Pode parecer uma provocação
esquerdista, juvenil ou pretensiosa, mas de fato vai chegando o dia em que este
tipo de apelo deixará de ser um apelo de uma minoria e passará a categoria de
movimento social político e organizado com poder de exigir, impor uma pauta e
dar até prazo de solução.
Isto é exatamente o que eu
prevejo que irá acontecer nos próximos anos, pois mais cedo ou mais tarde os
jovens, os educadores e os demais cidadãos vão apontar suas flechas de ataque
para aqueles que de fato acumulam, acumulam e acumulam riquezas com os sistema
de relações opacas e aparentemente invisíveis existentes entre os “interesses
do mercado” e as “necessidades dos cidadãos”.
Em outras palavras, entre a
vontade política de uma maioria não mais silenciosa e obediente e os
dispositivos econômicos, legais e de exploração que concentram poder e riqueza
nas mãos de muito poucos. De todos os comentários realizados sobre o livro de Thomas
Piketty o que mais me atraiu foi aquele que disse “esta verdade é o limite da
realidade descrita”. A partir da prova há que se medir e contar os dias,
semanas, meses e anos que tal concentração de riqueza há de se sustentar sem
sofrer a contra-fração política limitadora dos eu abuso, usura ou acumulação.
Use o conceito que quiser, mas parece mesmo que a exploração econômica e a
dominação política que a sustenta está com seus dias contados em alguma suave e
leve caderneta da história.
A minha percepção do problema
teve sua origem em certa leitura do problema entre Política e Economia presente
na citação marxista de Jean Baptiste Durosselle, em sua obra máxima de teoria
de relações internacionais, Todo Império Perecerá, da Editora UNB, que a certa
altura, nos idos de 2002, me levou a tratar analiticamente do conflito entre P
e E, da determinação entre P e E. A forma como Durosselle tratou disto foi para
mim um modelo, matriz ou paradigma que me levou a diversas formulações.
Na mesma época eu era, aliás, Conselheiro
estadual do Orçamento Participativo – sim no último ano do Governo de Olívio
Dutra e não poucos camaradas de jornada sabem que um dos nossos principais
problemas era justamente como inverter o poder econômico e submetê-lo a um
ditame político. Olivio de Oliveira Dutra enfrentou diversas versões deste
mesmo conflito. Começo com a primeira: A FORD, passo a segunda: a GREVE DOS
PROFESSORES DO CPERS, passo a terceira: A CPI DA SEGURANÇA, passo à quarta: O
PACTO FEDERATIVO E A DÍVIDA DO RS, e daria para sistematicamente prosseguir
enumerando diversos conflitos em que às razões econômicas calhou – com apoio da
mídia, do governo federal, dos partidos de oposição, dos “aliados”, se sobrepor
as razões políticas ou programáticas.
Vimos de forma muito objetiva que
não bastava a VONTADE POLÍTICA para realizar seus objetivos. Havia claramente
um outro poder que possuía supremacia – para bem além de ambições pessoais ou
ideológicas – se impondo e sendo enfrentado naquele governo.
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