Eu assisti este filme pela primeira vez na semana passada e foi uma verdadeira paulada na minha cabeça. Toca de forma definitiva em uma grande questão existencial. Acompanhei desde muito jovem toda a discussão sobre mulheres e sobre homossexualidade e este é um filme muito digno de reflexão sobre liberdade, culpa, afetos e mentalidades, submissão, remorsos, sentimentos e também sobre sofrimento psíquico. E também tem me impulsionado a fazer outras leituras feministas que vão desde Jane Austen, passam por Virginia Wolf e seguem adiante.
Sempre tive certo interesse pela condição feminina no século XX e todos os desafios que esta reflexão impõe ao pensamento e á nossa compreensão.
O que é liberdade? ou o que é livre-arbítrio? Como ser feliz?
E como as relações afetivas deveriam ser compreendidas e pensadas, num tempo em que não somos mais dirigidos pela moral convencional, pelas convicções de outros e nem mesmo devemos satisfazer os projetos de outros sobre nós. Num tempo em que a indeterminação do futuro é algo mais do que consciente e nos impõe muitas cautelas e delicadezas com o que nos aparece no presente e na compreensão do passado.
Bem, eu também recomendo muito o filme, o livro de Michael Cunningham em que ele é baseado e a obra de Virginia Mrs Dalloway, além das demnais obras de Virginia. É para mim algo fascinante o que Cunningham conseguiu fazer com este leimotiv de Virginia em três tempos e em três histórias paralelas, cuja diferença no tempo marca três tipos ou modalidades de compreensão em relação a algumas questões colocadas. Na primeira, trata-se de uma ficção subjetiva da autora, na segunda de uma vivência subjetiva da Sra. Laura, já na terceira de uma experiência compreendida socialmente, cujo desfecho final é a avô perante a neta afirmando claramente que "Não pode haver remorso, se houver escolha." Eu escrevo isto derramando abruptamente minha reflexão sobre o tema que me desafiou e porque estou muito sensibilizado de fato em relação a este tema, o filme e o livro e aquilo que ele nos traz à reflexão.
A trilha sonora de Phillip Glass The Hours é também maravilhosa e é o tipo de trilha que eu escuto sem titubear e que apoia um fluxo reflexivo ou de consciência permanente no filme.
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