NOSSO HORIZONTE EXISTENCIAL
Só teremos algum valor real nessa
imensidão, se a gente reconhecer que não é tão importante assim. Ou pelo menos,
não é tão importante quanto todo o resto. Eu desconfio que nosso valor só
existe em princípio para nós mesmos. E esse valor se reconhece e só se amplia ao
compartilhar nossa existência e ter o privilégio de existir com outros seres
humanos. E é, mesmo assim, um valor passageiro e efêmero.
Isso, porém, não anula o nosso
ponto de existência ou nossa marca na passagem por esse mundo. Pois, enquanto
se está presente, enquanto existimos, somos algo e podemos ser em alguma medida
melhores. Vejo que entre essa insanidade da ignorância disso tudo, que pode
gerar a ilusão de que nosso pequeno mundo ou existência solitária é grande
coisa e a soberba da razão, que nos faz pensar que ficamos maiores do que somos
por existir e por reconhecer ou conhecer esse mundo, esse universo e a sua
grandeza e majestade muito acima e além de nós, no espaço e no tempo e saber do
lugar que ocupamos de fato nele, há um meio caminho que envolve apenas
balancear entre essa micro dimensão de nossa existência individual e mesmo
relacional e a macro dimensão do universo além de nós, que nos leva a uma
dimensão precisa, equilibrada e justa.
Quando atingimos isso ficamos de
certa forma aliviados porque nos observamos entre o zero e o infinito, entre o
nada e o ser, estando para o prazer e o fascínio da nossa imaginação mais
próximos do ser, ainda que baste só um estalo do tempo, do espaço, do mundo ou
das nossas vidas para voltarmos ao nada. Certo é que voltaremos ao nada, mas é
certo também que enquanto nos interrogamos ou refletimos sobre isso, nós somos,
eu sou e tu és. E somos nesse mundo e nesse universo.
Imagem: instantâneo de um pôr do
Sol em Porto Alegre.
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