Sobre
o debate de terça-feira passada entre os presidenciáveis estou progredindo
melhor hoje na análise. Eu entendi e entendo tudo muito bem, compreendo as
razões mínimas e máximas de cada um e de cada uma, mas não concordo e, também,
estou desesperado, mas não com uma derrota da Dilma, e sim com o padrão desta
democracia e com os riscos que vejo nisto tudo somado, se eu desaparecesse
amanhã eu diria uma única coisa: resolvam estas irracionalidades, casuísmos, oportunismos e opacidades.
Não
são somente os governos que precisam ser transparentes, também aos candidatos
cabe à máxima seriedade, transparência e honestidade em suas propostas e
deveria haver também certo mecanismo de regulação e aferição disto. Creio que é
muito feio ver as pessoas mentindo ou distorcendo fatos, e mentindo descaradamente
em rede nacional.
Pugno
por alguma medida para impedir o contágio e este vírus no nosso sistema político
pela irracionalidade que se espalha a partir de certos lugares comuns e
opiniões que dissimulam seus reais interesses e intentos. A decadência política
é algo que tanto se tenta evitar, mas que depende também do desmascaramento do
que se diz novo, mas que é realmente velho, do que se diz a mudança, mas que é
um retrocesso.
Quando
vejo a forma como a imprensa se comporta contra uns e a favor de outros sempre
lembro que esta tendência pode ser repetida conforme a onda contra aqueles que
eles apoiaram um dia. Aproveitar-se disto é promover este grande vale tudo, que
alguns consideram ser o campo livre da política brasileira, mas que representa
um déficit moral, democrático e republicano.
Eu
sei que não há dispositivo legal que impeça um pastor do tipo Tim Tones de
levar milhares de pessoas ao suicido coletivo ou ao sacrifício voluntário; eu
sei que nosso sistema democrático é muito democrático a tal ponto que frações
que não somam 1% dos votos sejam organizadas como partidos políticos e recebam
recursos públicos para dar show, vender idéias disputar a micro hegemonia e ter
espaço para suas platéias animadas e buliçosas; mas creio que deveria haver
alguma forma de impedir o espetáculo de irracionalidade que vislumbro, o qual
só pode ser compreendido pela nossa máxima tolerância ou total falta de juízo
sobre certas coisas e entre estas as coisas e os assuntos públicos.
Eu
assimilo o golpe do Debate e das diferenças arrazoadamente colocadas, mas
começo agora a ficar resignado porque vejo que não é só eu que não vejo racionalidade
nas causas, nas críticas e na propostas de alguns candidatos. Isso me dá certo
conforto, após o profundo desconforto que se abateu sobre mim quando afirmei
para mim mesmo em plena alvorada posterior ao debate que me lasquei. Desta
forma:
Eu
me lasquei...lutei boa parte de uma vida para ter democracia, 25 anos depois de
conquistar isso com o povo junto, tenho que assistir um debate para presidente
das 22:00 as 01:20 cujos protagonistas de oposição ao governo apresentam uma
coleção de bobagens e delírios e a parte pior é que todos eles tem atrás de si
partidos regularizados, organizados e estruturados em todo o Brasil, e a maior
adversária da minha presidenta - minha presidenta que pode não ser infalível,
mas é séria e de verdade - está montada num cavalo que não é seu, faz um
discurso para dizer que é seu e não tem um pingo de realidade e veracidade em
suas maior proposta de nova política. Ver o candidato do PSDB falar em
violência, crime, corrupção e nem piscar também foi algo. Ver a vala comum em
que a Luciana "meu pai é diferente" Genro coloca Dilma, Marina e
Aécio é de doer. Os mitômanos vou deixar para você pensar. Ver Eduardo Jorge e
aquele tom engraçado embaraçado e imaginar também o nível de raciocínio e de
visão estratégica desses caras também é de doer. Auditoria da dívida,
capitalismo internacional, elites brasileiras, sonegação, estado mínimo,
gerência do Brasil na boca dessa gente ganha sempre outras traduções. Me
lasquei, foi de doer: QUE PERIGO!.
