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segunda-feira, 12 de outubro de 2020

SOBRE PORQUE ESCREVER, SEUS ELEMENTOS, COMPOSIÇÃO E UMA ANALOGIA SIMPLÓRIA COM A PINTURA E A MÚSICA

 

SOBRE PORQUE ESCREVER, SEUS ELEMENTOS, COMPOSIÇÃO E UMA ANALOGIA SIMPLÓRIA COM A PINTURA E A MÚSICA

 

Este texto é dedicado a todos que amam, aos que escrevem, aos que fazem artes, aos que educam e aqueles que ainda tem em si preservados os seus meninos e meninas, desejando que aqueles que se perderam, se reencontrem para poderem viver e deixar viver, cuidar e proteger o que mais importa que é a vida.

 

Vamos começar com algo que nos traz o desafio da linguagem, do amor e da vida combinadas, com essa pichação de mais de dois mil anos inscrita em uma parede de Pompéia:

 

"Viva quem ama,

morra quem não sabe amar.

Morra duas vezes mais quem proíbe o amor"

 

Enquanto falava de um assunto delicado das nossas vidas, que temos momentos bons e ruins e que infelizmente, após momentos muito bons e animadores podemos viver também momentos muito ruins e trágicos, eu pensava também em paralelo em mais duas coisas ou questões. E pensava isso, dessa forma aparentemente confusa, porque talvez os escritores e escritoras sejam aqueles que percebem e expressam justamente isso. Acho que esse pichador de Pompéia pensou nisso também.

 

Ou pelo menos, desde Homero temos sob nossos olhos e podemos ouvir essa descrição de uma sucessão de momentos bons e ruins se intercalando na vida das pessoas, dos personagens e mesmo dos deuses gregos de um modo aparentemente irregular, mas que é sucessivo e repetido. Depois da tempestade vem a bonança, mas também após a bonança pode advir a tempestade. A ordem aqui expressa a escolha de uma perspectiva e objetivo consolador. Como uma regra da vida aqui se revelando.

 

Se estais feliz, aproveite muito, porque poderás ter um outro momento logo depois ou mais cedo ou mais tarde de infelicidade também. Viver é suportar isso. E talvez os escritores escrevam e deem testemunhos ou criem ficções com elementos da realidade também para suportar isso ou por algum encanto com isso em suas existências. É um pathos existencial.

 

Mas a questão chave aqui é também outra. De um lado, porque escrevemos e que tipo de paixão é essa? De outro lado, me veio a associação livre entre escrever, pintar e fazer música. Portanto, podemos refletir sobre como fazemos isso e tentar encontrar algumas respostas ou candidatas a respostas ou somente algumas pistas.

 

Em todos esses casos - compor um texto, uma música ou uma pintura, temos uma atividade que consiste em compor algo a partir de um conjunto de elementos simples, complexos e variados. Essa composição envolve uma escolha do material disponível e mesmo uma procura de novos materiais. Na escrita, em primeiro lugar as letras, vogais e consoantes, mas também os sinais de pontuação e acentuação, além de todos os outros sinais e agora também escrevemos com emoticons.

 

Ou seja, na própria linguagem atual desse mundo virtual fazemos a composição também com imagens em meio ao texto ou acompanhando o texto. Os textos passam a ser ou podem ser ilustrados por signos, símbolos e ícones simples. E ainda temos os memes ou as imagens e textos de citações que servem como uma pedra de toque ou ponto de partida para compor. A arte então está na escolha, na busca, na seleção dos materiais e na disponibilidade de um acervo que envolve desde textos lidos até outras associações. O artista compõe tanto na forma quanto no conteúdo, mas também a partir de influências e remissões ou ligações a outras fontes.

 

Mas também lidamos com outros materiais como as palavras que desempenham funções de ligação, marcação e também ênfases nas narrativas ou frases. E mesmo na linguagem escrita fazemos usos de certas expressões que são quase stardards ou padrões e chaves de analogias, metáforas ou figuras de linguagem de uso muito comum. Aqui temos uma demonstração interessante da malha que a linguagem ergue com múltiplas ligações entre milhares de textos dentro de uma cultura e assim tanto o autor quanto a obra podem ser vistos como pontos de ligações entre diversos outros numa trama ou rede temporal, espacial e cultural sobre o mundo.

 

Dispomos ainda de apelidos, gírias e expressões populares em cada cultura, assim como podemos usar também expressões latinas, gregas ou estrangeiras em meio ao texto. E nem sempre isso é feito por exibicionismo banal. Muitas vezes serve para ilustrar ou marcar no texto o que chamamos de ênfases, assim como também podem marcar relações ou conexões desse texto com outros textos.

 

As formas de expressão também tem características que escolhidas dão efeitos à uma narrativa. Por exemplo, o mesmo enunciado descritivo pode ser transformado a um modo poético e ser acrescentado a ele palavras com mais ênfases simbólicas ou metafóricas. Também a retórica pode entrar aqui através de diversos artifícios como a reiteração, a inclusão de interrogação ou exclamação, a mera colocação ou adição de reticências ao final de uma estrofe ou expressão e etc.

 

Analogamente podemos fazer quase as mesmas coisas com a pintura e a música. Com mudanças nos traços e nos componentes e também com a inclusão de cores, misturas ou ruídos e sons, tonalidades e diversos timbres de instrumentos de tal modo que uma frase ou quadro ou retrato simples ganha uma outra característica ou estilo pelo leque de variações possível.

 

Minha mãe dizia que a língua portuguesa era maravilhosa porque justamente tinha uma riqueza vocabular que permitia na analogia dela tocar um piano cheio de notas ao falar ou escrever ao contrário no exemplo dela de outras línguas mais concisas e cujo vocabulário parecia ser mais estreito.

 

Bem, nem preciso exemplificar a partir dessa trama de textos acima indicada, a imensidão do universo de possibilidades já realizado na pintura e na música. Basta se imaginar numa série infinita todas as composições da pintura e da música para de ter uma ideia dessa variabilidade e margem de criação, muito ampla e ainda inesgotada.

 

Nesse ano, por certa fixação temática e obsessão com a relação entre Miles Davis e John Coltrane, andei estudando jazz, por exemplo, e cheguei na teoria do jazz modal que marcou talvez a maior contribuição de ambos em meados dos anos 50. A teoria cromática ou a exploração do modo lídio de George Russell chama atenção por ser talvez a última grande teoria inovadora da música ocidental. Você descobre que ela foi inspirada numa expressão do jovem Miles Davis que ao ser perguntado o que ele queria estudar e fazer em música simplesmente e laconicamente respondeu: todas as possibilidades. A partir disso George Russel desenvolveu sua base conceitual que está contida no livro Lydian Chromatic Concept of Tonal Organization - The art and science of tonal gravity (1953).

 

Então, um escritor, um pintor e um músico, e em especial um escritor compulsivo e imaginativo nem sempre está preso as formas comuns de expressão e justamente tenta sempre avançar para outras possibilidades de expressão. Ele tenta buscar o além das possibilidades já apresentadas. Aqui, a expressão de Miles Davis de tentar conquistar "todas as possibilidades" tem analogia com um impulso característico da filosofia grega e que vai marcar a filosofia até os dias de hoje: a busca da totalidade.

