Primeiro gostaria de
agradecer o estimulante artigo de um certo Bacharel em Direito – publicado no
Jornal VS meses atrás com absurdos gritantes, ele dissertou generalizando de forma bem imprudente sobre Autoritarismo na Educação, pois expõe
uma faceta na contramão da discussão sobre a educação pública que raramente é enfrentada
ou debatida com rigor. A saber, a forma como qualquer um, qualquer cidadão, tem
direito à opinião sobre a educação hoje, o que contrasta em muito com o que já
aconteceu no passado.
E devo também confessar
minha grande dificuldade em escrever sobre educação nos dias de hoje. Já fui
bem mais audaz e corajoso nisto. Hoje sei e tenho convicção de que para cada
tópico que eu tocar devem existir muitos outros seres humanos que sabem bem
mais do que eu ou que tem conceitos muito mais claros do que eu sobre este tema
de tanta importância.
E aqui não se trata
somente de uma voz da humildade ou de alguma ironia fina aqui, mas sim da
necessidade de reconhecer de saída que há ciência sobre educação, existem
pessoas com mais informação e experiências mais refletidas e medidas do que eu
sobre este assunto, apesar de ser professor a 20 anos e contar com uma memória
pessoal da minha educação com mais de 40 anos já.
Mas me ressalta – de
saída - o fato também que os agentes de educação podem ter pouca opinião sobre
as demais áreas de trabalho e assuntos públicos sendo em geral mais consultados
sobre seu próprio ofício do que sobre os demais. Cujo exemplo mais notório para
mim foi a três semanas atrás quando li uma entrevista com o Sr. Jorge Gerdau
Johannpeter sobre como a educação deve ser para satisfazer a expectativas das
empresas e da inovação industrial.
Eu também tenho opinião
sobre como as empresas deveriam se comportar e serem dirigidas para
contribuírem com a educação nacional, bem como, também tenho opinião sobre como
as faculdades de direito e os advogados, as faculdades de medicina e os médicos
deveriam se portar para contribuir mais com este país – e creio que se perguntares a todos os
educadores cada um deles te opinião também sobre isto.
Tenho algumas dúvidas
preliminares, porém, a que escolas este bacharel em direito se refere se são
públicas ou privadas? Mas adianto uma resposta que se subentende que deveriam
ser públicas e que o seu reclame pode ser dirigido a uma ou outra escola da
rede pública.
Mas também é notável a
mistura de motivos nos texto do autor.
E parece ficar evidente
que a consideração crítica dele parte de uma experiência pessoal que talvez
tenha sido infeliz ou não muito bem processada por ele.
Mas pode ser apenas uma
generalização também. Coisa comum nos tempos de liberdade de opinião em que
vivemos em que cada um diz o que lhe der na telha sobre qualquer assunto, com
pretensões de incidir sobre a a realidade ou a partir da sua perspectiva que pode
ser ampla, mediana ou até mesmo reduzida e estreita da realidade.
A saber, de que tipo de
opiniões, juízos, conceitos e contribuições a educação brasileira necessita
para atender aos grandes objetivos nacionais, elevar a escolaridade, elevar a qualidade da
educação, promover indiretamente a produtividade econômica, construir a
cidadania e melhorar a vida do nosso povo dando lugar nobre e valorização
adequada aos talentos nacionais que nossos jovens carregam seja por herança
cultural, seja por inovação audácia e criatividade
Uma generalização,
entretanto, imprudente e sem base na realidade é tão autoritária quanto um não
mal dado ou mal recebido. Na democracia estas dores, porém, tem seus efeitos
atenuados, porque sempre haverá espaço para a divergência e o debate, mesmo que
exista um oceano carregado de entulhos e resíduos de desentendimento sobre
certas questões.
Outro aspecto é
relativo ao conflito na escola ou em qualquer espaço social. A questão não é sobre
a existência do conflito é a forma como se resolve o conflito. E se o conflito
tem solução racional e pactuada entre as partes pelo bem da educação, dos
educadores e do educando. O fato de alguns educadores erguerem suas vozes
também preocupa muito porque deveria nos levar e refletir por que um não
precisa ser dito de forma tão grave ou porque alguns alunos só escutam ordens
quando estas lhes são dadas aos berros?
Também há a dificuldade
de se ter a mesma perspectiva que o autor em relação ao nível e a escolaridade
dos pais dos alunos. Não creio ser o caso que muitos pais e mães de alunos
terem nível superior.
Nada disso, entretanto,
impede a participação e a contribuição dos pais de forma mais intensa na
escola, junto aos filhos e nos estudos dos filhos.
A tendência a se buscar
soluções absolutas é comum quando não se compreende os processos sociais e nem
as etapas e ritmos próprios da escola, da sociedade e dos alunos.
(nota do texto anterior) Uma distinção entre opinião e conhecimento do
professor Fabio Ribeiro Mendes, inseridos no seu Livro Iniciação Científica:
Para Jovens Pesquisadores, cujo texto á pagina 17, Ciência e opinião, praticamente reproduz a posição de
Platão de modo a gerar compreensão e distinção
básica entre discursos de ciência e discursos de opinião.
Assim, defendo o uso de
certa distinção entre três tipos de discurso: o discurso de opinião, o discurso
informativo e o discurso de conhecimento e tenho dito que há dentro destes,
também, distinções de grau quanto à qualidade – profundidade e precisão - do
conteúdo apresentado, sua forma e, ainda, quanto a sua relevância para
compreender a realidade, os pensamentos ou as idéias das pessoas que são
apresentadas em discursos diferenciados, sobre diversos assuntos. Compreendo,
também, que isso enfim é muito importante para nossas análises de discursos – e
introduzo em aula exemplos de diversos tipos de fontes de opinião, informação e
conhecimento
Por óbvio à nossa
observação final, é preciso se compreender que não se trata mais de um contexto
em que temos exclusivamente os discursos dos sofistas e dos filósofos, do
populacho na ágora e dos sábios. Que no mundo de hoje multiplicadas as mídias
passados já 500 anos da invenção da prensa de Gutenberg, da impressão de
livros, jornais, revistas, folhetos, panfletos, do rádio, da internet,
televisão e cinema, telefone e celular há uma multiplicidade de discursos que
permitem que se exercite o discernimento tanto de seu caráter como dos seus
graus de aprofundamento, precisão e rigor.
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