A velha novela do golpismo volta
pelo que tudo indica ao panorama brasileiro neste segundo turno. E para o
golpismo antidemocrático qualquer razão serve, mesmo a pior, mesmo aquela sem
fundamento ou razoabilidade alguma. É uma lógica da irresponsabilidade que é
consagrada já na direita e ultra direita pelo mundo e que neste país já fez muitas
das suas. Esta lógica é muito semelhante
aquela que levou os Estados Unidos á invasão do Iraque, sob o argumento de
armas químicas, nucleares e etc; isto é, se há 1% de chance, então é suficiente
para determinar um curso de ação.
Isso se chama insensatez e
leviandade e só tem levado os países onde ela é adotada a tragédias e a danos.
Esta lógica tem uma longa história no Brasil e tem sido aplicada sempre que os
governos progressistas, trabalhistas ou populistas possuem aprovação nas urnas
e aceitação popular implementando políticas que desenvolvem o país e constituindo
políticas sociais . Vem dos mesmos setores e segmentos conservadores e
reacionários que fizeram tal coisa com Getúlio Vargas em 1954, são aqueles que
tentaram impedir Juscelino Kubitschek de tomar posse e pintaram e bordaram
durante todo o seu governo contra qualquer política desenvolvimentista, com
Jânio Quadros arrefeceram, mas passaram o governo inteiro propondo retrocessos,
com a renúncia de Jânio e a posse de João Goulart inventaram de tudo, de um
Parlamentarismo que mitigasse o poder da presidência da república, aquele que
foi derrotado em plebiscito e indo até o golpe militar.
Na ditadura esta rede globo, suas
afiliadas e outros órgãos de imprensa defenderam o governo ditatorial em troca
de benesses e por afinidade ideológica autoritária, assim sem nenhum escrúpulo
em troca de ampliação de seu poder e da concessão de mais e mais redes
afiliadas, como a RBS aqui no RS. E vimos que isso levou a um abafamento de
nossa luta pelas diretas entre 1983 e 1985, e que nas eleições de 1989 este
poder taticamente foi exercido com muita precisão e eficácia através de dois
instrumentos e episódios muito ilustrativos, a edição do debate Lula e Collor
no segundo turno da eleição de 1989 e a exploração no Sequestro do Empresário Abílio Diniz que buscou criminalizar
o PT e responsabilizar o PT.
Não se admire que, desde a posse
de Lula, em 2003, são nesses organismos de comunicação que se abrigam os
adversários do governo, que se promovem as versões dos fatos, que se encobrem a
corrupção e os insucessos de seus governos conservadores – “até o limite da
responsabilidade” - e que é a partir deles que eles tentam, a qualquer preço,
num regime do vale-tudo, contra a verdade dos fatos, contra qualquer
razoabilidade e em desespero de causa, derrotar o governo que mais promoveu
justiça social neste país e que mais promoveu combate à corrupção. O
manchetômetro exemplifica isto
claramente. E esta tendenciosidade a explorar isso e esconder aquilo, lembrando
a lógica do ex-ministro Ricúpero: "o que é bom da gente, a gente mostra o
que é ruim a gente esconde" que só vale ao PSDB, PMDB, PP, DEM e outros no
poder. Assim, se o PT fizer melhor governo eles encobrem, se o PT combater mais
a corrupção eles encobrem, e se o PSDB, PP, DEM ou PMDB, promoverem ou se envolverem
em corrupção e realizarem péssimo governos eles encobrem também. A lógica ficou
conhecida aqui no RS por uma moralidade seletiva muito comum no Senador Pedro
Simon, que acaba de não se reeleger. Do Mapituba para cima ele condenava e
gralhava contra o mensalão do PT, e do Mapituba para baixo ele silenciou durante
todo o governo Yeda no que toca ao famigerado escândalo do Detran.
O PT então combateu sim a
corrupção e fez um governo muito melhor que o PSDB no Brasil em todos os
quesitos. Para verificar estas duas afirmações basta buscar por si mesmo os
indicadores, os sinais e os registros disto. Porém, a desconsideração pelos
indicadores objetivos e positivos da economia brasileira, a boataria golpista e
o moralismo ingênuo não fazem bem ao Brasil. Um bando de irresponsáveis e
aventureiros, com apoio de uma mídia estrábica que só vê um lado, e o falso
moralismo abraçados com o firme propósito não de tirar o PT do poder, mas de
interromper o ciclo de desenvolvimento
com distribuição de renda e a defesa de um estado republicano. Isso ocorreu
claramente a partir das manifestações de junho do ano passado e contra a Copa
do Mundo também.
Em alguns momentos chamamos isso
de complexo de vira-latas, mas é preciso ser mais claro e dizer que esta aposta
contra o Brasil, esta negação do Brasil que construímos e conquistamos se sustenta
de forma associada em duas velhas ideologias bem conhecidas que se encontram
neste propósito comum, de um lado, o neoliberalismo que faz esforço sistemático
para negar o papel do estado na economia, seja para intervir seja para
estimular - o que para as empresas deles não vale - e, de outro lado, uma
espécie de anarquismo mitigado, esquerdismo tardio e moralismo ingênuo que faz
da negação do estado, da negação da política e da negação dos partidos de
esquerda - mesmo com muitos deles exercendo funções em serviço público, obtendo
ingresso, bolsas, recursos e acesso - uma posição de conforto contra tudo que
está ai e aceitando e preconizando qualquer mudança. O nome disto é insensatez.
E esta forma só privilegia o retrocesso e faz vala comum de tudo que é diferente,
diverso e não realiza nenhum discernimento. O tom irônico e brincalhão, a
apresentação de deboches e ofensas, a desfaçatez disto é um ato de desmemória.
Só quem não lembra o que o
governo FHC fez com este país, ou não sabe ou não viveu é capaz de apostar numa
fantasia de que um playboy acompanhado da pior estirpe política deste país vai
fazer algo de útil, decisivo e superior ao que os governos do PT tem feito. E
não adianta dizer que o candidato não é FHC, por este candidato que hora se
apresenta é justamente a versão mais degenerada e decadente daquela política do
PSDB, que passou da compra da reeleição, pela Privataria Tucana, do Mensalão
tucano, pelo trensalão tucano e pelo famigerado Tucanoduto, todos casios encobertos pela imprensa,
omitidos pela imprensa e que não sofrem nenhuma pressão para serem apurados e
levar a condenações. Assim, para não variar o que se destrói com a omissão da
imprensa em São Paulo, a USP por exemplo que está nas cordas e o estado
paulista que mal consegue evitar a crise de falta água com total ausência de
planejamento, o que inclusive afeta a geração de energia naquele estado. E
pouca notícia tem sido dada ao fato de que o PSDB, o PMDB e o PP são campeões
de corrupção neste país. A carta da Lais
Gouveia que milhares de brasileiros compartilham aqui e ali, exemplifica esta
forma política tucana em Minas Gerais e nós aqui em São Leopoldo e no RS
vivemos o pior governo da história da nossa cidade com PSDB e PMDB na cabeça. E
o Governo YEDA foi o que foi aqui no RS.
Mas não vencerão, pois vejo a
cada dia que passa engrossar mais a luta em defesa da verdade e a tomada de
posição de amplos setores em defesa da continuidade do ciclo atual de políticas
públicas sistêmicas e setoriais. Não triunfarão, porque do outro lado muitos
percebem reagem e atuam contra esta aventura e irresponsabilidade.
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