 

Mas algo me levou a pensar assim. No momento em que estava escrevendo essa resposta sobre porque escrevemos e se havia alguns possibilidade de que fossemos possuídos por algum espírito que nos faz dizer ou registrar certas mensagens, me dei conta deste aspecto lembrando também de Arthur Rimbaud e seu poema das Cores das Vogais. O insight é simples e límpido aqui. Cada vogal é associada a uma cor. Podemos discutir a escolha de Rimbaud e inclusive pensar tanto nos nomes das vogais como nos nomes das cores em todas as línguas possíveis e em suas múltiplas variações.

 

Em princípio, são cinco vogais, mas há o Y que, por exemplo, pode corresponder a uma cor também, mas que não é contemplado. E, além disso, estamos muito presos aqui a dois elementos tradicionais e eurocêntricos. De um lado, as cores básicas e de outro lado não contemplamos, para contribuir no nosso alargamento aqui, as outras línguas além das gregas, latinas ou românicas. O árabe, o chinês e outras línguas tem também seus signos e mesmo símbolos próprios que são extremamente expressivos também.

 

O que se conclui disso, é que muito rapidamente acabamos sempre pulando de um elemento simples ou componente básico para algo mais composto e complexo. O impulso para uma totalidade ou essa busca de uma totalidade se traduz tanto na abertura para um tema, quanto na evolução de uma frase ou expressão, de um desenho ou esboço, de duas ou cinco notas musicais em um determinado ritmo, para uma crônica, um romance, um poema ou uma ópera, uma tela, um triptico, ou uma canção, um lied, uma modinha, um concerto e uma sinfonia..Do menor para o maior, do mais simples para o mais complexo, da frase para a narrativa extensa, de Ulisses foi para a Guerra de Tróia até a Odisséia e a Ilíada.

 

Pois bem, eu creio que é justamente aqui que nós encontramos a sentença que talvez explique esse negócio de escrever. Numa bela metáfora já conhecida, nós temos todo o universo em uma casca de noz, assim como muitas vezes temos toda uma História numa pequena estrofe que lhe serve de base, em um trecho de um poema, em um fragmento filosófico e mesmo com algum esforço de imaginação, para pegar um modo narrativo muito peculiar e extremamente elaborado, podemos construir um romance a partir de uma crônica bem feita, bastando muitas vezes abrir o que nela está subentendido ou em plena gestação, omisso ou subliminar e expor à luz de um texto.

 

Então, o que eu quero dizer é que os escritores e escritoras, em especial os compulsivos que escrevem sempre mais do que publicam e que abrem sendas inteiras em textos, ensaios, crônicas e poemas, sempre começam com uma ideia aparentemente simples e acabam expressando isso de forma mais extensa.

 

Porém, há também aqueles que vão ruminando em suas cacholas por meses e até anos até começarem a por em palavras aquilo que era apenas uma ocupação mental quase silenciosa. Então, esse começam em algum ponto e vão evoluindo de tal modo que aquilo se apresenta em um texto, em uma composição e etc. E alguns até pensam muito na forma de fazer isso. Pensam no modo como vão construir e também selecionam modelos e esquemas alternativos até darem fim a essa composição. Eu creio que o mesmo acontece também com músicos e pintores e que, mudando o que precisa mudar ou usar para isso, eles vivem algo semelhante.

 

Tem um argumento que pode ser aposto aqui contra essa abordagem, aliás bem mais de um argumento, porém eu acredito também que isso tudo possa ser uma experiência mais consciente e menos consciente e que na qualidade não faz diferença alguma. Porque tanto os racionalizadores desse processo quanto os mais intuitivos e aparentemente inspirados acabam escrevendo, pintando ou compondo algo que nos fascina igual e na recepção das suas obras as considerações sobre se o processo e consciente ou não, são simplesmente desprezadas, porque o que nos encanta é a obra e aquelas emoções, pensamentos ou percepções que ela nos suscita.

 

É claro, porém, que isso não torna irrelevante a consideração de um crítico sobre esse processo todo ou mesmo o juízo de um mestre qualquer nessa arte sobre a qualidade da obra do aluno ou aluna e mesmo sobre o virtuosismo ou genialidade da sua execução, performance ou interpretação. Aqui vem a baila outros artistas que também vivenciam nos seus ofícios esses processos.

 

O ator ou atriz, o orador ou oradora, o Professor ou Professora que dá ou faz a mesma peça, discurso ou lição a cada vez com uma interpretação possível. E que reflete depois consigo mesmo, com seus pares de palco, com seus amigos, com a audiência ou com os alunos e alunas em uma interação muito especial para ir moldando aquilo até a sua perfeição ou maestria excepcional. Alguns atores e oradores, professores e senhores fazem isso de modo tão perfeito e excepcional que mesmo que repitam a mesma interpretação, por força de circunstâncias particulares e incontroláveis, cada apresentação é uma só.

 

Essa é também uma demonstração de que mesmo a cópia perfeita ou a reprodução marcadamente similar há de ser diferente, posto que os elementos de sua composição apesar de serem exercitados e selecionados, ensaiados ou escolhidos de um modo metódico, ficam expostos ao improviso, a interação com a plateia e também escapam de forma maravilhosa ao domínio do seu autor, ator ou também receptor.

 

Então, há algo de mágico nesse processo que torna essa experiência muito mais valiosa do que aparece aqueles que não percebem a sua riqueza ou que não tem sensibilidade para apreender ou imaginação para delirar com prazer nessa exposição de elementos em uma composição apresentada assim.

 

Fim

 

P.S.: Fiquei pensando em Walter Benjamim enquanto escrevia os últimos parágrafos. Mas não fiz nenhuma questão de pegar o livro na prateleira para ajustar ou trazer alguma questão do seu clássico e extraordinário A Obra de Arte na Época da sua Reprodutibilidade Técnica.

 

Isso não significa que não deva ser lido ou que seja descartado por mim. Muito antes pelo contrário. A única ideia dele que me cabe aqui e que é sagrada para mim é a da existência de uma "aura" na obra de arte. Na tese dele a aura pode ser perdida com a reprodução. Perder a aura é quase o mesmo que perder o significado. Ou seja, quase ocorre aqui o que ocorre se repetirmos uma palavra mil vezes. Restará só o seu som - o seu corpo físico, mas o seu sentido ou corpo espiritual desaparecerá.

 

Eu desconfio sim que ela, a aura, pode ser perdida, mas também desconfio que muitas vezes ela sequer pode ser apreendida. Porque aqueles que poderiam lhe apreender o sentido perderam seu corpo espiritual - que talvez seja a imaginação livre e sem censura - ou na expressão do pichador de Pompéia não sabem amar. E isso, essa constatação, é de uma tristeza imensa para mim.

 

Porque ela não será aprendida quando a técnica e a reprodução mecânica e automática da vida for tão violenta de tal modo que a sensibilidade humana tenha sido completamente vampirizada pelo sistema e tenha tornado cada um de nós apenas um consumidor grosseiro de coisas, com suas manias próprias, suas drogas próprias e completamente incapaz de perceber a aura no próximo, em suas obras e em suas vidas.

 

Essa neutralização ou supressão do espírito pela mecânica social se apresenta de forma brutal no holocausto e em outras experiências terríveis da humanidade, mas também no uso instrumental do outro e na alienação de si mesmo. E até mesmo um vampirismo amoroso se apresenta em meio a isso, de tal modo que aquele ou aquela que não sabe amar e que também não possui mais aura, mas apenas um simulacro, rouba ou desapropria e expolia de ti os afetos passados, os afetos presentes e os afetos futuros e joga tudo isso na lata do lixo. E é assim que toda a tua amorosidade e capacidade de amar é descartada e desprezada por quem não sabe amar.

