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domingo, 31 de março de 2019

A PAIXÃO DAS HUMANIDADES E A NEGAÇÃO DO HUMANO NO OUTRO


A paixão pela filosofia, pela ciência, pela psicanálise ou a busca da sabedoria - que muitos resumem como auto-conhecimento, não é apenas uma paixão para si ou de si mesmo, é a paixão de conhecer e compreender a humanidade inteira ou toda a partir de si mesmo.

Vira paixão e, portanto, te captura a partir de um auto exame e essa paixão se dá de forma consciente. Isso fica consciente, quando você percebe que está usando a si mesmo para fazer isso. Quando você percebe que isso é possível ocorre uma espécie de envolvimento maior com a compreensão e a auto compreensão que parece te levar diretamente para a rede das ciências humanas. Essa sensação parece te fisgar e te atrair para os conhecimentos das humanidades, letras e artes. Você fica capturado por esse tipo de reflexão que eu chamava de transitiva ou transitividade da compreensão. O contrário disso me parece ser a negação do outro, a partir de uma perspectiva de que ele é absolutamente diverso de ti e de que não há reflexão alguma que te faça compreender ele, entender suas razões ou mesmo, para pegar um exemplo paradigmático, colocar-se no lugar dele. Então, quero dizer com isso, que a paixão pela sabedoria, pelas ciências humanas, é um ato de empatia.

Ela pode ocorre, é preciso reconhecer ainda isso aqui ao final, de forma mitigada com menos consciência ou até com mecanismos de negação do conhecimento, entendimento ou compreensão do outro a partir de si mesmo, isto é, essa paixão pode ser inconsciente ou subconsciente. Nesses casos, me parece que ocorre uma espécie de dinâmica de resistência que reprime essa reflexão. Afinal, deve ser difícil comparar-se o igualar-se a um outro que nos gera aversão, a buscar razões naquele sujeito que te parece não possuir razões. Assim, pode ocorrer que essa paixão fique adstrita aos julgamentos morais – de culpa, auto punição ou repressivos, como diria Freud, mas nesses casos as pessoas ficam impossibilitadas de reconhecer as motivações para a ação, mesmo as ações erradas no outro e passam a somente tratar esse outro como um diverso negativo ou inferior de si.

Imagino que essa é a base da discriminação, do preconceito e do raciocínio que leva uma criatura tão miserável quanto as outras, a se sentir superior ou em um nível de justificação superior para a sua existência em relação as existências dos demais.                 

quinta-feira, 28 de março de 2019

SISTEMA DE CASTAS E DESIGUALDADE


Na semana passada foi o tempo de avançar no estudo da desigualdade social e das estruturas sociais sobre o sistema de castas. Após a leitura do texto didático que tratava desse tema clássico na sociologia, me lembrei da novela da Rede Globo Caminho das Índias de 2009, para ilustrar o conteúdo. Perguntei se alguns alunos ou alunas lembravam da novela em que as personagens viviam numa sociedade em que a identidade distintiva de castas era sempre tema de discriminação e preconceito. Muitos lembravam e haviam visto ela nesse exato horário das aulas, há dez anos atrás. Quando eles tinham entre seis e dez anos, em sua maioria viram a novela e guardaram as suas lembranças. Eles arregalaram os olhos quando perguntei quem viu a novela.

