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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

BRESSER-PEREIRA VOTOU EM DILMA E MARCOU PARA MIM O FIM DE UM CICLO HISTÓRICO NO BRASIL

Um dos intelectuais que mais respeito, por sua história e posições econômicas e políticas no período da redemocratização, foi do grupo dissidente do PMDB nos anos 80 que formou o PSDB, com Covas, Montoro, FHC, Serra e etc, foi fundador do PSDB, que se afastou do PSDB logo após a eleição de 2010 e o debate entre Serra e Dilma, abre seu apoio a Dilma Rousseff. E também é um dos advogados da tese de que um pacto social no Brasil é uma alternativa progressista à modernização conservadora e que o método e a estratégia deve ser democrática. Defende também ampliar o controle do estado pela sociedade, políticas de transparência e modernização do estado brasileiro. E, acima de tudo, a redução das desigualdades sociais e a geração de oportunidades. 

Aqui tem referencias a posições dele e a alguns textos originais Sobre o Mensalão e as Elites aqui e Por uma ideia de nação - http://www.bresserpereira.org.br, Sobre a semelhança entre Marina e Aécio http://socialistamorena.cartacapital.com.br/ de sua tomada de posição para a esquerda e por volta de no primeiro turno forma mais explicitadas e o vídeo (Luiz Carlos Bresser Pereira, fundador do PSDB e ex-ministro de FHC apoia Dilma 13 ) em que ele lê para um platéia de intelectuais, artistas e militantes seu apoio no segundo turno . 

LUIS CARLOS BRESSER PEREIRA toca nos temas de gestão pública, políticas públicas e para quem não sabe é um dos responsáveis pelo primeiro ensaio de Pacto Político para o cenário de superação da Ditadura Militar e a redemocratização do Brasil, além disso, tem muito a nos dizer sobre desburocratização, desigualdade social e teorias do desenvolvimento econômico. É para mim uma grande referência teórica e política, mesmo tendo passado pelo PMDB e PSDB sempre manteve uma posição digna e rigorosamente impecável. E é uma das bases para as minhas análises e interpretações e ensaios sobre a dinâmica, a evolução histórica e os movimentos de deslocamento do espectro político brasileiro no período de 1979 até hoje. Que uso em minhas análises e opiniões sobre o PT, PSDB e PMDB. Quando saiu do PSDB em 2011 disse o seguinte que, segundo ele, caminhou de forma definitiva para a direita ideológica:

"Na época da fundação, o Montoro não queria o nome de social-democracia para o partido, porque Montoro tinha origem na democracia cristã, que a vida inteira tinha lutado contra os social-democratas na Inglaterra, na Alemanha e na Itália. Nós ganhamos, pelo fato de sermos centro-esquerda. Mas aí ele dizia: 'Muito bem, mas e se esse bendito PT, que se diz revolucionário, que tem propostas para a economia brasileira completamente irresponsáveis, chega no poder ou perto do poder e se domestica, e se torna social-democrata, como aconteceu na Europa? Eles têm toda uma integração com os trabalhadores sindicalizados, que nós não temos, então nós vamos ser empurrados para a direita'. E foi isso que aconteceu."

Quem pertence a minha geração que acompanha esta geração de intelectuais dos anos 60 e 70 que, na longa história e em uma certa paralela intelectual á formação do PT e dos demais partidos de esquerda ingressou nos demais partidos de esquerda ou que se manteve no MDB e depois no PMDB e se bandeou para o PSDB parece mesmo o fim do PSDB. Depois do Bresser sair em 2011, creio que agora é o fim do PSDB mesmo, vai sobra somente aquele caco neoliberal e os retardatários de sempre na política para os quais a ficha não desce nunca. Gianotti confirma uma velha tese da gente: quando o último filósofo sair, apague a luz, porque acabou mesmo. nas últimas entrevista e debates que vi do gringo - ou do cara pálida - já me senti mal ao ver o contorcionismo dele contra o PT, Lula e Dilma. Mas eu creio que é uma pena a involução que o PSDB sofreu. Pois jamais imaginava que ele se deslocaria assim para um fim lá na ultra direita.

Veja o ponto de partida de Bresser em sua reflexão biográfica e interpretação conjuntural que segue:

"Na verdade eu comecei à esquerda –nunca extrema-esquerda, mas centro-esquerda –, andei para o centro meio sem saber e depois voltei para a centro-esquerda. Os velhos ficam mais independentes, não só financeiramente, economicamente, porque têm uma aposentadoria, rendas, o que for, e ganham certa independência de pensamento por isso. Entretanto, tem dois tipos de velhos. A maioria deles fica muito conservadora porque fica cheia de medos. Fica insegura. Agora, tem outros que ficam mais à esquerda, e acho que é meu caso. Aproveitam dessa maior liberdade para pensar autonomamente e dizer o que pensam. Tenho como um dos meus modelos Barbosa Lima Sobrinho, que foi um grande intelectual brasileiro e meu tio por afinidade. Morreu aos 103 anos e quanto mais velho ficava, mais radical, não em termos de esquerda propriamente dita, mas em termos nacionalistas. Eu, num certo momento na vida, já tinha resolvido minha parte financeira no Pão de Açúcar (foi durante 20 anos diretor-administrativo do grupo, entre 1963 e 1983) e podia escolher entre ser político e intelectual. No final, resolvi que ia ser intelectual. Mas isso só faria sentido se eu aproveitasse a inteligência para pensar autonomamente. Tenho um amigo que fala que eu digo coisas “impróprias”. E acabei de fazer uma coisa “imprópria”: defendi firmemente o voto na Dilma quando sei muito bem que a minha classe social aqui em São Paulo não é que não vai votar na Dilma, tem ódio da Dilma. Mas pensei: se eu não fizer isso, se não tiver a capacidade de enfrentar a minha classe, os amigos etc., aquele compromisso de intelectual autônomo se esvaziaria. Por outro lado, tenho a visão de que o verdadeiro político é o republicano. Também sou político no sentido de intelectual público. E o que é um político republicano? É aquele capaz de tomar posições mesmo que elas sejam contrárias a seu interesses, mas que estejam de acordo com o interesse público. Isso muito pouca gente pode fazer, então eu espero que possa."

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