A Dilma tem um currículo muito bom e um perfil comum a
certos militantes da melhor estirpe do PT. Militantes estes que às vezes são desprezados,
porque não trabalham com tanta visibilidade, mas sim nos bastidores e no apoio
aos candidatos, aos gestores e aos dirigentes. Alguns ganham visibilidade por
conta da necessidade e do seu reconhecimento pelo coletivo partidário e muitos
trabalham dedicadamente nos bastidores. São aqueles que dão a base racional e
também técnica ao partido. E no PT muitos deles são oriundos e iniciaram com
muita militância e forma com o tempo adquirindo mais e mais formação. Você vê
eles – bastando descortinar a primeira face das políticas públicas - em todos
os programas que o PT implementa em secretarias de prefeituras, de estados e
nos ministérios do governo federal. Junto
com o povo, os líderes, os filiados e simpatizantes eles são um grande
patrimônio do PT e trabalham de forma muito generosa e sem vaidades ou
veleidades. Dilma foi durante muito tempo isto à sombra de outras lideranças
que eram projetadas eleitoralmente. Foi uma tirada genial do Lula indicá-la, foi
um acerto também do ponto de vsita de se elevar a exigência na qualidade de
gestão, pois deu voz a todos que fazem este papel e cumpriu a grande tarefa de
elevar o patamar de exigência e qualificação para todos os candidatos do PT. Tu
imagina que hoje no PT não é mais difícil se exigir cada dia mais qualidade e
capacidade dos candidatos e neste caso qualidades para o trabalho, não somente
carisma e popularidade. Eu poderia dizer
que ela representa também o fim das primas-donas ou das belas-donas no PT. E o
confronto sério em duas eleições com a
Marina marca isto para mim. Na resposta coletiva ao mensalão, a única coisa que
nós do PT sabíamos é que precisávamos trabalhar, trabalhar e trabalhar para
fazer jus aos nossos mandatos e manter o apoio dos eleitores. E Dilma foi
fundamental nisto no governo federal assim como muitos outros no resto do país.
Precisava trabalhar e mostrar resultados e atingir resultados melhores. Esta é
a parte boa do mensalão, nos focou em mais trabalho e numa política melhor. Dilma
fez isto muito bem. Ela é uma grande trabalhadora. É investigadora,
formuladora, organizadora e, portanto, não dá ponto sem nó. Ela trabalhou numa
das organizações clandestinas mais estruturadas na resistência a ditadura
militar e quem conhece as façanhas do Lamarca e as peripécias desta organização
respeita muito ela.. Não se trata de fazer elogio ao terrorismo, mas sim em
admitir que ela sobreviveu e venceu a ditadura e suas perversidades e saiu dela
defendendo a democracia e a luta política á luz do dia e não na
clandestinidade. Dilma tem esta característica também pois tem predileção por
coisas postas às claras e com clareza. Quando você vê ela falando percebe que
ela tem verdadeiro horror a imprecisão ou confusões retóricas ou conceituais.
Além disso, atuou em gestão em Porto Alegre Capital do RS, atuou em Gestão
Estadual duas vezes (com o PDT em 1990 e com o PT em 1998 a 2002), foi
pesquisadora na FEE - Fundação de Economia e Estatística Siegfried Hauser do
Estado do RS, que é uma das melhores instituições de pesquisa e análise em
economia deste país, foi ministra e ministra chefa do governo Lula e sempre fez
trabalho militante de base. Quem conhece a trajetória dela não tem nenhuma
dificuldade de perceber suas qualidades, compreender seus conceitos e explicar
suas razões quando ela as apresenta. Ela junta traços de pelos menos três
grandes tradições políticas brasileiras muito respeitáveis e que merecem mais
consideração em outro momento com uma dose de planejamento sistêmico e
setorial. Ela trabalha com facilidade com metas e propostas e é perfecionista e
muito exigente sim. Não precisa ser um expert em política para perceber que ela
sempre gosta de pegar a questão inteira e tratar da totalidade de um tema e
jamais fica no varejo ou presa aos detalhes, articula sempre a parte e o todo e
nunca deixa uma questão perdida na sua agenda. Não é difícil mesmo notar estas
características nela e a Marina ainda deu canja na ocasião em que a acusou de
não ter experiência política o que foi uma baita tolice dela porque deu a deixa
para a Dilma jogar e muito bem para a torcida com o sua proposição
incondicionada : todo e qualquer brasileiro pode pretender ser presidente da
república! A Marina perdeu o ponto nesta questão, claramente. E ainda abriu a
atenção para uma identificação do eleitor com usa presidenta.
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