 

Abaixo uma imagem minha bem menino num Carnaval da Sociedade Ginástica, contemplando com os olhos atentos o fotógrafo e talvez olhando para mim mesmo no futuro. A minha percepção dessa imagem me mantém com as esperanças e as lamparinas acesas de que o melhor de mim menino persevera em mim adulto e quase velho.




 

Feliz dia das crianças para todos e todas!

 

Que cada um tenha em si o melhor dos seus meninos e meninas que foram um dia, porque isso também é uma arte e isso é da ordem da nossa vida.

terça-feira, 30 de junho de 2020

A DOR DE CADA UM E O NOSSO PAPEL DE CUIDAR DE CADA UM


A DOR DE CADA UM E O NOSSO PAPEL DE CUIDAR DE CADA UM

Meu pai, Antônio Boeira Sobrinho, me disse umas frases memoráveis oito anos atrás quando estava em um leito na UTI do Hospital Centenário. Estou ruminando sobre elas até hoje. E a cada ano revisito elas e me ponho a pensar e completar de novo o que ele disse, porque a época fiz um resumo tão emocionado que tremia ao escrever. Ele estava em recuperação após mais uma intercorrência provocada por seu quadro crônico de saúde. Essas frases e tudo que eu percebi de novo ali me deixaram com um certo sentimento de realidade que no fundo eu creio que todos nós devemos aprender a ter...pelo nosso bem e pelo bem dos nossos próximos.



Não é um sentimento de realidade agradável e nem confortável, mas meu pai tinha essa capacidade incrível que eu encontrei em poucas pessoas nessa vida de enfrentar o Dragão do Mundo e a Cruz da Existência com serenidade, sabedoria, lucidez e muita firmeza. Eu percebi muitas vezes em nossa íntima amizade, em nosso convívio extremamente franco e sincero que toda essa sabedoria dele encobria um espírito muito furioso e muito enérgico, cuja face suave e sorriso simpático e gracioso escondia ou controlava de forma imperativa. Sob a tranquilidade do meu pai havia um vulcão extremamente febril e em alta temperatura que simplesmente aparecia numa tranquilidade e em gestos contidos, controlados, medidos e precisos. Exatamente como a profissão dele exigia. Meu pai tinha desenvolvido desde menino por força das suas circunstâncias existenciais, familiares e sociais peculiares aquele traço não tão simples de ser Capitão da sua própria alma, como clama aquele poema que consolou e fez a fortaleza de Mandela por 27 anos na prisão. Eu acho mesmo que é dessa luta entre a sua fúria e a sua própria alma que se gerou a precisão dele com as palavras e o fato de que ele era muito lacônico e certeiro em seus atos de fala e tirocínios sobre a verdade das coisas. Talvez eu tenha virado estudante de filosofia por admirar isso nele e me perder espantado pensando nas coisas que ele me dizia e no modo como ele me dizia essas coisas. Isso não tira nada da grande conta que que eu devo a minha mãe nesses e em muitos outros quesitos.       

Ele estava internado pela terceira vez – e não seria ainda a última antes de falecer no Hospital Regina em Novo Hamburgo. Tudo ocorreu após uma cirurgia de implante de prótese no quadril que trouxe algumas complicações em virtude de suas vulnerabilidades circulatórias, respiratórias e cardíacas e alguns descuidos dele mesmo em relação às suas doenças crônicas. E eu digo isso aqui porque eu não gosto de culpar médicos ou instituições hospitalares pelos insucessos com a saúde que são resultados das nossas ações, omissões ou negligências. E digo isso não porque não exista erro médico ou negligência médica nesse mundo, mas porque quando não é o caso, é uma grande injustiça atribuir a responsabilidade a outrem pelos nossos hábitos, vícios, desleixos, descuidos ou escolhas.

Meu pai Antônio me olhou nos olhos e me mirou de cima abaixo, com alguma dificuldade, a partir da cama da UTI e me disse:

"Daniel, me aconteceu uma coisa meu filho. Acho que preciso te dizer.  Eu estava ali deitado na maca doente e aquilo tudo que acontecia a minha volta, os sons que eu ouvia, as luzes e corpos, não me parecia nada reais. Mas de repente olhei para você e eu sentia que o meu filho era real. Porque me vinha a minha vida inteira ali presente através de você. Como se fosse um ponto exterior a mim. A realidade é muito dura, meu filho. A gente gostaria que fosse diferente, mas é assim que é mesmo e a gente sofre muito e isso é de verdade mesmo, meu filho. Isso não é um sonho, ainda que pareça um sonho, porque nos deixa meio desfigurados, estranhos. A realidade é muito mais dura mesmo"

Quando a gente escuta umas frases destas, se fica muito impressionado e pensando por muito tempo nela. Fica tentando entender a mensagem e também o seu sentido mais pessoal e o significado e você se dá conta de que você não pode sofrer mesmo pela outra pessoa, se dá conta que pode sofrer junto, ter empatia e sensibilidade, chorar por ela, pegar na sua mão e lhe fazer um carinho, mas jamais poderá sofrer no lugar dela. E devemos lembrar e nos preparar, como dizia Montaigne, porque um dia vai chegar a nossa vez também. Como me disse um amigo semanas depois disso devemos ser felizes e não nos atacar mesmo por pouca coisa. E assim volto à mensagem do meu irmão: a gente tem a obrigação de ser feliz, simplesmente porque estamos vivos. E se tivermos saúde, temos que agradecer muito por ainda escapar dessa dura realidade. E talvez possamos ser o ponto de ligação entre aqueles que sofrem e a realidade exterior. Talvez possamos ser a ponte entre o sofrimento da vida e a possibilidade de sair dele ou as memórias felizes da vida deles. E quando falo deles aqui, não falo somente do meu pai, mas de qualquer ser humano que encontrarmos em sofrimento ou desalento que podemos confortar, cuidar, amparar e apoiar com atenção e dedicação nesses momentos duros da vida.

Essa mensagem vai para todos os médicos e médicas, enfermeiros e enfermeiras, técnicos e técnicas, gestores da saúde pública que em meio a essa Pandemia são os pontos de ligação e conexão com a realidade de milhares de pacientes pelo mundo, aqui no Brasil, aqui no Rio Grande do Sul e aqui na nossa São Leopoldo, em especial no Hospital Centenário e em todas as unidades de saúde, nos locais de testagem e vai também para aqueles que aqui em nossa cidade tem a tarefa de ligar para os pacientes em isolamento ou cuidar deles como hoje já é o caso no anexo do Hospital Centenário, o Monte Alverne, cedido pelas Irmãs Franciscanas e que já está em operação e cuidando da vida de pessoas como os nossos pais, mães, parentes, amigos e conhecidos, colegas ou próximos  e desconhecidos.

Muito Obrigado!

P.S.: Reescrevi essa memória pensando em todos aqueles que não podem ter seus filhos ou próximos juntos e no fato de seus cuidadores estão ocupados em cumprir essa tarefa de serem o ponto de ligação com a vida feliz e a possibilidade de sair desse sofrimento ou de lembrar bons momentos da vida. E também como uma homenagem a todos os familiares que não podem acompanhar seus parentes e seus entes queridos nesses momentos de salvação e redenção ou nos derradeiros e infelizes momentos de despedida.            

quarta-feira, 17 de junho de 2020

O RECUO DAS BANDEIRINHAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL


O RECUO DAS BANDEIRINHAS NO ESTADO

A data de ontem vai ficar marcada na história da Pandemia do RS pelo recuo do Governador e pela tentativa de avançar dos prefeitos da região metropolitana no enfrentamento da Covid19.

