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sábado, 21 de setembro de 2019

NOSSO HORIZONTE EXISTENCIAL


NOSSO HORIZONTE EXISTENCIAL

Só teremos algum valor real nessa imensidão, se a gente reconhecer que não é tão importante assim. Ou pelo menos, não é tão importante quanto todo o resto. Eu desconfio que nosso valor só existe em princípio para nós mesmos. E esse valor se reconhece e só se amplia ao compartilhar nossa existência e ter o privilégio de existir com outros seres humanos. E é, mesmo assim, um valor passageiro e efêmero.

Isso, porém, não anula o nosso ponto de existência ou nossa marca na passagem por esse mundo. Pois, enquanto se está presente, enquanto existimos, somos algo e podemos ser em alguma medida melhores. Vejo que entre essa insanidade da ignorância disso tudo, que pode gerar a ilusão de que nosso pequeno mundo ou existência solitária é grande coisa e a soberba da razão, que nos faz pensar que ficamos maiores do que somos por existir e por reconhecer ou conhecer esse mundo, esse universo e a sua grandeza e majestade muito acima e além de nós, no espaço e no tempo e saber do lugar que ocupamos de fato nele, há um meio caminho que envolve apenas balancear entre essa micro dimensão de nossa existência individual e mesmo relacional e a macro dimensão do universo além de nós, que nos leva a uma dimensão precisa, equilibrada e justa.

Quando atingimos isso ficamos de certa forma aliviados porque nos observamos entre o zero e o infinito, entre o nada e o ser, estando para o prazer e o fascínio da nossa imaginação mais próximos do ser, ainda que baste só um estalo do tempo, do espaço, do mundo ou das nossas vidas para voltarmos ao nada. Certo é que voltaremos ao nada, mas é certo também que enquanto nos interrogamos ou refletimos sobre isso, nós somos, eu sou e tu és. E somos nesse mundo e nesse universo.

Imagem: instantâneo de um pôr do Sol em Porto Alegre.



sábado, 14 de setembro de 2019

SENTIMENTOS E EMOÇÕES, COGNIÇÃO E REFLEXÃO: 5 ANOS APÓS O PRIMEIRO ESBOÇO (2014-2019)


SENTIMENTOS E EMOÇÕES, COGNIÇÃO E REFLEXÃO: 5 ANOS APÓS O PRIMEIRO ESBOÇO (2014-2019)

Quando eu disse que você teve uma experiência cognitiva e não somente sentimental ou afetiva, tentei dar ênfase ao fato de que o que ocorreu contigo não era somente uma situação emocional, afetiva ou sensível. E eu queria dizer simplesmente que você não é somente sentimental, porque teve sentimentos intensos com essa experiência. Você não se resume a alguém ou um ser, ou mesmo um ponto no universo que só possui sentimentos.

Esta visão de que certas coisas são somente da ordem dos sentimentos ou das paixões, ou mesmo essa segmentação entre entendimento e sensibilidade, sendo o entendimento uma faculdade  ativa e racional e a sensibilidade uma faculdade passiva exposta às fragilidades das paixões, emoções, dores e amores, é enganadora e ela não vai te ajudar a superar, compreender ou aceitar a provocação que esta experiência ou vivência te apresenta.

A sensação de confusão que acompanha este tipo de experiência tal como um delírio, um gozo ou uma catarse, pode apenas esconder a dimensão cognitiva dessa experiência. 

Tendo a pensar sempre que as provocações geradas por uma emoção extrema e intensa, são úteis porque nos tiram da estabilidade aparente do mundo, dessa forma de normalidade que encobre o quão intensas são as nossas experiencias também por cognição e nos impõem a formulação de respostas ou a criação de soluções aos seus desafios. Esses desafios são de compreensão e também de ação ou reação a essas experiências e vivências. Nós nos sentimos desafiados por essas emoções a tentar retomar o controle do navio da nossa existência e a voltar a ser uma espécie de capitão de nossa alma.

Eu diria que você deveria romper com esta narrativa lamuriosa e trágica, que é uma das maiores tendências vividas por quem passa por uma experiência de excesso ou de intensidade emocional. Romper com esse circuito polarizado de emoções fortes, sejam elas boas ou ruins e começar a refletir sobre o que é mostrado nessa experiência, não mais em termos de um código em que o sentido exclusivo é dor, prazer ou desprazer, sofrimento, decepção e amargura. Ou seja, pensar na dinâmica exposta entre agente e paciente, na troca de papéis ou mesmo na disputa por manter um certo papel nessa dinâmica. Olhe para as imposições e resistências e procure perceber suas representações e suas formas de cristalização dos papéis.

Veja bem, não se trata aqui de tirar de ti a tua sensibilidade, tirar de ti o teu afeto e amor, mas de dar curso a ela para a tua reflexão, verificar o teu papel e a forma da tua ação nessa dinâmica e tomar a experiência em termos cognitivos. Isso não te torna insensível, vai apenas dar mais inteligibilidade – a inteligibilidade possível agora e que poderá ser aperfeiçoada adiante a algo que te ocorreu. Creio que essa forma de tratar te torna mais livre e te desprende dos papéis e das formas que essas dinâmicas tentam consolidar ou cristalizar nessa experiência e em outras em que a relação com o outro se conforma.

Então, tomar esta experiência como inteligível, observar nela a sua dinâmica, os papéis e formas de relação, pode ajudar muito na sua compreensão e superação, quando for necessário ou no aumento do gozo e do prazer quando for possível e desejável, mas isso não significa que você não seja sensível. Isso significa que você aprendeu a se diferenciar de teus sentimentos poderosos, se distanciar um pouco das fortes emoções, que às vezes te são impostas por outros e a se defender delas dentro de si mesmo e com um comportamento externo condizente com isso.

Sei que você teme e outras pessoas temem ser derrotadas nesta inversão de perspectiva, pois pareceria que ao dar racionalidade à experiência, você teria sido convertido a aceitar ela como significativa ou a aceitar e tolerar a experiência e a vivência que ela pode trazer. Porém, pense mais sobre esta pergunta: mas porque então este temor? E veja que a resposta é que só a experiência e só a coragem de arriscar podem fazer isso contigo.

Elas te jogam contra as paredes do salão da ilusão e assim vais ultrapassar os limites do teu tempo e daquilo que te resume agora. Amanhã ou depois, mesmo que você entenda tudo, pode acreditar será surpreendente, porém, porque jamais haverá alguma confirmação disto tudo. Vais esquecer na parede da memória esta experiência até que um dia toda esta carga emocional seja ou fique resumida a uma única palavra e todo este sentimento que tens esteja dissolvido e afastado de teu corpo.

