Assisti todo o debate, que é apenas o primeiro dos quatro
debates do segundo turno, e considero que AÉCIO não pôde sequer respirar e
pegar ar.
E foi um debate que mostrou todas as nuances dos candidatos
e foi um debate privilegiado porque exibiu claramente o confronto dos
candidatos, dos programas e também de natureza emocional e de caráter.
Para quem esperava certa concentração e bate-bola em temas
de Política Econômica, Corrupção e Programas Sociais, o debate avançou com o
pulso e o timing impecável de Dilma sobre estes temas construindo um ônus em
todos eles que o adversário jamais imaginava que recairiam sobre si.
Tanto os aspectos discursivos que trataram destes temas,
quanto os fatores psicológicos, comportamentais e dos perfis dos candidatos
ficaram muito visíveis e ganharam mais nitidez ainda.
As reações de um Aécio descontrolado, erguendo sua voz e seu
dedo em riste frente aos ataques de Dilma são a camada mais visível do massacre
psicológico e moral que assistimos.
Nos próximos três debates, desta quinta-feira no SBT, no
próximo domingo, o da Rede Record e, finalmente na Globo o debate que ocorrerá
na sexta-feira, a antevéspera do dia da eleição, ela deverá prosseguir neste
massacre.
Neste sentido a Presidenta Dilma encontrou o tom e definiu
claramente uma estratégia de ataque que responde nitidamente ao discurso de
AÉCIO e dos opositores do primeiro turno com toda a clareza e precisão.
Não ficará pedra sobre pedra e é isso que deu a impressão
para alguns – e a claque ou turma de apoio de Aécio sentiu isso – que Dilma
parecia a candidata de oposição.
Na minha franca opinião Dilma acabou com ele em todos os
temas tratados e em todos os blocos.
E todas as respostas irônicas de Aécio vão cair no mais
completo esquecimento da opinião pública.
Um desavisado eleitor que assistisse o debate pela primeira
vez teria anotado na caderneta pelo menos 4 situações em que Dilma jogou com
seus golpes o Aécio na lona.
Apesar da sua reconhecida dificuldade para articular as
palavras - o que atrai os adversários sobre os aspectos de sua dicção - que ainda
apareceu neste debate como resultado de um excesso de auto-controle; ela evitou duas coisas claramente: o
tradicional banho de números e de precisão em números de sua gestão – que é
admirável mas que desvia o foco do aspecto mais emocional dos debates e passa a
impressão tecnicista - e manteve a sua agressividade natural sob controle.
Do começo ao fim, aproveitando seu tradicional destemor e
capacidade crítica ela acabou com todos os itens da pauta e parecia sempre ter
a dianteira, mesmo quando Aécio perguntava.
Ao longo do debate o perfil e a expressão facial de Aécio
mudou de figura de forma marcante.
Me pareceu por isto que ele foi amassado, triturado, lascado
e liquidado por Dilma.
Iniciou o debate rindo o tempo todo e se expressando como um
engraçadinho, mas foi sendo emudecido até o ponto que, ao final, quando sorria
parecia mais um riso disfarçado e nervoso do que triunfal.
Creio que pegou muito mal aos expectadores aquele olhar irônico
e cínico dele na arrancada do debate e que aquilo ajudou muito a Dilma como uma
pedra de toque ou cabeça de ponte para a sua ofensiva.
Me parece que, sem a menor dúvida, a melhor contribuição
dele neste debate foi provar que o povo brasileiro quer ser levado à sério, e
que ele não leva à sério sequer a sua adversária, parecendo desrespeitá-la
escancaradamente, com ar de deboche ou uma superioridade fantasiosa.
O adversário começou com aquele risinho tradicional e
fazendo aquela carinha de presunçoso, mas toda a sua ironia e seus sarcasmos
fugiram quando Dilma o nocauteou claramente sobre os seguintes pontos:
Corrupção - Aonde estão? Os responsáveis pela Pasta Rosa,
Sivam, Privataria, Mensalão Tucano, Trensalão?
Nepotismo - emprego para irmã, três tios e três primos Dr.?
AEROPORTO DE CLAUDIO - processo crime de improbidade
administrativa correndo.
Nocauteou também sobre a gestão de Aécio em Minas Gerais e
usou bem a Derrota do candidato de Aécio no primeiro turno em MG, para Fernando
Pimentel do PT.
Além disso, criou o momento talvez mais duro da vida de
Aécio Neves em debates políticos quando com certa acribia e tranqüilidade
questionou o candidato adversário sobre as políticas de combate a violência
contra a mulher.
O riso nervoso de Aécio foi tão indisfarçável que
provavelmente ninguém lembra da resposta dele, mas todo mundo deve lembrar que
os seus ombros foram se curvando sobre o seu corpo e que ele de certa forma
diminuiu de tamanho frente às câmaras da tevê Bandeirantes.
O ataque de Dilma à fábulas de Aécio, foi a melhor resposta
dela às acusações sistemáticas dele de leviandade e de mentira.
E a primeira fábula derrubada foi a gestão de Aécio em Minas
Gerais que foi desmanchada no que toca às dividas que aumentaram, aos índices
de segurança e violência que se agravaram sobre jovens entre 16 e 24 anos,
conforme o Mapa da Violência no Brasil de 2013 , aos indicadores na área da
educação e da saúde – um Samu que não funciona e chegou até o uso não explicado
e não transparente de recursos públicos para financiar a rede de rádios da
família de Aécio – último item que pode vir num dos próximos debate com força.
A segunda fábula consiste na persistente mitomania dele de
atribuir ao bolsa família o DNA tucano, o que para o jornalista Boechat da Band
é uma questão de interpretação, mas que para Dilma envolve a compreensão da
dimensão e da metodologia do programa Bolsa Família.
A terceira fábula é a meritocracia que Dilma suavemente
desconstitui ao apontar que um governador que contrata quase 100 mil servidores
a título precário, com legislação frágil que foi derrubada pelo STF, obrigando
a demitir todos os servidores contratados neste regime, não pode mesmo falar de
meritocracia.
Muitos comentários ainda virão sobre este debate, mas eu
creio que a tendência da Dilma sair da defensiva e ir para o ataque aponta que
Aécio agora tem sinalizadas as balizas e Dilma poderá decidir avançar mais
sobre o adversário se julgar necessário ao limite da desmoralização completa
dele, o que pelo bem da democracia ela claramente evitou ontem, com as evasivas
e as respostas histriônicas e diversionistas dele.
Por fim, portanto, fica óbvio que Dilma pode bater muito
mais, mas não creio que ela irá adotar este modelo até o fim, posto que após
controlar seu adversário, deverá mostrar melhor e com mais tranqüilidade ainda
os êxitos do governo e também apontar as novas propostas.
No geral, ela foi muito bem neste ponto e a fala final é um
primor em clareza e articulação dos seus objetivos colocando a educação como
base e espinha dorsal organizadora e promotora do novo ciclo de desenvolvimento
do Brasil.
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