Calma Rapaz!
A desconstrução não é nem um
método. É apenas uma técnica de interpretação literária. Não tem todo este
poder.
O que na verdade estais falando
aqui é da crítica. Da crítica social sobre os ídolos, mitos, ideologias,
quimeras e crenças compartilhadas por muitos. Os fantasmas assombram as pessoas
e algumas pessoas adoram fantasmas em busca de um passado glorioso ou majestoso
que nunca foi e nem será. Mas nem te
preocupa com o impacto disto.
As referências coletivas e
culturais me parece que não se perdem. São apenas substituídas, trocadas ou
permutadas. Algumas sofrem os impulsos e ondas das modas, das novidades e
outras ficam a mercê do mercado, da mídia ou de alguém que se projete acima da linha
do horizonte e vire e voz de uma geração. É na cultura que vemos muito isto. As
escolas estéticas, críticas e culturais. Os movimentos e as ondas seguem
batendo na praia e alterando a posição dos grãos de areia.
O vento segue batendo e mudando a
paisagem. Não é possível ocorrer esta
erupção instantânea de uma certa consciência de classe. Os despertos são
poucos, muitos nunca despertam e outros
voltam simplesmente a dormir após uma temporada de muitas conquistas e avanços
culturais e críticos. Veja o Brasil tem gente que projeta uma gigantesca
frustração em outros simplesmente porque comprou ilusões ou adotou certas
coisas pelas razões erradas ou por ilusões e
ingenuidades.
A verdade mais completa sobre
este mundo não existe. Temos uma grande colcha de retalhos e fragmentos que vez
ou outra recebe uma espécie de conjuntada ou conjuminação que a integra e nos
dá a impressão de ser completa, mas o Sistema não fecha...o sistema nunca fecha
e quem acha que vai encontrar a chave ou a última porta do sistema para dar seu
acabamento final, deixa apenas de perceber que para fazer tal coisa é
necessário parar a ampulheta do tempo e abolir a história.
Ser e tempo não é apenas o título
de um livro importante, é uma condição sem a qual não há com pensar o ser.
Assim, o tal processo está sempre inacabado, Resta sempre um devir. E hoje isso
me agrada bem mais do que antes porque é a partir disto que eu sei que as
coisas podem mudar ainda neste mundo e que nem tudo está perdido e nem o melhor
resultado foi atingido.
O povo não precisa ser preservado
de verdade alguma. Ao contrário, precisa ser protegido e proteger-se das
mentiras e falsidades e a única solução para isto é a velha recomendação
socrática: conhece-te a ti mesmo com uma boa pitada de iluminismo: pense por si
mesmo. Uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida, mas a reflexão que
vale a pena é aquela que nos faz viver mais e melhor, com todos os percalços e
abalos, desafios e dores que porventura isto nos custar, sem medo e sem
vergonha alguma de ter que começar a pensar de novo e de novo e de novo.
Um abraço de um professor que
também tem angústias.
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