BEM UM DIA AMOR: VERSÃO FINAL

BEM UM DIA AMOR



Quando a tua grande generosidade

sentir que é chegada a hora já 

e descer alguns andares do teu corpo,


abrir a porta 


e sair do centro da tua cabeça 

e para uma pequena visita de carinho e, assim,

você resolver, sem mais, nem por demais,

aparecer em teu coração pela manhã


o que vejo ao entardecer do passado,


entenderás tudo que sentes...




Vais pedir, então, para ela ficar ali


e servirás um chá suave com um doce 

tomarás ela pela mão e tudo


lembrarás de novo e ela 


fará pensar em ti, em


teu coração e tua ilusão


e não vais deixar ela subir mais,

porque toda a sabedoria


ainda não amou tudo ou

pensou no mundo como


a alma mui generosa tem pensado,


é que, esta mistura de diferença


só combina mesmo com o amor e é

bem isso que só tu saberás...


assim, sem mais...




Amar sim, mas sem se doar


e sentir, sem se expressar

nem pode dar,

tocar ou variar,


escutar ou sussurar


e bem assim, calada vais


responder para si


sem se culpar ou duvidar, e

tu sentirás tudo de novo quando,


na metade da minha vida,

que duas vezes me tocou e que,

estrelas despertou

encontrou e avisou 


da mesma coisa que eu senti por ti,

luz e brilho que aquela igreja iluminou

fonte esta de que brotou,


mas que, enfim, foi só

quase nada, apenas

um beijo, um terno


um dia todo, uma noite fresca

em tua cabeça, foi só um recado do mensageiro

no coração ocupado inteiro por um



pequeno e delicado sopro de vida


o amor que acordou...

chegou...

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

O SUBTERRÂNEO MUITO ESCURO E PERVERSO DO ÓDIO E DA RAIVA IRRACIONAL DA DIREITA BRASILEIRA


“A obscuridade das distinções e dos princípios de que se servem é a causa de poderem falar de todas as coisas como se as soubessem e de sustentarem o que dizem contra os capazes e os mais sutis, sem que se tenham meios de os convencer. Por isso, tornam-se comparáveis a um cego que para lutar sem desvantagem contra alguém que não é cego, levasse o adversário para o fundo de um subterrâneo muito escuro.”

 Rene Descartes

Lendo comentários agressivos e perversos nas redes sociais. Sobre o suicídio de Alan Garcia e em outros temas percebo a total perde de dignidade e respeito para com o outro ou o próximo. É muito triste ver como os espíritos mais rebaixados e desumanos afloram nas redes sociais. As pessoas que fazem esses tipos de comentários perdem o controle sobre seus impulsos, são impiedosos e jogam todos os escrúpulos na lata do lixo com uma forma de prazer indigna e vil.

A partir dessas condutas e expressões tornam o mundo pior e fazem uma lamentável contribuição na promoção do ódio gratuito e inadequado. Eu fico muito triste porque esse extraordinário meio de promoção do diálogo e da comunicação passa a se resumir apenas a uma arena de espancamento, agressão e maldade. O pior argumento que eu vejo ser utilizado nesses casos é o da liberdade de expressão que se reduz ao direito de dizer qualquer coisa de forma insensata, insensível e inconsequente.

Minha única esperança é que isso cause vergonha em outros e aversão na maioria dos que lêem isso. Nada de bom há de sair de tanta maldade. Feliz aqueles que escapam desse tipo de maldade, e que o amor ao próximo e a todo o próximo ressuscite nesses corações que jogam pedras nos demais seres humanos e que espancam a humanidade inteira com seus ataques e agressões.

COMPREENSÃO, INTERPRETAÇÃO E EXPLICAÇÃO: NOTA E ELUCIDAÇÃO


COMPREENSÃO, INTERPRETAÇÃO E EXPLICAÇÃO: NOTA E ELUCIDAÇÃO

Na ordem de análise das diversas formas de abordar um texto ou de tratar um texto tendo em vista elucidar seu conteúdo, definir seus limites e relações internas e externas, adota-se uma distinção entre compreensão, interpretação e explicação. Os três termos também possuem uma margem de sinonímia por definição ampla, pois ambos se relacionam ao que pode se chamar de análise ou crítica textual. Porém, é preciso esclarecer tanto as suas relações definicionais, quanto as suas relações operativas do ponto de vista do procedimento aditado por um leitor ou analista do texto.

Em Psicopatologia Clínica, a título de primeiro exemplo, são apresentadas estas definições:

1.       Explicação refere-se ao método científico-natural. Pela Lei do Determinismo: Causa e Efeito. Ou, se quiser, ação e reação.

2.       Compreensão refere-se a captar a subjetividade do Outro pela Fenomenologia e pela Psicologia Compreensiva. No uso da empatia e da intuição, coloca-se no lugar deste Outro. A vivência que for captada é comparada com a vivência do observador (terapeuta). Desta comparação se faz as inferências do normal e do patológico.

3.       Interpretação refere-se ao que não é explicado nem compreendido, os dois métodos anteriores. Assim, em última instância, a partir de uma Teoria a priori, tenta-se dissecar o material trazido pelo interlocutor, a partir da Psicologia Profunda, isto é, da tradução simbólica do Inconsciente Dinâmico.

