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terça-feira, 30 de julho de 2013

MINHA AUTO-DESCRIÇÃO EM 1997 - PROVOCADA POR UM JORNALISTA PARA VARIAR


Um professor desempregado, um acadêmico que não consegue escrever um projeto decente, um homem miserável abandonado pelas mulheres da sua vida, escorraçado da casa do estudante, cujo prazo de validade expirou, chato, brigão e metido a besta, carregado de ilusões políticas e idealismos vãos, sem um tostão no bolso, morando na casa da mãe, sem grana nem para o pito, trabalhando de eletricista com o pai e abrindo canaletas em paredes todos os dias, cuja maior diversão e maior expressão de liberdade é escolher o que almoçar, que usa um boné invertido da Taurus na cabeça, como um mané, tão alegre e tão vibrante quanto um personagem secundário de uma obra secundária, inédita  e desconhecida e lateral e miserável de Franz Kafka. Obras esta que não chegou até nós porque provavelmente era tão ruim que Franz a deu para queimar na lareira de algum vizinho num dia outonal. Até bem pouco tempo atrás nada o motivava, nada o fazia sonhar e se emocionar, até que....SEGREDO

A TAXONOMIA DE POEMAS E POETAS DE EZRA POUND

O Jarí da Rocha e o seu livro Textículos me jogaram na aventura de ler poesia de novo (veja o blog dele Texticulosdojari.blogspot.com.br, veja a primeira versão minha do que um amigo chamou de resenha aqui, o livro recém lançado pela Editora Carta Capilé, 2013, faz um Tour por ai). Assim, ele é o culpado por me provocar a ler poetas de novo e nisso me reencontrar também com Sonetos. Poemas e Cantos de diversas latitudes e longetudes. 

Alguns dizem que a poesia é o esconderijo do pensamento quando os tempos são difíceis, outros que é a expressão máxima da liberdade literária. E eu não tenho nítida na memória agora a anotação de quem disse o que. Mas vá lá. Por isso se fala em LICENÇA POÉTICA as vezes. Em todo caso. 

Nisto reencontrei e passei a reler um grande Poeta e crítico do modernismo, o norte-americano Ezra Pound, que também fez crítica literária da boa. Ele desenvolveu uma 'taxonomia' dos poetas e dos poemas que merece nossa atenção sempre, em parte porque nos faz pensar de outra parte porque permite observar melhor as diferenças e também ter um inicio de desenvolvimento do gosto pela poesia e de um juízo crítico sobre ela.

Cito aqui José Lino Grunewald na Introdução aos Cantos (p. 17 – Editora Nova Fronteira, 2006.)

Há um “Pound teórico (com duas instigantes modalidades de classficação de poemas e poetas e que, até hoje, preservam sua funcionalidade: 1°) a classificação de poemas, como melopéia, quando predomina o aspecto sonoro, musical, sendo que EP apresenta, como exemplo máximo, a obra dos trovadores provençais; fanopéia, quando predomina o elemento imagem e, então, EP oferece como exemplo por excelência a poesia chinesa; logopéia ou, como ele disse, “a dança do intelecto entre palavras”, algo que predomina no universo especificamente verbal, que os efeitos de imagem e som não conseguem suprir, em suma, ironia ou sátira, sendo que as manifestações típicas estariam na obra de um Propércio, de um Laforgue; 2°) a classificação dos autores, na seguinte escala: 1. inventores: homens que descobriram um novo processo ou cuja obra existente nos dá o primeiro exemplo conhecido de um processo; II. mestres: homens que combinaram um número de tais processos e que os utilizaram tão bem ou melhor do que os inventores; III. diluidores: homens que chegaram depois das duas primeiras modalidades de escritor e não conseguiam fazer tão bem o trabalho; IV. bons escritores sem qualidades proeminentes: homens que são suficientemente afortunados de haverem nascido quando a literatura de um dado país anda em boa ordem produtiva ou quando alguma ramificação específica do escrever está “sadia”. Por exemplo, homens que escreveram sonetos no tempo de Dante, homens que escreveram poemas curtos na época Shakespeare ou durante várias décadas depois ou que escreveram romances e contos após Flaubert demonstrar-lhes como fazer; V. os beletristas: quer dizer, homens que na realidade nada inventaram, mas que se especializaram em algum aspecto peculiar da escrita, que não podiam ser considerados como “grandes homens” ou como autores que estivessem tentando propiciar uma representação completa da vida ou de sua época; VI. os iniciadores de manias: neste caso, dispensam-se comentários.”


Parte da obra de Ezra está disponível na internet, neste site: POUND. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

ATO MÉDICO, JORNALISMO E HISTORIADORES: RESERVE DE MERCADO

Fugindo um pouco do debate sobre o diploma e a revalidação tem outra coisa que é dureza ai...acompanho o tema do ato médico, o debate dos jornalistas e agora o debate dos historiadores...tenho uma analogia que pode me levar  a ser crucificado..mas vá lá  a situação é simplesmente garantir o lugar e manter o mercado e outros profissionais afins e próximos reféns da corporação e seu organismos taxadores....me lembra os taxistas que querem reserve de lugar mas num ficam no ponto...se eu ou outro estacionar lá..mesmo que eles não usem o lugar agora querem me multar e me punir...por mais que eu respeite os médicos, jornalistas e historiadores não julgo que tudo relativo à saúde, ao jornalismo e à história só eles podem realizar..assim como não julgo que somente filósofos podem fazer filosofia da boa...e olha que eu também penso que filosofia ruim é muito perigosa...KATARINA TEM RAZÃO: 

"É historiador, é médico, é jornalista, é pedagogo! Todos lutando, sem qualquer constrangimento, pelo direito à reserva de mercado. Reserva de mercado: um conceito sem sentido, uma contradição em termos, uma expressão comparável a um círculo quadrado. É o triunfo da mesquinharia, da pequeneza, do umbiguismo, da visão bocó do mundo, do antirrepublicanismo, do antiliberalismo mais elementar, da antidemocracia, da aversão à igualdade. ‪#‎robespierrefeelingshumpf‬!

domingo, 28 de julho de 2013

HUMANIDADE E JOSÉ GENOÍNO

O filósofo Renato Janine Ribeiro postou em seu perfil que excluiu uma criatura que postou algo contra a saúde de José Genoíno assim: “Acabo de desfazer a amizade com um ser que se diz psicanalista lacaniana, que celebra Nise da Silveira por se recusar a dar choques elétricos - e torce pela morte de José Genoíno. Há valores humanos que para mim estão acima de tudo. Profundo desprezo.”

Eu comentei que era uma contradição, pois a pessoa conseguia discutir, punir e culpar, condenar, julgar o erro, o pecado e ao mesmo tempo defender anti-psiquiatria, Nise da Silveira e Lacan, na mais plena e nefasta contradição. Contra as idéias de Lacan de Nise da Silveira e de qualquer um que pensa sobre a psicanálise por um impulso minimamente humanista ou libertário. Ela não dá significado as suas proposições ou não vê significado em proposição alguma?

E deve ser uma pessoa que ainda não sabe a diferença entre informação e conhecimento. Afora a desumanidade. Confesso que, ao ver o destino trágico que os covardes tentam dar a um cara como José Genoíno, tenho pensado muito em porque é que eu meti o bedelho na política, e como posso continuar envolvido com ela, apesar de tudo e ainda continuar arriscando o couro a cair nas mãos da canalha e dos mentirosos.

Mas isto para mim virou também uma questão socrática, a saber, a reflexão te obriga, te impõe um dever de lutar contra, denunciar e arriscar-se contra o mal dominante e esta forma suja como a elite julga, condena e pune, por opção ideológica. E eu também estou excluindo pessoas assim da minha lista e tenho ganhado muito com isto. Porque dói ler as bobagens irrefletidas que são reproduzidas aqui e ali por pessoas que não vão ler os autos do processo 470, em que é julgado o batizado crime do mensalão, pessoas que não sabem o significado da tipificação que incriminou José Genoíno. Você que está me lendo até agora procurando defeitos no meu raciocínio ou quem sabe pensando em como me agredir sem argumentos com sua postagem, sabe o que significa?

São pessoas que, no fundo, nem querem saber, mas querem apenas se protegerem contra os petistas com o manto do combate a corrupção, haja visto que não conseguem vencer os petistas na urnas e nos processos democráticos, mesmo possuindo mais recursos para as suas campanhas e também o apoio quase unânime e integral das setes famílias que dominam os meios de comunicação de massa no Brasil.

A parte mais nojenta desta simpatia mal disfarçada é que estas pessoas – para exemplificar a brutalidade disto – não sabem e nem querem saber nada sobre o Escândalo da Dívida de Impostos da Rede Globo, o Escândalo do desvio de Recursos do Metrô de São Paulo pelos Governos de 20 anos do PSDB, os diversos Escândalos que se escondem sob a Passagem de Aécio Neves no Governo de Minas Gerais, os agora conhecidos “desvios” do Dr. Joaquim Barbosa e muito mais.

Pois eu também estou começando a excluir eles da minha lista de amigos e amigas virtuais. Porque não tenho necessidade nenhuma de receber no meu feed de notícias de mais informações ruins, posições desinformadas ou a falta de posição sobre coisas que também são importantes para o nosso país. E com certeza o Renato tem razão: tudo isso só leva a uma atraso da humanidade e a um desrespeito pela humanidade que também habita nos outros, sejam eles iguais ou diferentes de você.      


"A idèia do que seria a América se os clássicos tivessem ampla circulação perturba meu sono." Ezra Pound

no Brasil, talvez o amor à verdade, à justiça e a coragem e qualquer outra virtude a mais fossem mais praticadas...sem falar no resto todo....
DUAS PÉROLAS EMANADAS DA CÚPULA ONISCIENTE DO STF

Gilmar Mendes (STF - EX-PRESIDENTE): " as passeatas precisam ser freadas..."

Joaquim Barbosa (STF- Presidente): "o Brasil não está preparado para um presidente negro"

Quer saber? Quem precisa ser freado e quem não está preparado é vocês!!! Mas que coisa mesmo!!! 

Que elite de araque e mixaria!!! Toca em frente Brasil...tudo passa....eles passarão e nós passarinho...

FROST/NIXON: um pequeno texto sobre cinena

Fazer uma resenha de um filme um ano depois dele ter sido amplamente comentado é razoavelmente confortável. Pois você só precisa pesquisar um pouco as milhares de resenhas realizadas e ver o que fica bem ressaltado nelas, o que ficou vago e o que ficou intocado do MOVIE nestas resenhas.

Também é possível laborar sobre aquilo que foi mau tocada ou tratado. Digo aqui tocar porque é para mim um pouco disto mesmo uma questão de sensibilidade, de percepção e de contato com o filme. Você olha um filme e é tocado por ele, por suas imagens, seus sons, pelo que é dito e não dito nele também.

Um filme, neste sentido, é como uma música. Entremeado por silêncios e pausas a trama se desenvolve o enredo se desdobra e o roteiro transcorre. Ele é, assim, como um discurso musical com imagens, sons e palavras. Assim ele também possui uma camada superficial que é aquela que observamos no imediato, na primeira vista e uma camada profunda que traz consigo algo maior do que vemos de relance ou na passagem. Toda ação de um filme se exibe num sentido ou num meio sentido. assim decifrar um filme com suas qualidades é um bom desafio.

Contra Torpor e Poder: Democracia Brasileira

Democracia Brasileira 

(ESTE É UM ARTIGO INÉDITO DE 03 DE NOVEMBRO DE 2009 - BOA HORA PARA REPUBLICAR)

Em resposta ao artigo do VS (Jornal Vale dos Sinos, de 21 de outubro de 2009) do Sr., intitulado Torpor e Poder, precisamos tercear com palavras e idéias contra a democracia Brasileira. A conexão subjetiva entre torpor e poder deve ser efeito da curta quadra de democracia no Brasil, afinal são somente 20 anos de democracia plena neste país de 1989 a 2009. E é um sintoma disto o fato de que ainda há um discurso contra obras públicas, inaugurações e, também, contra a própria democracia.

O problema não é a oposição a este ou aquele governo, a este ou aquele partido, a este ou aquele projeto, o problema de fundo é a negação completa do sistema e de suas condições históricas e ambientais de existência.

A negação do direito do povo de decidir é a verdadeira síntese contra a democracia. O discurso de oposição, crítica e denúncia contra os governantes é elemento tradicional e comum da democracia, mas já há termômetros para medir o quanto este discurso corresponde à fatos ou, alternativamente, o quanto este discurso corresponde a insatisfações particulares frente à realidade.

E o caráter confessional e intencional deste e de outros discursos aparece na linguagem utilizada, na repetição sistemática ou monotemática da crítica que no mais das vezes traz consigo um conteúdo extremamente desrespeitoso, preconceituoso e deselegante. Mas não podemos deixar passar batida tal abordagem que, no fundo, reapresenta a intolerância com a democracia e a intolerância política e partidária, travestida de uma linguagem pseudo moral e pseudo culta. 

Se a linguagem tivesse jaez e brilho genuínos, talvez a crítica fosse mais diplomática e eficaz. E não é este o resultado. O tom raivoso da crítica, a miscelânea de expressões desairosas, demonstram somente o quão distante esta crítica está da realidade atual da democracia brasileira.

Não há nenhuma relação entre as obras que no presente são realizadas pelo governo federal e alguma estranha ideologia ou teoria às avessas. Uma prova disto é a satisfação do povo e dos governantes e executivos de diversos partidos, instituições e organizações.

A oposição, lá onde realizações são concretizadas, concluídas e inauguradas, sobe ao palanque e corta a fita da inauguração, como deveria ser. O único elemento ideológico é o desenvolvimentismo nacional o qual, aliás, é compartilhado por amplo espectro político e não privilégio do partido do presidente.

Também temos dificuldades de apontar circunstâncias de omissão, anestesia e conivência dos cidadãos e cidadãs com as ações de governos melhores ou piores. Ao contrário, cidadãos protestam aqui no sul em diversos espaços políticos contra a circunstância estadual francamente entorpecedora, mas isto não chama a atenção do poeta. O problema para ele é o Governo Lula, os sindicalistas, as obras, as inaugurações e os êxitos do governo. Só o preconceito monotemático e o arrivismo político podem justificar isto. Toda vez que leio um discurso como este lembro-me do que li sobre Lacerda, UDN e outros golpismos. Se não ganhamos na democracia então que acabe-se com a democracia. E este discurso deu no que deu.

Ora, requentar e ressuscitar a súcia e torpe oposição ao bolsa família é um absurdo a esta altura do campeonato. É fazer-se de cego em meio a um cenário em que o Brasil passa a galope para ser a quinta economia do mundo em menos de dez anos. Não admitir os êxitos e sucessos coletivos e sociais do governo Lula é pura negação subjetiva. Pois é isto que parece, a condenação subjetiva e cega de um governo de obras, ações, programas e projetos que tem valor objetivo e real para o povo brasileiro e sua democracia.

Lidell-Hart -

Basil Liddell-Hart:


"The aim of a nation in war is to subdue the enemy's will to resist, with the least possible human and economic loss itself . . .

our goal in war can only be attained by the subjugation of the opposing will . . .

all such acts as defeat in the field, propaganda, blockade, diplomacy, or attack on the centres of government and population are seen to be but means to that end; we are free to weigh the respective merits of each, and to choose whichever is most suitable and most economic,

i.e. that which will gain the goal with the minimum disruption of our national life during and after the war....

The destruction of the enemy's armed forces is but a means--and not necessarily an inevitable or infallible one--to the attainment of the real objective."

sexta-feira, 26 de julho de 2013

LEMBRANÇAS DA CEFAV: LISTA

E o meu amigo Mário Azevedo postou esta jóia de Jesus and the Mary Chain (JESUS AND THE MARY CHAIN - STONED AND DETHRONED....jamais vou me esquecer daqueles tempos de corredor de cefav....a gente no aperto de grana, quase isolado no mundo,  muitos estudos e apertos de vida, encontrava graça e alegria em tantas coisas simples como coleções, discos, pinturas, revistas, Bukowski, Jack Kerouac, Nirvana, Genesis, um PC quase coletivo, jogos, Encore, Doom, o único decente da casa, futebol, RU, passeios ao sol, um pé de maracuja muito bom, uma guitarra no quarto 2, neófitos, vinho, água gelada, cafés, quadros, quadros do Alain, Nhonho, Calunga, Bob, o telefone toca, atende e é vc, vaie vem, vale transporte, chuveiro queimado, abacates, barulhos, ratões, cães, gatas, coisas, livros, sons, viajens, malas, partidas e voiltas, jogos de futebol, Airton Senna estatelado no carro, um domingo, um feriadão, o verão e nós lá na firmeza das horas, seleção, coordenação, debates, política, festas, lavanderia, núcleo, fotos, fotos e fotos, inesquecível, eu mergulhado fixamente em 4 ou 5 estações, Wittgenstein, Descartes, Kant, Hobbes e Heidegger, tinham estudantes de geografia, história, veterinária, nutrição, biologia, letras, agronomia, química, engenharia química, hidrologia, engenharia, física, biblioteconomia, economia, etc...e ainda tinham os apelidos, nossa O Monstro do Pãntano chegou, voltou, partiu e se foi ao mundo.....em frente  amigos e amigas...em frente....a vida continua...mas eu sinto saudades e olho para tudo vendo muita graça e alegria...mesmo nas despedidas dolorosas e doidas que tivemos...foi legal...bah...foi muito legal...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A CHEGADA DOS IMIGRANTES ALEMÃES POR ERNST ZEUNER

A CHEGADA DOS IMIGRANTES



EM 25 DE JULHO DE 1824 - uma HOMENAGEM DE ARTISTA 

Na minha opinião a melhor homenagem que posso render ao trabalho e ao esforço dos homens e mulheres que constroem São Leopoldo e que aqui chegaram em busca de uma vida melhor é contar um pouco da história desta pintura hoje. 

Esta Pintura é de Ernst Zeuner; Ele nasce em Zwickau em 1895 na Alemanha. Zeuner estudou na Academia de Artes Gráficas de Leipzig onde adquiriu muitas técnicas de pintura, ilustração, letreiros, caligrafia e fabricação de livros, bem como, de desenho técnico. Após a primeira guerra mundial ele migra para o Brasil chegando em Porto Alegre em 1922. Foi provavelmente contratado pela Editora do Globo por conta de seu amplo e qualificado currículo. Um pouco depois por indicação de Mansueto Bernardi então prefeito de São Leopoldo acabou por realizar esta pintura provavelmente às vésperas do centenário. Para verificar isto teríamos que pedir ao Pessoal do Museu que retirasse o fundo da tela que se encontra em suas escadarias. Zeuner trabalhou muitos anos na Editora Globo - até o final de sua vida - e foi um grande responsável também pelo incremento técnico e artístico das muitas capas de sucesso da famosa livraria e das Revistas do Globo. Deu orientação e contribui na formação de muitos artistas gráficos e também num capítulo fundamental da história do Design e da Publicidade no Rio Grande do Sul e no Brasil, conforme literatura especializada aqui.. O artista e ilustrador falece em 1967. A aquarela "sem data": Chegada do Imigrantes Alemães, encontra-se hoje no Museu Histórico Visconde de São Leopoldo.



Não há respeito a história ou preservação da história sem a preservação dos prédios e do patrimônio histórico desta cidade. E uma forma de render homenagem também envolve o reconhecimento das obras de outros artistas que foram produzidas aqui ou para contar a nossa história e criar algum valor estético neste espaço social e de vida.

AINDA SOBRE OPINIÕES, DEBATES FACEBOOKIANOS E AS MUDANÇAS DE UM ETHOS NAS REDES SOCIAIS

Tia Eunice - você é uma ótima companheira e debatedora aqui no Face para mim - nestes debates em Facebook eu relativizaria mais a posição de certos amigos e amigas. Porque eles estão tendo as opiniões deles talvez a partir do ponto de vista deles e eles tem todo o direito a isto. E nesta perspectiva eles gostariam de poder entrar com elas no debate ou nas discussões e não mudarem uma virgula depois dos debates ou discussões. São opiniões entronizadas e coroadas por assim dizer. Não estão dispostos a mudar de opinião, corrigir opinião ou sequer entender ou compreender o ponto de vista do outro. E na maior parte dos casos tratam opiniões como conhecimentos e certezas, além de convicções, preferências ou crenças.

Mas isto não nos obriga a omitir aquilo que sabemos e que é indiscutível. Assim, ter o direito a opinião não me impede de apor, postar ou argumentar contrariamente e com rigor.

Aprendi muito no FACEBOOK. E confesso que o FACEBOOK para mim trouxe uma certa evolução ao ORKUT que frequentei a partir de 2005, ainda que eu sinta muita falta das COMUNIDADES DO ORKUT  e de certos tópicos de debate do ORKUT. Mas no ORKUT era meio terra de ninguém e era bem dificil construir uma ética de discurso e de responsabilidade pelo que se dizia lá. Tenho amigos e amigas aqui no FACEBOOK que migraram de lá com estas preocupações também. No começo algumas pessoas achavam que valia tudo nas redes sociais. Bem não preciso dizer que estas pessoas não valem nada ainda hoje aqui.  Havia no começo do Facebook - para mim isto é 2010 - uma certa cobrança de que não podia ter posições e de que não vale a pena discutir ou argumentar contra. Haviam posições que diziam que textos longos ninguém lê. Havia uma espécie de patrulha também que não devemos tomar posições política sou isso ou aquilo. Bem, para alguns o FACEBOOK era apenas território de MIMIMI, coitadismo, imagens pesadas, imagens belas e memes e piadas e as vezes uma musiquinha. Pois o tempo passou e as coisas mudaram. Conheço várias pessoas que argumentam e que discutem aqui com toda a civilidade e educação possível. E meu círculo de amigos aqui tem aumentado muito, assim como também alguns tem ficado para trás também. Alguns destes que se foram se foram sozinhos por sua livre e espontânea vontade, outros eu bloqueei. Os engraçadinhos em sua maior parte já bailaram. Aqueles que não entendem que eu não falo de brincadeira sobre certas coisas já voaram. E - pasme - houve o caso de eu dizer para alguém, certa feita, que havia me enganado a respeito da pessoa e que pedia desculpas por tê-la addicionado aqui indevidadmente. 

Mas eu quero compartilhar coisas e argumentar com quem me entende, mesmo que pense diferente de mim e tento sinceramente entender a posição de outros. Sem apelos, sem acusações, sem baixarias, sem contra-argumentos ofensivos ou pejorativos, sem diminuições, sem arguir a loucura dos que pensam diferente ou a doença, e sem argumentos AD HOMINEM ou AD AUTORITACTEM. A saber, sem negar a alguém o direito a opinião por conta de sua vida pregressa ou dos seus erros do passado ou de nossa péssima opinião ao seu respeito. Ou, no caso mais extremo, os argumentos AD HOMINEM destroem o mensageiro ou impugnam quem argumenta, sem refutar ou argumentar ou corrigir o argumentos contrários. Nos argumentos de autoridade que eu sei que você conhece as pessoas baseiam suas opiniões em outras para vir aqui reproduzí-las. Posso respeitar autoridades, posso admirar autoridades, posso considerar certas autoridades como fontes de boas posições, mas isso não torna as opiniões delas sagradas, inquestionáveis e muito menos irrefutáveis. Aprendi que quanto maior a autoridade mais se exige dela, o que não significa ser concordino nem o imbecil que apõe qualquer argumento de senso comum para questioná-la. O que se diria então de ARGUMENTOS AD IMPRENSAM, que é o que alguns fazem aqui, como se JORNAIS, REVISTAS, NOTICIÁRIOS, SITES OU BLOGS, fossem fontes inquestionáveis da verdade e orgãos oficiais de divulgação científica em que só a verdade figura em seus textos e páginas.    

Apesar de defender posições aqui que alguns consideram radicais. Posições que alguns gostam de reduzir ao meu PETISMO. Tento sempre contemporizar ao máximo. Mas não deixo de responder, salvo quando o absurdo é tão gritante que deixo sem comentário. Em geral respondo por consideração mesmo. Porque, ao considerá-lo digno de resposta ou de prosseguir em diálogo, quero tentar fazer o meu interlocutor, amigo ou conhecido, colega ou próximo ver outro ponto de vista ou outro aspecto. Mas é muito comum que as coisas virem uma acirrada disputa. Claro que alguns preferem ficar sem resposta e ter a última palavra. Mas mesmo isso nem é tão importante assim mais aqui. Muitas pessoas me dizem na rua que leem o que eu escrevo e que concordam com algo do que digo mas que não curtem ou não compartilham porque não gostam de tomar lado. No começo eu não gostava de ouvir isto. Talvez até por vaidade ou por uma fantasia de engajamento radical eu pensasse assim antes. Hoje acredito que isto não acontecer é muito mais importante do que parece. Porque demonstra a amplitude do que você do alcance do que você posta aqui sem as medidas tradicionais. E também porque mostra que é sério mas que também não cria uma fantasia besta de você: SE LEVAR A SÉRIO DEMAIS. Mostra a liberdade de opinião com uma dose oculta de responsabilidade que me parece muito boa para o juízo de cada um. Porque significa que você está sendo julgado, avaliado e interpretado igualmente. E que isto acontece por pessoas que são anônimas que você não sabe quem são. Neste sentido se houver mérito, qualidade ou clareza no que dizes será assimilado, reproduzido e também melhorado. 

Ora, nada mais parecido com um certo conceito de espaço público do que isto. E o espaço público aqui envolve sim uma responsabilidade política, ética, social e cultural. Então tento ser o mais justo e rigoroso possível. Aliás considero isto um dever...não fico brincando de ter opinião.

Devemos, entretanto,  reconhecer que é muito comum ainda no Brasil hoje que as pessoas julgam que ter opinião e escolher é um direito cuja responsabilidade ninguém pode cobrar. Mas isso também pode mudar positivamente. Penso que as redes sociais vão acabar mudando isto também. Cada vez mais somos cobrados e cobramos as opiniões, conhecimentos e juízos dos outros. E penso que quem age em sociedade deve aceitar isto tranquilamente ou se isolar na conchinha, ou na bolha ou no sitio e não se meter nos assuntos públicos sem ter responsabilidade. Para mim então,  desde que se poste construindo uma consciência disto, pensando nisto e se defenda este aspecto já é muito bom. Assim a gente vai discernir quem está para brincadeira e quem está falando sério. O que é muito bom e necessário no Brasil hoje.

por fim: NÃO VALE TUDO...E NÃO É TUDO QUESTÃO DE OPINIÃO MESMO....tanto em política, quando em religião e quanto em futebol...

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A DISCUSSÃO SOBRE A SAÚDE: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Penso muito mesmo sobre tudo que estamos debatendo aqui no tema da SAÚDE e conheço muitos médicos, enfermeiros, técnicos.


Tenho boas referências e experiências em comum com eles. Mas também tenho experiências que chegaram a um limite incontornável. Situações que foram levadas a um limite também ´por livre arbítrio das pessoas.



Não creio que é correto culpar somente a estrutura quando esta estrutura é toda invertida por conta da falta de prioridade à atenção básica. E esta falta de prioridade a atenção básica é produto de uma política de saúde que sempre foi tocada e centralizada na decisão dos médicos. Podes investigar todas as cidades e redes municipais de saúde do Brasil. Verás em todos os locais médicos com hegemonia na decisão e na direção das políticas de saúde. E agora chegou neste limite em que o sistema inteiro está em cheque também pelas ruas, também pelo fim da CPMF, também pelo aumento da classe média que quer ser tratada como gente e não como povão. A tigrada está acabando e vai acabar logo ali adiante para usar a gíria dos médicos. O sistema até então é este que responde ao interesse hospitalocêntrico, mas isto vai ter que mudar e não é necessário tirar diploma de médico ou de sanitarista para entender isto. Basta ler um pouco mais do que panfletos. Basta compreender as característica sdos agravos no Brasil. As cirurgias, anestesias, cesarianas e procedimentos de alta complexidade bem como as atividades especializadas são o foco de todo o sistema por força de uma ideia de modernidade e também de um interesse em rentabilidade. Não escapamos deste debate porque esta é a discussão. Só que as consequências e as causas dela não são ao meu ver - e ao nosso ver aqui, a partir de São Leopoldo, OS MÉDICOS COITADINHOS e o POVO QUE NÃO ENTENDE....é os MÉDICOS MUITO RICOS E ABASTADOS com diversas fontes de renda aqui na RMPA - REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE, e um povo que mesmo assim não tem atendimento adequado. É esta uma situação incrível porque mesmo onde há estrutura faltam médicos. No caso de São Leopoldo trabalhei diretamente na luta por melhorar as estruturas e agora o atual prefeito deu aumento salarial aos médicos, mas mesmo assim faltam médicos. Ora a medicina hoje está completamente focada e orientada por leis de mercado, não há nenhuma orientação social vigente, mesmo os médicos em sua grande maioria que estão sendo formados em instituições públicas, e este é a dimensão vergonhosa do problema, não querem saber de medicina comunitária. O paralelo disso seria como se os estudantes das licenciaturas não quisessem ser professores públicos. 



Então OS MÉDICOS NÃO SÃO COITADINHOS e o POVO NÃO É IGNORANTE. E tem bem mais de anotações e observações de onde sairam estas considerações. Começando por um diagnóstico da área da saúde em minha cidade, observações sobre a legislação e as normativas do SUS - que são praticamente sem par no mundo, e ainda um conjunto de vivências, experiências e iniciativas das quais tive conhecimento, apoio, acompanho e observo na área da saúde pública e privada que envolveram alguns familiares meus e muitos amigos querida. Então eu peço sempre quando debato a saúde pública para não subestimar a opinião e os  juízos dos teus interlocutores só isso, porque as pessoas tem se envolvido e se interessado muito por isto. O que também é parte de um efeito positivo das manifestações e das redes sociais que começaram a difundir opiniões, discussões, troicas e análises de conceitos menos policiados e reprimidos sobre esta profissão e esta atividade anida vista como sagrada por alguns, mas que é num país como o nosso pública em sua formação e que deve ser pública em seus resultados. Não dá para ficar só com a parte boa do SUS, temos que tratar ele por inteiro para defender saúde integral e  humanizada a todos os brasileiros. E digo isto com muito respeito pelos médicos e médicas, enfermeiros e enfermeiras e técnicos e todos os servidores que seguram e atuam neste setor fundamental. 