Foi um dia em que estava colocada uma perspectiva de reversão e contenção do crescimento di contágio e da disseminação do vírus, mas que terminou muito mal. Seja pela decisão do governador, seja pelo aumento de óbitos e casos, aumento de suspeitos também e pela iminência de um colapso real do sistema de saúde do estado para os próximos 15 dias.

Ontem dei uma navegada na rede para ver como andam as cidades do Vale dos Sinos, da Serra e do eixo da BR-116, em relação aos números de óbitos e casos. Não gostei nada do que eu vi.

Faço isso a partir da visão e dos dados de São Leopoldo que entrou em estado de alerta. E que com a liderança do prefeito Ary Vanazzi não está negligenciando o perigo e está percebendo a escalada de casos e óbitos e a gravidade do caminho que s região segue.

Ao mesmo tempo, também por provocação do Vanazzi, os 38 prefeitos da região metropolitana - de diversos partidos - se reuniram on line para tratar de forma regional da situação da Pandemia, haja visto que está claro que não existe solução local, que nenhuma cidade é uma ilha, que o nível de contágio chegou nas periferias e que as cidades conurbadas da RMPA que são interligadas por transporte e com alta densidade demogräfica, não terão tranquilidade alguma enquanto não adotarem medidas e estratégias comuns para enfrentar o Covid. Surgiram muitas propostas de estratégias comuns que o Vanazzi levou a consideração dos demais e estes também apresentaram propostas. Estratégias essas que, porém, devem ir para além da testagem ou das barreiras sanitárias e chegar nos regimes de isolamento e distanciamento comuns que envolvem a única estratégia possível de evitar o colapso. Para chegar num acordo sobre isso foi montado um comitê regional.

Depois de tudo isso, que se iniciou pela manhã, eu estava jurando que o governador iria perceber os sinais e ia rever a condição de bandeira da RMPA, por conta da posição estratégica do sistema de saúde dessa região para o estado inteiro e ele vai lá e atenua as bandeiras vermelhas das outras regiões. Na completa contramão ele assim segue, do que todos os dados de crescimento de casos e óbitos indicam para o estado. Estamos a beira do abismo e o empresariado e alguns gestores de Prefeituras e do estado resolvem a essa altura do campeonato nós levar para uma situação muito semelhante a que aconteceu na Itália flexibilizar sob a consideração de que possuem controle e capacidade de suportar a velocidade do crescimento dos casos no sistemas de saúde, quando, na verdade, toda a rede de leitos de UTIs para Covid19, por hierarquia, está justamente chegando no seu limite para passar aí colapso. É nessa direção que caminham os números de crescimento de casos e óbitos.

Por causa disso, a metade desse card é a notícia, a outra metade expressa meu LUTO antecipado pela decisão de recuo do governador.

O argumento dele para recuar se baseia na apresentação de novos leitos de Covid19 nas regiões em bandeiras vermelhas. Sabem quantos leitos?

Procure saber e pense por si mesmo.

#VoltemParaCasa

#FiquemEmCasaDeNovo

#PorFavor


“ISSO É LÁ NA CHINA”


“ISSO É LÁ NA CHINA”:
O PRIMEIRO SINAL DE NEGACIONISMO,
A PRIMEIRA NEGLIGÊNCIA DO GOVERNO FEDERAL
E A CONTRAMÃO QUE PERMITIU A CHEGADA DO VÍRUS AO BRASIL

É indiscutível que toda a Pandemia no Brasil chegou pelos portos e aeroportos que acolheram abertamente o Coronavírus, sem nenhuma medida preventiva ou protetiva. E essa doeça grave foi recebida sem sofrer qualquer resistência ou restrição, através de medidas sanitárias cabíveis, e se disseminou pelo país passando pelas etapas para se tornar comunitária, interiorização e periferização que levaram ao quadro atual que ainda que seja distinto de região para região, tirou muita vantagem da falta de rigor e articulação dos gestores federais com os estados e municípios, da falta de articulação regional e, também, quando passou das camadas superiores e medias da sociedade para setores mais vulneráveis e desprotegidos seja por condições de moradia, densidade demográfica, condições de trabalho e mobilidade desprotegida, bem como, por falta de uma comunicação alinhada entre o governo federal e os estados. Hoje estamos praticamente vivendo a segunda onda – a primeira por São Paulo, Rio de Janeiro, Nordeste e Manaus, em virtude da persistente negligencia do Governo Federal e dos esforços insensatos de flexibilização por parte de um empresariado que tem proteção a sua saúde e também pela condição não resolvida dos trabalhadores informais que não receberam ajuda emergencial e das populações mais vulneráveis e periféricas das grandes cidades. Além disso, com a interiorização, a segunda onda ataca Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Brasília, com os demais estados começando a sofrer crescimento dos casos e óbitos.      

O início dessa tragédia brasileira se deu lá no começo no tratamento a questão dos portos e aeroportos que será apontada com algum detalhe a seguir. Não foi determinada uma triagem de passageiros em voos e cruzeiros internacionais, nenhuma restrição de entrada foi emitida para portos e aeroportos até. Nos portos e aeroportos brasileiros, as autoridades não monitoram sequer a temperatura dos viajantes. Sobre os cruzeiros ocorreram algumas poucas exceções noticiadas. Não foi adotada a restrição de entrada no país para viajantes de países com "alta incidência" de covid-19, como China, Japão, Coréia do Sul, Irã, Itália, França, Alemanha, Espanha e outros. A entrada de estrangeiros no país e o retorno de turistas brasileiros não foi monitorada. O Ministério da Saúde declarou uma emergência de saúde em todo o território, mas não adotou uma medida que implicasse que todos os passageiros que retornaram ao Brasil da Espanha, Itália, Irã, França, Coréia do Sul e duas províncias da China (Hubei e Cantão), os locais com os casos mais notificados, ficassem isolados em suas casas por 14 dias e nem promoveu a testagem desses.  

Na entrevista ou diálogo entre o Dr. em Virologia  Atila Iamarino e o ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde Wanderson Oliveira que é também Dr. em Epidemiologia, ocorrida agora em sete de junho, Wanderson revela, aos 46 minutos dessa entrevista, os bastidores da recepção e do alerta sobre a Covid19, lá no início de janeiro.

Quem me lê sabe muito bem que considerei a hipótese de que tenha sido feita a proposta de barreira sanitária nos aeroportos já em janeiro pelo Ministério da Saúde. Esse depoimento do Wanderson confirma essa hipótese e ainda que não confirme uma negativa oficial ou formal, aponta claramente para o primeiro sinal de negacionismo em relação a Pandemia no Governo Federal.

Minha consideração sobre essa hipótese à época foi que a medida de barreiras sanitárias no aeroporto foi rejeitada por covardia política, desprezo e preconceito - o que não é menos que ignorância e burrice - por parte do Presidente irresponsável que se aconselha no Gabinete do Ódio que é orientado por pessoas que se guiam mais por paixões políticas do que por alguma dose de racionalidade e tranquilidade.
O depoimento de Wanderson, repito, não comprova isso, mas é exemplar da atitude negacionista geral que se seguirá. O problema que eu aponto aqui é que esse negacionismo não é somente retórico ou discursivo, mas ele também é gerador de ações na contramão dessas medidas de proteção do país e do povo brasileiro em relação a Pandemia.