O PT QUE TEMOS E O PT QUE PRECISAMOS TER - PARA O DEBATE DO PED 2019 NO PT DE SÃO LEOPOLDO


O PT QUE TEMOS E O PT QUE PRECISAMOS TER
EM TEMPOS DE GUERRA, A ESPERANÇA É VERMELHA

1.       O PT de São Leopoldo tem 40 anos de história e essa história precisa ser respeitada, mas um futuro melhor precisa ser construído com todos. Para honrar essa história e homenagear os trabalhadores e trabalhadoras que a construíram e para dar um passo mais firme e decisivo para o futuro da nossa cidade, do nosso projeto e do nosso povo precisamos ter Lula Livre, defender a democracia de forma mais radical, afirmar o socialismo como alternativa de sociedade e não transigir na defesa do povo pobre e do direito à organização dos trabalhadores e trabalhadoras em movimentos sociais, sindicatos, entidades comunitárias. A melhor forma de defender o nosso partido e o nosso projeto é lutar, lutar e lutar.  Isso significa abandonar as ilusões e encarar a dura realidade que enfrentamos com coragem, sem falsas expectativas e aceitando que estamos em tempos de guerra e que a única esperança que devemos afirmar é que só com luta, se conquista alguma coisa. A forma correta de construir esse futuro e lutar para vencer, é ter clareza sobre o que temos e o que precisamos ter como partido e como organização política composta de militantes e dirigentes. No PED – Processo de Eleição Direta – de 2019 temos muitos desafios e um dos principais pode ser resumido na consigna já apresentada pela nossa candidata a presidenta do Diretório Municipal Dolores: VOLTAR ÀS BASES.
2.       O PT de São Leopoldo tem obtido conquistas políticas importantes no RS e Brasil. Isso precisa continuar e avançar. Da eleição de 1982, ano da primeira candidatura a Prefeito e chapa de vereadores, até 1996, ano em que, após elegermos vereadores em 1988 e 1992, o partido se transformou numa organização política com lastro social e com posições e projeto competitivo na cidade. Em 2000 disputamos a segunda eleição nessa condição e em 2004 elegemos Ary Vanazzi, o prefeito da nossa cidade em confronto direto com Waldir Schmidt, em 2008 o reelegemos com 77% dos votos, em 2012 sofremos um revés eleitoral, mas resistimos até que em 2016 retornamos a prefeitura com Ary Vanazzi em aliança com o PCdoB que apresentou Paulette Souto como vice-prefeita em nossa chapa vitoriosa. O nosso desafio para 2020 é reeleger este projeto com Ary Vanazzi, reforçar nosso programa e ampliar esse patrimônio político de forma inquestionável e determinada. 
3.       Essa atuação do PT de São Leopoldo, tem sido resultado de um trabalho coletivo e de muitas contribuições individuais, de militantes, de dirigentes e de nomes que tem aceitado e construído o desafio das disputas eleitorais combinadas com a construção e organização partidária em dialogo e articulação com muitos movimentos sociais, sindicais, comunitários, culturais e também religiosos, que com o nosso generoso projeto se posicionaram e consolidaram a construção da Nova Cidade.   
4.       No último período, de 2013 a 2018, nosso Partido, temos sido um símbolo de resistência contra a onda fascista. Por ter contribuído intensamente nos Comitês de Luta contra o Golpe e na Presidência do PT estadual. E por ter preservado e fortalecido também a nossa atuação nos movimentos, nos articulando e dialogando mais para impedir a extinção de nosso partido e do nosso projeto para o povo e a sociedade Brasileira, Gaúcha e Leopoldense. Em São Leopoldo a resistência ao desgoverno Moa foi articulada no parlamento e em diversos segmentos na defesa das conquistas da cidade e dos trabalhadores e trabalhadoras.
5.       Por ter reconquistado a Prefeitura de São Leopoldo em 2016, sob a liderança do companheiro Ary Vanazzi, apesar da grande onda fascista e de direita no país, e ter recolocado o nosso projeto político na direção da nossa querida cidade onde vivemos e lutamos, nos transformamos na maior prefeitura administrada pelo PT no Brasil. Essa condição aumentou em muito a nossa responsabilidade e também a dedicação de todos para superar a herança destrutiva e perversa do governo do PSDB, PMDB e PP e demais aliados. Parte importante da nossa luta atual consiste em governar para o povo que mais necessita e em impedir, com trabalho e determinação, que os retrocessos que atingem o nosso país e estado prejudiquem mais ainda a vida do povo.
6.       Desde 1988 temos eleito e reeleito vereadores e vereadoras. Isto é, apesar de olharmos para o tamanho da nossa bancada na câmara de hoje e ficarmos preocupados, nossa voz e política, nosso projeto e nossos representantes persistem no parlamento. Isso precisa ser reconhecido e valorizado como base para avançar na nossa representação. Por isso, voltar as bases é também a tarefa que vai trazer êxito na eleição parlamentar e que vai enraizar nosso projeto político em toda a cidade. E voltar as bases significa também trazer as vozes das nossas bases para o parlamento municipal para enfrentar nossos adversários com mais determinação e na afirmação de nosso projeto.   
7.       Desde a vitória de Olívio Dutra em 1998, passando pela eleição de Lula em 2002, a eleição de Vanazzi em 2004 e a sua reeleição em 2008, a reeleição de Lula em 2006, a eleição de Dilma e de Tarso e a reeleição de Dilma em 2014, em todos esses momentos, o PT de São Leopoldo teve papel decisivo e forte atuação na política local e regional. Isso deve ser retomado aproveitando mais as facilidades de comunicação que são recursos praticamente disponíveis.
8.       Desde 1998, o PT de São Leopoldo também tem tido vozes no parlamento estadual e federal. Em 2014 perdemos esses espaços, mas precisamos trabalhar coletivamente para reconquistar eles em 2022. Essa tarefa envolve uma articulação intensa nas tendências partidárias, tomar decisões políticas que representem os cidadãos e na relação com a sociedade sermos porta vozes da luta para retomar um projeto generoso para o povo.
9.       Construímos essa vitórias em São Leopoldo e o êxito de nossas gestões, transformou o eixo de Canoas, Esteio, Sapucaia, São Leopoldo, Estancia Velha, Dois Irmãos, Nova Hartz e Sapiranga numa grande Linha Vermelha e, não podemos duvidar, com o apoio dos Governos Olívio Dutra no estado, Lula e Dilma no Brasil, nós fomos uma referência fundamental e exemplar para a organização regional do partido. Apesar do nosso partido estar fora da administração da nossa capital, Porto Alegre desde 2004, em São Leopoldo, fomos decisivos para alavancar conquistas reais e efetivas ao nosso partido, nas eleições e nas lutas sociais, e ao povo de São Leopoldo. Na administração pública criamos marcas e nos parlamentos construímos projetos importantes também.
10.   É por isso que, em meio a essa onda golpista e fascista no país e no RS, reconquistamos a prefeitura de São Leopoldo em 2016. Por que o companheiro Ary Vanazzi possui um  saldo superior junto ao povo de São Leopoldo e porque o nosso projeto político se destaca no confronto com outros projetos em todas as áreas, seja pelo seu enraizamento, seja pelos muitos resultados na melhoria da vida do povo trabalhador e da população de nossa cidade.
11.   Vamos sim reapresentar o nosso projeto coletivo em 2020, para reeleger Ary Vanazzi e aprofundar o resgate da economia e da vida melhor para o povo da nossa cidade, em especial para quem mais precisa, mas também para avançar e concluir a execução de nossos projetos em todas as áreas da administração municipal e contribuir para derrotar o bolsonarismo, o entreguismo e o neoliberalismo nas urnas.
12.   Isso só será possível se avançarmos na dimensão organizativa e política do nosso partido. Isso só será possível se virarmos a página da história desse partido e começar a escrever uma nova etapa de sua história, constituindo uma nova conduta dirigente e uma nova atitude em nossa militância. Como disse Valter Pomar – nosso pré-candidato a presidente nacional do PT, nós podemos fazer isso, se transformarmos cada filiado e filiada, cada simpatizante e apoiador em militante engajado e combativo para o debate político e ideológico, de modo a vencer a insegurança e as contradições que tentam nos envolver, nos atrapalhar e nos confundir na condução do partido e de nossas gestões. Tal tarefa não admite vacilações e titubeios, tal tarefa não será realizada por quem não tem lado nessa luta ou por quem não sabe o que dizer quando os desafios são colocados na conjuntura.
13.   Nesse sentido, será muito importante termos na direção e na militância muita clareza e nitidez sobre as tarefas da próxima direção, ou seja, do PT que temos e que precisamos ter para construir a vitória a partir deste 8 de setembro de 2019 e organizar o partido para todas as disputas eleitorais e desafios políticos de 2020 em diante. O PT não é somente um partido eleitoral, o PT que nós temos é uma organização política na sociedade e deve reagir no cotidiano aos desafios que se apresentam.
14.   A direção partidária – que é um coletivo composto de membros da executiva e do diretório, coordenadores de setoriais e regionais, precisa de uma vez por todas, com toda força e com espirito de urgência organizar a sua relação com a base partidária de filiados e filiadas, simpatizantes e apoiadores e com a sua base social de eleitores e eleitoras que tem identidade com nosso partido e, para além disso, travar um diálogo franco e aberto com todos aqueles que tem propostas para recuperar a auto estima do nosso povo, a democracia no Brasil e defender a educação e a justiça social num pais desigual e que é atacado por interesses do capital.
