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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A FILOSOFIA NÃO É UMA ESCADA, MAS SIM UM MODO DE VIDA E DE REFLETIR SOBRE A VIDA

- O velho problema da escada e desta perspectiva pessoal - seja ela negativa, seja ela dogmática - sobre a filosofia. E eu aqui pensando em argumentar algo sobre o tema e tentar defender a obrigatoriedade com argumentos ligados ao lugar, a função, o espaço e a relevância do ensino de filosofia na escola. Apos ler um argumento wittgensteiniano que auto refuta isto tudo comparando a filosofia e sua relevância ao ensino de música ou de direito. Sempre penso como um advogado nestes casos e que não devemos defender o que julgamos causa perdida em princípio. Então que se assuma a tentativa de refutar a obrigatoriedade do ensino da filosofia na escola. Eu penso muito, por experiência própria com o ensino da filosofia, que ela é tão relevante quanto qualquer outra disciplina no currículo escolar e que a questão é mais ligada a uma dificuldade de se olhar para o currículo e a nossa educação de forma mais organizada e sistêmica. A filosofia é para mim fundamental para diversificar, dar tratamento não dogmático e elevar a capacidade argumentativa e o acervo cultural dos jovens. Sobre o uso disto por eles, suas implicações e aplicações daí é com eles. Penso que assim como não se pode sonegar determinadas lições num curso de filosofia - o que inclui algo sobre a escadinha também - não se pode sonegar a filosofia no currículo escolar porque ela apresenta uma abordagem e introdução às bases de diversos problemas em aberto na humanidade e também às bases de muitas ciências hoje estabilizadas. Vejo então um interesse histórico no ensino da filosofia como acervo cultural do pensamento humano e também um interesse problemático do filosofar como exercício crítico. Conheço, por exemplo, pouquíssimos professores que ensinam ciências na escola com uma abordagem mais crítica e problemática e creio que a filosofia pode contribuir para desequilibrar esta rigidez nestas crenças. E mesmo para se preservar a democracia e também a necessidade de diálogo entre concepções diferentes e culturas diferentes. Se me perguntarem, por fim, como se deve organizar o currículo eu diria que poderia ser pensado e organizado em quatro chaves. Matemáticas e ciências formais, Linguagens e ciências discursivas, História e ciências humanas, Biologia e ciências naturais e que diversas outras disciplinas introdutórias poderiam se incluídas nestes três grupos sem prescindir de Artes ( e aqui caberiam todas as artes) e Educação Física (com todos os esportes e práticas físicas). Enfim, o problema para mim não é a quantidade de disciplinas - tendo em vista a construção do ensino integral e muitas outras modificações dos usos e das finalidades do espaço escolar que devem ser feitas - mas sim o modo como elas estão organizadas, o modo como se ensina elas e se formam os professores e a questão da qualidade da compreensão nossa sobre a articulação e a relação entre umas e outras disciplinas.

P.S.: é uma resposta meio que de bate pronto a uma provocação do Eduardo Medeiros que de certa forma ironiza o posicionamento de Vinicius Galerani Cuter sobre o tema. - Devo ultrapassar isto nestas próximas semanas. 

Obs.: Meu argumento foi mesmo de bate pronto. Creio que é insuficiente ainda. Teria que discutir coisas mais específicas tipo os objetivos da disciplina e também a articulação dela com as demais e os demais ramos do conhecimento. Não creio que a filosofia seja só um episódio histórico passado, mas não deixa de ser. Como também nao creio que ela seja a única potência crítica entre as disciplinas. Mas não me Parece razoável extinguir a experiência que foi retomada no ensino médio a pouco menos de dez anos e que ainda pode ter ganhos de qualidade e avançar numa definição melhor do seu papel. Queria ver muitos colegas lecionando uns dez anos escolas públicas para se avaliar melhor. Eu leciono fazem vinte já é considero que evolui e fiquei melhor, que is didáticos são melhores hoje e que há um bom campo de trabalho se erguendo que irá refletir também na elevação da qualidade na academia. Não desprezo nenhum esforço na educação e penso que muito mais e melhor pode ser feito se houver mais engajamento, articulação e debate. Tempos para isto e até mesmo uma rotina neste tema e assunto.

Está é a simples vontade de alguns retirar a disciplina do ensino médio ou tornar ela apenas facultativa e, de outro lado, e há também certa abordagem exterior ao tema, apesar de ser filosófica e argumentada, mas é assim me parece mal argumentada.. A blague do Eduardo sobre Mendoncinha e Wittgensteinianos exibe este aspecto no seu limite.

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