uma disposição mas um estado
do ser com o outro. E ainda que quando é posto em palavras te apenas um cujo
propósito é dar a quem contempla um prazer que não é seu, mas que poderia ser
com o seu outro, seu par imaginário. Lembro e retomo isto ao ver Anais Nin e
Artur Miller que são - no amplo universo daqueles que já sentiram isso, e que
sentiram isso num uso bem amplo e liberto da linguagem - os escritores e
descritores que se exibiram ao tratar disto e eu agradeço porque esta matéria quando
é tratada cientificamente não tem muita graça, mas quando é posta em sua
delicadeza é algo do humano que nos toca e nos alerta para sua importância,
isso se ainda não percebemos ou sequer desconfiamos disto. E toda vez que
alguém te pedir para te ver novamente lembre exatamente disto, recusando ou
não...
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