O depoimento pode até passar despercebido para muitos, mas é perturbador para aqueles que estão acompanhando com atenção, informação e análise crítica o que está ocorrendo no Brasil com a Pandemia e os nossos problemas de toda ordem no seu enfrentamento. Não é um depoimento tão detalhado assim, mas comprova parte da situação e do descaso do Governo Federal com o tema. Longe de acusar Wanderson por esse depoimento ou confidência, mas devemos considerar isso como uma pista ou o primeiro sinal sintomático da cadeia de desconsiderações ou negligencias que se seguiriam. Além disso, também vale como uma demonstração da lógica invertida adotada pelo governo federal no enfrentamento a Pandemia. Essa lógica é acompanhada pelo negacionismo na retórica e nos atos de fala do presidente e de muitos dos seus principais acompanhantes e apoiadores, mas também por ações e atitudes contrárias às tentativas de enfrentamento adequado a Pandemia.  

Ele nos informa que em cinco de janeiro recomendou a um servidor ou dirigente da Anvisa a ativação do sistema de controle nos aeroportos e que este respondeu com ceticismo dizendo que "não tem problema, isso é lá na China." Trata-se de um colega da Anvisa que é avisado. E este responde: "Não vai chegar aqui não." Wanderson diz então na entrevista: "Eu recomendei ativar os planos nos aeroportos. Isso no dia cinco de janeiro."

Já em 16 de janeiro foi apresentado, segundo Wanderson, o primeiro boletim epidemiológico. Recomendo a leitura disponível no Site da Fiocruz. O comentário de Atila Iamarino atenua a gravidade da resposta, dizendo que não poderia ser compreendido ainda na época, pois "não tinha precedente. Tinha que ser uma extrapolação mesmo."

Escrevi, lá em início de abril, que era muito provável que no governo federal o ministério da saúde já em meados de janeiro até fevereiro tenha dado de alguma forma o sinal da necessidade de barreiras nos aeroportos, mas que isso foi rejeitado. Essa era a minha primeira tese que abre a cadeia de negligências ou desconsiderações por parte do governo federal em relação a pandemia. A minha tese mais geral é de negligencia sistemática a gravidade da Pandemia e as medidas preconizadas pelos técnicos, pela ciência e pelas autoridades mundiais em saúde pública que tem assento na OMS e na América Latina na OPAS. 

A partir de fevereiro, porém, não tem mais desculpa por que já havia o primeiro boletim da OMS e já havia sido elevada a condição de risco da Epidemia para Alta. Mas mesmo assim, esse governo federal e também o governo Trump, um pouco depois empurraram a conta do contágio e da disseminação do vírus sobre a OMS, acusando ela de não ter declarado Pandemia ou de ter apontada a importância da adoção de uso de máscaras pela população em geral, que eles retardaram fazendo discussão de especificações técnicas até que liberaram geral e começaram a recomendar no Brasil também. É bom lembrar porém que foi determinada pela OMS que haviam duas medidas cruciais para deter a pandemia: ampla testagem e isolamento. Sem falar da ausência de barreiras sanitárias nos aeroportos que hoje já são praxe na maioria dos países. No final de janeiro, porém, qualquer gestor público do planeta já tinha acesso a dois dados decisivos sobre a Pandemia: de um lado a elevadíssima e poderosa capacidade de contágio e transmissão do vírus, segundo que a única estratégia para reduzir o contágio é o isolamento.

Um exemplo dessa recusa a medidas sanitárias em Aeroportos foi o caso do estado do Ceará. No início da pandemia tomou medidas sanitárias para fechar o aeroporto de Fortaleza, um  dos cinco principais aeroportos onde o vírus desembarcou no país, para voos dos EUA e da Europa, e a iniciativa do Governo Bolsonaro via Infraero foi ir á justiça para impedir essa medida, e um Juiz do TRF de Recife a partir disso manteve os voôs assim. Para apontar o resultado atual, ontem o estado do Pernanbuco atingiu a seguinte marca de casos e óbitos: Com 920 confirmações e 73 mortes, PE chega a 46.427 casos e 3.959 óbitos por Covid-19. Ambos, o Governo Federal e o Juiz do TRF de lá, deveriam ser responsabilizados primeiro publicamente e depois processados pelo descontrole e pelas mortes da pandemia no Ceará e o Governo Federal por sistemática e repetida negligência e por atuar na contramão dessas medidas.

sexta-feira, 12 de junho de 2020


A DEFESA DE SEU PAI POR LUCIE DELAMBRE 
EM DÉRAPAGES OU RECURSOS DESUMANOS: SÉRIE DA NETFLIX 2020

"Sras. e Sres. do júri.
Ontem, a acusação lhes pediu para fazer do Sr. Delambre um exemplo de ter , eu cito, "elevado as tensões sociais a um nível social inaceitável."

E essa noção de tensão social... é.... central.
Quero dizer que é uma questão séria, grave.
A relação entre o indivíduo e o grupo ao qual ele pertence.
E essa questão... é...muito importante.
É essencial.
Então, agradeço ao procurador...
Por evocar certa noção de pacto social.

Porque diante de vocês, senhoras e senhores...
Temos o exemplo de um homem que respeitou e cumpriu a la lettre com todos os termos do contrato social.
Que ele obedeceu às injunções da sociedade.
Disseram para ele estudar e trabalhar.
Ele conseguiu seus diplomas e trabalhou por quase 40 anos.
Disseram para ele se endividar para comprar um apartamento.
Ele fez isso.
Incentivaram-no a ter filhos.
Ele teve duas.
E ele cuidou delas.
Ordenaram que as educassem para que se tornassem enpregáveis.
Ele fez isso.

E de repente...depois de 40 anos de serviço leal...quando ele achou que poderia colher os benefícios legítimos, os que me referi, do contrato social...a sociedade mudou de ideia.
Não há mais trabalho...
Menores pagamentos de pensão...e humilhação.
Bicos, precariedade...
Pobreza crescente...a promessa de um futuro sem felicidade, da velhice sem felicidade.

Então, lhes pergunto:
Quem violou o contrato social?
O caso de quem estamos considerando hoje?
A empresa que organizou um esquema de reféns?
A sociedade que explora, precariza e rejeita?
Estamos julgando Alain Delambre.
Aqui no dia de hoje.
Ele é o encrenqueiro....
O rebelde...
O culpado...
O assassino em formação.

Nas últimas semanas...
A França começou a ver Alain Delambre...
como a encarnação do desemprego...
Alain Delambre e suas indignidade.
Toda a nação se reconheceu nele.
E eles estão certos.
Não estão decidindo...
O destino...
De um desempregado....
Mas o de três milhões de desempregados...
Nos próximos três anos.

E espeto que me permitam fazer uma observação pessoal.
Sabem a conexão que tenho com meu cliente.
E posso lhes dizer que tipo de homem ele é.
O pai maravilhoso que ele tem sido.
Tudo que ele nos deu...
E tudo que ele...

- Longa pausa até que interrompe e
Pergunta o juíz:

"você terminou advogada?"

Ela assente com a cabeça e se senta em silêncio, mas emocionada no seu lugar no parquet.

"O júri agora vai deliberar." Declara o juiz.