15.   Temos que aproveitar a estrutura e a experiencia política que possuímos para fazer isso. Essa estrutura depende de se colocar as finanças em dia, mas também de fazer o melhor uso possível dos nossos recursos. Temos atuado nesse setor e creio que podemos resolver isso melhor ainda na nova direção. Melhorar essa estrutura, ampliar o nosso uso dela e qualificar a nossa agenda política são tarefas que vão se iniciar nesse novo período. O nosso partido possui a maior, a melhor e a mais bem localizada sede dentre todos os diretórios de partidos de São Leopoldo. Essa sede que ocupamos desde 1994 e onde construímos nossas vitórias e nos organizamos, merece uma agenda cultural, política e organizativa permanente. Esse é um trunfo que precisa ser melhor aproveitado por todos os nossos militantes e dirigentes e todos os segmentos e tendências de nosso partido. Nossa sede deverá ser também um espaço para organizar amplos setores dos trabalhadores e das categorias profissionais que já perceberam a necessidade de se organizarem coletivamente para construir um projeto, fazer esse projeto vencer e manter esse projeto atualizado e comprometido com uma sociedade mais humana e justa.   
16.   Nesse processo de PED, todos nós que dialogamos com os filiados percebemos que um dos maiores problemas do PT em São Leopoldo é preservar e valorizar muito as suas relações de diálogo, debate e conexão com os filiados e filiadas. Disputas internas não podem mais ser a razão de ser de um militante e de um dirigente. Estabelecer e manter relações fraternas de diálogo e de respeito entre os militantes do nosso partido, mas também com militantes de outros partidos do campo de esquerda é um grande desafio e a única saída para lutar e resistir contra os nossos adversários reais. Para isso, repetimos que transformar filiados, simpatizantes e apoiadores em militantes das boas causas e da boa luta é um processo de disputa cultural. De modo a contribuir com a luta política, a sustentabilidade política do nosso projeto de cidade, estado e nação e de modo a estabelecer uma relação afinada e articulada, com os cidadãos e cidadãs que um dia tomaram a decisão de se somar ao nosso partido, precisamos resgatar o bom método de debate, de formulação de propostas, de avaliação de conjuntura e de encaminhamento e organização da luta. Isso requer disciplina política e a certeza de que das diferenças de opinião ou posição cabe fazer a boa estratégia e a melhor síntese possível.
17.   Voltar às bases e visitar os nossos filiados e filiadas é travar um diálogo em que o balanço e as contradições devem aparecer e devem ser enfrentados sem medo e sem renunciar ao desafio de reinterpretar e fazer a escuta compreensiva e generosa da memória e da avaliação de cada um e cada uma. Essa tarefa não é uma mera tarefa de conferência de listas, algumas ligações telefônicas  ou um recadastramento burocrático de filiados, pois ainda que isso seja importante do ponto de vista organizativo e precisa ser feito, essa tarefa envolve uma troca política de opiniões, informações e posições que é parte fundamental da construção, da sustentação e da renovação do nosso projeto e da eleição de nossos representantes.
18.   Todas vez que alguém reclama, com razão, de uma certa política de alianças ser mais infeliz ou mais feliz, precisamos lembrar que o único antidoto para evitar essa submissão do nosso projeto de sociedade à projetos antagônicos ou contraditórios de sociedade, é o nosso enraizamento social e compromisso social com os eleitores e eleitoras de nossa cidade. E esse antidoto se substancializa na construção programática com a participação dos cidadãos e cidadãs. Isso só é possível com diálogo e interlocução, com formulação e debate que podem gerar mais e melhor engajamento em nosso projeto e em nossas candidaturas.
19.   Porém, é importante também dizer que o PT deve ter uma relação a cada dia mais fortalecida com nossos aliados de disputa de projeto na nossa sociedade. A construção de um campo político de partidos voltados à defesa e à construção de nossos governos não é uma tarefa menor ou que deva ou possa ser negligenciada. Construir alianças não é um mero arranjo de interesses. Precisamos construir compromissos recíprocos e construir o nível mais elevado de respeito e formulação compartilhada com outros partidos. Nesse sentido fortalecer o nosso projeto envolve fazer uma ampla discussão dele com a sociedade e com os partidos do campo de esquerda e progressistas de São Leopoldo. Para fazer isso é preciso ter também a devida clareza e nitidez de posições sobre amplos temas.  
20.   O tempo das campanhas eleitorais beneficiadas por abundância de recursos e de estratégias de marketing não acabou, mas se tem algo que devemos compreender do cenário presente é que o contato e a interação cotidiana com os cidadãos e cidadãs é de novo crucial nas disputas políticas e culturais que teremos daqui para a frente. Isso perpassa duas dimensões claramente: a virtual através de redes sociais e outras tecnologias e, também, a velha e boa atividade de formação de redes reais nas comunidades, nos locais de trabalho, nas escolas e também nos espaços públicos como as praças.
21.   Os conselhos setoriais ou temáticos na sociedade e as representações de trabalhadores e trabalhadoras, as organizações sociais e civis merecem de nós uma atenção cada vez mais determinada. Precisamos, como dirigentes e militantes aumentar a nossa defesa das entidades civis voltadas a defesa, apoio e organização da vida do nosso povo. Esse desafio nos coloca também a tarefa de ampliar os diálogos setoriais no nosso partido de modo a valorizar mais e defender os Conselhos de Controle Social que são decisivos na formulação de políticas, na fiscalização da gestão pública municipal e também no emponderamento da sociedade civil das políticas públicas específicas. O nosso projeto político não terá enraizamento social sem passar por essa etapa de valorização dos conselhos. Um partido radicalmente democrático tem compromisso com a defesa dessas entidades, organizações e conselhos.       
22.   O tema da comunicação e da tomada de posição pública do nosso partido que é objeto de debate permanente na nossa história política ficou muito mais importante do que nunca. O PT não pode se omitir nos debates públicos e nas atividades que dizem respeito aos destinos dos trabalhadores e trabalhadoras. O PT, através de nossa direção, precisa criar ou retomar a prática de formulação de respostas a conjuntura local e estadual, nacional e global. O PT precisa ter opinião, informação e formulação para responder aos desafios da administração municipal, contribuindo e somando e também precisa manter um diálogo constante com os movimentos sociais de modo a liderar a luta em nossa cidade, com os demais partidos que formam o nosso campo político e também com os movimentos sociais. Não se trata de uma disputa de espaço ou submeter alguém as nossas decisões, se trata de formar opinião e manifestar opinião em diálogo com todos os setores organizados. Os militantes do PT que ocupam espaços institucionais em parlamentos ou governos, em entidades ou outras organizações, devem abandonar todas as reservas pessoais em se assumirem pública e francamente no cenário político. A tarefa de defender o nosso projeto não é somente de alguns mais corajosos ou audaciosos, mas de todos. Temos que vencer a auto censura, temos que vencer o temor ao debate e temos que dar um passo a frente na disputa política da sociedade de conjunto. É tarefa da direção partidária e daqueles que tem know how nesse tema estimular e auxiliar nesse avanço na luta coletiva.         
23.   Tudo isso exige de nós soluções coletivas e de compromisso para os grandes temas de formação, comunicação e organização do nosso partido. Essas são algumas das bases para a organização e articulação necessárias à nossa campanha de 2020. Esse é o PT que precisamos ter, para vencer e para fazer a nossa sociedade avançar na democracia e na educação política.
24.   Acreditamos que podemos vencer juntos esses desafios, podemos ter o PT que precisamos e vamos reeleger o nosso projeto em São Leopoldo, com a liderança de Ary Vanazzi e a contribuição de todos os militantes e dirigentes de nosso partido e o apoio dos cidadãos e cidadãs de nossa cidade.
São Leopoldo, 31 de agosto de 2019.
P.S.: Esse texto foi construído em diálogo com os companheiros e companheiras da Articulação de Esquerda e de outras forças que apoiam a candidatura de Dolores Pessoa. Também recebeu a contribuição da nossa candidata, em diálogos e através de suas manifestações no debate das Chapas e das candidaturas a presidência em nosso diretório. Também acolhe parte de intervenções da companheira Ana Ines Affonso, nossa pré-candidata à Presidência Estadual do PT do Rio Grande do Sul, do nosso companheiro Ary Vanazzi, prefeito de São Leopoldo, do nosso deputado federal Dionilso Marcon e, por fim, do nosso pré-candidato a presidente nacional do PT Valter Pomar.                          