SOBRE OPINIÕES, FATOS E AVALIAÇÕES

Cara eu não tenho o direito de tratar questões de conhecimento e verdade como questões de opinião..me desculpe...e isto não é doença amigo...se você é engenheiro sabe quando um prédio vai cair...se você é historiador ou testemunha de coisas sabe que não é questão de opinião...eu jamais mentiria para beneficiar o meu partido ou a minha posição...e estes caras mentem descaradamente...assim como mentiram na campanha passada e enganaram sim o povo...estou argumentando...se é questão de opinião então não adianta nem começar..na minha profissão de professor - para piorar de filosofia e sociologia - as coisas ou são opiniões ou vivencias, ou são questões relativas a fatos e conhecimentos, ou são avaliações...as avaliações e os fatos devem sempre ser discutidos e ai é precioso sim o contraditório e o melhor argumento vence e a verdade aparece no final..só isso....e ninguém precisa assinar ficha em partido para defender isto amigo...aquele abraço...

domingo, 21 de julho de 2013

RECEPÇÃO DE PERCEPÇÃO: COMENTÁRIO À OBRA INAUGURAL DE JARI



Em tua apresentação já aparece a natureza do artífice do teu êxito. Ao te designar como NEOLOGISTA, confessas tua plena candidatura a uma nova lógica e também a uma nova analogia entre a literatura e a vida. A nova lógica é questão de estilo diriam meus amigos que amam estes assuntos, para mim a vida é mais importante e fundamental que o estilo. Penso, assim, que esta é a principal disposição de quem quer escrever algo, após milhões de páginas que já foram escritas por todos (as) os escribas da humanidade. Sim digo isto desta forma mesmo: todo escritor é um candidato a uma nova síntese entre a vida e a literatura. Ou seja, o estilo está subordinado em tua obra à forma de vida.

Teus pares iniciais expressam isto: 1. ordem e desordem; 2. o fingir e sentir; 3.  contente ou descontente; 4. e o NADA e o TUDO. São pares do nosso velho gosto metafísico. Aquele gosto que quer deixar de ser triste deixar de sofrer e se resignar, que não quer no fundo contentar-se com coisa alguma, em que – apesar do preço alto que a vida nos cobra por isto – ainda quer TUDO. Ainda joga na vida um TUDO ou NADA.

Em seguida manda tua mensagem ao endereço certo do que dizes: LIBERDADE ABSOLUTA. Quer situação, quer briga por isto, ou não dá a mínima ao que lhe for contrário. Suponho ver em ti e em teu texto um sofrimento contente na exata medida em que te libertas ao gritar, usando a vozes das musas, no canto de uma poesia, aos sonetos e quase haikais, e numa crônica ou prosa miúda e quase mínima cujo nome textículos – textiklos – assumes, assina em baixo, em cima e aos lados.


O teu dEus, me evoca sempre uma imagem de espelho dos nossos "eus" que as vezes conseguem ser dEus.

Que legal – confirmas a assertiva, que bom que é isso - porque depois de um certo tempo o único dEus que resta é o nosso mesmo. É um dEus muito nosso que sobrevive à morte de todos os deuses e ao desaparecimento de uma palavra única, da única mensagem da verdade. No princípio era o verbo e nós já estamos na milionésima cententésima conjugação. E ele ainda é plural, pois que é sempre plural em nós suas formas de apresentação, suas formas de manifestação. E olha bem que ele não está sempre presente. As vezes tira férias e nos abandona e vai e volta em nossos corações, em nossas emoções. Muitas vezes o aguardamos e o procuramos e não encontramos. Ou seja, muitas vezes ele não está entre nós ou conosco. Lembro de Sócrates e seu Daimon. E do preço que ele pagava por pensar que possuía em si um Daimon só seu. Sim, Sócrates o ímpio. Jari teu êxito é bem superior talvez do que possamos imaginar e eu estou mesmo muito feliz com isto.

Lembro de Cazuza: "dias sim, dias não....e eu vou envelhecendo sem um arranhão..."

Mas o teu texto Jari merece – e você vai ver isto acontecer,  podes ter certeza – sim, vários comentários.

Dou meus parabéns ao Wagner que inaugurou  a recepção e a crítica e que abriu tão bem a temporada de recepção a ele.

Vejo no teu texto mais uma tranquilidade prosaica do que um desespero intelectual ou existencial.

Vejo muito no teu texto uma obra que já nasce madura Jarí. Fico imaginando o que mais há nas tuas gavetas e pastas e arquivos para ser publicado já e imagino que não te será nada difícil fazê-lo. É pouco provável – e isto só você pode responder – que quem publicou esta miscelânea de textos não tenha mais umas mil páginas guardadas. Teu texto é um indicio disto, pois representa um autor que já atingiu a maturidade e é interessante isto, porque em geral os autores ao lançarem seus primeiros livros parecem mais juvenis do que literários.

O fato de terem sonetos – formalmente dois - nesta tua obra também mostra uma grande elegia à forma mais nobre da poesia na minha opinião.

O que mostra também a abertura - quem sabe é você - para esta empresa tão admirável de fazer e tecer mais sonetos para os teus leitores.

Tenho tanto a dizer que vou escrever mais ainda em outra parte e depois te mando.

Uma bela obra não precisa ter uma bela recepção, e nem sempre tem, mas é uma dádiva que esta tenha a recepção que o Wagner deu em texto a ela e que teus amigos e amigas estão dando também e  isto é muito bom.

Sabes muito bem que não tenho nenhum motivo nobre para te elogiar ou te incensar, mas me satisfaz e muito fazer isto. Digamos que me sinto quase pegando uma carona no teu sucesso e no teu êxito o que, de fato eu creio nisto também, que todo crítico e todo resenhador acaba por fazer 

As letras em São Leopoldo chegaram aqui com vocês – Wagner o crítico e Jarí o escritor - dois grandes personagens chegaram até este ponto e não há nenhum dúvida para mim que vão bem mais longe.

E este efeito e expectativa positiva é muito digno – para mim - de reconhecimento.

NEM PROFESSOR, NEM GESTOR E NEM SINDICALISTA - TODOS NO MESMO BARCO NA EDUCAÇÃO

Terminar o domingo dizendo algo que me veio à cabeça para dirimir certas diferenças, ódios, e impossibilidades e que me tocou e me embalou a semana inteira. 

Já fui sindicalista - não sei se algum dia deixarei de ser - o que não depende de nenhuma opinião alheia, mas sim da minha ação e do meu discurso em relação à ela. Ainda que tenha sido eleito para ser isto um dia por seis anos. 

Já fui gestor público - o que depende absolutamente da opinião e na nossa democracia de decisão da maioria - em experiências que se iniciaram no movimento estudantil e passaram por gestão pública, mas que também dependeram de nossa própria disposição e aceitação de uma tarefa perante um coletivo. Um grêmio estudantil, um DCE, um conselho escolar e universitário, a presidência de uma casa de estudante e outros espaços me parecem de gestão, ainda que possam ser vistos apenas como espaços de representação do movimento. 

E sou, pelo menos desde que obtive o meu diploma em 1993, iniciando a carreira em 1995 como um professor em sala de aula de forma permanente, com pequena interrupção de um semestre em 1997 e nunca fiquei fora da sala de aula. É pouco tempo comparado com muitos colegas, amigos e minha esposa, mas nesta semana cheguei a uma convicção de que nenhum dos três, ou seja, nem o sindicalista, nem o gestor e nem o professor possuem alguma perspectiva privilegiada e sequer carregam um fardo menor ou maior. 

Trabalhar com educação, lecionar, militar como sindicalista, ser gestor seja em governo, seja em escola, nos coloca a todos no mesmo barco e penso que entender esta perspectiva é um ponto de partida fundamental para conseguirmos superar os nossos desafios coletivos. A educação precisa mudar, para incluir mais socialmente, culturalmente, economicamente e politicamente e esta tarefa requer de todos nós um debate coletivo um dia´logo em que as diferenças de trincheira não nos coloquem em lados opostos, antagônicos ou em confronto. 

Saibamos aprender e encarar as  contradições que já são mesmo a base da nossa prática. Ou alguém crê que uma educação democrática, emancipatória, libertária, reformista ou mesmo revolucionária é possível sem debate, sem diálogo sem confronto de ideias e posições. 

Então vou me despir - definitivamente - de qualquer prejuízo ou pré-concepção que me faça melhor por isto, aquilo ou aquilo outro, e vamos encarar este desafio, antes de sermos vencidos por aqueles que não querem fazer, por aqueles que não fazem ou por aqueles que não estão vendo ser feito. 

E para fazer é preciso sim de todos os segmentos. Professores, alunos e pais e mães e todos os cidadãos. Boa semana e boas férias a todos os meus queridos colegas e camaradas.      

ARISTÓTELES E HANNAH ARENDT - NA BIBLIOTECA DA UNISINOS

Estive sexta-feira na Biblioteca da Unisinos andar 5-D, após muito tempo sem visitar a mesma desde quando era no outro local e me veio uma imagem muito interessante ao avistar Aristóteles e Hannah Arendt, lado a lado, na primeira prateleira, como se um certo ALFA e um certo ÔMEGA estivessem ali a me mostrar que finalmente um dia e de alguma forma em algum lugar este homem e esta mulher estivessem lado a lado - em profunda desigualdade no tempo e no espaço, mas como uma proximidade transcendental - por assim dizer - aqui para serem lidos e interrogados ali assim sob os meus olhos, uma Ética e uma Política na distâncias do tempo e do pensamento da história deste mundo em que vivemos...e muito mais do que nem vou falar aqui para não ser o que não sou...

sábado, 20 de julho de 2013

BALANÇO DA SEMANA

Abri meu e-mail agora..tenho pelo menos dez e-mails para responder senão perco o amigo ou amiga...ou tomo algum prejuízo, ou algum atraso indevido e indesejável...nossa...e ainda tem os relatórios e os desejos..rssss...

mas a semana foi muito boa...o balanço geral foi ótimo....das reuniões de formação na escola ao seminário, passando pelo lançamento do livro - vc sabe o nome - do Messier Jari Mauricio da Rocha...digo Téxtículos...téxto...tículos...los....um baita livro, bem escrito, bem pensado, que não é somente a sobreposição de palavras ou um exercício formal...

perdi também uma grande pessoa, amiga e muito camarada de luta e de ideais,....

mas termino a semana me sentindo muito melhor, após conhecer, reconhecer, encontrar e reencontrar muitos colegas meus que sentem e pensam coisas parecidas com a gente e que não desistiram nem de lutar, nem de amar esta nossa profissão...estava mesmo falando com minha esposa e colega Regina Porto  que a gente - como professor - se sente muito melhor e mais esperançoso nestes momentos em que nossa persistência, paciência, coragem de falar e desejo de ouvir encontra parceiros e parceiras que também desejam de verdade uma educação melhor e um país mais justo...e que fazem isto todo o tempo....

e a Acácia Kuenzer ontem conseguiu me recarregar todas as energias de luta...e não tenho dúvida que todos os meus colegas que estavam lá cujo projeto de vida não é ser a madame na educação pública, nem o príncipe encantado da categoria, ou seja, todos que querem salários mais justos para transformar a educação e mudar este país para melhor - e gastam uma boa energia nisto - saíram revitalizados, quem quer que moleza que saia do nosso caminho....porque nós vamos sim disputar este projeto de educação e de país...vamos mesmo...e se você não está entendendo, procure entender, porque vai te fazer bem sim olhar para a realidade e enfrentá-la de forma decidida e refletida....