P.S.: Fiz questão de fazer essa transcrição para ilustrar a incrível situação em que se encontram milhões de trabalhadores e trabalhadoras, cidadãos e cidadãs em todo mundo e nos países onde projetos, reformas, medidas econômicas e outras intervenções do estado e do mercado nas leis e na economia precarizar as condições de vida deles. Anoto aqui, enfim, que isso não atinge somente pequenos trabalhadores e seus direitos, mas todos os trabalhadores, incluso aqueles de nível superior e com carreiras com vencimentos mais elevados. Ou seja, incluso as classes médias que são parte crucial do eleitorado médio que vota massivamente nesses projetos de reformas e neoliberais. Para sua reflexão e sem mais comentários.

COMO A DIREITA E O PT TRATAM O SUS?


COMO A DIREITA E O PT TRATAM O SUS?



SÃO LEOPOLDO É UMA PROVA CABAL DESSA ABISSAL DIFERENÇA

A gente lê e escuta tanta bobagem, besteira e mentira sendo dita por pessoas que não conhecem a realidade e nem a verdade, mas também por aqueles que se especializaram em enganar a população com o uso de Fakenews e com ataques caluniosos, que é preciso dizer certas coisas mais de uma vez, por justiça e pelo bem da nossa população.

Há uns diferença brutal entre o modo como o PT tratou o SUS no Brasil, no estado e nas cidades e o modo como a direita, os liberais e a oposição local trata e tratou e muito provavelmente vai continuar tratando o SUS. O exemplo dessa diferença é duríssimo em São Leopoldo. Vou aqui destacar somente algumas notas que tenho de memória porque acompanhei todos esses debates, processos e acontecimentos.

A unidade do SAMU foi aberta em 2007 em São Leopoldo. De 2013 a 2016 as viaturas foram sucateadas. De 2017 até aqui o Governo de Ary Vanazzi adquiriu viaturas novas. A UPA iniciou a construção em 2012 e o governo de direita levou três anos para abrir e ainda abriu com um contrato lesivo aos cofres públicos que teve que ser interrompido. Os leitos de UTI do hospital centenário foram ampliados para atender a demanda de Covid19 nesse ano e o Governo Federal ainda não os habilitou. O programa mais médicos quase foi destruído aí final do governo Temer com a desfeita de Bolsonaro, antes mesmo de tomar posse, aos médicos cubanos e até hoje muitos locais ficam sem médicos porque a elite não quer trabalhar e atender o povo pobre em muitos lugares do Brasil. O Programa Farmácia Popular do Brasil foi descontinuado. São Leopoldo possuía duas unidades que foram fechadas e que possuíam atendimento de excelência. A CPMF que arrecadava milhões para a saúde foi derrotada no congresso por uma frente de lobistas anti-sus e contra o processo de controle das movimentações financeiras que impedia a Sonegação desse recurso. Isso sem detalhar aqui que muitas melhorias na saúde pública hoje se transformaram em moeda de barganha através de emendas parlamentares e não mais parte de programas em escala nacional com repasses de fundo a fundo para políticas estratégicas do SUS. Por fim, o Hospital Centenário foi prejudicado pela gestão da direita leopoldense que resolveu negligenciar a repactuação de custeio com o governo do estado oferecida pelo governador Tarso Genro. E tanto o governo Sartori se recusou a refazer quanto o governo Leite se recusa hoje em promover uma distribuição mais justa de recursos para o Centenário que no mínimo deveria respeitar o tamanho da população atendida e o excessivo desembolso de recursos da prefeitura municipal de São Leopoldo para custear um Hospital estratégico de importância regional e que atende a população de mais de 18 municípios da região. Poderia avançar em muitos outros exemplos. Mas vou terminar perguntando qual governo que foi que construiu todas as diversas Unidades Básicas de Saúde em São Leopoldo nos últimos 16 anos? Foi o do PT, porque o Governo de 2013 a 2016 se orgulhava nos bastidores de não ter construído nenhuma unidade de saúde e muito menos escola.

Nesse último item - escolas - Bolsonaro conseguiu com uma única decisão retirar recursos que poderia ter construído mais 4 escolas de educação infantil para São Leopoldo que atenderiam aproximadamente 900 crianças e acabaria com boa parte do déficit de oferta de vagas na educação infantil de nossa cidade. E tudo que eu estou dizendo aqui pode ser verificado e confirmado.

Portanto, isso não é questão de opinião ou impressão, não t retórica nenhuma no que eu digo. É fato, é verdade e dou fé!

E na Pandemia de Covid19 não preciso dar detalhes porque está escancarada a barbaridade em óbitos e em descaso e negligência com a saúde e a vida do povo brasileiro por parte de Bolsonaro e o extremo esforço da Administração Municipal de Ary Vanazzi em ir com muita responsabilidade na contramão dessa barbaridade e na defesa da vida.

O ESCRITOR NUMA ÉPOCA DE ATROCIDADES, por Erico Veríssimo


"Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o mínimo que um escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, trazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos do nosso posto."

Érico Veríssimo, Solo de Clarineta, Volume 1.



SOBRE A PANDEMIA E O PÓS PANDEMIA, do Professor José Guilherme Pereira Leite


SOBRE A PANDEMIA E O PÓS PANDEMIA, do Professor José Guilherme Pereira Leite

Peço licença aos leitores e leitoras e, especialmente, ao autor, para apresentar este excelente texto, com uma pequena reflexão minha.

Tenho observado uma situação corrente na Pandemia: ela acirra ou acentua muito os traços de caráter e as tendências morais das pessoas. Quem é bom e tem boa vontade tende a ser muito melhor e a ter mais boa vontade ainda e que é ruim e perverso, cínico ou levemente ruim, tende a ficar muito pior. Mas talvez essa boa vontade não seja suficiente. Ora, todos sabem que sou otimista por natureza, mas por não me afastar da realidade no isolamento e nem antes dele, eu diria que as coisas podem piorar e muito. Seja porque os ruins e os perversos tem vencido muito e desde muito tempo e tem essa vantagem acumulada já e que é baseada na desigualdade profunda da qual eles são especialistas em se articular, tirar vantagem e agravar. Seja porque os bons ou os que se julgam bons, tem ainda muita dificuldade para entender que não adianta ser bom em qualquer sentido sozinho e sem ser relativamente aos demais. Então, só piora.

Esse texto me parece tocar por outro viés, mais técnico, ilustrativo e metódico, também nesse ponto. Se eu estiver enganado, me perdoem. Eu tentei. Boa leitura.

"À semelhança de ficções distópicas, a pandemia aprofundou a artificialização do cotidiano, isolamento de pobres em moradias precárias e sentimento de angústia sobre o futuro. Previsões sobre o mundo pós-coronavírus são terreno fértil para a ficção, não para a reflexão acadêmica, diz autor.

Sobre a crise pandêmica que nos acomete, eis a única futurologia crível, porque já presente: tudo o que estamos passando aumentará os níveis mundiais de desigualdade sócio-étnico-econômica, que já eram horrorosos em perspectiva cristã ou funcional. Mas e a evidente melhora do ar e das águas, os tais ganhos ambientais que o “decrescimento” trouxe?

Nas grandes cidades, até o momento, o novo coronavírus transformou os mais ricos em meros consumidores, na linha das ficções distópicas. Estamos mais próximos dos robôs do comércio online, em nosso cotidiano privado dominado por premências fisiológicas e pela atividade turva dos encontros virtuais, das relações impalpáveis com imagens. Netos não tocam avós. Mantemos uma dieta solitária, recorrendo a aplicativos de compra que prometem agilidade na entrega e auxílio nas escolhas racionais, balanceadas, ao estilo da nutrição sideral.