quinta-feira, 5 de setembro de 2019

CLAREIRA DO SER EM HEIDEGGER: TEXTO DE RUDIGER SAFRANSKI E IMAGEM DE ANTOINE MELI




“A paixão de Heidegger era indagar, não responder. Por isso indagar podia ser para ele a devoção do pensar, porque abria novos horizontes — assim como outrora a religião, quando ainda era viva, ampliara os horizontes e santificara o que neles aparecia. Para Heidegger possuía especial força reveladora a indagação que ele fez durante toda a sua vida filosófica: a pergunta pelo ser. O sentido dessa pergunta não é senão esse abrir, esse remover, esse sair para uma clareira onde de repente é concedido ao evidente (Selbstverstãndlichen) o milagre do seu “aí” (Da); onde o ser humano se vivencia como local onde algo se escancara, onde a natureza abre os olhos e percebe que está ali, onde portanto no meio do ente existe um local aberto, uma clareira, e onde é possível a gratidão por tudo isso existir. Na questão do ser esconde-se a prontidão para o júbilo. A questão do ser no sentido hedeggeriano significa tornar mais claras (lichten) as coisas, assim como se levanta (lichten) uma âncora a fim de partir livremente para o mar aberto. É uma triste ironia da história que a indagação pelo ser na leitura de Heidegger em geral tenha perdido esse traço revelador e iluminador, deixando o pensar antes inibido, enovelado e crispado. Com a indagação pelo ser acontece com a maioria assim como com o discípulo numa história zen. Ele meditara longamente sobre o problema de como tirar o ganso crescido da garrafa com gargalo estreito sem matar o animal ou quebrar a garrafa. O discípulo, já torto de tanto pensar, foi ao mestre e pediu a solução do problema. O mestre afastou-se um momento, depois bateu palmas energicamente e chamou o discípulo pelo nome. “Estou aqui, mestre”, respondeu o discípulo. “Está vendo?”, disse o mestre, “o ganso saiu”. O mesmo vale para a questão do ser.

Também sobre o sentido do ser, que se busca na pergunta pelo ser, existe uma bela história zen, bem na linha de Heidegger. Ela relata que antes de ocupar-se com o zen alguém vê as montanhas como montanhas e as águas como águas. Mas se depois de algum tempo de contemplação interior ele atinge o zen, vê que as montanhas já não são montanhas e as águas já não são águas. Mas quando ele se torna um iluminado, volta a ver as montanhas como montanhas e as águas como águas.

O Heidegger dos anos vinte gosta de empregar a expressão aparentemente abstrata “anúncios formais”. Gadamer relata que a seus estudantes, que tinham dificuldades com o termo por suspeitarem que em seu significado houvesse gradações de abstração, Heidegger explicou da seguinte forma a expressão: ela significava “saborear e completar”. Um anúncio (Anzeige) se mantém na distância do mostrar (Zeigen), e pede que o outro, a quem algo é mostrado, olhe ele mesmo. Precisa ver ele próprio, na boa maneira fenomenológica, o que lhe é “anunciado” e “completá-lo” com sua própria contemplação. E na medida em que o completa, saborear o que ali há para ver. Mas, como se disse, a gente mesma precisa ver."

