- O velho problema da escada e
desta perspectiva pessoal - seja ela negativa, seja ela dogmática - sobre a filosofia.
E eu aqui pensando em argumentar algo sobre o tema e tentar defender a
obrigatoriedade com argumentos ligados ao lugar, a função, o espaço e a
relevância do ensino de filosofia na escola. Apos ler um argumento
wittgensteiniano que auto refuta isto tudo comparando a filosofia e sua
relevância ao ensino de música ou de direito. Sempre penso como um advogado
nestes casos e que não devemos defender o que julgamos causa perdida em
princípio. Então que se assuma a tentativa de refutar a obrigatoriedade do
ensino da filosofia na escola. Eu penso muito, por experiência própria com o
ensino da filosofia, que ela é tão relevante quanto qualquer outra disciplina
no currículo escolar e que a questão é mais ligada a uma dificuldade de se
olhar para o currículo e a nossa educação de forma mais organizada e sistêmica.
A filosofia é para mim fundamental para diversificar, dar tratamento não
dogmático e elevar a capacidade argumentativa e o acervo cultural dos jovens.
Sobre o uso disto por eles, suas implicações e aplicações daí é com eles. Penso
que assim como não se pode sonegar determinadas lições num curso de filosofia -
o que inclui algo sobre a escadinha também - não se pode sonegar a filosofia no
currículo escolar porque ela apresenta uma abordagem e introdução às bases de
diversos problemas em aberto na humanidade e também às bases de muitas ciências
hoje estabilizadas. Vejo então um interesse histórico no ensino da filosofia
como acervo cultural do pensamento humano e também um interesse problemático do
filosofar como exercício crítico. Conheço, por exemplo, pouquíssimos
professores que ensinam ciências na escola com uma abordagem mais crítica e
problemática e creio que a filosofia pode contribuir para desequilibrar esta
rigidez nestas crenças. E mesmo para se preservar a democracia e também a
necessidade de diálogo entre concepções diferentes e culturas diferentes. Se me
perguntarem, por fim, como se deve organizar o currículo eu diria que poderia
ser pensado e organizado em quatro chaves. Matemáticas e ciências formais,
Linguagens e ciências discursivas, História e ciências humanas, Biologia e
ciências naturais e que diversas outras disciplinas introdutórias poderiam se
incluídas nestes três grupos sem prescindir de Artes ( e aqui caberiam todas as
artes) e Educação Física (com todos os esportes e práticas físicas). Enfim, o
problema para mim não é a quantidade de disciplinas - tendo em vista a
construção do ensino integral e muitas outras modificações dos usos e das
finalidades do espaço escolar que devem ser feitas - mas sim o modo como elas
estão organizadas, o modo como se ensina elas e se formam os professores e a
questão da qualidade da compreensão nossa sobre a articulação e a relação entre
umas e outras disciplinas.
P.S.: é uma resposta meio que de bate pronto a uma provocação do Eduardo Medeiros que de certa forma ironiza o posicionamento de Vinicius Galerani Cuter sobre o tema. - Devo ultrapassar isto nestas próximas semanas.
Obs.: Meu argumento foi mesmo de bate
pronto. Creio que é insuficiente ainda. Teria que discutir coisas mais
específicas tipo os objetivos da disciplina e também a articulação dela com as
demais e os demais ramos do conhecimento. Não creio que a filosofia seja só um
episódio histórico passado, mas não deixa de ser. Como também nao creio que ela
seja a única potência crítica entre as disciplinas. Mas não me Parece razoável
extinguir a experiência que foi retomada no ensino médio a pouco menos de dez anos
e que ainda pode ter ganhos de qualidade e avançar numa definição melhor do seu
papel. Queria ver muitos colegas lecionando uns dez anos escolas públicas para
se avaliar melhor. Eu leciono fazem vinte já é considero que evolui e fiquei
melhor, que is didáticos são melhores hoje e que há um bom campo de trabalho se
erguendo que irá refletir também na elevação da qualidade na academia. Não
desprezo nenhum esforço na educação e penso que muito mais e melhor pode ser
feito se houver mais engajamento, articulação e debate. Tempos para isto e até
mesmo uma rotina neste tema e assunto.
Está é a simples vontade de
alguns retirar a disciplina do ensino médio ou tornar ela apenas facultativa e,
de outro lado, e há também certa abordagem exterior ao tema, apesar de ser
filosófica e argumentada, mas é assim me parece mal argumentada.. A blague do
Eduardo sobre Mendoncinha e Wittgensteinianos exibe este aspecto no seu limite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário