Poxa que legal você está 100% de
novo amigo!
Se recuperou totalmente do
acidente!
Uma figura de linguagem típica ou
representação estimativa típica é esta: estou 100%! Sobre o que falamos ai?
Sobre meu estado de ânimo, minha saúde, minha conta bancária? Nada disto ou um
pouco disto tudo junto e ao mesmo tempo. Falamos ai, então, de tudo, de toda a
nossa vida, da roda da vida e de seu estado integral em determinado momento.
Mas é possível estar 100%?
Como eu sei que estou mais ou
menos nisso? Pelos meus sentimentos e impressões, por uma coleção de opiniões
sobre mim mesmo? Faço um escrutínio, um balanço, rodo a roda da minha vida,
percorro suas doze casas e chego a certa conclusão sobre meu estado geral?Giro
uma roleta e se cair o número mais alto, então, estou legal?
Ou, alternativamente, como eu
posso saber que você está 100% comigo? Veja, é bem difícil estar 100% consigo mesmo,
então, imagina com outra pessoa. Sim, podemos estar 100% com determinado
aspecto ou questão em relação a outra pessoa. Mas, veja bem, mesmo assim
podemos ter uma segurança limitada a respeito disto, a garantia da palavra pode
sofrer oscilações e perturbações.
Estes dias fiquei pensando muito
sobre os 100%. Disse para mim mesmo que não estava 100%. E olha que foi muito
bom dizer o que eu disse, porque eu tava mesmo precisando admitir isso comigo
mesmo até para pensar mais objetivamente no que me falta para estar legal ou me
sentindo legal.
Quando a gente diz isso para si
mesmo ou para outro imediatamente vem a questão: mas o que é que te falta.
E daí começa aquela seleção e
revisão que sempre me faz pensar. Começamos a construir uma lista de coisas.
Vamos revisando a vida, o aspecto, a saúde ou a relação com uma espécie de
lista. E acabamos nos dando conta que esta lista é grande, mas que bem pensadas
as coisas não é tão grande assim. Existem prioridades nela e estas prioridades
vão mudando ao longo da vida. A gente vai negociando prazeres, desejos, gostos,
hábitos, costumes, vícios, excessos e cuidados. Às vezes somos provocados por alguém a pensar
assim. Às vezes esse alguém talvez nem perceba isso. Nem perceba que está
causando isso em você. (Confesso sim que usar “às vezes” é um vício de linguagem
meu, mas é em parte inegociável porque aponta para uma ocorrência importante na
vida da gente, para algo que não é freqüente e é ocasional, mas que nos dá
certo sobressalto e nos chama atenção pela sua importância. Poderia ser a hora
do espanto, ou do estalo ou do surgimento de uma consciência sobre algo do
seguinte tipo: olha isso de novo, mas olha agora com mais atenção.)
Estive olhando o filme sobre A
Teoria de Tudo estes dias. Aquela cinebiografia do Stephen Hawking. E no dia anterior tomei um porre com um
amigo, tocando violão e gaita de boca, falando do universo, dos seus limites e
da tese de que ele não tem limites porque o todo é para quem tem uma certa
perspectiva metafísica infinito e ilimitado.
Bem este amigo é um cara que teve
uma visão que nos salvou de morrer um dia. Vinha eu e ele caminhando pela Marquês na volta de um bar e
ele estendeu o braço para o meu lado e eis que paramos antes de entrar no arco
de visão de um motorista que fazia roleta russa na antiga esquina do Potatoes e
que com certeza se reduzisse sua velocidade por conta dos pedestres que iriam
atravessar a rua bateria em outro carro que descia também a Marques em alta velocidade.
( A velha esquina da Rua Oswaldo Aranha com a Rua Marques do Herval.) Bem, ele
estava 100% naquele momento!
E nós estávamos ali e eu pensava na vida e numa metafísica das
coisas, uma metafísica de todas as coisas. Para mim, já disse isto antes tudo é
energia ou matéria, mas tem no meio disso a nossa alma. E veja, aqui ela ocupa
o espaço do que chamei de intenção antes, pois é a alma que faz a s coisas
acontecerem. A matéria ou o corpo, nosso carro ou navio é só um suporte para a
energia, mas é a alma que faz os lances e os dados rolarem. Mas a alma precisa
ter vontade, precisa de seus motivos, desejos, gostos, paixões, idéias. A alma
é exigente ao extremo e acaba sendo educada e habituada por nós e nossas
relações também. Muitas vezes entro em dúvida sobre isto, mas me parece que ela
no fundo precisa de outra alma. Outra pessoa que lhe de reflexos e respostas
que ela mesma não consegue dar. Outra alma que a provoque ou até mesmo, sem
nenhum temor digo isto aqui, ela precisa sim de outras almas para ter tudo isso. E então na vida da alma surgem várias outras
almas.
Pois bem, após esta digressão anímica
e metafísica, então, dai entra aquela conta tua dos 100%. Pois eu cheguei a uma
chave sobre isto: eu reduzi tudo ao TESOURO. Isto é, para atingir os 100% temos
que ter o nosso tesouro. O 100% é o nosso TESOURO, nem mais e nem menos.
Anoto e já disse isso antes, que mais
é o CASTELO. Então para atingir os 100% é preciso: PROMOVER O ENCONTRO ENTRE O
TESOURO E O CORAÇÃO
É isso que te falta e que é
preciso. E isso não acontece todos os dias. Veja quando estamos 100% acho que
as coisas ficam mais claras e nossas escolhas também. Alguém para criar esperanças aqui diria que: O
amor nos deixa seguros. E isso é verdade. A gente sente firmeza.
E quando estamos 100% também
podemos ver quem não está - pode ser. Quando estamos 100% entendemos
perfeitamente o amor ou a possibilidade dele ou o seu sinal, a sua proximidade.
Quando eu não estou 100% eu sei.
E sei disso muito bem. Faço um baita esforço para tentar isso. Isso é muito
importante para mim. Lembro que escolhi um monte de coisas por isso, mas também
lembro que você pode ter amor e não estar 100% também
Uma coisa é certa o sofrimento é
algo que nos tira bem mais de 30%, mas não adianta mesmo dar tanta bola para
isso. Penso que devo andar bem relaxado em relação a estas coisas hoje, pois o
que vai ser será igual.
Não depende tanto de nós e de
nossas escolhas certos assuntos e acontecimentos. Temos que conviver com isso,
com nossa impotência em relação às escolhas de outros e suas manias ou opções.
E isso envolve também preservar uma parte bem importante dos nossos 100%, a nossa
dignidade que é fonte de equilíbrio e de segurança de nossa alma. E mesmo que
se deseje e se interfira nestes assuntos alheios a nossa vontade a única forma
de fazer a diferença é entender que diferença realmente deve ser feita. E isso
também é difícil, isso também não é dado num instantâneo.
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