Rudiger Safranski

Balanço histórico - O Partido dos Trabalhadores de São Leopoldo – Esboço 2019


Balanço histórico - O Partido dos Trabalhadores de São Leopoldo – Esboço 2019

O Partido dos Trabalhadores tem uma trajetória decisiva para a construção da luta dos trabalhadores e trabalhadoras na cidade de São Leopoldo e na região do vale do rio dos sinos, com impactos na região metropolitana e também nos Vale do Rio Cai e Paranhama, que vem desde sua fundação no ano de 1980. Ele tem sido uma ferramenta de luta da classe trabalhadora e sempre teve forte articulação e engajamento dos e das militantes dos mais variados movimentos sociais, sindicais, comunitários, estudantis, religiosos, de mulheres, na área cultural e na luta pela moradia.

Desde sua fundação, o PT vem mudando a cara da cidade de São Leopoldo e região. Esse processo histórico teve três etapas: fundação e organização da luta social e comunitária na oposição (1980-1997), vitórias eleitorais e administração pública com articulação social (1998-2012) e, no ultimo período, resistência ao golpe, retomada da administração municipal e rearticulação social (2013-2019...). Observamos que nós designamos este último período em nossas teses nacionais e estaduais de Tempos de Guerra. Da luta pelos diques, da disputa, construção e conquista pela base de um novo papel nas organizações  sindicais, no diálogo e na organização de um movimento religioso progressista, na articulação dos movimentos das mulheres, comunitários, no movimento estudantil secundarista e universitário e nas propostas inovadoras com prioridades sociais e populares, proporcionaram ao Partido dos Trabalhadores estar à frente da Prefeitura Municipal, ter representantes na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal e compor governos, dirigir o partido e organizações sociais com suas lideranças em todos os níveis, local, regional, estadual e nacional.

Na região, essas conquistas e lutas se refletiram na organização do Partido dos Trabalhadores em outros municípios promovendo integração e atuação articuladada com vitórias políticas, sociais e eleitorais em praticamente todas as cidades da região com eleição de prefeitos, vereadores e também com forte intervenção e construção no movimento social.

No estado, em duas ocasiões, as lideranças de São Leopoldo dirigiram o Partido dos Trabalhadores, na primeira com Ronaldo Zulke em meados dos anos 90, já na segunda com Ary Vanazzi em meados da segunda década de XXI. No inicio de 2011, a deputada estadual Ana Affonso foi eleita vice-presidenta do PT Estadual. Ao mesmo tempo, num longo período de dez anos, no inicio dos anos 2000, o dirigente Marcel Frison foi membro da Direção Nacional do Partido dos Trabalhadores. O PT de São Leopoldo, assim como se comprova, sempre teve participação e engajamento na construção partidária e social. De tal modo que muitos quadros egressos de nosso partido dirigiram entidades importantes e se constituíram e se mantém com intervenção intensa na articulação social e partidária, assim como também ocuparam espaços importantes em governos de outros municípios, no estado e no governo federal. Nos governos, o PT de São Leopoldo em 1998 teve o vice governador Miguel Rossetto, que apesar de não residir mais na cidade, foi construído na militância sindical local e se constituiu como representante sindical no estado, não podendo ser desvinculado disso por conta do tema de seu domicilio eleitoral. O mesmo também foi ministro de estado nos governos Lula e Dilma, de 2003 a 2015.

Nesse período que marca a eleição e reeleição de Lula e a primeira eleição de Dilma, o PT de São Leopoldo obteve seus melhores resultados eleitorais com ampla participação política. Ao longo dessa histórica de conquistas, o PT de São Leopoldo elegeu três deputados federais e dois estaduais ao longo dessa história. Em 1994, Miguel Rossetto, em 1998 Ary Vanazzi e em 2006 Ronaldo Zulke. O primeiro deputado estadual eleito foi Ronaldo Zulke em 1998 e em 2010 elegeu-se Ana Affonso, nossa primeira deputada estadual mulher, para a Assembléia Legislativa. Ary Vanazzi também foi o primeiro Secretário da Habitação no Governo Olívio Dutra, no qual Miguel Rossetto era o vice e Ronaldo Zulke foi líder. E Marcel Frison foi também secretario Estadual de Habitação no governo de Tarso Genro de 2011 a 2014.  Em 2018, já num quadro de resistência ao golpe e reconstrução partidária, Miguel Rossetto e Ana Affonso compuseram a chapa ao governo estadual. Nesse sentido, muito poucas cidades da região e do estado, ressalvada a capital, tiveram nesse longo período tamanha capacidade de intervenção e representatividade política.   

Sobre a disputa para a Câmara de Vereadores local, o PT de São Leopoldo lançou chapa para vereadores em todos os pleitos desde 1982. Não elegeu vereadores somente no primeiro pleito. Já em 1988, elegeu sua primeira bancada e assim sucessivamente até os dias de hoje. Em 1988, Ronaldo Zulke foi o vereador mais votado da cidade e a bancada elegeu também Ary Vanazzi e Emilio Diniz formando a primeira bancada. Em 1992, reelegemos Zulke, Vanazzi, Diniz e elegemos Jorge da Silva,  em 1996 elegemos Paulo Borba, João Carlos Alves Rodrigues, Nestor Schwertner e reelegemos Emilio Diniz, em 2000, reelegemos Nestor, elegemos Ronaldo Vieira, Ronaldo Teixeira,  em 2004 reelegemos Nestor Schwertner, elegemos Ana Affonso, Carlinhos Fleck e Alexandre Schuh, em 2008, reelegemos Nestor Schwertner e Ana Affonso foi a vereadora mais votada da cidade, sendo a primeira mulher mais votada para o cargo de vereadora em São Leopoldo e elegemos Alexandre Schuh, em 2012 reelegemos Nestor Schwertner, Carlinhos Fleck e elegemos Luis Antonio Castro, e em 2016 reelegemos Nestor Schwertner e a companheira Ana Affonso retomou mandato de vereadora, tendo o nosso primeiro suplente Wilson Eduardo Moraes, sido eleito primeiro suplente e sendo empossado na vaga de vereador, por conta da nomeação do companheiro Nestor Schwertner como Diretor do Semae. 

