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domingo, 25 de agosto de 2019

LEMBRANDO O ROMANTISMO E LORD BYRON


LEMBRANDO O ROMANTISMO E LORD BYRON

"É esse vazio imenso que nos empurra para o jogo, para a guerra, para as viagens, para uma ação qualquer, mas intensamente vivida, da qual a atração primeira é a excitação necessária para praticá-la".



Lord Byron

Nada mais juvenil e romântico do que lançar-se à aventura, ao risco da morte e expor-se ao domínio da incerteza. O romantismo evoca a imagem do solitário e heroico, daquele que atravessa a tragédia e sobrevive. E muitos procuram exatamente isso mesmo: uma forma de viver perigosamente e arriscadamente, buscando um triunfo existencial para levar pela vida, como se isto apagasse completamente a rotina e o tédio de seus compromissos banais e reais. O cotidiano da normalidade não dá excitações. É um impulso juvenil em busca do prazer e do gozo da aventura, um impulso pueril que é reencenado em toda nova geração por alguns jovens e que faz uma peneira dos jovens que sobrevivem a isso, orgulhosos de suas façanhas e sobrevivência e que compõe o luto de muitas famílias. Irmãos, pais, mães, tios e tias, avôs e avós e os amigos, colegas e vizinhos assistem isso. Essa aventura destemida, imprudente e audaciosa se encena. Alguns são bafejados pela sorte, outros pelo azar ceifados., Outros jovens ainda são preservados  pela proteção de outros adultos ou jovens, outros são fatidicamente retirados desse mundo, desaparecidos. Gerações inteiras viveram isto e muitas outras testemunharam este impulso em alguns de seus contemporâneos.

Uma colega minha lembrou a fala de um analista sobre este tema de que algumas destas pessoas simplesmente não conseguem viver o lúdico. Elas não se adaptam aos acontecimentos aparentemente triviais e banais.  Me parece que isto se apresenta também em uma incapacidade de viver o cotidiano como um domínio também aberto à invenção, à surpresa, ao improviso e à criação. Não conseguem viver o raro momento escondido na vida comum, sem buscar uma grave e radical distorção de sua própria realidade, sem um cenário novo ou excepcional que pudesse remover as amarras da normalidade.

Daí surge isto que Byron chama de vazio imenso – fonte de angustia ou ansiedade - ou que alguns da sua geração de aristocratas e nobres vislumbravam como um aterrorizante e gigantesco tédio. Um tédio oriundo da fartura, da abundância da riqueza granjeada por seus antepassados que conquistaram riquezas explorando o mundo, a natureza, os demais seres humanos e tudo que se lhes apresentasse pela frente.

O mundo é um mundo a ser conquistado na visão deles - o colonialismo, o imperialismo e o radical individualismo burguês olham assim - e as gentes são gentes a serem dominadas, exploradas e submetidas a uma nova ordem. Até mesmo Rimbaud viveu essa experiencia lançando-se aos confins da África.  

Não é isso a tal vontade de poder? Em sua realização máxima...."vamos dominar o mundo" e calhou de acabar por serem escravos desta vontade...escravos de uma paixão pela aventura.

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