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segunda-feira, 26 de agosto de 2019

LOUCO DE SEM VERGONHA


LOUCO DE SEM VERGONHA



Bolsonaro é um louco, é o que afirma em seu texto o ótimo jornalista Gilberto Dimenstein. Ele faz isso ao sugerir que listando algumas das manifestações e posições absolutamente insensatas dele, dá para fechar um quadro de loucura. Eu penso que ele fica na fronteira entre a loucura e a insensatez e o nome disso para as nossas avós e os antigos era outro.

Porém,  essa mensagem também permite perceber justamente essa outra forma de insensatez, que é julgar que um insensato é candidato a alguma coisa, é eleito e recebe um mandato ou mais e continua nessa marcha da insensatez, mas que é alguém que pensa solitário e ganha um crédito acidental dos demais.

O mesmo erro foi cometido com Hitler. Vejam o diagnóstico psicanalítico de 1943 dele publicado pela editora Leya.

A lista de exemplos de Dimenstein está correta e pode ser aumentada, inclusive, só que eu não gostei nada da qualificação ou diagnóstico de loucura, não porque Dimenstein não possa dar o diagnóstico que quiser, mas porque na verdade isso funciona da seguinte forma, assim com esse modelo de abordagem da insensatez política.

Então, o Bolsonaro é o louco, é o pirado, é o esquizofrênico, é o paranóico e, esse bando de gente ruim, perversa, grosseira, essa coleção de demagogos reacionários, estão se escondendo nas costas dele. Vamos dizer que se resolve o problema dele, seja de que forma for, fechando o diagnóstico e internando esse monstro de insensatez, tirando do poder, botando na cadeia, pendurando num poste como Mussolini na Itália, enforcando numa árvore, como no velho oeste, alguém acredita que estará tudo resolvido?

Surge um pequeno probleminha aí: e os outros?

Veja bem, ao contrário, você tem que bater sim na política e nas posições políticas que ele representa, para tirar as pessoas dos braços dessa insensatez e educar as pessoas para criar aversão a isso, mas isso não basta. Veja isso precisa ser feito  - não para eleger o PT ou a esquerda - isso pode ser possível ou não, mas para defender a democracia, para defender a volta de alguma margem de sensatez e a volta de algum progresso e ordem Institucional real para o Brasil voltar a ser feliz de novo, exatamente como diz o Lula, e acabar com essa onda coletiva de insensatez e retrocessos.

É verdade que só bater nisso ou só polarizar em relação a isso não vai derrotar essa mentalidade.  É isso que afirmam os defensores da terceira via. Porém, há também algo insensato na mentalidade deles também. Porque eles se avistam como alternativa para vencer os insensatos sozinhos e sem unidade com os demais. Isso só vai mudar se você não continuar assim. Você precisa se encontrar  com uma sensação real diferente dessa que, de fato, agora entendeu que tem mais gente como ele e passa a ter a certeza de que ele tem eco na sociedade e que esse eco na sociedade tem apenas aumentado devido a sua posição de omissão e de faz de conta que está fora dessa polarização. Para enfrentar isso, portanto, se você quiser se afastar dessa insensata ironia do destino, só com uma grande frente política nacional de resistência democrática muito ampla. Porque, você precisa reconhecer isso, vai ser preciso reeducar a sociedade e as instituições. Veja que isso inclui também setores da elite e de altos escalões da república e em diversos poderes de estado.

É esse, eu acho, que foi o erro de todos aqueles que o rejeitaram a priori e de forma inegociável desde o começo e até hoje, cometemos em relação a ele, durante todo o mandato dele de trinta anos como um príncipe maluco do baixo clero na câmara dos deputados. Veja que na época a proposta era não machucar não tocar nele e ele nesses trinta anos de deputado acabou sobrevivendo e crescendo. Só Maria do Rosário e alguns poucos deputados se ocuparam ou se postaram efetivamente contra ele. O erro foi tratar ele como louco e daí não precisava enfrentar ele porque ele é louco. Passado todo esse tempo alguns perceberam: mas já tem um bando de loucos que acreditam nele. Essa gente concorda com ele, porque essa abordagem grosseira da vida real é a abordagem mais simples e mais fácil dos problemas.

E foi assim que essa coisa maluca e insensata de reduzir dispositivos legais que garantem a segurança e a vida de milhões de pessoas foi jogada para o espaço. Tanto o debate e o raciocínio débil dos eleitores dele em relação às leis do trânsito, quanto em relação às armas, são parte dessa insensatez simplória e grosseira, mas é bom perceber que essa concepção tem um corpo bem mais amplo de propostas em diversos ministérios e não somente na boca do insensato e de alguns destacados seguidores dele..

Nossas avós diriam algo simples assim: esse cara é louco nada, esse cara é louco de sem vergonha. E com ele tem mais um bando de sem vergonhas e insensatos marchando na mesma direção e tentando levar toda a sociedade brasileira junto.

Na imagem a carta Zero do Tarô, o Louco ou The Fool.

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