Em 1982 formou-se a primeira chapa para a disputa à prefeitura de São Leopoldo, com os professores  Ângelo Dalcin e Hildemar Rech.  Em 1988, a chapa foi composta com o Professor Ângelo Dalcin, com o vice Luis Castro (PT). Nos anos que se seguiram o PT disputou todas as eleições com chapas encabeçadas por diversos companheiros como Zulke em 1992, com o vice Dr. Adroaldo Diesel (PSB), 1996, com Ary Vanazzi de vice e 2000, com Ari Moura (PDT) de vice, e Vanazzi foi vitorioso em 2004, 2008, em ambas eleições com o vice Alexandre Roso (PHS-PSB) e agora em 2016, com a vice do PCdoB Paulete Souto. A cada eleição o PT aumentava seu alcance de votos nos diversos bairros de São Leopoldo até que, no ano 2004, o PT conseguiu chegar a prefeitura com Ary Vanazzi. Este projeto foi reeleito em 2008 com mais de 77% dos votos dos eleitores e eleitoras. Perdemos a Prefeitura de São Leopoldo, após um processo de denúncias e chantagens, bem como, pode se dizer, a adoção de uma estratégia de aparelhamento do poder judiciário para perseguir o PT e por conta de diversas dificuldades políticas internas. Não se tratava na época de um problema da qualidade do governo Vanazzi, mas sim de dificuldades na organização e condução política local. Já em 2016, voltamos a prefeitura com Ary Vanazzi numa vitória notável não pelo número de votos, mas por simbolizar a força da nossa resistência ao golpe e a solidez das raízes partidárias na cidade, bem como, a forte e resistente representatividade do nosso candidato. 

Na primeira experiência de oito anos de governo popular em São Leopoldo, demonstrou-se grande capacidade de diálogo com todos os setores da sociedade. Com democratização da gestão, através do Orçamento Participativo, realização de Conferências Temáticas e ativação dos Conselhos Municipais, fez-se um governo de forte participação popular obtendo diversos avanços consolidados nas estruturas econômicas e sociais da cidade. Com o auxilio das políticas implementadas pelo presidente Lula, eleito em 2002, conquistamos vários investimentos em infraestrutura para a São Leopoldo. Os exemplos como a Revitalização da Av. João Correia, Estação de Tratamento (ETE) na Feitoria, abertura de importantes avenidas como a Atalíbio Taurino de Resende, Tarcílio Nunes e John Kennedy. A extensão do Trensurb até Novo Hamburgo e as melhorias no entorno dessa obra, como Unidade Básica de Saúde, Escola Infantil e o novo loteamento para reassentamento dos moradores da vila dos tocos. Ao mesmo tempo, construiu-se na cidade mais de 10 mil moradias populares e com três projetos do PAC foram realocadas várias famílias que moravam na beira de arroios como o Gauchinho, Cerquinha, Cruz e Vicentina. Além disso, durante todo esse período foram construídas novas unidades de saúde e políticas públicas inexistentes nas áreas das mulheres, da igualdade racial, da defesa da criança e do adolescente. A Secretaria de Assistência Social foi reestruturada e foi uma das pioneiras no Brasil na implantação do SUAS, Sistema Único de Assistência Social. Políticas para garantir a vida digna da população indígena na cidade foram criadas e hoje existe uma aldeia indígena em São Leopoldo que cumpre o papel de garantir moradia e vida digna para esse povo.       

Outras ações importantes a serem ressaltadas nos primeiros mandatos da gestão popular foram a construção de novas escolas, o resgate da eleição de diretor que havia sido extinto pela gestão anterior, a construção da autonomia nas equipes diretivas e a criação do Sistema de Ensino. Além disso, foi nesse período também que implementamos políticas de valorização da juventude e que forma criados diversos grêmios estudantis em São Leopoldo, trazendo para o espaço político uma nova geração de militantes. Foi nessa primeira gestão também que construiu-se o Parque Imperatriz, um dois maiores parques de preservação ambiental do país, com projeto idealizado pela sociedade civil organizada e com recursos obtidos através do mandato do deputado federal Ary Vanazzi. Por fim, foi nessas administrações que se construíram os projetos da Rua da Praia, implementado depois com recursos obtidos pelo deputado federal Ronaldo Zulke e se restaurou a casa que era sede do antigo porto de São Leopoldo, criando o Museu do Rio. Nas políticas ambientais e culturais tivemos grandes avanços também. As áreas culturais receberam atenção e a Secretaria Municipal de Cultura foi criada já no primeiro governo Vanazzi. 

A administração popular tornou-se referência de tal modo em toda a região e no estado, sendo a base fundamental para o surgimento chamada Linha Vermelha, onde o PT ganha diversas prefeituras da região como Canoas, Esteio, Sapucaia, Novo Hamburgo e Sapiranga entre outras.   

Em 2012 perdemos as eleições com Ronaldo Zulke para prefeito e o vice Guerino Roso (PSB). Dentre as análises realizadas, observaram-se aspectos como crise econômica nacional e internacional, fortes ataques promovidos pela mídia ao PT periodicamente, desgaste da base aliada, problemas na gestão da saúde na cidade, principalmente vinculadas ao Hospital Centenário, contribuíram para a derrota nas urnas. Mas também ocorreu uma operação de denúncias a nossa administração orquestradas por setores e indivíduos descontentes ou não contemplados por nossa gestão.    

Durante as duas gestões o PT, enquanto estrutura partidária foi prejudicado pela excessiva dedicação dos nossos quadros a gestão do governo e um certo esvaziamento e enfraquecimento do partido.

Após a derrota eleitoral, São Leopoldo vivenciou 4 anos (2013/2016) da gestão Moacir/Daudt sendo apontado como uma das piores gestões da história da cidade, uma parte dos que antes eram “aliados” tornaram-se base da gestão aumentando o coro da dita “Herança Maldita”. Durante este tempo o PT não conseguiu fazer uma oposição organizada ou dirigida pelo seu diretório. A sede ficou esvaziada, enfrentando fortes crises financeiras e ouve um esvaziamento dos diretórios. A oposição foi feita principalmente pelo funcionalismo público, tendo destaque a luta das professoras do CEPROL e algumas intervenções dos mandatos do PT na Câmara de Vereadores, com algumas ressalvas. Porém, é preciso dizer que muitos militantes do PT em seus locais de trabalho e atuação promoveram oposição ao governo Moa e enfrentaram em outros setores as tentativas de destruir as conquistas dos dois governos do PT na cidade. Na área cultural houve resistência combinada para resgatar e impor a execução do Inventário de Patrimônio Histórico previsto em lei e também houve articulação pela retomada do Tombamento da Praça do Imigrante. Nesse mesmo setor, foi realizado o desfile de carnaval da resistência sem apoio da administração municipal. E também houve articulação para garantir a existência da Secretaria Municipal da Cultura com dois movimentos combinados, um, organizado a partir do FAC – Fórum de Artes Cênicas, e outro com a criação do Cultura nas Ruas. Nos dois casos haviam muitos ativistas culturais do PT e da esquerda que compuseram essas iniciativas e que obtiveram engajamento de amplos setores da sociedade na defesa da Secretaria de Cultura. Com esforço coletivo e articulado se engajaram artistas locais e estaduais e o Conselho Estadual de Cultura contribuiu também na defesa da nossa secretaria de cultura.    

