Para começar, devo dizer que
voltei algumas semanas em uma postagem de um amigo e ex-colega da filosofia
para comentar o que segue a partir de seu compartilhamento de uma obra de
Alison Gopnik. Em seu resumo da obra dela assim: “Alison Gopnik é uma psicóloga
cognitiva de renome mundial. Neste longo e saboroso ensaio, a um só tempo
confessional e detetivesco, ela fala da crise de identidade que a abateu aos
50; de como encontrou refúgio em Hume e no budismo; e de um possível elo entre
os dois através dos jesuítas do século XVIII. Topei com o ensaio em meu Feedly
depois de deixar o Henrique no colégio, cedinho da manhã. Não consegui parar
até terminá-lo. (E, bem, há o dia todo para a lógica de Kant.).(...) o ponto
dela é inédito. Ela mostra evidências da possibilidade de Hume ter se informado
sobre o budismo em La Flèche, enquanto terminava o Tratado, com estudiosos
jesuítas que tinham estado na Índia e no Tibete.” Renato Duarte Fonseca.
Assim, Alison aponta David Hume
como um bom filósofo para enfrentarmos as crises de meia idade e isto se deriva
de sua relação com o Budismo.
Depois eu, então, extrapolei para
minhas aulas e vida. Voltei lá para
dizer que tenho notado grande atenção na filosofia para está temática mais
existencial ou do tal sentido da vida. Tal temática é central na vida de uma
pessoa e me parece que isto fica decisivamente aos 50 anos. E é a temática de
compreendermos nossos momentos, sentimentos, angústias e expectativas
específicas de cada momento ou situação da vida. Não se trata de uma teoria
geral da vida, mas sim para mim uma espécie de narrativa que toca
diferencialmente cada momento da nossa vida.
Recomendo muito, a partir disto,
uma leitura de algumas obras do David Yalom, aquele psicanalista americano que
obteve muito sucesso a partir de sua obra Quando Nietzsche Chorou, porque
percebo claramente uma ótima aproximação entre temas filosóficos e a análise
existencial dele. Muito além de uma auto ajuda trata-se de focar em problemas
que ou caem num divã e são tratados ou ficam embatucando a cabeça de certas
pessoas. Creio que temos aqui sim uma dimensão da filosofia da vida mas também
uma abordagem da saúde e a construção de formas mais saudáveis e sensatas de
encarar os dramas da existência. Tenho lido Hume e observo uma grande aplicação
de muitas de suas lições para uma vida mais saudável. Eu dou um testemunho que
o Yalom é bom porque tenho lido ja diversas
obras dele que tem me auxiliado a encarar certos dramas de minha vida e
de conhecidos, ao mesmo tempo, tento ultimamente aproximar muito meus
conhecimentos e leituras filosóficas das questões existenciais.
Yalom tem diálogos em suas obras com
filósofos bem interessantes. Começando por Quando Nietzsche Chorou,
seguindo por O problema de Spinoza, A
Cura de Schopenhauer, Mentiras do Divã, O Carrasco do Amor, Mamãe e o Sentido da Vida, Os desafios da Terapia. No
último livro que adquiri dele, A Cura de Schopenhauer, ele cita seu diálogo
com muitos filósofos como DagFinn
Follesdal, por exemplo, entre outros filósofos contemporâneos citados em outras
obras dele.
Estou, então, aqui lendo um livro
do Yalom que trata sobre o tema da morte e outros. Ele é um e escritor bem
analítico no sentido de dar um tratamento muito claro e distinto dos temas que
enfrenta com seus pacientes e nos apresentar isto seja em forma de relatos as
autorizados, seja como ficção ou uma
narrativa ficcional de situações que conseguimos imaginar e compreender muito
bem. E é de grande proveito para o entendimento de si e dos outros. E esta
última semana em sala de aula e na
vida lidei com muito temas limite.
Sobre o Filme O Resgate do
Soldado Ryan tratei do tema geral do valor da vida de um homem em suas
dimensões intrínsecas, relacionais e comparadas. E a crítica da indução de
David Hume em que tratei primeiro dos aspectos epistêmicos e lógicos e depois
de uma perspectiva do valor existencial de sabermos que o sol pode não nascer
amanhã ou que, em paralelo, nos também podemos não estar aqui amanhã. E daí o
valor do nosso tempo presente e de nossa vida atual.
Carpe diem dizia o professor de
Sociedade dos poetas mortos e aqui aproveitar o dia vale em duas direções.
Alguns preferem aproveitar ao máximo a
vida porque pode não haver amanha já outros preferem cuidar da vida porque pode
haver uma amanhã também. Yalom é um excelente psicanalista existencial
americano que já passou dos 80 anos. Comecei a ler e não parei. Os livros dele
são muito bem escritos. Ele chama uma parte da abordagem dele de biblioterapia.
Cumpriu um papel importante nos meus últimos cinco as anos. E depois que eu
vivi aquelas situações barra de saúde, doença da mãe, morte do irmão, do pai e
de minha irmã mais velha, bem como problemas na minha saúde e vida pessoal e
politica acabei me tratando de certa
forma um pouco com ele eu diria. No sentido de ler, refletir, observar meus
sentimentos, escrever e me compreender também.
Olhar para si mesmo e para a sua
própria vida aos cinqüenta anos é muito diferente de fazer isto dos 30 ou 20
anos. Muita coisa aconteceu. É uma forma de conforto conquistada pela reflexão
e meditação, com análise honesta e franca de si mesmo e de sua história. A
lista de livros dele são muito bons para pessoas em crise de meia idade e que
passam por conflitos e atribulações de contemplar a vida da metade para o fim.
Aos 50 ocorre algo incrível com a gente. Tipo um sentimento de última chance.
Daí você pensa se consegue superar alguns traumas. Olhar para si mesmo ao
espelho e se confessar. Pensa em ver o que dá para corrigir. O que fica e o que
sai de sua vida. Nos meus últimos anos as coisas tem sido uma espécie de
seleção em que tenho que escolher tudo que faço e penso de novo. De comida à
hábitos.
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