“Outro fato
veio trazer problemas nos meses iniciais da ditadura estado-novista no Rio
Grande do Sul. Em abril de 1938 ocorreu um acidente que novamente preocupou
Viriato Vargas. Tratava-se do pedido de demissão do prefeito de São Leopoldo,
Theodomiro Fonseca, em decorrência de um desentendimento com Cordeiro Farias,
recém empossado no cargo de interventor. A renúncia do prefeito deu espaço às forças
oposicionistas ligadas a Flores da Cunha de articularem-se e buscar um nome
comprometido com eles. Em carta a Getúlio Vargas, Viriato esclarecia a
situação: “Há pouco deu-se uma desinteligência entre Cordeiro de Farias e
Theodomiro Fonseca, prefeito de São Leopoldo. (..) Era uma necessidade que ele
continuasse, é a única forma organizada que tem o novo regime aqui, afora São
Borja. E o Cordeiro via bem isto. Aliás, o Cordeiro não teve culpa alguma”.(
nota: 113. FGV/CPDOC, Arquivo Getúlio Vargas, GV.38.04.20/2.)
Como era
politicamente importante manter o prefeito, ele acabou ficando no cargo. Esse
episódio mostra que o Estado Novo não possuía no Rio Grande do Sul lideranças
políticas suficientes para colocar à frente das administrações municipais e até
do estado, necessitando angariar apoios de integrantes de partidos opositores a
Vargas antes de 1937. Não havia getulistas suficientes para administrar a
grande máquina pública criada ao longo do tempo pela experiência dos
republicanos rio-grandenses.” Assim, era
preciso confiar em getulistas “de última hora” e conter as oposições mais recalcitrantes.”
IN: KONRAD,
Glaucia Vieira Ramos. Os trabalhadores e o Estado Novo no Rio Grande do Sul :
um retrato da sociedade e do mundo do trabalho (1937-1945). Campinas, SP:
[s.n.], 2006, pp. 61-62.
Nenhum comentário:
Postar um comentário