Lembrei de um aspecto no drama de uma difícil relação social ou mudança impossível de status de um dalid, por exemplo,  se apaixonar por uma brâmane ou de um brâmane se apaixonar por uma dalid - podes pensar em outras combinações. A censura e a pressão ou veto das famílias e da sociedade recai sobre eles por pressão dos costumes que tem mais de três mil anos já. Mas também lembrei desse tipo de divisão econômica na nossa sociedade que é herdeira dos estamentos e divisões de classes do período colonial ainda, e que também é encenada em quase todas as novelas. Isso aparece como um dilema romântico nas novelas em que um pobre não pode se envolver com a filha da madame ou do patrão ou vice-versa ou recombinado. Lembrei de meus testemunhos desse fenômeno de inclusão ou exclusão de classe. Das perguntas sobre quem é o pai ou a mãe, para saber com quem você estava se metendo, andando ou se envolvendo ou das histórias dramáticas, juvenis e às vezes bizarras dos tais amores ou amizades proibidas. Lembrei da expressão corrente das boas ou más companhias que encobria só a questão econômica sob um manto moral ou comportamental. Por fim, ou quase fim como verás, acabei pautando o quanto essa encenação ou drama permanece de enredo em todas as novelas, de uma ascenção social por relação, casamento, amor ou amizade ou mero convívio é ilusória. É a velha fantasia de uma espécie de paz social inexistente. Ou de uma democracia racial plena e tranquila. E o quanto essa separação de classes, castas ou estamentos exibe a desigualdade social e também os mecanismos de dominação e exploração, sujeição e submissão dos inferiores aos superiores seja por qual critério for. Por um instante parei e perguntei aos alunos e alunas quem representa a classe social deles nos parlamentos ou governos e baixou um silêncio profundo na sala. Deixei o tempo correr e fiquei fitando eles e esperando. Um menino me perguntou: isso não é uma inversão? Eu respondi, entendendo bem a aplicação alargada dele daquela palavra naquele contexto, dizendo que não era bem uma inversão, mas sim um logro, o fato de alguém que não tem nenhuma identidade de classe comigo ser eleito por mim e atuar contra os interesses da minha classe, como no caso da reforma da previdência. Em instantes a aula acabou e ele saiu balançando a cabeça e resmungando de cenho franzido. Então, eu que votei nesse cara, votei nele para ele fazer algo contra mim só porque tinha a ilusão de que ele estava do meu lado. Nominou o candidato, seus colegas baixaram a cabeça, um citou aquele meio frango grátis e outra aluna passou com os olhos expressivos que suspendiam todas as interrogações da sala e a aula acabou.

Sim, é a triste verdade, o povo brasileiro parece um bando de dalids votando em bramanes para preservar o sistema de castas e a desigualdade social arrasadora e massacrante que vivemos nesse país.

quarta-feira, 20 de março de 2019

SOBRE O TAMANHO DA NOSSA VIDA


“Não tente viver para sempre... você não vai conseguir.”

Georg Bernard Shaw*

Não vamos vencer a morte, nem a medicina irá fazê-lo. Ela pode ser atenuada, retardada, mas também é imprevisível e vai continuar assim. Shaw diz ai que você não vai conseguir viver para sempre. Então, a questão é como você encara isso, quando não há mais tempo para desviar desse assunto e quando você parece precisar responder de alguma forma pensando sobre isso um pouco mais?

Você e eu temos uma relação com ela com certeza. Isso é comum para nós todos, mas incomum quando ocorre porque é muito único quando ocorre. Ocorre uma vez só e vai ser de um modo determinado. Determinado por força maior ou aleatoriamente. Por mais que se expliquem suas causas, ela sempre tem um quê de incerteza. Foi assim, mas poderia ter sido de outra maneira. Se fosse diferente, que diferença de fato faria? Nenhuma, só no detalhe ou na causa, pois o resultado ou o fim seria igual.

Temos um lance com essa senhora. Um encontro marcado que não tem data na nossa agenda. A senhora morte age a nossa revelia de certa forma. Apesar de ser num determinado momento muito nossa, completamente própria da gente. Ela deve passar pela gente e dizer hoje não, quem sabe agora, quem sabe depois, deve desistir, mas está ali próxima, quase ao lado. Talvez a gente drible ela como aquele personagem do Ingmar com algumas perguntas ou movimentos certos e precisos no tabuleiro da vida.
Para alguns ela chega de surpresa, abruptamente, repentinamente, para outros parece que tem que ficar esperando, em alguns casos sofrendo e em outros vivendo razoavelmente bem. Outros ainda sofrem quedas e são confrontados por ela através de doenças ou acidentes.

