Na aula de filosofia para os
terceiros anos (3M2, 3M1) na sexta pela manhã e na segunda pela manhã – apesar
das minhas limitações desta semana derivadas de intensas preocupações com a
saúde de minha irmã - fiz certa revisão dos conteúdos, realizei uma Reflexão
sobre Limites e Possibilidades, realizamos uma Sondagem Diagnóstica sobre o que
eles haviam estudado de filosofia antes e, concluímos, construindo uma Projeção
das próximas 36 semanas deste ano letivo a partir disto.
A Revisão dos Conteúdos desenvolvidos
nas primeiras semanas de aulas, com as questões sobre Atitude Filosófica, a
Origem da Filosofia, Definição de Filosofia e História da Filosofia (umas dicas
boas do primeiro capítulo de A Iniciação da Filosofia de Marilena Chauí), sobre
a questão de como é possível pensar diferente da tradição, da maioria ou de uma
doutrina dominante, com a devida introdução à Tales de Mileto, ao ambiente
grego anterior ao surgimento da filosofia que passa pela Paideia de Homero via a
Ilíada e a Odisséia, a mitologia grega, as relações comerciais com os outros
povos, as viagens e navegações, e hoje em especial lancei o debate sobre porque
o confronto com a finitude nos desperta para a liberdade e a reflexão
existencial.
No caso, o tema é Reflexões sobre
limites e possibilidades, iniciamos perguntando por qual é o único limite à
nossa existência, para concluir que todo o resto são possibilidades daqui até o
fim. Que estas possibilidades são disponíveis para nossa escolha e que somos
responsáveis por estas escolhas. Somos, apesar de toda a tensão para que
pensemos diferente disto, completamente livres para escolher as possibilidades
a se realizar em nossa vida daqui até seu fim. A importância desta reflexão é
que ela coloca o campo de realização e interrogação sobre o que fazer e o que
pensar no âmbito do viver, abandonando a perguntas científicas ou religiosas
sobre “o de onde viemos?” e sobre o
“para onde vamos?” e vai nos tratando do “como vamos viver?” e que escolhas faremos
para esta vida. As perguntas são religiosas ou científicas porque são duas
formas de respondê-las e porque ambas ultrapassam os domínios de nossas
existências individuais.
Também realizei uma sondagem e um
diagnóstico e reconstrução sobre o que eles estudaram de filosofia nos anos
anteriores, consultando cada aluno e aluna de modo a constituir uma lista para
depois projetar o último ano de filosofia deles, sem seguir os tempos e
conteúdos do plano contínuo e sistemático de curso de filosofia da área de
humanas e abrindo espaço para consolidar algo do que eles já viram e incluir
algo que eles desconheciam tanto da história da filosofia como de algumas
questões conceituais.
O resultado da sondagem, que vai
me levar a um diagnóstico sobre a formaçõa filosófica deles, a que também pode
ser considerada um levantamento foi o seguinte: Eles estudaram, pesquisaram e
conheceram as vidas e as idéias de Sócrates, Platão, Aristóteles, Karl Marx e
Nietzsche, realizaram trabalhos sobre os Irmãos Villas Bôas, Che Guevara e
Martin Luther King, Nelson Mandela, Malcoln X, John Lennon, Dorothi Stang, Rigoberta
Menchú, Martinho Lutero, e alguns
alunos consideram – com razão – Emile Durkheim e Max Weber pensadores também,
tendo estudado estes dois em Sociologia. Trata-se de alunos que tiveram
professores diferentes em outras escolas e alguns receberam lições de meus
colegas de Olindo.
Bem, fiz um registro breve que
tive contato com os gregos clássicos a partir de Sócrates e Platão muito cedo e
que meu acesso a eles era voluntário e autodidata, e que Marx me foi
oportunizado pela militância política precoce e que jamais tive contato com
qualquer filósofo nas escolas que estudei entre os anos 70 e 80. Informei que
Nietzsche foi um objeto do meu interesse voluntário a partir dos 17 anos. Disse
que considerava um privilégio eles terem tido contato já com “algumas
idéias” e “aspectos biográficos” destes
filósofos, mas me comprometo em dar acesso a textos deles e não somente recortes
de idéias ou coletâneas de idéias.
E então passei a apresentar um
plano de objetivos básico contemplando uma espécie de enjôo de alguns deles com
Marx e também para superar as lacunas em relação aos períodos da Filosofia
Medieval e Moderna e de um Panorama mais amplo da Filosofia Contemporânea que
vá para além de Marx e Nietzsche. Pontuei a necessidade de se ter uma razoável
visão do Idealismo Alemão e que também era necessária a leitura de textos dos
filósofos de modo a dar nas próximas 35 semanas de aulas um bom termo dos
estudos de ensino médio.
Ao final da aula, um aluno
perguntou quem eram os filósofos atuais e eu respondi que alguns nem são nossos
conhecidos ainda e que boa parte da sobras mais importantes em filosofia estão
sendo produzidas hoje. Mas trouxe o debate para o Brasil e fiz questão de
mencionar o mestre Gerd Bornheim e uma idéia dele que, em especial, me vale
para a reconstrução do Encontro destes jovens com a filosofia. Na obra Introdução
ao Filosofar: o Pensamento Filosófico em Bases Existenciais. São Paulo: Globo,
1989, que é na verdade a tese de livre docência dele defendida em 1962 na
UFRGS, então Universidade Estadual, sobre o tema geral.
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