O PT QUE TEMOS E O PT
QUE PRECISAMOS TER
EM TEMPOS DE GUERRA,
A ESPERANÇA É VERMELHA
1. O
PT de São Leopoldo tem 40 anos de história e essa história precisa ser
respeitada, mas um futuro melhor precisa ser construído com todos. Para honrar
essa história e homenagear os trabalhadores e trabalhadoras que a construíram e
para dar um passo mais firme e decisivo para o futuro da nossa cidade, do nosso
projeto e do nosso povo precisamos ter Lula Livre, defender a democracia de
forma mais radical, afirmar o socialismo como alternativa de sociedade e não
transigir na defesa do povo pobre e do direito à organização dos trabalhadores
e trabalhadoras em movimentos sociais, sindicatos, entidades comunitárias. A
melhor forma de defender o nosso partido e o nosso projeto é lutar, lutar e
lutar. Isso significa abandonar as
ilusões e encarar a dura realidade que enfrentamos com coragem, sem falsas
expectativas e aceitando que estamos em tempos de guerra e que a única
esperança que devemos afirmar é que só com luta, se conquista alguma coisa. A
forma correta de construir esse futuro e lutar para vencer, é ter clareza sobre
o que temos e o que precisamos ter como partido e como organização política
composta de militantes e dirigentes. No PED – Processo de Eleição Direta – de
2019 temos muitos desafios e um dos principais pode ser resumido na consigna já
apresentada pela nossa candidata a presidenta do Diretório Municipal Dolores:
VOLTAR ÀS BASES.
2. O
PT de São Leopoldo tem obtido conquistas políticas importantes no RS e Brasil. Isso
precisa continuar e avançar. Da eleição de 1982, ano da primeira candidatura a
Prefeito e chapa de vereadores, até 1996, ano em que, após elegermos vereadores
em 1988 e 1992, o partido se transformou numa organização política com lastro
social e com posições e projeto competitivo na cidade. Em 2000 disputamos a
segunda eleição nessa condição e em 2004 elegemos Ary Vanazzi, o prefeito da
nossa cidade em confronto direto com Waldir Schmidt, em 2008 o reelegemos com
77% dos votos, em 2012 sofremos um revés eleitoral, mas resistimos até que em
2016 retornamos a prefeitura com Ary Vanazzi em aliança com o PCdoB que
apresentou Paulette Souto como vice-prefeita em nossa chapa vitoriosa. O nosso
desafio para 2020 é reeleger este projeto com Ary Vanazzi, reforçar nosso
programa e ampliar esse patrimônio político de forma inquestionável e
determinada.
3. Essa
atuação do PT de São Leopoldo, tem sido resultado de um trabalho coletivo e de
muitas contribuições individuais, de militantes, de dirigentes e de nomes que
tem aceitado e construído o desafio das disputas eleitorais combinadas com a
construção e organização partidária em dialogo e articulação com muitos
movimentos sociais, sindicais, comunitários, culturais e também religiosos, que
com o nosso generoso projeto se posicionaram e consolidaram a construção da
Nova Cidade.
4. No
último período, de 2013 a 2018, nosso Partido, temos sido um símbolo de
resistência contra a onda fascista. Por ter contribuído intensamente nos
Comitês de Luta contra o Golpe e na Presidência do PT estadual. E por ter
preservado e fortalecido também a nossa atuação nos movimentos, nos articulando
e dialogando mais para impedir a extinção de nosso partido e do nosso projeto
para o povo e a sociedade Brasileira, Gaúcha e Leopoldense. Em São Leopoldo a
resistência ao desgoverno Moa foi articulada no parlamento e em diversos
segmentos na defesa das conquistas da cidade e dos trabalhadores e
trabalhadoras.
5. Por
ter reconquistado a Prefeitura de São Leopoldo em 2016, sob a liderança do companheiro
Ary Vanazzi, apesar da grande onda fascista e de direita no país, e ter
recolocado o nosso projeto político na direção da nossa querida cidade onde
vivemos e lutamos, nos transformamos na maior prefeitura administrada pelo PT
no Brasil. Essa condição aumentou em muito a nossa responsabilidade e também a
dedicação de todos para superar a herança destrutiva e perversa do governo do
PSDB, PMDB e PP e demais aliados. Parte importante da nossa luta atual consiste
em governar para o povo que mais necessita e em impedir, com trabalho e
determinação, que os retrocessos que atingem o nosso país e estado prejudiquem
mais ainda a vida do povo.
