A paixão pela filosofia, pela
ciência, pela psicanálise ou a busca da sabedoria - que muitos resumem como
auto-conhecimento, não é apenas uma paixão para si ou de si mesmo, é a paixão
de conhecer e compreender a humanidade inteira ou toda a partir de si mesmo.
Vira paixão e, portanto, te
captura a partir de um auto-exame e essa paixão se dá de muitas vezes de forma
consciente. Porém, também ocorre – essa paixão – de forma inconsciente ou
através da negação e da repressão.
Isso fica consciente, quando você
percebe que está usando a si mesmo para fazer isso. Quando você percebe que
isso é possível ocorre uma espécie de envolvimento maior com a compreensão e a
auto compreensão que parece te levar diretamente para a rede das ciências
humanas. Essa sensação parece te fisgar e te atrair para os conhecimentos das
humanidades, letras e artes. Você fica capturado por esse tipo de reflexão que
eu chamava de transitiva ou transitividade da compreensão. O contrário disso me
parece ser a negação do outro, a partir de uma perspectiva de que ele é
absolutamente diverso de ti e de que não há reflexão alguma que te faça
compreender ele, entender suas razões ou mesmo, para pegar um exemplo
paradigmático, colocar-se no lugar dele. Então, quero dizer com isso, que a
paixão pela sabedoria, pelas ciências humanas, é um ato de empatia.
Ela pode ocorre, é preciso
reconhecer ainda isso aqui ao final, de forma mitigada com menos consciência ou
até com mecanismos de negação do conhecimento, entendimento ou compreensão do
outro a partir de si mesmo, isto é, essa paixão pode ser inconsciente ou
subconsciente. Nesses casos, me parece que ocorre uma espécie de dinâmica de
resistência que reprime essa reflexão. Afinal, deve ser difícil comparar-se o
igualar-se a um outro que nos gera aversão, a buscar razões naquele sujeito que
te parece não possuir razões. Assim, pode ocorrer que essa paixão fique
adstrita aos julgamentos morais – de culpa, auto punição ou repressivos, como
diria Freud, mas nesses casos as pessoas ficam impossibilitadas de reconhecer
as motivações para a ação, mesmo as ações erradas no outro e passam a somente
tratar esse outro como um diverso negativo ou inferior de si.
Imagino que essa é a base da
discriminação, do preconceito e do raciocínio que leva uma criatura tão
miserável quanto as outras, a se sentir superior ou em um nível de justificação
superior para a sua existência em relação as existências dos demais.
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