TAMO JUNTO!!! BOA LUTA!!!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

ENTENDER OU NÃO ENTENDER

"Como se pode falar sobre "entender" ou "não entender" uma proposição? Por acaso, não é uma proposição até ser entendida?" Ludwig Wittgenstein. Gramática filosófica 1. 

- uma tonelada de filosofia repousa sobre uma pontinha de diferença gramatical e conceitual...

podemos nos desentender com clareza? 

- eu prefiro que sim!

ora, mas aquilo que eu entendo é a linguagem, não os conceitos...

espera guri, espera.....

TLÖN E A MATEMÁTICA: REFERÊNCIA PARA UM LIVRO DE HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

"O contato e o hábito de Tlön desintegraram este mundo. Encantada com seu rigor, a humanidade esquece e torna a esquecer que é um rigor de enxadristas, não de anjos. Já penetrou nas escolas o [conjectural] "idioma primitivo" de Tlön;o estudo de sua história harmoniosa (e cheia de episódios comoventes) já obliterou o que presidiu minha infância; nas memórias um passado fictício ocupa o lugar de outro, do qual nada sabemos com certeza - nem mesmo que é falso. Foram reformadas a numismática, a farmacologia e a arqueologia. Entendo que a biologia e a matemática aguardam também seu avatar." 

("Tlön, Uqbar e Orbis Tertius", Ficções, Jorge Luis Borges) 

Esta é a Epígrafe bem escolhida que é citada em ROQUE, Tatiana. História da Matemática: Uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas. Rio de Janeiro: Zahar, 2012, p. 11. 

Não posso deixar de dizer que bato rebato neste tema da importância de ensinarmos a matemática e quiçá outras disciplinas com uma boa base de história delas e do longo processo de busca de soluções formais ou discursivas para uma coleção de problemas ou um conjunto de hipóteses. Fico feliz de encontrar esta obra que segundo seu Prefácio é "o primeiro livro de história geral da matemática propriamente brasileiro e resultado de pesquisa original" que também supera "padrões atualmente considerados ultrapassados pela historiografia." 

Superar os efeitos deste personagem magnífico e terrível batizado de Tlön deve ser bem importante sempre...

Vamos lá então...eu amo a matemática....

quarta-feira, 17 de julho de 2013

SOBRE A FALA DO MINISTRO DAS SAÚDE AOS MÉDICOS QUE QUEREM VENCIMENTOS DE JUÍZES E MUITO MAIS

Desculpe Nilson, vou ampliar aqui minha resposta a você, mas creio que você embaralha mais as cartas do que ordena os naipes ao falar assim deste tema. Sobre o salário dos médicos e o tema da dedicação exclusiva dos médicos em relação aos juízes eu tendo a concordar com o Ministro da Saúde Padilha nos seus argumentos sobre a necessidade de se estabelecer uma carreira pública efetiva e com cumprimento de horário e mais compromissos do que como é agora. Reconheço que é uma abordagem dura, mas é na medida exata do que acontece como desvio e habito aceito hoje nestas áreas da saúde que vão desde a gestão até o atendimento. 

Tenho juntado e elaborado diversas anotações diferentes do que significa a atual situação na saúde pública que é talvez a mais grave em todo o serviço público no Brasil. Investigar as suas causas históricas, como ela está assim, como evoluiu de uma situação estabilizada no inicio dos anos 80 para a barbárie em que se encontra hoje. E - em que pese a existência de vários profissionais éticos e qualificados na área da saúde - do danoso resultado do excesso de poder desta corporação par ao sistema público de saúde. Porque o poder desta corporação tem privilegiado uma lógica do lucro do individualismo materialista e os resultados estão ai, com fortes símbolos de uma naturalização e de uma normalidade ao se ver as óticas expressas nas manifestações contrárias às mudanças.

Tal excesso de poder tem funcionado muito em via única ou mão única o que significa, em poucas palavras, poder para determinar as condições e exigir determinadas condições, mas que não tem tido o correspondente aumento de responsabilidade efetiva.

Te dou dois exemplos. Primeiro, basta você investigar o que acontece com as secretarias municipais de saúde, secretarias estaduais de saúde e também no ministério: há um predomínio de médicos na gestão e isto é gritante e o argumento corrente ou subliminar para isto é que os médicos sabem mais do que deve ser feito na saúde do que os outros profissionais. Eu discordo disto – e não discordo porque julgo que os médicos não saibam – eles sabem e muito bem a partir da perspectiva deles – o problema é que isto não torna eles exímios gestores em saúde, e vale aqui o paralelo, do mesmo modo os professores não se tornam exímios gestores em educação simpliciter; sei que o contra-argumento que eles levantam em seguida é de que faltam verbas para a saúde, mas isto é em parte verdade e em parte um engodo.

Em parte é verdade porque se o teu município começar a atender de forma PLENA, da atenção básica até a alta complexidade vai faltar dinheiro sim. Mas toda vez que você abrir o orçamento da saúde vais te surpreender com o que está ali. Não vou falar nos salários, nem nos prestadores de serviços, vais te surpreender com os custos e também se individualizares os pacientes e discriminares melhor os processos vais te dar conta da quantidade de retrabalho e do grande desperdício provocado por um sistema desorganizado e que muitas vezes é desfocado da sua atividade fim. Bem, mas ai você vai se dar conta de que a atividade fim da saúde não é a cirurgia, não é o tratamento, mas sim o controle e a prevenção de doenças. Você vai estudar um pouco e vai descobrir que boa parte dos agravos são sinais não de um agravamento mas sim de ausência de prevenção e de um política de saúde preventiva. Quando o Adib Jatene diz que falta um médico que atende pessoas ele não está somente falando de holismo ou humanização da saúde, ele esta também falando de um médico que conheça as pessoas antes delas ficarem doentes, ele está pensando em saúde preventiva e de educação em saúde. Não está dizendo que não precisamos de especialistas, mas está apontando que o foco excessivo nos especialistas esqueceu do básico. E este foco foi priorizado por uma questão econômica e não por uma questão de compreensão da realidade da saúde no Brasil. Neste caso estamos criando pessoas em bolhas que um dia vão tratar de pessoas que nunca tiveram bolhas quando estas pessoas sem bolhas estarão gravemente doentes e então aparecem os especialistas. Neste sentido a proposta do programa MAIS MÉDICOS é corretíssima.         

Existem ademais outros problemas de gestão que são provocados também por um regime tácito e implícito de compartilhamento entre o sistema público e os esquemas privados de saúde. E quando a gente falar de saúde no Brasil precisamos tratar disto sim. Não dá para o grosso dos custos em saúde pública serem uma espécie de cobertor de proteção para o grosso da lucratividade dos esquemas privados. Chamo de esquemas privados diversos tipos de situação em que ocorre sombreamento de ocupação dos profissionais que tem vínculos públicos, privados e outros, transferência de custos, cobrança dupla, regime de custeio em que sempre o ônus é do público e do cidadão. 

E ainda tem toda a gigantesca pauta da formação em saúde que envolve também aspectos sociais e econômicos. De qualquer modo, assim como está não dá para ficar mais...

Um outro exemplo é o debate sobre os dois anos de serviço público. Não sou contra serviço público para todos os egressos das universidades públicas e creio que muitos precisam mesmo de um choque de realidade. Saindo desta bolha de proteção e da incubadora em que são colocados por interesse e segregação talvez seja possível mudar a forma como tem compreendido o mundo e a sociedade com esta perspectiva classista e também elitista. Eu fico muito impressionado com o mundo próprio em que os acadêmicos de medicina, por exemplo, da UFRGS, vivem desde minha época de estudante e ainda hoje. E não falo assim por mesquinharia ou desconhecimento da realidade. Temos que pensar neste tema de forma mais ampla. O rapaz ou a moça estudam o ensino médio numa escola privada, despendem recursos em cursinho, passam no vestibular, ingressam na universidade pública, se formam e vão trabalhar nas clínicas particulares ou vão para o mercado de trabalho com uma exigência de salário inicial superior a todos os outros profissionais? Assim, sem nenhuma discussão pública sobre isto? Tem uma hora que o povo vai ter que ganhar alguma coisa com isto e o argumento contra isto que eles apõem é que sempre foi assim. Chegou a hora de mudar então.

Sobre os salários e os vencimentos e o padrão de dedicação este é para mim o debate mais importante de todos. Porque é nisto que vai se decidir se vamos ter efetivamente saúde pública no Brasil ou não. Até então o investimentos massivos em saúde são públicos e os lucros com saúde são sempre privatizados e nunca coletivizados.

Você deve lembrar quando se discutia acesso a educação e à saúde em 1987 e 1988 no período da Constituinte e do tema geral da DEDICAÇÃO EXCLUSIVA.

Penso que isso precisa ser retomado sim. Porque tanto a saúde como a educação requerem mais e mesmo a legislação que permite mais de um vínculo também precisa ser reformada. Eu tendo a defender um vínculo somente e uma carreira única de estado para todas as profissões de nível superior indistintamente. Com vencimentos salariais isonômicos em todo o serviço público, em seus níveis, esferas e poderes. Assim,  também o tema da ISONOMIA NAS CARREIRAS PÚBLICAS deve ser retomado. O que vai impor também a construção de um fundo salarial e previdenciário único para todos os servidores.