Aumentamos ainda mais nosso uso de máquinas mcluhanianas que, como extensões de uma corporeidade agora verdadeiramente truncada, expandem as telepresenças e estimulam a musculatura, adiando o colapso de nossas estruturas ósseas “desenhadas” pela natureza para funcionar ao ar livre, sob sol, vento e chuva Sol, vento e chuva tornaram-se commodities impossíveis, cujo gozo é controlado pelas leis que regulam a fruição do espaço. O novo coronavírus, desse modo, aprofundou a artificialização da vida e impediu experiências pouco assépticas, cultuadas pelo hábito descalço e desnudo. A vida boêmia voltou a ser infecta. Compartilhar cigarro é risco.

Com luvas kubrickianas, borrifamos germicidas nas cascas de ovo, respirando por trás de máscaras. Complicou-se o contato orgânico entre mãos e alimento. Ratificou-se a telemedicina, e, mesmo para aqueles que vão a hospitais, o médico é sem rosto, como naquela cena marcante do “E.T.”, de Spielberg. No sufoco, ficamos da porta para dentro, minando-se assim a tímida porém fortuita retomada do espaço público, sobretudo pelos jovens. A maioria não fugiu para o campo. O campo é "prime", como a casa de praia.

Os pobres, até aqui, o novo coronavírus reduziu à condição de presidiários domésticos, no programa canhestro da autoconstrução e do “in-saneamento” bubônico. As habitações são exíguas e de pouca infraestrutura. São as células cínicas do morar onde grandes e complexas famílias revezam um só banheiro, tornando risível a cartilha do isolamento.

Há até aqueles que têm quintais, mas assim mesmo rezam diuturnamente pelo pão do dia, circulam à procura de caridade ou assistência na defesa da prole, não dispondo de playgrounds nem sequer em rodízio. São as periferias de sempre, onde estendem-se as filas da Caixa, onde falham as conexões de rede e o Rappi vai dormir cansado depois de abastecer o centro. São os barracos de sempre, onde netos e avós dividem a cama.

Entre ricos e pobres, algo em comum: poucos sabem seu destino na nova configuração socioeconômica que emergirá e que desconhecemos, pois está em processo. Assistentes sociais, terapeutas e psiquiatras trabalham como nunca, na urgência de fomes e angústias extremadas. Aumentou o consumo de bebidas e psicotrópicos, conforme o vaticínio de Huxley. Pipocam previsões arrepiantes a respeito do ilhamento, de um mundo sem praças ou parques, com ilusões neuronais instaladas na sala.

Em tais imaginações, se houver renda garantida, os óculos de videogame nos trarão o céu aberto, turbinado por tecnologias endodérmicas complementares que, ao estilo “Black Mirror”, restaurarão na pele a sensação perdida: sol, vento e chuva, sexo e fluidos, plantas e terra, rumores dominicais de criança correndo.

As TVs e rádios, os jornais e a internet se acham assim coalhados de charlatões do amanhã, dublês de intelligentsia preditiva externando palpites exóticos sobre o mundo porvir, arriscando-se na roleta da futurologia que consagrou Nouriel Roubini em 2008. Na Bloomberg News, Anthony Fowler alertou elegantemente os incautos: a Covid-19 é mau negócio para as ciências sociais, mas poucos ouviram.

Produzem-se assim quilos de caracteres que enrubescerão carreiras, conforme aconteceu com Giorgio Agamben: apressado em esposar os efeitos do "lockdown" e sua justa visão sobre as brutalidades biopolíticas do Estado ultramoderno, Agamben apostou na minimização constrangedora da doença e de suas consequências sanitárias, num lance de má-calibragem doravante carimbado em seu curriculum.

Essa sociologia afobada praticada igualmente por medalhões e neófitos ignora a demora do conhecimento e maltrata a lição das teorias da história: as imanências do presente são assaz imanifestas e sujeitas às muitas variações do acaso, do imprevisível e do inimaginável. A própria pandemia é exemplo disso. Portanto, os cenários de futuro não são brincadeira boa para rascunhos especulativos, mas são férteis para a ficção e a arte. Essas sim, como instâncias da livre maquinação, interessam enormemente porque apresentam insights, fobias e posições relativas.

Uma dessas ficções vulgares circulou no WhatsApp da classe média na última semana. Em um vídeo inglês, um homem louro e de rosto quadrado, com sotaque britânico, se encontra num futuro distante e conta para seu filho que o ano de 2020 foi marco de uma virada para a humanidade: vivíamos um dia a dia de equívocos, destruindo o planeta, siderados por telinhas e telonas que nos impediam até mesmo de atentar para os filhos. Foi então, diz o pai, que veio o novo coronavírus, causando transformação radical.

Moral: não foi fácil, é claro, muitos morreram, mas foi graças àquela longínqua pandemia que voltamos a viver em família, consumir menos, andar devagar, desligar os celulares, respirar fundo, cozinhar folgadamente. No “fofismo” que nos assola, pipocam carochinhas de mau gosto.

Essa é particularmente grotesca e interessante porque sintetiza o delírio oposto ao desespero apocalíptico. Sua fantasia central é a transformação da doença em cura, pressupondo que a pandemia é panaceia e fará emergir um mundo melhor. É a transformação da Covid-19 no “Emplastro Brás Cubas” para todos os desvios predatórios que andamos cometendo.

Até o momento, exceto pela desaceleração que indubitavelmente melhorou o ar e as águas urbanas, nós apenas pioramos em todos os quesitos de que o próprio vídeo trata. Há muito sabemos que toda depressão econômica resulta positiva para o meio ambiente. O desafio real, porém, não é simplesmente puxar o freio da economia, mas também encontrar formas novas de renda, desatreladas da performance produtiva, a fim de que a recuperação ambiental não se faça no lombo dos mais pobres, às custas de seu martírio e de seu extermínio, como está acontecendo.
Qualquer celebração de supostas conquistas ecológicas, elevações espirituais ou "joie de vivre" baseada nesses primeiros efeitos da pandemia é tão caricata e paralógica quanto o “fim do mundismo” e tão desgraçadamente necrofílica quanto a trampa bolsonarista do negacionismo."

Por: José Guilherme Pereira Leite, sociólogo e ensaísta, é professor e coordenador de Relações Institucionais da Escola da Cidade.

AS EVIDÊNCIAS E OBVIEDADES


AS EVIDÊNCIAS E OBVIEDADES

CONTRA O FASCISMO E O RACISMO: EU INCLUO O MACHISMO TAMBÉM

O Partido dos Trabalhadores tirou posição em seu diretório Municipal de São Leopoldo, a favor das Manifestações contra o Fascismo e o Racismo. A Informação é compartilhada, porque posição política secreta só serve para quem não faz política conversando com o povo e para o povo ou quem tem que manipular e enganar a opinião pública com Fakenews ou Fakedados.

Daí aparece um comentariozinho típico de quem tá preocupado com o presidentezinho que elegeram. "Porque não diz logo que é contra o presidente?"

Ora, é evidente que o presidentezinho tá incluído. Mas é mais evidente ainda que é evidente que não é só contra o presidente. Ou alguém acredita que o único Rascista, Machista e Fascista no Brasil é ele?

