Ufa, passado parte do sufoco
posso relatar agora. E vou fazer isso não para vitimizar a mim mesmo ou minha
familiar que acompanhei e nem para explorar ou me ostentar e fazer politicagem
com a questão da saúde. Portanto, quero deixar claro aqui que não estou
discutindo governo municipal ou prefeitura de São Leopoldo, mas apenas narrando
os fatos e fatores objetivamente.
Na verdade, meus amigos e amigas,
colegas e parentes queridos, passei a noite de ano novo com minha mãe dentro do
Hospital Centenário. Estava acompanhando minha mãe que teve algumas
intercorrências de saúde nos últimos dois dias que são relacionadas a um
processo natural em sua idade e que já vivemos desde o natal de 2009 e que em
janeiro de 2015 se agravou razoavelmente. De lá para cá o quadro de saúde dela
teve altos e baixos, mas vamos levando e encarando a situação com seus desafios
e exigências.
Pois ela passou mal e resolvi, em
virtude do que observava, que era melhor levar ela ao hospital do que tentar
remediar certos sintomas ou ficar interpretando. Chegamos ao hospital, após
tomada de decisão, as 16 horas e ela foi
ter alta hoje as 18 horas. Passou pela triagem às 17 horas e em virtude de
fatores que não percebi e outros que observei e compreendi fomos entrar no
Pronto Socorro somente as 20 horas, após iniciativa e certa pró atividade de
uma técnica de enfermagem que agilizou o
processo. Quero registrar aqui que fomos muito bem atendidos em todos os
sentidos pela equipe de servidores e que isso não depende mesmo de gestão
política, depende apenas da atitude e da conduta correta dos servidores dentro
de seus limites e capacidades.
Bem, é bom registrar que era dia
31 de dezembro, portanto último dia do ano, eu estive no pronto socorro e vivi
e testemunhei, escutei e presenciei parte de todo o que ocorreu lá naquela
noite. Parte disto envolve os quatro
baleados e o 110º óbito de São Leopoldo em 2015 e também todos que passaram
pelo Pronto Socorro na noite passada e que viraram a data naquele local.
Obrigado ao carinho de todos e
que 2016 tenhamos mais sabedoria. Ou como eu disse me contendo “Estou neste
momento passando o ano novo no lugar mais inimaginável para meus amigos. Mas
estou tranquilo, sereno e firme. As situações especiais nos tornam pessoas mais
fortes e preparadas para acertar na vida. E eu quero muito acertar. E faço de
cada situação um momento de aprendizagem. Feliz ano novo! Cuidem de suas saúdes
e dos seus, se eduquem mais e vivam melhor!”
P.S.: Poupo todos aqui de muitos
detalhes. Não satisfaço a curiosidade vã e fútil e nem ataco coisa alguma aqui.
Preservo aqui situações e pessoas que observei e também não emito certos juízos
aqui, porque a vida sob tensão é uma espécie de exercício extremo de quem nós
somos ou podemos ser. Fiquei pensando muito no que dizer por prudência, cuidado
e delicadeza aqui sobre meu ano novo. Penso que para alguns amigos e amigas que
estão lendo isto e talvez pensando nas omissões e diversas edições, cortes e
seleções para escrever o que aqui escrevo, devo apenas deixar uma pista que vem
diretamente do centro da questão que me toca muito hoje em relação a tal
sabedoria e a nossa capacidade de interpretar a vida e superar seus nós
carregados de ausência de sentido. É um esforço razoável para mim não ir aqui
as coisas mesmas, mas me postar entre elas, observando suas posições, os
sentimentos que suscitam e também evitar - porque é muito importante fazer isto
mesmo - as precipitações nos juízos e as tais inconfidências que só aborrecem e
aumentam os abismos entre nós. Abismos aonde precisamos construir pontes de
compreensão e de entendimento, laços de tranquilidade e proteção e canais de
comunicação e contextualização das coisas. Vendo agora um vídeo entrevista do
meu primeiro professor de filosofia - Hans Georg Flickinger que lecionou a cadeira de Introdução a Filosofia no primeiro
semestre de 1989 na UFRGS - quando ele fala de seu mestre Gadamer e da seguinte
expressão "Hermeneutica é saber quanto não foi dito quando se diz algo."
E lembrando também da tal folga do embolo que nos permite encontrar no pistão a
nota exata - Miles Davis era preciso nisto - e na vida a metáfora do sentido
alargado e do esforço de se ajustar o sentido entre todos nós de forma suave e
precisa. Estou então deixando para a imaginação de vocês tudo que possa ter
acontecido e para curiosidade de alguns me preparo a tratar em como escrever
este dia de hospital. Agradeço, então, todas as considerações....
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