Enfim, você conclui que não sabes a tua hora, nem sabes o teu destino. Tem o fator surpresa e a incerteza. Por mais que fique planejando e construindo o amanhã, construindo a semana que vêm, o mês que vêm, o ano que vêm e alguns anos da vida, até que ela acabe aparecendo por aí. Quando não acaba, alguns planos não dão certo e você precisa se readaptar, reacomodar, fazer mudanças e faz elas. É uma decisão essa de fazer o que é preciso  
Quase todos fazem planos, mas alguns não. É interessante isso. Alguns fazem planos e conseguem realizar eles e outros não. Isso não ocorre porque alguns são melhores e os outros não. Ocorre porque alguns colocam para si esse desafio, fazem escolhas, deliberam e decidem e vão fazendo alguma coisa de acordo com isso. É um erro, ao meu ver, pensar assim que estes são melhores que aqueles. Os planos dependem e às vezes independem dos teus esforços. Pode dar tudo errado, pode ser a sorte, a fortuna ou algum predicado que habilita melhor ao sucesso ou a sobrevivência naquele momento, naquele lugar e naquelas relações com o mundo e as coisas. É bom  lembrar que, para algumas pessoas, a sobrevivência  é um grande sucesso. A sobrevivência para essas pessoas é um sucesso dentro do impossível.

Não sabes nada sobre tua própria sorte, tuas graças e bônus, mas podes colecionar algumas chances a mais. Pode prestar mais atenção aos sinais e tentar tatear no escuro o interruptor que vai iluminar teu quarto e a tua casa, tua sala e tua vida.  Podes te cuidar. Se movimentar com delicadeza e prevenção. Podes prestar mais atenção ao teu mundo e às tuas relações. Ver o lugar das coisas e das pessoas e estar preparado para mudanças na disposição delas e na tua também.

Conheço pessoas que diriam que não adianta nada planejar ou ter boa vontade. Porém, me parece, que pode se sofrer menos assim. Parece que sim, que o caráter  e a natureza da tua intencionalidade ajuda. Não resolve teus problemas todos e não munda a disposição das coisas, mas muda tua intenção e tua forma de compreender esse grande jogo do mundo e os pequenos jogos das pessoas que correm apesar de tua vontade ou teu desejo. Estamos todos tentando sofrer menos. Ainda que alguns façam de tudo para contradizer isso promovendo seu próprio sofrimento e de outros seres humanos.

Na nossa vida isso, esse sentimento do encontro com a morte, pode demorar um pouco para nos pegar de frente, nos pegar de jeito. Às vezes passamos uma vida inteira - ou melhor, boa parte dela - sem sentir isto, até que...a miudinha chega e começa a corroer as bases da tua existência.  Pode começar contigo e pode começar com  outras pessoas. Como o cupim que pode  roer uma cadeira inteira e não chegar na mesa, mas pode roer a mesa e a cadeira juntas. Aquele relógio de areia do tempo te dá a sensação de ter feito a última virada. Você fica então pensando em quanta areia tem e se ela vai escorrer muito rápida para o bojo inferior ou se será mais lenta.

Os sinais são dados no teu corpo e na existência de teus familiares e amigos próximos e você vai aprendendo algo sobre isso. As pessoas começam a desaparecer à tua volta. Você pode se desesperar com isso. Vai descobrindo a finitude e o desparecimento pelos outros e sente a aproximação da morte. Você sempre soube que ela existia, pelo menos desde o primeiro enterro de familiar do qual tem lembrança. Ou aquela noticia no jornal. Mas sempre achava que seria depois. A invisibilidade da morte na existência da gente é uma dádiva, mas isso não faz ela deixar de existir como uma experiência que virá. Entretanto, devemos reconhecer que essa invisibilidade é um bom presente para nossa vida ser melhor aproveitada e considerada. Não saber quando e nem o que virá depois, pode nos fazer levar melhor a vida até esse dia fatídico.  

A vida terá um fim, chamamos este fim de morte e tentamos sempre pensar que não é com a gente, mas é. Esta dama vai te visitar um dia. E nesse dia você não vai conseguir mandar ela embora. Ela somente será retardada, poderá perder o ônibus ao ir te visitar, poderá esquecer teu endereço e mesmo ficar um bom tempo vendo como você tem se ocupado nesta vida. Talvez ela fique como os anjos de Wenders admirando teu esforço e tua paixão, teus enganos e erros e te dando chances a mais.