Ora, isso que você sabe bem que envolve professores, médicos, juízes e diversos profissionais de nível superior. Para os profissionais de nível médio ou técnico também t6emos que pensar nisto. Não dá para termos um sistema em que o jogo de ganha ou perde é a loteria ou a corrida maluca do concurso público em carreiras mais valorizadas e não é valorizado o desempenho melhor de determinada função. Neste regime atual desperdiçamos recursos, remuneramos mal e de forma desigual trabalhadores qualificados por escolaridade comum mas com envolvimento, dedicação e desempenho diferenciados

Não dá mais para o estado brasileiro pagar o grosso da conta e transferir renda somente para as camadas superiores da sociedade que é o que tem acontecido neste nó das corporações no serviço público e nas formações das universidades federais. A mera reprodução de classe e a manutenção de privilégios também se perpetua assim, desta forma, e  tem que acabar em uma democracia como a que nós estamos construindo..    

TIO ERIALDO - IN MEMORIAN DO CHAVEIRO DOS SEGREDOS E GRANDE AMIGO

Hoje fiquei sabendo de algo que me deixou muito triste. O velho - grande camarada - e muito parceiro e amigo de meu pai e de toda uma geração que eu vi agitar São Leopoldo nos anos 70 e 80 Erialdo Trindade Melo Chaveiro da velha guarda leopoldense de 67 anos faleceu no sábado passado em um acidente de carro em Balneário Pinhal..além de tio do meu grande amigo Kiko, era uma pessoa boníssima. Tinha a Oficina dele ali na Primeira de Março. E assim como meu pai e muitas pessoas que eu conheci tinha a sua própria oficina e tal. (Para quem não sabe oficina é o nome do escritório de gente como a gente. É onde você atende seus clientes, recebe seus amigos e seus familiares, guarda alguma cosia e faz alguma coisas todos os dias. E o Tio Erialdo fazia Chaves, resolvia fechaduras de tudo quanto é tipo de coisa que tenha segredo.) Guardarei muitas lembranças dele e daquele jeitão que ele tinha de andar na rua com seu grande chaveiro balançando e fazendo barulho...aquele sorriso largo ou melhor larguíssimo e um bom humor notável, admirável..era amicíssimo dos componentes da lendária esquadrilha da fumaça...amicíssimo de todos os caras mais velhos que eu conheci e que eram bambas de boa, seja em carnaval, seja em baile, seja em boate, seja em bailão, seja em mesa de jogo, seja no que for, jogo de futebol, pelada, churrasco..e um grande conselheiro..sempre me dizia para tomar cuidado mas não ter medo e me perguntava sempre o que eu achava da situação política em São Leopoldo...e me contou da época da ditadura que uma vez a coisa tava tão ruim que se o cara tava na rua à noite já virava subversivo... e tinha que dar explicação...um tiozão emprestado para mim...nossa sentirei muita falta também da troça que ele fez quando eu e ele sabíamos que alguém tinha pisado na bola...e ele dizia que algumas pessoas são assim: com defeitos...e sem conserto....Agradeço muito a amizade dele e espero que seus filhos, amigos e as mulheres que ele amou tenham somente boas lembranças da grande pessoa que ele foi....fico imaginando a festa ou o baile em que o meu pai e os amigos e amigas fizeram para recebê-lo em algum lugar que pode ser só da nossa imaginação, mas que talvez seja o mundo da amizade, do amor e da alegria daqueles que sabem amar, ser amigos e fazerem os outros felizes....NÃO ESQUENTA AMIZADE!!!! MANDA BRASA, MORA? SEGUE EM PAZ GRANDE PESSOA!!!  

segunda-feira, 15 de julho de 2013

PROTESTOS PODEM VOLTAR MAIS FORTES DIZ BOAVENTURA - E A REFORMA POLÍTICA?

O Sociólogo Boaventura de Souza Santos vaticina ( Protestos podem voltar mais fortes e incontroláveis diz sociólogo Boaventura) que os protestos e as manifestações podem voltar mais fortes e incontroláveis no Brasil. Ele aponta que o Governo deve responder melhor e acusa o Congresso de estar dissociado das prioridades dos cidadãos. Eu diria que o Congresso está entendendo muito bem o que os cidadãos estão pedindo nas ruas. E que tratar-se, portanto, de uma dissociação voluntária e deliberada, assim ele não está respondendo por decisão coletiva e de uma certa frente partidária que aguarda que as coisas se acalmem para não precisar mudar.

Também penso exatamente isto mesmo que podem ocorrer manifestações mais violentas e piores daqui para a frente senão forem mudados certas condutas e se não se avançar nas pautas das ruas. Vejo a  aversão aos políticos aumentar e as reações deles ficarem, piores em meio a isto. Estas pautas das ruas incluem sim desde combate a corrupção como maior zelo com os recursos públicos e também uma mudança nas posturas dos governantes em relação ao povo. Não se trata somente de ouvir mais, se trata de responder de forma adequada aquilo que é dito. É sim um grande grito por mais democracia e por uma democracia melhor. Além de pedir serviços públicos melhores esta nova classe média que não se encaixou no tamanho do estado brasileiro que encontrou quando ascendeu, pode sim uma nova política. Ainda que eu não goste do clamor contra partidos devo reconhecer isto como legítimo e correto.

E enquanto os políticos que estão lá no Congresso não derem um jeito de tomarem vergoinha na cara e fazerem a sua tarefa de votar as reformas e corrigir os seus próprios privilégios ligeirinho pedem para ver o pior.

Isso vale para todos os cínicos que agora culpam o Deputado Federal Henrique Fontana por não ter conseguido fazer a ‪#‎REFORMAPOLÍTICA ‬andar...qualquer pessoa medianamente informada e que acessa a fontes bem informadas sobre este tema sabe que: A REFORMA POLÍTICA NÃO FOI VOTADA OU NÃO ANDOU POR DECISÃO DE TRÊS OU QUATRO PARTIDOS POLÍTICOS: PMDB, PSDB, DEM e PP...sabe que não foi o Henrique fontana o culpado desta bloqueio ou engavetamento...e não é dificil saber que o que esta em pauta contra ela são os interesses econômicos que tornam estes partidos hegemônicos e majoritários no Congresso Nacional.

POIS EU VOU FAZER UMA PREVISÃO AQUI: eles deveriam afastar a ilusão de que sobreviverão ao que pode advir pela frente...as artimanhas e malandragens deles chegaram no limite e na minha opinião esta classe média que agita sabe muito bem disto....eles deveriam pensar muito sobre se não é justamente eles que estão sendo postos em questão...se esta ELITE não entender isto..bem...bem...bem...

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O QUE ME FEZ ESTUDAR FILOSOFIA E OUTRAS COISAS? - OUTRA TENTATIVA DE RESPOSTA

Duas perguntas de um grande aluno:

1º: O que te fez estudar Filosofia?

2º: O que te faz estudar outras coisas além de Filosofia?


Dediquei já alguns textos a falar sobre isto que estão no meu blog. O que me fez estudar filosofia foi uma experiência de vários encontros com ela ao longo da minha vida. Que começa do meu primeiro encontro com ela aos 8 anos de idade através da descoberta em uma banca de revista do volume dos pensadores dedicado a Sócrates e, também, através de um professor de história que temporariamente lecionou na escola que eu frequentava e que possuía formação em filosofia. Ao ler Sócrates me impressionei com o pensamento dele e com o episódio da sua morte ao ingerir cicuta em virtude de seu confronto com as autoridades da época. E meu professor de história tracejou por algum tempo a relação entre o pensamento humano e a história de uma forma que me impressionou também. Após isso comecei a prestar atenção a tudo que fosse relacionado à filosofia em jornais e também tive certo acesso a obras de filosofia de minha tia e a outros livros em casa. Ao iniciar minha militância estudantil ao final dos anos 70 acabei estudando as teorias de Marx em cursos de formação política e de forma autodidata acabei estudando muitas coisas de filosofia. Nesta formação política vez por outra acabava entrando em debates de caráter mais filosófico ou fundacionais ou conceituais do que propriamente políticos ou econômicos. Cito um episódio clássico para mim que foi vivenciado nas leituras de O Capital em que eu argumentava e questionava certas questões e o instrutor da época me respondia que aquilo que eu perguntava era mais filosófico do que propriamente econômico na teoria da mais valia. Dizia meu interlocutor que o buraco era mais embaixo e que a o que eu perguntava era filosofia. Devo citar também a forte impressão causada por Jean Paul Sartre no panorama do final dos anos 70 e inicio dos anos 80 e suas idéias na minha formação militante. As leituras de Leon Trotski e, também, de outros pensadores marxistas. Acabei lendo Michel Foucault e também Nietzsche e, ao mesmo tempo, fui fortemente provocado pela leitura bem precoce do texto de Kant sobre o Que é o esclarecimento? Em que o homem deveria entender a necessidade de sair da sua menoridade e ousar saber e pensar por si mesmo que me deixou convicto sobre a importância do pensamento filosófico. Mas devo confessar também que tinha muita simpatia e interesse em estudar medicina. Que era a atividade profissional que mais me atraia. Quando conclui o ensino médio, entretanto, acabei me conformando em estudar filosofia, mas também com algum entusiasmo em ser professor por conta daquilo que eu visualizava também como uma atividade profissional muito digna e que de certa forma também cuidava das pessoas. Vale comparar aqui a maiêutica socrática com a minha visão hoje muito clara de que o educador ou o professor cuida sim das pessoas, da saúde mental e física das pessoas ao educá-las. Assim o que me fez estudar filosofia foi a forte impressão que as idéias filosóficas tiveram sobre a minha forma de compreender o mundo, a vida, minha militância política e também minha relação com as outras pessoas. Curiosamente não tive um professor de filosofia durante toda a minha educação básica e tive contato pedagógico e formal com esta disciplina somente na faculdade.

