AMOR E POSSE: FEMINICÍDIO
Estou triste com o que ocorreu em
São Leopoldo. Um homem de quarenta anos baleou no rosto uma menina de vinte
anos porque ela não queria mais manter o relacionamento e havia, inclusive,
solicitado medidas protetivas e restritivas contra ele. O fato ocorreu no mesmo
dia em que se completou mais um ano da sanção da Lei Maria da Penha que
estabelece essas medidas protetivas às mulheres vítimas de todas as formas de
ameaças, assédio e violência.
Me dói perceber que persiste essa
violência contra as mulheres que partem de homens que acreditam que amar elas,
namorar elas, casar com elas ou ter filhos com elas, fazem deles donos da vida
e do corpo delas. O conceito de amor e de posse persiste gerando essas
violências e causando muitas vítimas de feminicídio no Brasil. E tudo isso
ocorre num momento em que somos governados por pessoas que promovem e estimulam
diversas formas de violência verbais e não verbais. O escândalo da situação em
que hoje vivemos é tão grave que até mesmo o atual Ministro da Justiça ao
comentar, em cerimônia oficial, o aniversário da Lei Maria da Penha consegue
confessar a sua baixa compreensão desde tema. Disse o ministro Sérgio Moro que "os
homens cometem violências contra as mulheres por sentirem se intimidados pelas
mulheres".
Dada a expressão dele, a culpa é
das mulheres. Pois, eu creio que os homens só se sentem intimidados pelas
mulheres porque são incapazes de reconhecer a autonomia e a liberdade delas de
serem, pensarem, se vestirem e se portarem e decidirem as suas vidas e os seus
destinos como quiserem.
O fato é que há uma ilusão por trás
do machismo e da violência dos homens sobre as mulheres, de que somente os
homens t esses direitos e sai livres para determinar a vida e a conduta das
mulheres. E eles só pensam assim quando julgam que possuem elas, seja por amar
elas seja por compartilhar alguns momentos de suas vidas. A ideia de posse se
confunde com o amor e essa possessividade é uma violência contra as mulheres
que sendo silenciosa e tácita acaba aparecendo nas ações e nos gestos dos
homens que não suportam ser frustrados em suas vontades, desejos e decisões
pelas vontades, desejos e decisões das mulheres. É o pressuposto de uma imposição
natural da vontade masculina sobre a feminina.
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