Ontem ao final da tarde passou um corcel verde
água ano 75 por mim e minha irmã e eu me lembrei do dia em que meu pai chegou
com ele na estação rodoviária, estacionou bem no balão da curva do
estacionamento e nos chamou para ver. Eu gostei dele à primeira vista. Já era
usado tinha mais de cinco anos. Aquela cor é inesquecível para mim, porque
ainda hoje ajuda a testar meu humor e me anima em diversas situações que a
encontro. Aprendi a dirigir com aquele carro me parece e fazia força para
alcançar os pedais. E foi com ele também que eu fiz bobagem uma noite dando
carona para um amigo e fazendo muito caso de algumas gotas de whisky no
assoalho traseiro.. Foi uma barbeiragens na Rua São Paulo que me custou duras
repreensões e que custou ao meu pai um prejuízo que um dia tentei reparar.
Depois do meu acidente, de uma colisão traseira numa esquina de acesso à BR 116
em Esteio que não existe mais e de uma peixada de um outro eletricista – o memorável
Chico, foi que de vez passaram uma tinta verde fosca nele e ele ganhou o
apelido de Sargento e durou até o dia em que meu pai se desfez dele. Depois que
vendeu ainda vi ele num ferro velho em cima de uma pilha de latarias e me
impressionou por que ainda tinha aquele ar selvagem e audaz dos velhos tempos.
Ontem quando vi um irmão dele andando tive uma ótima sensação. A sensação de
uma boa lembrança, pois que a tração dianteira e também a arrancada dele eram
coisas geniais para mim, porque eu sentia o motor e as rodas nas pontas dos pés
e deve ser esta uma das sensações mais legais da direção mesmo. Um dia pisei
fundo quando ele já era o Sargento e a lataria tremeu toda, mas foi uma ótima e
inesquecível sensação. Assim como andar de moto sem capacete foi um dia legal e
deixa para a gente aquela sensação de liberdade com o vento na cara, aquele
carro foi para mim a melhor experiência de integração homem/máquina que eu
tive. Deve ser uma coisa de guri isso. Algo bem parecido ou semelhante só fui
sentir com a guitarra entre as mãos. Mas daí já é outra história...
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