"Como você pode entender um
objeto muito complexo?
Se conseguir compreender alguma
parte dele, isso já é impressionante"
CHOMSKY, 2014, p. 39.(In: Ciência
da Linguagem.)
Eu creio que esta expressão deve ocorrer em um contexto muito específico dele. Porém,
deslocada dele ela traz uma espécie de suspensão da nossa ambição de totalidade
e de abordagem completa das coisas como se fossemos capazes de um máximo de
análise e sistematicidade sobre qualquer objeto complexo. E é bom ler isso,
para ir com calma e valorizar muito cada coisa que compreendemos deste objeto
como uma grande conquista.
P.S. .a modéstia é sim uma
espécie de resultado ou resíduo da leitura da expressão. Veja agora que as
conjecturas sobre o todo eu creio que neste caso talvez até apareçam no
contexto da teoria do Chomski. Mas, devo dizer também, sem parecer aqui
adorniano, mas confessando a dica e a fonte dela, a ideia principal é que o
sujeito não esgota o conhecimento do objeto, este objeto complexo como se houvesse
uma base única e uma análise definitiva do mesmo. Precisa de mais categorias e
deve ir devagar, com muita paciência, pois avançar no conhecimento também não
depende da sua vontade ou dedicação e determinação. Este objeto aqui não é a
coisa em si do Kant, mas também oferece uma espécie de limite na aplicação de
nossas categorias e na subsunção de nossos esquemas conceituais. Inventa-se
novos métodos, metros, graus de conceitos e descrições ( o exemplo do
Pentaquark vem a calhar aqui, descoberta uma nova coisa que é um estado da
matéria sob determinada observação). Assim, o conhecimento do objeto avança com
um novo objeto, ou um objeto sob nova descrição e à medida que nosso
conhecimento avança temos novas proposições sobre ele(novos aspectos e sentidos
- gosto aqui de usar as proposições elementares) e também descobrimos que a parte que era vista como um detalhe pode
ser apenas mais um objeto novo. E o todo fica então mais distante ainda, salvo
se formos usar a tábua esmeraldina e fazer uma nalogia incompleta entre a parte
e o todo.
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