Podes pensar à vontade em teus planos, sonhos, desejos, filhos, mas você não vai conseguir mesmo viver para sempre, então relaxa, te acalma e vai vivendo. Você é livre para escolher, assim, entre estas duas opções de pensar. Aquela temerária e trágica e a que se alegra com cada dia que nasce. Pode parecer pouca coisa, mas é mais e talvez tenha um gosto da presença – de um sempre de curta duração – do que ainda é. Se você descobre e entende que não vai conseguir vencer a morte, talvez comece a ver que a vida já é uma grande vitória, não só pelos planos que deram certo, mesmo com os que deram errado, com os desvios e acidentes, se sobrevive parcamente ou vive plenamente, está ai no mundo ainda. Então aproveita isso, tente tirar o melhor de si e dar o melhor de si nesse tempo que te resta. O tamanho da nossa vida não é medido pelos anos que vivemos, mas sim pela forma que vivemos. Isso você pode conseguir.

* Prefácio de Georg Bernard Shaw em O Dilema do Médico (1906). Citado por Freud em correspondência (in: GAY, Peter. FREUD: Uma vida para o nosso tempo. 2a. ed. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Cia. das Letras, 2012. p. 426). Estava aqui pensando em Moacir Scliar, liberdade, política e na vida.

P.S.: Reescrito, revisado e estendido. Sobre um original de novembro de 2014.  Nada melhor que um trânsito de Plutão sobre o Sol para tratar disso. E numa novembrada típica do escorpião que há em todos nós. Os experts nesse tipo de mistificação e credulidade, a despeito de terem mais conhecimento do que eu no assunto, me entenderão. Para os demais vou só apontar que é uma semântica e uma sintaxe simbólica que também pode ser vista como uma metáfora ou espelho das nossas vidas. E pode ser um recurso literário também.

TROTSKI; A SÉRIE E O PERSONAGEM


Olhei toda a série Trotski da produtora russa que assumiu essa grande tarefa de fazer séries em homenagem ao centenário da Revolução Russa. Acho - uma opinião minha sujeita a crítica e revisão - que ela peca em vários aspectos.

O primeiro, para mim o pior de todos porque exagera muito na simbologia e culpa, é essa demonização forçada de Leon. Segundo, a completa faxina na reflexão intelectual, política, econômica e cultural dele que só aparece superficialmente. Trotski era um homem de elevada reflexão e jamais pode ser resumido a um sujeito passional ou meramente de ação. É um empobrecimento medíocre. A terceira, que pode em parte ser perdoada, pelo perfil ofensivo de Trotski que o afasta da pequena burguesia e do campesinato, é o exagero no voluntarismo e no esquerdismo de Trotski.

A série, porém, permite vislumbrar a capacidade tática e estratégica dele que não era calcada apenas em atos de violência estupida e extrema, ao qual ele é resumido. Pelo menos em alguns momentos vemos a combinação da disposição para a luta com a noção de tempo e oportunidade de agir corretamente. Também desvaloriza demais os colaboradores construindo mais uma vez a mitologia do homem heróico e individual e não prestando atenção ao intelectual coletivo do partido bolchevique que era muito mais dinâmico e intenso do que um partido dividido em pequenas caixinhas de reflexão. Eu não tenho a menor dúvida de que a dinâmica coletiva dos líderes da revolução era muito mais intensa e íntima do que aquela que é resumida a três personagens apenas. Trótski, Lênin, Stalin não pensaram, não agiram, não decidiram e não planejaram sozinhos. Não se pode subestimar e nem diminuir todas as demais personagens dessa revolução.  Para mim, isso é extremamente deseducativo e explica porque atrás desse mito heróico raramente ocorrem outras revoluções. A desconsideração sobre as demais peças dessa engrenagem política – o que inclui as muitas mulheres que atuavam no processo também, pesa contra o entendimento do processo. O conselho político, sua composição, formação e dinâmica de decisão e reflexão, é para mim o principal segredo de toda revolução ou processo histórico. Um personagem não atua sozinho, nem três personagens. O coletivo envolve no mínimo entre 20 a 50 personagens articulados, afinados e com múltiplas relações, informações e orientações sociais, culturais, políticas, religiosas e econômicas que se fundem numa síntese que ora está em disputa e ora está em harmonia. A tomada de decisão e a síntese final sempre é mais mediada do que é apresentada por essa forma que mitologiza alguns indivíduos e enfeitiça as fantasias mais subjetivas e personalistas dos expectadores. É a síntese disso o segredo guardado atrás dessa mitologia. Por fim, me deu aquela coceira da práxis coletiva no espírito.