6. Desde
1988 temos eleito e reeleito vereadores e vereadoras. Isto é, apesar de
olharmos para o tamanho da nossa bancada na câmara de hoje e ficarmos
preocupados, nossa voz e política, nosso projeto e nossos representantes
persistem no parlamento. Isso precisa ser reconhecido e valorizado como base
para avançar na nossa representação. Por isso, voltar as bases é também a
tarefa que vai trazer êxito na eleição parlamentar e que vai enraizar nosso
projeto político em toda a cidade. E voltar as bases significa também trazer as
vozes das nossas bases para o parlamento municipal para enfrentar nossos
adversários com mais determinação e na afirmação de nosso projeto.
7. Desde
a vitória de Olívio Dutra em 1998, passando pela eleição de Lula em 2002, a
eleição de Vanazzi em 2004 e a sua reeleição em 2008, a reeleição de Lula em
2006, a eleição de Dilma e de Tarso e a reeleição de Dilma em 2014, em todos
esses momentos, o PT de São Leopoldo teve papel decisivo e forte atuação na
política local e regional. Isso deve ser retomado aproveitando mais as
facilidades de comunicação que são recursos praticamente disponíveis.
8. Desde
1998, o PT de São Leopoldo também tem tido vozes no parlamento estadual e
federal. Em 2014 perdemos esses espaços, mas precisamos trabalhar coletivamente
para reconquistar eles em 2022. Essa tarefa envolve uma articulação intensa nas
tendências partidárias, tomar decisões políticas que representem os cidadãos e
na relação com a sociedade sermos porta vozes da luta para retomar um projeto
generoso para o povo.
9. Construímos
essa vitórias em São Leopoldo e o êxito de nossas gestões, transformou o eixo
de Canoas, Esteio, Sapucaia, São Leopoldo, Estancia Velha, Dois Irmãos, Nova
Hartz e Sapiranga numa grande Linha Vermelha e, não podemos duvidar, com o
apoio dos Governos Olívio Dutra no estado, Lula e Dilma no Brasil, nós fomos uma
referência fundamental e exemplar para a organização regional do partido.
Apesar do nosso partido estar fora da administração da nossa capital, Porto
Alegre desde 2004, em São Leopoldo, fomos decisivos para alavancar conquistas
reais e efetivas ao nosso partido, nas eleições e nas lutas sociais, e ao povo
de São Leopoldo. Na administração pública criamos marcas e nos parlamentos
construímos projetos importantes também.
10. É
por isso que, em meio a essa onda golpista e fascista no país e no RS,
reconquistamos a prefeitura de São Leopoldo em 2016. Por que o companheiro Ary
Vanazzi possui um saldo superior junto
ao povo de São Leopoldo e porque o nosso projeto político se destaca no
confronto com outros projetos em todas as áreas, seja pelo seu enraizamento,
seja pelos muitos resultados na melhoria da vida do povo trabalhador e da
população de nossa cidade.
11. Vamos
sim reapresentar o nosso projeto coletivo em 2020, para reeleger Ary Vanazzi e
aprofundar o resgate da economia e da vida melhor para o povo da nossa cidade,
em especial para quem mais precisa, mas também para avançar e concluir a
execução de nossos projetos em todas as áreas da administração municipal e
contribuir para derrotar o bolsonarismo, o entreguismo e o neoliberalismo nas
urnas.
12. Isso
só será possível se avançarmos na dimensão organizativa e política do nosso
partido. Isso só será possível se virarmos a página da história desse partido e
começar a escrever uma nova etapa de sua história, constituindo uma nova
conduta dirigente e uma nova atitude em nossa militância. Como disse Valter
Pomar – nosso pré-candidato a presidente nacional do PT, nós podemos fazer
isso, se transformarmos cada filiado e filiada, cada simpatizante e apoiador em
militante engajado e combativo para o debate político e ideológico, de modo a
vencer a insegurança e as contradições que tentam nos envolver, nos atrapalhar
e nos confundir na condução do partido e de nossas gestões. Tal tarefa não
admite vacilações e titubeios, tal tarefa não será realizada por quem não tem
lado nessa luta ou por quem não sabe o que dizer quando os desafios são
colocados na conjuntura.
13. Nesse
sentido, será muito importante termos na direção e na militância muita clareza e
nitidez sobre as tarefas da próxima direção, ou seja, do PT que temos e que
precisamos ter para construir a vitória a partir deste 8 de setembro de 2019 e
organizar o partido para todas as disputas eleitorais e desafios políticos de 2020
em diante. O PT não é somente um partido eleitoral, o PT que nós temos é uma
organização política na sociedade e deve reagir no cotidiano aos desafios que
se apresentam.