Mesmo com este cenário, em 2014, Dilma se reelege e Tarso se elege governador do estado, com um forte engajamento petista principalmente no segundo turno. Em 2016 o PT, vence as eleições para a prefeitura, com Vanazzi novamente. Esse novo período que iniciou em janeiro de 2017, está sendo marcado por várias dificuldades, tendo em vista o desmonte das políticas públicas a nível federal e estadual, as dívidas herdadas da gestão PSDB/MDB. Também é importante ressaltar que desde o golpe de 2015 contra a presidenta Dilma, o país esta sofrendo com a falta de recursos para a implementação de políticas públicas e se confirmam perdas frequentes nos direitos já adquiridos assim como os diversos ataques a classe trabalhadora tem sido feitos por um novo bloco neoliberal no país.

Em março de 2018, a Caravana do Lula pelo Brasil teve ato na cidade, levou-se uma multidão de mais de 20 mil pessoas para a Avenida Dom João Becker, Lula discursou para diversas lideranças regionais e a população o aclamava. O maior líder da América Latina discursou sobre os avanços dos governos populares e denunciar o Golpe sofrido por Dilma e o golpe sofrido por ele próprio meses depois com sua prisão. Mesmo com todo o gás e esperança deixados por Lula e todo sentimento de revolta pela prisão arbitraria do mesmo não seguiu-se uma mobilização expressiva e massiva nas eleições de 2018. Porém, em 2019 com as revelações de Intercept Brasil a lava jato começa a perder credibilidade porque fica demonstrado que ocorreu um Conluio entre o Juiz Sergio Moro e os Procuradores da Lava Jato cuja investigação foi seletiva, parcial e dirigida com flagrante interesse político e eleitoral.

Um olhar mais detalhado mostra que os resultados da Eleição de 2018 na cidade, não foram positivos para as candidaturas do PT em todos os níveis. Foi uma eleição muito difícil influenciada ainda pela agenda golpista e também pela disseminação de boatos em redes sociais e alguns setores importantes adotaram a linha de apoiar Bolsonaro e seus representantes em nível estadual. Na disputa ao governo do Estado mesmo contando com os companheiros Miguel Rossetto que é leopoldense e nossa companheira vereadora Ana Affonso como vice, ficou-se em 3º lugar na disputa atrás de Sartori e Eduardo Leite.  Na disputa nacional Haddad ficou em 2º lugar no 1º turno com 27.403 votos (17%) e com 43.166(28%) no 2º turno.

Com relação ao segundo turno das eleições presidenciais à candidatura Haddad apresentou uma melhora, ampliando a votação em todas as regiões da cidade, onde observou-se uma tendência de migração dos votos de Ciro para Haddad no segundo turno, há um padrão na agregação proporcional de votos, tanto geral quanto regional.  Evidencia-se um crescimento de 14% de Haddad na Região centro contra 7% de Bolsonaro. Foi nesta região que Ciro teve melhor desempenho no primeiro turno ficando à frente de Haddad. Esse dado é importante porque marca uma retomada de votos na região central da cidade e também uma espécie de revisão da classe media de seu antipetismo.

Analisando de forma regionalizada o resultado das eleições nota-se perda eleitoral em todas as regiões da cidade. Destaca-se a perda de votos do PT na região nordeste principalmente Vila Braz, região Oeste, Leste onde em 2016 houve recuperação eleitoral.  As regiões Norte 2 e Sul também são regiões em que viemos perdendo força nas últimas eleições.

Pode-se atribuir boa parte deste resultado ao cenário nacional em que se deu esta eleição, com a condenação e prisão injusta de Lula e com isso a inviabilização de sua candidatura, o efeito em cadeia nacional da negação e até mesmo criminalização da política, a despolitização, ao antipetismo difundido pela mídia principalmente correlacionado pela corrupção. Além de um processo eleitoral carregado de ilicitudes com disseminação de mentiras e forte aparelhamento do processo por parte das Igrejas principalmente Neo-Pentecostais.  Aliado a tudo isso ainda há um crescimento, não só brasileiro, mas mundial, do ultraconservadorismo de direita. Uma parcela da direita se aproveita deste momento para surfar na onda conservadora e pregar sua agenda de ataques a classe trabalhadora, esquerda e militante. 

Este aparelhamento teve forte impacto aqui na cidade onde o engajamento de lideranças e pastores de igrejas Neo-Pentecostais, ocorreu de forma muito intensa em cultos e nas redes sociais, principalmente via whatsApp. A divulgação de Fake News como o kit gay e a erotização de crianças através da chamada ideologia de gênero foram disseminadas em larga escala neste público que está majoritariamente concentrado nas periferias da cidade. Ao mesmo tempo, esse resultado foi promovido também junto as classes médias da cidade com noticias falsas e muito uso de robôs e de sistemas de informação que nos levam a acusar os adversários de fraude eleitoral, como hoje claramente se confirma.  

Porém não se pode ignorar que governamos a cidade a partir de 2017 com espirito de reconstrução e reorganização da administração e que as dificuldades dos dois primeiros anos e diversos anseios e demandas da comunidade não foram atendidas e podem ter tido efeito negativo na eleição de 2018. Essas questões, inclusive, foram apontadas em pesquisa interna realizada que já apontava uma insatisfação em regiões em que se constatou queda na votação. Porém, é preciso dizer que o governo tem atuado mais em todas essas regiões e tem conseguido no ano de 2019, recuperar demandas e acelerar seu ritmo de gestão de modo a responder a elas. 

Pode-se concluir com este balanço histórico da cidade e do PT e principalmente com os números e apontamentos da eleição de 2018 que ainda se tem muito o que avançar enquanto leopoldenses, militantes, partido e governo. O velho tema da forma de comunicação com a população, tanto na esfera governamental quanto partidária é um dos fatores mais críticos. Ele envolve o engajamento efetivo da direção partidária e da militância na defesa do governo e na organização das nossas bases sociais originárias. A agenda de retrocessos impostas pelos governos Leite e Bolsonaro, com a perda de direitos já adquiridos, construção de políticas públicas contrarias aos negros e negras, indígenas, lgbtq+, mulheres, trabalhadores e trabalhadoras, ataques aos movimentos sociais, terá que ser combatida de forma sistemática dentro e fora do partido. E essa tarefa é do nosso partido e dos nossos militantes, dirigentes e simpatizantes e para realizar ela é preciso avançar na construção de um campo de esquerda e progressista.