Outro aspecto que citei acima é o papel secundário das mulheres na revolução que também é encobridor do sujeito real. Que é também um dos sujeitos ou sujeitas revolucionárias cruciais na revolução.

A melhor parte desse seriado é que no oitavo episódio me reconciliei ou, melhor, me reaproximei de vez com Trótski. Eu fiquei mais trotskista do que nunca. Uma chama de coragem e virtude ferve em mim. Se unindo em minha mente e em meu coração. Então, embaixo da camada grossa de fetichização, deminização e personalização culpada do individuo histórico consigo entender porque e qual tipo de honra revolucionária há nele.

Vale a dica.


TROTSKI: PEQUENO COMENTÁRIO SOBRE O RADICAL E O COLETIVO


Estou na última parte do filme/seriado da teve russa Trotski. E vejo que o troço todo tem uma coisa que me chama muita atenção nele. O papel da disciplina. A disciplina e a capacidade de ler a realidade. Já disse antes que o filme força um pouco a mão na demonização do sujeito revolucionário. Mas como eu já disse em outro texto antes, tem coisas que são bem interessantes. E eu creio mesmo que Independente de fazer revolução se adaptar ao sistema ou não, é certo que será muito mais seguro que tal  sujeito histórico, precisa mesmo assim ter muita disciplina Até porque não é só a previsibilidade que as pessoas esperam da gente, elas também esperam da gente é aquela estabilidade e firmeza de espírito, valores e propósitos. Então, antes essa questão da estabilidade parecia uma coisa que pode fazer e trazer muito resultado. Por mais rebelde, selvagem ou marginal que a gente seja, aos olhos conservadores, no sentido do que dizem que convém, no sentido daquilo que pedem através das convenções tradicionais e conservadoras, tem que saber trabalhar com isso direito.  E eu pensei também que mesmo o espírito mais radical, revolucionário, transgressor ou mudancista, tem que ser domesticado  por si mesmo e pelos seus, para poder ser realmente posicionado no sentido de adquirir uma eficácia e eficiência, para usar a linguagem padrão. Veja que aí está a serenidade que é preciso ter junto para conseguir ter resultados. E eu acho que se pegares essa lição,  vais te dar muito bem com essa fé na necessidade da mudança social radical e que é uma coisa que quando a gente tem, ela dá muito mais força e eu sei disso porque eu já percebi isso várias vezes mesmo com meus amigos com a minha vida e com a vida de muitas pessoas que conseguiram mudar alguma coisa nesse mundo.

LABIRINTO E SISTEMA


Para quebrar de vez com o pensamento único ou o espírito coroado e glorificado do capitalismo é preciso não romper com o sistema, ou sistema filosófico particular, mas ser capaz de coletivamente encarar todas as contradições e estradas furadas do labirinto e olhar ele por cima em sua totalidade e essa não é uma tarefa para um gênio solitário ou iluminado, mas para muitos homens e mulheres que consigam suportar a crise e a dogmática original de suas crenças. A superação pode começar no indivíduo, mas só se dará de fato num coletivo. Talvez seja essa a intuição mais maravilhosa da democracia grega e do panteão grego e africano, pois essa intuição parece expressar que é na diversidade organizada que se explica a totalidade. Quem puder entender isso em sua complexidade e abnegação individual, que se disponha a fazer isso com mais alguns com a mesma generosidade e profunda coragem.

MARCELO YUKA


"Faltou luz, mas era dia/ O sol invadiu a sala/ Fez da TV um espelho/ Refletindo o que a gente esquecia"

Marcelo Yuka.

O ESFORÇO DA CONCILIAÇÃO


"Escutar diariamente o que se fala de nós, ou mesmo cogitar sobre o que se pensa de nós — isso aniquila o homem mais forte.

Por isso nos deixam os outros viver, para diariamente estar certos em relação a nós! Não nos tolerariam, se tivéssemos ou quiséssemos ter razão em relação a eles!

Em suma, façamos um sacrifício em prol da conciliação geral, não escutemos quando de nós se fala, quando somos alvo de elogios, censuras, votos, esperanças, nem sequer pensemos nisto!"

Nietzsche - Aurora