14. A
direção partidária – que é um coletivo composto de membros da executiva e do diretório,
coordenadores de setoriais e regionais, precisa de uma vez por todas, com toda
força e com espirito de urgência organizar a sua relação com a base partidária
de filiados e filiadas, simpatizantes e apoiadores e com a sua base social de
eleitores e eleitoras que tem identidade com nosso partido e, para além disso,
travar um diálogo franco e aberto com todos aqueles que tem propostas para
recuperar a auto estima do nosso povo, a democracia no Brasil e defender a
educação e a justiça social num pais desigual e que é atacado por interesses do
capital.
15. Temos
que aproveitar a estrutura e a experiencia política que possuímos para fazer
isso. Essa estrutura depende de se colocar as finanças em dia, mas também de
fazer o melhor uso possível dos nossos recursos. Temos atuado nesse setor e
creio que podemos resolver isso melhor ainda na nova direção. Melhorar essa
estrutura, ampliar o nosso uso dela e qualificar a nossa agenda política são
tarefas que vão se iniciar nesse novo período. O nosso partido possui a maior,
a melhor e a mais bem localizada sede dentre todos os diretórios de partidos de
São Leopoldo. Essa sede que ocupamos desde 1994 e onde construímos nossas
vitórias e nos organizamos, merece uma agenda cultural, política e organizativa
permanente. Esse é um trunfo que precisa ser melhor aproveitado por todos os
nossos militantes e dirigentes e todos os segmentos e tendências de nosso partido.
Nossa sede deverá ser também um espaço para organizar amplos setores dos
trabalhadores e das categorias profissionais que já perceberam a necessidade de
se organizarem coletivamente para construir um projeto, fazer esse projeto
vencer e manter esse projeto atualizado e comprometido com uma sociedade mais
humana e justa.
16. Nesse
processo de PED, todos nós que dialogamos com os filiados percebemos que um dos
maiores problemas do PT em São Leopoldo é preservar e valorizar muito as suas
relações de diálogo, debate e conexão com os filiados e filiadas. Disputas
internas não podem mais ser a razão de ser de um militante e de um dirigente.
Estabelecer e manter relações fraternas de diálogo e de respeito entre os
militantes do nosso partido, mas também com militantes de outros partidos do
campo de esquerda é um grande desafio e a única saída para lutar e resistir
contra os nossos adversários reais. Para isso, repetimos que transformar
filiados, simpatizantes e apoiadores em militantes das boas causas e da boa luta
é um processo de disputa cultural. De modo a contribuir com a luta política, a
sustentabilidade política do nosso projeto de cidade, estado e nação e de modo
a estabelecer uma relação afinada e articulada, com os cidadãos e cidadãs que
um dia tomaram a decisão de se somar ao nosso partido, precisamos resgatar o
bom método de debate, de formulação de propostas, de avaliação de conjuntura e
de encaminhamento e organização da luta. Isso requer disciplina política e a
certeza de que das diferenças de opinião ou posição cabe fazer a boa estratégia
e a melhor síntese possível.
17. Voltar
às bases e visitar os nossos filiados e filiadas é travar um diálogo em que o
balanço e as contradições devem aparecer e devem ser enfrentados sem medo e sem
renunciar ao desafio de reinterpretar e fazer a escuta compreensiva e generosa
da memória e da avaliação de cada um e cada uma. Essa tarefa não é uma mera
tarefa de conferência de listas, algumas ligações telefônicas ou um recadastramento burocrático de filiados,
pois ainda que isso seja importante do ponto de vista organizativo e precisa
ser feito, essa tarefa envolve uma troca política de opiniões, informações e
posições que é parte fundamental da construção, da sustentação e da renovação
do nosso projeto e da eleição de nossos representantes.
18. Todas
vez que alguém reclama, com razão, de uma certa política de alianças ser mais
infeliz ou mais feliz, precisamos lembrar que o único antidoto para evitar essa
submissão do nosso projeto de sociedade à projetos antagônicos ou contraditórios
de sociedade, é o nosso enraizamento social e compromisso social com os
eleitores e eleitoras de nossa cidade. E esse antidoto se substancializa na
construção programática com a participação dos cidadãos e cidadãs. Isso só é
possível com diálogo e interlocução, com formulação e debate que podem gerar
mais e melhor engajamento em nosso projeto e em nossas candidaturas.
19. Porém,
é importante também dizer que o PT deve ter uma relação a cada dia mais
fortalecida com nossos aliados de disputa de projeto na nossa sociedade. A
construção de um campo político de partidos voltados à defesa e à construção de
nossos governos não é uma tarefa menor ou que deva ou possa ser negligenciada.
