"Aquele que quiser aprender
a filosofar deve encarar todos os sistemas de filosofia apenas como história do
uso da razão e como objecto para o exercício do seu próprio talento filosófico.
O verdadeiro filósofo tem, portanto, que pensar por si próprio, de fazer um uso
livre e pessoal, não um uso imitador e servil, da razão."
Immanuel Kant, Lógica, Introdução
Precisamos mesmo assim estudar
com cada vez mais rigor a história do uso da razão para evitar repetições e
também para perceber diferenças de qualidade real e não apenas aparente.
Esta semana encontrei um
ex-colega no Fórum Social Temático que afirmou pela segunda ou terceira vez sua
crítica ou melhor contrariedade com a nossa formação clássica na UFRGS e o currículo
de filosofia. Lembrou que em 1991 na hora da sua matrícula o Prof Pertille lhe
informou que ele tinha que adaptar suas escolhas de disciplinas à forma como o currículo
estava organizada após a reforma curricular e que ele deveria fazer primeiro
tais e tais cadeiras. Isso porque no ano que ele entrou na filosofia o currículo
havia sofrido uma reforma e reorganizada temporal e temática e eu respondi que
tinha sido o representante dos alunos naquela discussão e usado o argumento –
já soterrado pelo tempo de que era mais fácil ou melhor estudar as bulas papais
porque assim pelo menos se tinha começo meio e fim e se sabia e se poderia
saber de forma organizada o que vinha antes ou depois. Afirmei que entendia que
nossa formação tinha um pressuposto interessante: há certa necessidade de
estudar alguns filósofos primeiro até mesmo para saber sobre o que outros andam
pisando. Para mim o caso mais clássico vai passar por Nietzsche cujas diatribes
ou críticas geniais não tem a metade do valor real sem serem confrontadas com o
chão sobre o qual ele pisa. E, desta vez, o ex-colega entendeu nossa posição e
orientação curricular sistemática e histórica não como uma negação das idéias
dos filósofos não sistêmicos ou críticos aos clássicos, mas como um pressuposto
para sua real compreensão. Neste sentido é bom querer estudar certo filósofo
mas nesta iniciativa vamos encontrar também o dever de estudar outros.
Aplicando ao caso em pauta por um colega do desejo de estudar este ou outro
filósofo e se ele tem ou não seus argumentos m bom estado isso tem
consequências...
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