Powered By Blogger

quarta-feira, 28 de abril de 2021

SOBRE ALCOOLISMO

 

SOBRE ALCOOLISMO

 

O jornalista Juremir Machado fez uma postagem exemplar sobre esse tema hoje no seu perfil do Facebook.

 

Eu fiz um comentário endossando a posição dele contra a romantização do alcoolismo.

 

Álcool é droga. E deve ser usado com cuidados e muita atenção. Não há como beber todos os dias e se julgar saudável e nem tomar um porre por semana e se dizer saudável. Todos esses tipos de excessos são indícios de alcoolismo e, portanto, de doença que deve ser tratada nas suas causas. Se o sujeito é depressivo ou neurótico que busque se tratar. O resto é mesmo romantização do alcoolismo. A gente pode até demorar para entender isso. A gente pode estar em uma relação incrível com o álcool, mas isso passa e vai com o tempo se agravando. Nesse sentido, sou careta também.

 

Duas coincidências para essa postagem pertinente.

 

Basta olhar o perfil no Instagram de Anthony Hopkins, aliás um perfil muito interessante por conta das cenas, do humor e também dos momentos em que ele toca piano, bebe chá, com seu gato no colo, além das pinturas e de diversas imagens legais de momentos da sua carreira e vida. Esta é a primeira. Ele festejou com um vídeo lá, os seus 45 anos sem beber álcool. Foi alcoólatra a metade da vida quase. Logo depois de parar ganhou um Oscar por O Silêncio dos Inocentes e neste domingo ganhou o Segundo Oscar por O Pai. É o ator mais velho a ganhar o Oscar da Academia. Curiosamente nasceu na mesma cidade de Richard Burton que foi outro extraordinário ator, mas que se extinguiu no alcoolismo.

 

E hoje assisti o lançamento da editora Companhia das Letras, da tradução da obra genial de outro alcoólatra Malcolm Lowry, Sob o Vulcão. Com comentários precisos e muito bons do nosso grande escritor brasileiro Milton Hatoum. Este Malcolm faleceu precocemente sem concluir um conjunto de obras tão boas quanto esta obra prima que foi muito bem adaptada ao cinema, sob o título A Sombra do Vulcão, pelo grande diretor John Huston.

 

É uma escolha existencial, sucumbir ou não a bebida, mas quando você olha o perfil de Anthony Hopkins, pode ter certeza cabal de qual a escolha mais serena, satisfatória e exemplar.

 

 Qualquer um tem o direito de fazer a sua escolha, mas dessa escolha pelo alcoolismo não se segue nenhuma glorificação ou glamour real.

 

 Abraço.

 

P.S.: não preciso citar quantas pessoas incríveis perdemos para o alcoolismo e não quero desviar das perdas desnecessárias e evitáveis para a Covid19, em especial aqui no Brasil, graças a essa insanidade que nos cerca.

 

Na imagem #AnthonyHopkins




terça-feira, 13 de abril de 2021

ELOÍSA HELENA CAPOVILLA DA LUZ RAMOS: A PROFESSORA DA ALEGRIA

 

A PROFESSORA DA ALEGRIA




 

“(O conhecimento enferruja / Se a mente não pode amar.)”

 

Flowers and Leaves (1966), Guy Davenport.

 

Hoje é um dia muito triste para muitos humanistas e civilizados, porque faleceu a Grande Professora da Alegria, Eloísa Helena Capovilla da Luz Ramos. Foi professora estadual e do curso de História, incluso pós-graduação em História da Unisinos.

 

Todos que a conheceram tem um testemunho para dar sobre essa querida Professora da Alegria, além das muitas lições e trabalhos que ela deixou com rigor científico e espírito de descoberta. E todos vão guardar ela na memória e vão continuar vivendo, lecionando história ou outras disciplinas, com esse mesmo espírito que é invencível em questões sérias e críticas.

 

Não fui aluno dela, mas a conheci e com ela privei de alguns momentos maravilhosos que merecem registro. Eu teria muitos episódios para apresentar aqui, como exemplos da sua extrema graça e precisão. Vou citar apenas um. Íamos marcar um encontro para dialogar sobre minhas pretensões, e-mails vem e e-mails vão, todos muito preciosos para mim, e de repente estamos fechando, após abundante troca de longos textos, com um laconismo preciso, um horário para nossa conversa e ela tasca “em horário civilizado, depois das 10 horas”.    

 

Para esse pretenso historiador, ela foi de uma benevolência e generosidade muito animadora e espero poder honrar a sua influência e inspiração. Me incentivou muito a ingressar no mestrado de história a partir daquele meu trabalho memorial sobre a praça do imigrante.

 

Ela era uma das professoras de história mais incríveis e generosas que eu conheci. E conheci muitos professores e professoras de história. Pertencia a uma rara tradição na história que muitas vezes é subestimada como folclórica, quando de fato é história cultural e social.

 

Daqueles e daquelas que estudam as festas, os monumentos, as cerimônias, as sociabilidades e as dinâmicas sociais que se encenam nos palcos da vida com uma certa dose de astúcia e de benevolência perante a história da humanidade e suas idiossincrasias de classes, gêneros, identidades e etnias, sem nenhum sacrifício do rigor. É mais uma dessas pessoas maravilhosas que tinha uma sobrante luz na alma e que nós perdemos para a Covid 19.

 

Assim, este é mais um dia que amanheceu muito triste e dá sequência a essa grande tragédia que o Mundo vive. Com mais essa nota mais triste ainda para o Brasil, para o nosso estado e nossa região metropolitana de Porto Alegre que vem perdendo muitas pessoas inestimáveis.

 

Deixo meu grande abraço aos seus familiares, colegas, amigos e amigas, alunos e alunas, orientandos e desorientandos. Vamos honrar a sua memória e o seu espírito!

 

Muito obrigado Capô, por essa passagem linda e fértil de amor e conhecimento!

 

Com muita gratidão!

 

Daniel Adams Boeira, Professor de Filosofia e História da Rede Estadual.

Em 13 de abril de 2021.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

DE VERDADE - SANDO MÁRAI

 

"Um dia despertei, sentei na cama e sorri. Nada mais doía. E de súbito compreendi que não existia mulher de verdade. Nem na terra e nem no céu. Não existe em lugar algum, aquela. Existem apenas pessoas, e em todas há um grão de verdadeira, e em nenhuma delas há o que do outro esperamos e desejamos."

 

De Verdade. Sandor Márai. Tradução de Paulo Schuller. São Paulo: Cia. das Letras.