Construir alianças não é um mero arranjo de interesses. Precisamos construir
compromissos recíprocos e construir o nível mais elevado de respeito e
formulação compartilhada com outros partidos. Nesse sentido fortalecer o nosso
projeto envolve fazer uma ampla discussão dele com a sociedade e com os
partidos do campo de esquerda e progressistas de São Leopoldo. Para fazer isso
é preciso ter também a devida clareza e nitidez de posições sobre amplos temas.
20. O
tempo das campanhas eleitorais beneficiadas por abundância de recursos e de
estratégias de marketing não acabou, mas se tem algo que devemos compreender do
cenário presente é que o contato e a interação cotidiana com os cidadãos e
cidadãs é de novo crucial nas disputas políticas e culturais que teremos daqui
para a frente. Isso perpassa duas dimensões claramente: a virtual através de
redes sociais e outras tecnologias e, também, a velha e boa atividade de
formação de redes reais nas comunidades, nos locais de trabalho, nas escolas e
também nos espaços públicos como as praças.
21. Os
conselhos setoriais ou temáticos na sociedade e as representações de
trabalhadores e trabalhadoras, as organizações sociais e civis merecem de nós
uma atenção cada vez mais determinada. Precisamos, como dirigentes e militantes
aumentar a nossa defesa das entidades civis voltadas a defesa, apoio e organização
da vida do nosso povo. Esse desafio nos coloca também a tarefa de ampliar os
diálogos setoriais no nosso partido de modo a valorizar mais e defender os
Conselhos de Controle Social que são decisivos na formulação de políticas, na
fiscalização da gestão pública municipal e também no emponderamento da
sociedade civil das políticas públicas específicas. O nosso projeto político não
terá enraizamento social sem passar por essa etapa de valorização dos
conselhos. Um partido radicalmente democrático tem compromisso com a defesa
dessas entidades, organizações e conselhos.
22. O
tema da comunicação e da tomada de posição pública do nosso partido que é
objeto de debate permanente na nossa história política ficou muito mais
importante do que nunca. O PT não pode se omitir nos debates públicos e nas
atividades que dizem respeito aos destinos dos trabalhadores e trabalhadoras. O
PT, através de nossa direção, precisa criar ou retomar a prática de formulação
de respostas a conjuntura local e estadual, nacional e global. O PT precisa ter
opinião, informação e formulação para responder aos desafios da administração
municipal, contribuindo e somando e também precisa manter um diálogo constante
com os movimentos sociais de modo a liderar a luta em nossa cidade, com os demais
partidos que formam o nosso campo político e também com os movimentos sociais.
Não se trata de uma disputa de espaço ou submeter alguém as nossas decisões, se
trata de formar opinião e manifestar opinião em diálogo com todos os setores
organizados. Os militantes do PT que ocupam espaços institucionais em
parlamentos ou governos, em entidades ou outras organizações, devem abandonar
todas as reservas pessoais em se assumirem pública e francamente no cenário
político. A tarefa de defender o nosso projeto não é somente de alguns mais
corajosos ou audaciosos, mas de todos. Temos que vencer a auto censura, temos
que vencer o temor ao debate e temos que dar um passo a frente na disputa
política da sociedade de conjunto. É tarefa da direção partidária e daqueles
que tem know how nesse tema estimular e auxiliar nesse avanço na luta
coletiva.
23. Tudo
isso exige de nós soluções coletivas e de compromisso para os grandes temas de
formação, comunicação e organização do nosso partido. Essas são algumas das bases
para a organização e articulação necessárias à nossa campanha de 2020. Esse é o
PT que precisamos ter, para vencer e para fazer a nossa sociedade avançar na
democracia e na educação política.
24. Acreditamos
que podemos vencer juntos esses desafios, podemos ter o PT que precisamos e
vamos reeleger o nosso projeto em São Leopoldo, com a liderança de Ary Vanazzi
e a contribuição de todos os militantes e dirigentes de nosso partido e o apoio
dos cidadãos e cidadãs de nossa cidade.
São Leopoldo, 31 de agosto de
2019.
P.S.: Esse texto foi construído
em diálogo com os companheiros e companheiras da Articulação de Esquerda e de
outras forças que apoiam a candidatura de Dolores Pessoa. Também recebeu a
contribuição da nossa candidata, em diálogos e através de suas manifestações no
debate das Chapas e das candidaturas a presidência em nosso diretório. Também
acolhe parte de intervenções da companheira Ana Ines Affonso, nossa
pré-candidata à Presidência Estadual do PT do Rio Grande do Sul, do nosso
companheiro Ary Vanazzi, prefeito de São Leopoldo, do nosso deputado federal
Dionilso Marcon e, por fim, do nosso pré-candidato a presidente nacional do PT
Valter Pomar.
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