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terça-feira, 13 de abril de 2021

ELOÍSA HELENA CAPOVILLA DA LUZ RAMOS: A PROFESSORA DA ALEGRIA

 

A PROFESSORA DA ALEGRIA




 

“(O conhecimento enferruja / Se a mente não pode amar.)”

 

Flowers and Leaves (1966), Guy Davenport.

 

Hoje é um dia muito triste para muitos humanistas e civilizados, porque faleceu a Grande Professora da Alegria, Eloísa Helena Capovilla da Luz Ramos. Foi professora estadual e do curso de História, incluso pós-graduação em História da Unisinos.

 

Todos que a conheceram tem um testemunho para dar sobre essa querida Professora da Alegria, além das muitas lições e trabalhos que ela deixou com rigor científico e espírito de descoberta. E todos vão guardar ela na memória e vão continuar vivendo, lecionando história ou outras disciplinas, com esse mesmo espírito que é invencível em questões sérias e críticas.

 

Não fui aluno dela, mas a conheci e com ela privei de alguns momentos maravilhosos que merecem registro. Eu teria muitos episódios para apresentar aqui, como exemplos da sua extrema graça e precisão. Vou citar apenas um. Íamos marcar um encontro para dialogar sobre minhas pretensões, e-mails vem e e-mails vão, todos muito preciosos para mim, e de repente estamos fechando, após abundante troca de longos textos, com um laconismo preciso, um horário para nossa conversa e ela tasca “em horário civilizado, depois das 10 horas”.    

 

Para esse pretenso historiador, ela foi de uma benevolência e generosidade muito animadora e espero poder honrar a sua influência e inspiração. Me incentivou muito a ingressar no mestrado de história a partir daquele meu trabalho memorial sobre a praça do imigrante.

 

Ela era uma das professoras de história mais incríveis e generosas que eu conheci. E conheci muitos professores e professoras de história. Pertencia a uma rara tradição na história que muitas vezes é subestimada como folclórica, quando de fato é história cultural e social.

 

Daqueles e daquelas que estudam as festas, os monumentos, as cerimônias, as sociabilidades e as dinâmicas sociais que se encenam nos palcos da vida com uma certa dose de astúcia e de benevolência perante a história da humanidade e suas idiossincrasias de classes, gêneros, identidades e etnias, sem nenhum sacrifício do rigor. É mais uma dessas pessoas maravilhosas que tinha uma sobrante luz na alma e que nós perdemos para a Covid 19.

 

Assim, este é mais um dia que amanheceu muito triste e dá sequência a essa grande tragédia que o Mundo vive. Com mais essa nota mais triste ainda para o Brasil, para o nosso estado e nossa região metropolitana de Porto Alegre que vem perdendo muitas pessoas inestimáveis.

 

Deixo meu grande abraço aos seus familiares, colegas, amigos e amigas, alunos e alunas, orientandos e desorientandos. Vamos honrar a sua memória e o seu espírito!

 

Muito obrigado Capô, por essa passagem linda e fértil de amor e conhecimento!

 

Com muita gratidão!

 

Daniel Adams Boeira, Professor de Filosofia e História da Rede Estadual.

Em 13 de abril de 2021.

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