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sábado, 30 de janeiro de 2016

SOBRE IRWIN D. YALOM E A TEMÁTICA EXISTENCIAL


Para começar, devo dizer que voltei algumas semanas em uma postagem de um amigo e ex-colega da filosofia para comentar o que segue a partir de seu compartilhamento de uma obra de Alison Gopnik. Em seu resumo da obra dela assim: “Alison Gopnik é uma psicóloga cognitiva de renome mundial. Neste longo e saboroso ensaio, a um só tempo confessional e detetivesco, ela fala da crise de identidade que a abateu aos 50; de como encontrou refúgio em Hume e no budismo; e de um possível elo entre os dois através dos jesuítas do século XVIII. Topei com o ensaio em meu Feedly depois de deixar o Henrique no colégio, cedinho da manhã. Não consegui parar até terminá-lo. (E, bem, há o dia todo para a lógica de Kant.).(...) o ponto dela é inédito. Ela mostra evidências da possibilidade de Hume ter se informado sobre o budismo em La Flèche, enquanto terminava o Tratado, com estudiosos jesuítas que tinham estado na Índia e no Tibete.” Renato Duarte Fonseca.

Assim, Alison aponta David Hume como um bom filósofo para enfrentarmos as crises de meia idade e isto se deriva de sua relação com o Budismo.
Depois eu, então, extrapolei para minhas aulas e vida. Voltei lá  para dizer que tenho notado grande atenção na filosofia para está temática mais existencial ou do tal sentido da vida. Tal temática é central na vida de uma pessoa e me parece que isto fica decisivamente aos 50 anos. E é a temática de compreendermos nossos momentos, sentimentos, angústias e expectativas específicas de cada momento ou situação da vida. Não se trata de uma teoria geral da vida, mas sim para mim uma espécie de narrativa que toca diferencialmente cada momento da nossa vida. 

Recomendo muito, a partir disto, uma leitura de algumas obras do David Yalom, aquele psicanalista americano que obteve muito sucesso a partir de sua obra Quando Nietzsche Chorou, porque percebo claramente uma ótima aproximação entre temas filosóficos e a análise existencial dele. Muito além de uma auto ajuda trata-se de focar em problemas que ou caem num divã e são tratados ou ficam embatucando a cabeça de certas pessoas. Creio que temos aqui sim uma dimensão da filosofia da vida mas também uma abordagem da saúde e a construção de formas mais saudáveis e sensatas de encarar os dramas da existência. Tenho lido Hume e observo uma grande aplicação de muitas de suas lições para uma vida mais saudável. Eu dou um testemunho que o Yalom é bom porque tenho lido ja diversas  obras dele que tem me auxiliado a encarar certos dramas de minha vida e de conhecidos, ao mesmo tempo, tento ultimamente aproximar muito meus conhecimentos e leituras filosóficas das questões existenciais.

Yalom tem diálogos em suas obras com filósofos bem interessantes. Começando por Quando Nietzsche Chorou, seguindo  por O problema de Spinoza, A Cura de Schopenhauer, Mentiras do Divã, O Carrasco do Amor, Mamãe  e o Sentido da Vida, Os desafios da Terapia. No último livro que adquiri dele, A Cura de Schopenhauer, ele cita seu diálogo com  muitos filósofos como DagFinn Follesdal, por exemplo, entre outros filósofos contemporâneos citados em outras obras dele.

Estou, então, aqui lendo um livro do Yalom que trata sobre o tema da morte e outros. Ele é um e escritor bem analítico no sentido de dar um tratamento muito claro e distinto dos temas que enfrenta com seus pacientes e nos apresentar isto seja em forma de relatos as autorizados, seja como ficção ou  uma narrativa ficcional de situações que conseguimos imaginar e compreender muito bem. E é de grande proveito para o entendimento de si e dos outros. E esta última semana  em sala de aula e na vida  lidei com muito temas limite.

Sobre o Filme O Resgate do Soldado Ryan tratei do tema geral do valor da vida de um homem em suas dimensões intrínsecas, relacionais e comparadas. E a crítica da indução de David Hume em que tratei primeiro dos aspectos epistêmicos e lógicos e depois de uma perspectiva do valor existencial de sabermos que o sol pode não nascer amanhã ou que, em paralelo, nos também podemos não estar aqui amanhã. E daí o valor do nosso tempo presente e de nossa vida atual.


Carpe diem dizia o professor de Sociedade dos poetas mortos e aqui aproveitar o dia vale em duas direções. Alguns preferem aproveitar ao máximo  a vida porque pode não haver amanha já outros preferem cuidar da vida porque pode haver uma amanhã também. Yalom é um excelente psicanalista existencial americano que já passou dos 80 anos. Comecei a ler e não parei. Os livros dele são muito bem escritos. Ele chama uma parte da abordagem dele de biblioterapia. Cumpriu um papel importante nos meus últimos cinco as anos. E depois que eu vivi aquelas situações barra de saúde, doença da mãe, morte do irmão, do pai e de minha irmã mais velha, bem como problemas na minha saúde e vida pessoal e politica acabei me tratando  de certa forma um pouco com ele eu diria. No sentido de ler, refletir, observar meus sentimentos, escrever e me compreender também. 

Olhar para si mesmo e para a sua própria vida aos cinqüenta anos é muito diferente de fazer isto dos 30 ou 20 anos. Muita coisa aconteceu. É uma forma de conforto conquistada pela reflexão e meditação, com análise honesta e franca de si mesmo e de sua história. A lista de livros dele são muito bons para pessoas em crise de meia idade e que passam por conflitos e atribulações de contemplar a vida da metade para o fim. Aos 50 ocorre algo incrível com a gente. Tipo um sentimento de última chance. Daí você pensa se consegue superar alguns traumas. Olhar para si mesmo ao espelho e se confessar. Pensa em ver o que dá para corrigir. O que fica e o que sai de sua vida. Nos meus últimos anos as coisas tem sido uma espécie de seleção em que tenho que escolher tudo que faço e penso de novo. De comida à hábitos.

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