O QUE ME FEZ ESTUDAR OUTRAS COISAS? Bem de certa forma devo dizer que as outras coisas vieram primeiro porque sempre fui muito curioso e sempre gastei um bom tempo da minha infância tentando investigar sobre mais coisas do que aquilo que me era ensinado em sala de aula. E devo admitir que tive vários estímulos para isto. Minha relação com as atividades profissionais dos meus pais, com meus irmãos, parentes e amigos. A oficina elétrica do meu pai e os diversos profissionais que lá aturam que me ensinaram um pouco disto e um pouco daquilo estimulando e tratando com muito carinho minha grande curiosidade que se manifestava de forma precoce. Na loja de minha mãe na estação rodoviária o contato com diversas pessoas, os diálogos, os assuntos cotidianos e a discussão das notícias e da vida e também do conhecimento. Na época a Unisinos ficava sediada próxima a rodoviária ser a freqüente entabular e trocar informações com professores e professoras universitários, bem como, com acadêmicos. E também a troca de informações com pessoas viajadas, pessoas do povo e pessoas que de passagem queriam jogar alguma conversa fora. A leitura de muitos jornais e revistas. Morar perto de uma casa de estudante e ter muitos vizinhos no edifico em que eu residia que eram acadêmicos e, além disso, a interação política cotidiano com eles. O acesso a muitos livros, revistas e informações em casa. A interação e a convivência com gerações de jovens mais velhos que eu. A tutela intelectual marcante da minha tia Clara – irmã da minha mãe que era ávida por conhecimento e informação e poliglota - sobre as bases da minha formação cultural em geral. Então, em resumo, sempre fui muito curioso e sempre gostei da experiência de descobertas e investigações e de certa forma fui privilegiado ou fui capaz de me beneficiar positivamente de um ambiente propicio a este desenvolvimento. Com vistas freqüentes e cotidianas ao museu histórico a uma quadra de casa, à biblioteca pública e também à Unisinos ou o Instituto Anchietano de Pesquisas cujos corredores frequentava desde muito jovem por curiosidade e por ser meio metido na minha área de alcance e acesso. E também tive uma plêiade de professores que hoje considero maravilhosos durante meus anos de escola e formação porque souberam, me impressionar e me deixar admirado com este ou aquele conhecimento muitas vezes. Bem, tudo creio que responde a questão proposta.


       

quinta-feira, 11 de julho de 2013

SOBRE O BOLSA FAMÍLIA: O IMPORTANTE DEBATE E DISCUSSÃO COM EXPERIÊNCIA, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

Vanessa gostei muito do teu texto sobre o Bolsa Família. Ele acabou por me provocar a escrever sobre como vejo este tema, algumas condições do seu debate e também as posturas em relação a ele. E para mim isto é acima de tudo um exercício de pensamento e de reflexão, mas também de diálogo sobre como andam as discussões e sobre estes pontos de vista que aparecem nesta discussão. Concordo e simpatizo com aquilo que dizes e até mesmo por ter visto e testemunhado a vida das pessoas mudarem com este valor fico feliz que compreendas isto, mesmo sem nunca ter precisado de um auxílio deste tipo. No meu texto coloco algumas cosias muito pessoais como exemplos de como e a partir de quais dificuldades pessoais e experiências pessoais observo este debate. Vou te citar duas vezes e aqui para começar:

“Desejo que todas as pessoas que detestam qualquer programa efetuado pelo governo (seja ele em qualquer grau ou de qualquer partido) em beneficio dos mais pobres tenham em sua vida a MÁ sorte de perderem seus empregos, seus valores, sua educação e por que não dizer seus diplomas (muitos conseguidos em universidades federais ou particulares em meio a benefícios dados pelo mesmo governo, diga-se de passagem). Só assim...Passando um pouquinho de trabalho esta gente vai aprender e parar de falar mau do bolsa família...” 

É um gesto corajoso e extremo seu dizer isto, mas vejo um impulso nobre nele. Ao rogar tal maldição, você parece responder àqueles que debocham disto com aquela cara bem conhecida, ao mesmo tempo, em que são beneficiários também por este ou aquele programa esta ou aquela política do governo federal. Você pergunta ao final: Qualé meu? Tem aquele MEME do negrinho de favela inquirindo o pesquisador de universidade – que também recebe uma bolsa para estudar – se ele quer que ele abandone a bolsa família também? 

Eu tenho lembranças da miséria dos meus semelhantes muito duras. E esta é a parte do meu relato que é mais emocional e pessoal. Sei que posso me encontrar de novo com ela fácil, fácil, basta sair daqui onde estou agora e visitar alguns locais da nossa cidade. Mas as lembranças mais duras me aparecem de quando eu passava também por relativas dificuldades ou trabalhava de tal modo a ser mais exposto e próximo a quem passava por sérias dificuldades. Quando trabalhava na Cooperativa Ecológica Coolméia, ao final dos anos 80 e início dos 90, vez ou outra seguia para a Ceasa na busca de alimentos e também para receber de transportadores cargas de alimentos destinadas a nossa cooperativa por nossos produtores. Ao chegar lá, antes das cinco horas da manhã, eu me impressionava porque me deparava com uma quantidade de alimentos desperdiçados e espalhados no chão daquele grande estacionamento. Me espantava, também, com o fato de que os pobres das vilas próximas dali – em Porto Alegre – vilas Farrapos, Navegantes, Aeroporto e outras, estavam lá nos portões aguardando para poderem entrar e coletar os restos de alimentos, de verduras, de frutas, raízes e etc. Era uma imagem impressionante para mim aquilo. Mulheres com crianças de colo, criança de três, quatro, cinco ou seis anos e alguns poucos jovens e poucos homens saudáveis lá juntando alimentos. Os rostos famélicos, os corpos esquálidos me espantavam e me assustavam. Eu pensava naquilo como uma imagem de um campo de concentração ou um gueto e aquilo me doía por dentro, muito. 

Eu descobri ali naquele tempo que a luta contra a fome era mais ligada às mulheres e crianças. E também descobri ali naquela época que aquelas crianças não frequentavam a escola, porque não haviam escolas lá para eles. Mais tarde, sei hoje, o Governo Municipal Olívio Dutra incidiu sobre esta realidade e, também, com parceria do governo estadual de Alceu Collares. Onde Dilma era secretária aliás. Aquilo me impressionou de tal forma que fiquei anos mastigando e ruminando sobre aquilo e agora quando vejo que pegaram fogo estes tempos – em fevereiro aliás logo após o incêndio  da Boate Kiss, as casas das pessoas na Vila Dickie eu lembro delas. Também lembro de amigos meus que trabalharam com estas mesmas pessoas em porto Alegre tentando implantar a coleta seletiva de lixo e galpões de reciclagem. 

Lembro de um grande amigo que construiu na época no DMLU um entreposto de triagem de lixo. Ele contava que iriam acabar com as carroças no recolhimento de lixo e iriam implantar pequenos veículos para coletar este lixo e ter mais mobilidade e segurança pára este povo. Mas não foi possível, porque logo depois e perderam a eleição e este projeto se desapareceu, se evaporou. Pois eu contei uma vez esta história para alguém que me olhou nos olhos e disse que também havia uma vez na vida catado restos de comida em Ceasa em Santos e que sabia o que era juntar e limpar alimentos que alguns senhores não dão nem para os porcos, nem para seus animais de estimação em casa. E eu sempre lembro desta imagem toda vez que alguém fala no bolsa família, porque eu sei que só alguém que já viveu na pobreza extrema – que tem o nome de miséria – por muito tempo ou por pouco tempo sabe o que é isso.  Estou dando este depoimento porque ele para mim é fundamental.

Eu não aceito mesmo que alguém venha falar de dificuldades na vida em comparação com estas pessoas ou deslindando ou desdenhando de qualquer ajuda que se dê a estas pessoas se não sabe o que é isso, se não tem consciência do que é isso. E o bolsa família foi feito e pensado por pessoas que sabem exatamente o que é isso e que não aceitam isso. Então o bolsa família não é uma esmola que é lançada num chão molhado para um mendigo juntar, não é um resto de comida no chão da Ceasa de lugar nenhum deste país, é um dinheiro que é pago mensalmente numa conta de uso da sua beneficiária e de seus filhos, para ela ir lá e comprar comida ou aquilo que ela achar necessário para a sua família.   

Agora eu lembro bem quando eu ganhava R$ 250 reais para dar 13 horas aula como contrato emergencial em Campo Bom e trabalhava de eletricista com meu pai ganhando algo mais e vivia num aperto – morando aqui na Scharlau na Rua Ceará, 421. Sei que se eu tivesse ganho uma bolsa família, por incrível que pareça, talvez algumas dificuldades na minha vida não tivessem ocorrido.  Mas eu não procurei este programa e não ganhei este benéfico que sequer existia na época e um pouco depois superei aquele aperto.

Só quem já passou por apertos financeiros, mesmo sendo de classe média, sabe a diferença que faz R$ 100,00, R$ 150,00 ou R$ 200,00 a mais no fim ou no início do mês. Mas mesmo assim não sabe o que é juntar comida no chão da Ceasa ou viver numa casinha de chão batido e sem luz e sem água. Eu sei e passei por diversos momentos difíceis na vida, alguns sem família para sustentar e outros com minha filha recém nascida, mas nunca passei por isto. Eu recebi auxílios e a até mesmo empréstimos de amigos e companheiros que me ajudaram muito nestes momentos. E também ajuda de familiares. Mas fico pensando nas pessoas que não tem por onde. E eu sei e sei que todo mundo aqui sabe que existem mesmo pessoas que não tem por onde conseguir um auxílio ou uma renda passageira em momentos difíceis. Assim, como sei que algumas pessoas tentam tirar também os poucos vinténs que estas pessoas possuem, seja explorando-as seja ludibriando-as. 

Logo depois dessa experiência de muito aperto por uma bela coincidência e, também, consideração e uma dose de generosidade e muita bondade de uma colega de magistério, consegui estender minha jornada de trabalho, com mais um contrato para 40 horas e sustentar minha família com uma menina recém nascida que hoje já tem 14 anos. Foi quando comecei a lecionar no Olindo Flores em 1999. E eu lembro como as coisas eram ruins para os meus alunos também naquela época. Lembro da quantidade imensa de alunos matriculados no noturno e também das muitas dificuldades econômicas deles. E eles eram adolescentes. Hoje meus alunos do noturno no Olindo discutem qual balada vão ir e não se tem grana para comer ou não. Não discutem mais se tem grana para a passagem. E eu e você sabemos porque. 

Não penso só em mim. E ainda que respeite muito todas as dificuldades das outras pessoas e, inclusive, daquelas que não gostam do bolsa família, defendo o bolsa família sim. Agradeço muito que o bolsa família exista porque para alguns brasileiros ele é a base mais segura de renda. Sempre vou me lembrar daqueles horistas e colhedores de cana, dos serventes desempregados, das domésticas e seus baixos salários, das grandes avós que alimentaram todos os seus netos, porque as filhas amalucaram por alguém e que assumiram e etc. 