Cada comentário. Bem típico de quem só debate em internet. Toquezinho furado. Vou deixar os palavrões cabíveis, mas não dizįveis para a imaginação de vocês porque cada um tem o palavrão preferido e o melhor argumento para apresentar ele sem ser deselegante, grosseiro ou estúpido.

Não é preciso explicar muito porque as coisas estão assim e piorando.

CHEGA DE FICÇÃO


CHEGA DE FICÇÃO

Eu não olho mais nada. Porque a realidade parece emendar com a ficção. O resultado é uma overdose de realidade ruim e aumentada. Tô numas de não ver mais nem ficção e nem noticiário. Outro problema é a indiscernibilidade. A gente aprende a discernir o sonho da vigília, mas quando tanto o sonho é pesadelo e a realidade é numa continuidade dele, esgota a paciência. Não tem conceito e nem condições de acertar na distinção. Ou seja, a nossa situação geral e do povo todo: Só piora.

PANDEMIA, TRAÇOS E TENDÊNCIAS DE CARÁTER


PANDEMIA, TRAÇOS E TENDÊNCIAS DE CARÁTER

Tenho observado uma situação corrente na Pandemia: ela acirra ou acentua muito os traços de caráter e as tendências morais das pessoas. Quem é bom e tem boa vontade tende a ser muito melhor e a ter mais boa vontade ainda e quem é ruim e perverso, cínico ou levemente ruim, tende a ficar muito pior. Mas talvez essa boa vontade não seja suficiente. Ora, todos sabem que sou otimista por natureza, mas por não me afastar da realidade no isolamento e nem antes dele, eu diria que as coisas podem piorar e muito. Seja porque os ruins e os perversos tem vencido muito e desde muito tempo e tem essa vantagem acumulada já e que é baseada na desigualdade profunda da qual eles são especialistas em se articular, tirar vantagem e agravar. Seja porque os bons ou os que se julgam bons, tem ainda muita dificuldade para entender que não adianta ser bom em qualquer sentido sozinho e sem ser relativamente aos demais. Então, só piora.

MERITOCRACIA E BURRICE


MERITOCRACIA E BURRICE

Atribuir mérito a quem já larga em qualquer disputa social ou econômica com larga vantagem pessoal, cultural e econômica, fundada numa posição pessoal, familiar ou de classe, dentro de uma estrutura social e econômica desigual é somente estupidez e também burrice.

Muito me admiro com as pessoas que se põem a usar a expressão Meritocracia e defenderem uma tolice dessas e se julgarem justas, honestas e inteligentes. Esse tipo de papo furado de ser o melhor ou vencer porque é o melhor não passa de uma quimera feita para atribuir qualidade a alguém que possui uma vantagem, um privilégio ou um favorecimento em relação aos demais seja na largada, seja obtida no meio do caminho ou da corrida.

O mundo está cheio de gente bem sucedida e cujo sucesso dependeu de ter essa vantagem inicial. É certo, porém, que alguns que tiveram essa vantagem são bem conscientes disso e não se gabolam disso, mas há aqueles que passam na gabolice e se envaidecem com isso e é muito claro prara mim que esse tipo de pessoa é incapaz de fazer a sociedade progredir porque eles olham para a sociedade exclusivamente preocupadas com seu sucesso pessoal e não com o progresso da sociedade ou uma mudança social que torne a sociedade mais justa e que respeite a dignidade de todos.

Nesses últimos encontramos os mais tolos e idiotas, alguns inclusive especialistas em obter vantagem ou tirar vantagem dos outros. E não preciso sequer falar aqui através de que procedimentos essas vantagens são obtidas. Eu os chamo de burros porque eles pressupõem que ninguém está vendo ou percebendo. E é uma grande burrice e muita presunção cega fazer isso.

Porém, espero que esse meu texto sirva de alerta para que nós jamais lhes atribuamos alguma responsabilidade pública, porque eles são incapazes de fazer a sociedade ser mais justa, haja visto que eles não tem nenhum compromisso com alguma reparação disso ou com a superação disso.

A RESPONSABILIDADE DE BOLSONARO NA PANDEMIA


A RESPONSABILIDADE DE BOLSONARO NA PANDEMIA

Está escancarada agora a responsabilidade de Bolsonaro em ter tornado o Brasil o Epicentro da Pandemia no Mundo. Ele cometeu diversos crimes de responsabilidade que já estão escancarados ou em processos ou na opinião de diversos analistas políticos e líderes políticos brasileiros. E sabido que ele fez e aconteceu e continua fazendo de tudo para perturbar o ambiente no Brasil em meio a Pandemia de Coronavírus. Nem vou dar a lista aqui das desfeitas, das crises e da coleção de desserviços e negligências das quais ele é responsável porque são gritantes. Todos hoje reconhecem a responsabilidade ou, melhor, a irresponsabilidade criminosa de Bolsonaro.

Discordo em um único ponto que me parece chave. O grau dessa irresponsabilidade é muito mais grave do que parece. Ele não estava e eu creio que nunca esteve convencido da estratégia de imunidade de rebanho. Essa tese levantada e apagada do Osmar Terra e outros. Ele foi muito bem informado do impacto da Pandemia e fez uma escolha muito pior. Ele optou por negar ela para responsabilizar governadores e prefeitos com a conta dos óbitos e das perdas econômicas de empregos e empresas. Essa opção dele foi negacionista no discurso e de aceitação da calamidade para não ser responsabilizado e deixar todo o ônus do combate e do enfrentamento a Pandemia aos governadores e prefeitos.

Essa é uma escolha perversa e irresponsável, criminosa e assassina. É por isso que defendo um Tribunal de Nuremberg no Brasil, para fazer ele e os demais responsáveis pela Tragédia que já estamos vivendo pagarem penalmente e criminalmente por isso. Acredito, porém, que muitos já perceberam que trata-se de uma decisão do mais puro pragmatismo e perversidade dele e de seu Gabinete e antorage.

Entendo a boa vontade, compreendo a prudência e a diplomacia política que não expressa isso, como um grande esforço muito generoso de compreensão do fenômeno, mas não há sinais bons nesse sentido. Não tenho a menor dúvida mais de que ele foi devidamente alertado por Abin e Ministério da Saúde sobre o impacto. Ele fez a escolha e é absolutamente responsável por essa escolha e atuou de diversas formas para agravar o impacto da Pandemia gerando na população uma atitude de boicote e sabotagem as medidas sanitárias. 

E, por fim, o que mais me preocupa é que alguns governadores e prefeitos parece que já estão fazendo concessões a esse padrão de jogo do Bolsonaro ao flexibilizarem o isolamento, na falta da adoção de medidas efetivas de proteção das vidas, dos empregos e das empresas dos brasileiros. E nós aqui no sul, estamos expostos aos impactos disso nesse exato momento.

NÃO POSSO FALAR DE AMOR – 2017 – segunda versão 2020


NÃO POSSO FALAR DE AMOR – 2017 – segunda versão 2020

Não posso falar
Não posso falar de amor,
Pois de amor não sei nada

Não posso falar
Não posso falar de sabor,
Pois do sabor não sei nada

Não posso falar da flor
Porque da flor desabrochada,
Perdi o odor

Não vi mais educolrada de amor,
A flor apaixonada

Nem a vida de encruzilhada,
Nem o verso com a chuva na rua molhada,

Despertar da minha dor não posso
Daquilo de que não sei mais nada
Não posso mais falar