Penso que quem discute
alfabetização, tempos de alfabetização e todas as teorias sobre múltiplas
inteligências e sobre o grande desafio de aprender a escrever e se preocupa com
educação deveria muito dar uma espiada na biografia de um dos maiores
escritores e oradores da língua portuguesa. Padre Antônio Veira, que para mim
era simplesmente um gênio, pois tudo que li dele é assombrosamente avançado e
libertário, aprendeu a ler em um "estalo" aos 13 anos.
Veja o relato de Alfredo Bosi:
“O adolescente António, aluno dos
jesuítas no Colégio da Bahia, sofria vexames entre colegas e mestres, pois não
conseguia recita de cor os textos latinos que eram matéria obrigatória nos
seminários da época. Rezava fervorosamente diante da imagem de Nossa Senhora
das Maravilhas (maravilhas queria dizer, então, milagres) para que o curasse
daquela fraqueza de memória.
Um dia, em plena oração, sentiu
uma fortíssima dor de cabeça acompanhada de um estalo que quase o prostrou. Em
seguida desanuviou-se a sua mente a tal ponto que se animou a debater com os
colegas em torneios em que as citações dos autores canônicos eram o prato
forte. E, suplantando a todos, demonstrou, daí em diante, a memória prodigiosa
e o engenho agudo que lhe dariam a glória de maior orador sacro de nosso
língua.”
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