E existem várias fontes que indicam aspectos positivos do bolsa família. Li um artigo a pouco tempo sobre isto que afirma como manchete que o bolsa família “enfraquece o coronelismo e rompe a cultura da resignação”. Outro afirma que o IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, informa que o bolsa família não estimula a acomodação e que ao contrário estimula a busca de empregos e a iniciativa empreendedora. Também já li artigos que demonstram o papel decisivo do bolsa família na geração de um mercado interno de consumo de bens duráveis que antes não existia, por impacto a partir do consumo de alimentos e bens de consumo doméstico. Sobre o impacto do bolsa família nas pequenas cidades nordestinas. E também sobre a reversão da miséria em vários locais e rincões do Brasil. Mais dados apontam também que o bolsa família reduziu em 17% a mortalidade infantil das crianças menores de cinco anos entre 2005 e 2009. Aparecem e tem sido apresentados dados também sobre formalização de trabalhadores provocada pelo bolsa família. E os números do impacto do bolsa família são assombrosos. Trata-se de mais de 50 milhões de pessoas que foram atingidas diretamente pelo programa desde a sua implantação em 2003. 

Assim, qualquer pesquisa realmente interessada em avaliar, discutir e verificar os resultados do bolsa família tenderá a encontrar resultados e um impacto muito positivo lá na vida real das pessoas que estavam na miséria e que, segundo a opinião de um jornalista respeitado – Eric Nepomuceno, conquistaram uma pobreza com mais dignidade e que, ao meu ver e pela minha observação nos sistema educacional, caminham através dos seus filhos para superar esta condição. E este povo é povo da vila. É parte do povo que conquistou casas aqui em São Leopoldo e que se encaminha para ser emancipado econômica e culturalmente.       

Conheço a vida deste povo da vila. Convivi muito tempo com o povo pobre também na rodoviária de São Leopoldo nos anos 80. E não tenho a menor dúvida que mudou o perfil desta importante parcela da população brasileira que não recebia assistência ou que recebi a anos atrás o rancho ou  a sacola econômica da assistência social. Lembro que estas pessoas hoje enfrentam as chamadas condicionalidades que envolvem o acompanhamento das crianças beneficiadas no sistema de saúde e na escola. Um exemplo disto é que hoje você não encontra mais nenhum menino na rua carregando uma caixa de engraxar sapatos para aumentar a renda familiar. Lembro talvez do último em 2002 na Rua Grande amiga. Nossa, tenho tantas histórias de outros tempos deste Brasil.

Depois vi você responder a alguém que diz não se sentir obrigada a concordar contigo e com o que não aprova, assim:

“Não entendo uma pessoa que diz ter passado trabalho na vida não concordar que famílias carentes possam não passar pelo mesmo...Também passei trabalho na vida e fico muito feliz em saber que HOJE as atuais crianças possam ter recursos que muitos em muito tempo atrás não tiveram...O tempo das crianças das sinaleiras estará contado com um plano que além de beneficiar mantém estes em boa situação escolar e de saúde (pois para receber o beneficio os pais destes tem que manter a criança vinculada a escola e manter as vacinas em dia)...Talvez você já tenha esquecido o quanto foi dura a época em que passou trabalho...Eu por outro lado não...Não generalizo...a reza citada a cima é uma forma irônica de demonstrar meu repúdio e meu não entendimento em relação ao pensamento destes que não apoiam algo que possa ajudar seu próximo...Sobre você não concordar com meu pensamento acho justo...E em resposta a sua pergunta sobre ser obrigada te digo que da mesma forma que não é obrigada a concordar também não é obrigada a vir escrever no meu mural....”

E continuo concordando contigo sobre isto também. Em todo o sentido do que dizes, o que está em jogo parece ser concordar ou não, ter a mesma opinião ou opinião diferente. E eu tenho pensado nisto por demais ultimamente. Porque vejo que algumas pessoas confundem coisas que são matéria de opinião, com coisas que são matéria de conhecimento. Vejo que ao fazerem isto defendem suas opiniões como legítimas a priori.

Ora, temos que analisar isto mais por amor à verdade e também porque não creio que seja razoável, bom ou aceitável, nós guiarmos nossa consciência ou nossos juízos por opiniões questionáveis, muito duvidosas ou suspeitas. E são duvidosas para mim todas as opiniões que são proferidas com ar jocoso, leviano ou arrogante. Não preciso apontar os comentaristas que fazem isto. Penso que há por trás disso uma tentativa de ser popular ou popularesco que me avexa, porque olha para o povo achando que o povo gosta de desdém ou de comentário rancoroso ou rançoso. Não creio que goste muito disto. Isso me parece um elemento cultural forçado e inculcado na forma de comunicação de uma geração que me parece mais reacionária e queixosa do que revolucionária ou reformista.

Muito menos julgo razoável julgar programas que mudam a vida das pessoas por nossas opiniões ou exclusivamente a partir das nossas próprias experiências, sejam elas felizes ou infelizes. Quer dizer temos que ser capazes mesmo de pensar em perspectivas mais amplas e de forma desapegada da nossa própria experiência e este é um movimento de pensamento que pode nos ajudar a compreender melhor os outros e seus próprios contextos de vida. Este é um exercício que sempre preciso fazer como professor e creio que vários profissionais e tipos de atividades cotidianas nos colocam o mesmo desafio para a inteligência.     

Hoje mesmo tive uma discussão com isso. Mas penso que as pessoas deveriam avaliar o programa pelo que ele realmente é e pelo que ele realmente produz. Podemos avaliar por experiência, informação ou conhecimento. Por experiência é a partir da nossa visão singular e particular. Disto podemos apenas derivar impressões e opiniões. E, então, com clareza evitar generalizações. Conheço pessoas que pegam três casos ou um pouco mais e generalizam a dimensão negativa para ter uma base para sua abordagem crítica.

Ora, para dar um exemplo, em São Leopoldo devem ser aproximadamente 7.000 famílias. Você conhece todas elas? Sabe o papel desta renda mínima na vida de todas elas? Penso que para julgar é preciso ser bem informado e conhecer.  Por informação temos que considerar as informações disponíveis à opinião pública e nos dar conta de que a maioria delas é tendenciosa. Há muito preconceito de classe nos juízos sobre o bolsa família e, por outro lado, creio e penso que precisamos parar de atribuir cientificidade às notícia de jornal, aos artigos de opinião ou aos comentários. 

Na televisão, por exemplo, o que tenho visto é a maioria dos âncoras irem contra, não me surpreendo então que se forme um mar de opiniões contrárias. Mas mesmo assim creio que precisamos mesmo ultrapassar este senso comum. Além disso, há um discurso político de oposição ou de crítica apenas que é mais raivoso e emocional do que propriamente objetivo. Assim, penso que devemos mesmo discutir o bolsa família, mas evitar as generalizações e as apelações emocionais.

Conheço muitos casos de êxito do bolsa família e também tenho conhecimento de desvios, mas sei que mesmo os desvios podem ser corrigidos. Mas dai é preciso denunciar e é preciso ter uma atitude menos indolente, buscando o fone do disque denúncia e ligando para os gestores apurarem este ou aquele desvio. Por fim, quanto ao conhecimento creio que é a única instância de juízo correta e justa e devemos balizar nossos pareceres e quiçá nossas opiniões a partir de alguma coisa parecida com isto. Não dá para considerar - simplesmente - como muitos as opiniões de alguns, os discursos inflamados de outros ou as matérias de imprensa como local de divulgação oficial da ciência brasileira e de todo o conhecimento e informação sobre isso e outras coisas. Não é o caso. Ora, precisamos relativizar isto, pois por melhor que seja o jornalista ou por mais honesto e correto que seja seu editor o jornalismo tem caráter informativo, não estrita e rigorosamente científico. E o jornalismo também erra. Então há muita leitura ingênua das opiniões e das matérias jornalísticas atuais.

E mesmo, considerando respeitosamente, que eu deva respeitar o direito a opinião me dá muita aversão ver opiniões superficiais ou personalíssimas sobre isto. Entendo a questão e o argumento aposto da necessidade de ensinar a pescar e não ficar dando o peixe. Mas mesmo este argumento é repetido e reproduzido ingenuamente por ai. Mas com o bolsa família estamos tratando de alimentar aqueles que ainda não sabem pescar ou que não aprenderam. O que eu mais vejo é uma avaliação moral dos beneficiários e isto não é o objetivo desta política social. Ao meu ver ela procura proteger as crianças e criar condições para se superar a miséria e se esta atingindo este objetivo o resto é subordinado a isto mesmo. Aqui ainda vale o que tenho pensado sobre infalibilidade na política pública o que não existe, de resto não existe em atividade humana alguma. Então, temos que medir e sopesar os resultados positivos e reduzir e corrigir o que não dá certo. Neste sentido - penso - que é só por desconhecimento mesmo que se julga que o bolsa família não dá certo. E ainda há aqueles que julgam que o bolsa família é eleitoreiro. Bem, aqui em São Leopoldo não é e descobri isto da forma mais objetiva possível.  

Não devo entender mal quem vai contra o bolsa família por suas razões, opiniões ou experiências. Mas penso sim que não é por retórica ou safadeza que devemos avaliar ou pensar também sobre este programa.

Eu não tenho problema nenhum em ir contra isto ou aquilo se minha consciência sopesando minha experiência, informações disponíveis e conhecimento, me convencer plenamente de que devo fazer isto ou aquilo.

Mas creio - e não tenho dúvida de que você sabe exatamente o valor do que digo - que devo ser justo sempre e ao máximo, por mais relativo que isto pareça e ser justo para mim hoje é sim lutar para mudar o atual sistema político que ai está e inclui, também, continuar a apoiar e amparar as pessoas que precisam de amparo e apoio.

Para mim, o bolsa família também é um programa de proteção social neste sentido e devemos mesmo lutar para manter este programa funcionando e sendo usado por quem precisa. O meu exemplo acima de um ex-aluno de universidade desempregado ou mal empregado demonstra que se até para mim isto é um auxílio e foi um dia importante, imagina para quem tem todas as outras dificuldades que apontei e que eu não tive.

Assim, não tenho nenhuma dúvida de que as minhas dificuldades foram fichinha perto das demais dificuldades e das dificuldades de muitas pessoas do povo brasileiro.

E isto me parece o mérito do teu texto provocativo: não dá para comparar e é preciso respeitar muito mais quem precisa do bolsa família.