O problema da democracia é real
no mundo todo. Sua crise não é episódica e nem conjuntural, pois é posta a
partir de crises econômicas, políticas, religiosas e culturais repetidamente.
Muitos parecem se esquecer que a democracia grega se sustentava sob dois pés
frágeis do nosso ponto de vista moral: primeiro para governar era preciso tempo
livre e, portanto, escravos; segundo para que os governos sejam bons é preciso
que somente poucos participem e que, portanto, ocorra alguma forma de restrição
da cidadania. Temos que cuidar com as ilusões da caverna de cada um de nós.
Os
europeus também tem democracias incipientes. Não é somente onde não há
democracias que falta liberdade. O que substituiria a escravidão e a seleção da
cidadania nos dias de hoje?
A gente fica olhando do lado de cá do oceano
imaginando democracias estáveis. Mas onde mesmo? Na Espanha, em Portugal, na
França, na Itália, na Alemanha? Não creio, não procede.
Quando não viveram sob
monarquias, e os facismos e nazismos, fachismos e outras versões são como tais,
viveram em guerras e vamos combinar que uma democracia em guerra aboliu a
política de vez. Ainda que nós voltemos a olhar para Grécia Antiga e encontrar
cidades estado democráticas em guerra também.
Nós aqui temos uma democracia de
25 anos e mesmo assim muitos tentam retornar ao estado de natureza, ou ao
estado colonial e ou feudal o tempo todo porque perderam suas vantagens de
força e são obrigados a viver sob um regime em que seus privilégios,
prerrogativas, vantagens e regalias são a cada dia que passa mais e mais
questionados.
O povo em sua maioria que vota e tenta acertar e alguns tentam
apenas tirar proveito do regime de partilha burguês.
Parece, então, que
Desidério Murcho, em seu artigo O FIM DA POLÍTICA (IN: Critica na Rede.com), toca sim na questão
fundamental ai, a doxa em questão, veja bem,
não é a do populacho mais...
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