A questão é justamente esta: não quem você
ataca ou não e como você ataca, mas sim com quais argumentos e quais conseqüências
se decorrem disto. Todas as ações políticas tem conseqüências e é muito difícil
realmente pensar no bem comum sem levar isto em consideração de fato. Vejo
neste debate toda a diferença entre realismo e idealismo, pragmatismo e
purismo, esquerda e esquerdismo. Entre o que chamo do jogo de vale tudo pelo
poder e este jogo que faz de conta que há alguma forma de indiscernibilidade
das coisas.
A
melhor parte da democracia é o confronto de ideias e os debates deveriam
apresentar isto. Neste confronto se depura o pensamento social de um povo e uma
nação. Creio que é algo que deveria ser mais trabalhado, pois não se trata
somente da conquista do poder, mas também da construção do pensamento nacional
sobre as coisas. Hoje em aula estava mesmo apontando para os alunos que os
encontros entre pensamento e poder mudam a história. E o máximo pensamento,
qualquer forma de racionalidade que apresenta-se de modo mais qualitativo e
verdadeiro caba por criar algum poder ou contrarrestar uma forma de poder
vigente e alterá-lo. O debate na terça-feira me aborreceu, mas há que se
admitir que se apresentou nele pensamentos alguns confusos e incipientes e
outros mais sólidos e com grandes vinculos com tradições que não queremos
abandonar. As eleições deste ano para mim sempre significaram um divisor de
águas e a oportunidade de fazermos um bom balanço do que fica e do que deve
sair nestes 25 anos de democracia brasileira e mesmo dos perdedores ou dos
vencidos algo deverá sobreviver e ser mais valorizado na mesa de desenho da
nossa sociedade. E dos temas que maios me chamam a atenção alguns tem muita
nobreza e devem ser vistos com mais atenção. A defesa singela da "paz e do
amor" pelo Eduardo Jorge, por exemplo, é bem mais revolucionária e
emancipatória do que parece, aceitem ou não aqueles que querem a revolução e
poder.
Isso
me dá esperança de correção e de que todo o mal e toda a distorção possível não
triunfarão.
Quando
a gente canta de verdade começa a não aceitar mais solos desafinados, fora do
tom e sem beleza. E a imagem que eu vi não era mesmo de uma polifonia de vozes.
Mas sim de uma orquestra dos horrores e que não se salva. A vagueza, a
dubiedade e a falta de significado das
palavras me preocupa e muito, não pela gramática, pela sintática ou a correção,
mas o sentido explicito e implícito disto. Mas uma coisa é certa para mim já:
tudo passa...e isso também passará...quanto aos custos e aos danos serão
distribuídos desigualmente para todos e aqueles que ora consideram a política
um objeto de diversão e brincadeira, hão de saber o que fizeram. De todo mal
que eu vejo e pressinto, somente um me comove: a injustiça e a dissolução da
boa arte.
Uma
narrativa - digamos ofensiva e proativa diria: estou à beira de decisões
difíceis. Nenhuma delas diz respeito ao que farei de mim, mas sim sobre que
armas usarei e de que modo farei dobrarem os sinos daqui por diante. Maquiavel
é um remédio sagrado para mim, cujo recurso só me autorizo por razão de defesa
da vida de todos, não por capricho ou ambição, nem por vaidade ou orgulho. Só
por precisão.
Isso
que assistimos esta semana como debate eleitoral teve seus momentos nobres ao
meu ver, mas foi algo deprimente em certo sentido porque se fizermos uma lista
de todas as proposições proferidas, não nos será muito difícil avaliar quais
tem racionalidade e quais são produtos do obscurantismo de um impulso
presunçoso e enganador sobre a inteligência da audiência e, num contexto de
debate, quais são evasivas, vagas e simplórias.
Não
é muito difícil se avaliar também quais proposições são verdadeiras ou falsas,
quais correspondem a fatos e quais
representam distorções de fatos. O domínio de incerteza e de relativismo também
tem seu limite na realidade e na correspondência efetiva a fatos. Não existe
uma coisa em si na política que permite com que cada um veja uma coisa de uma
forma diferente e nem há a possibilidade de fazer um mosaico das posições, opiniões
e pensamentos e se dizer que todas são verdadeiras.
Aquele
espetáculo assistido de cacos, fragmentos, estilhaços do passado me mostrou,
por fim, que a tarefa do PT não acabou. Ainda há um projeto sendo realizado e
construído com afinco e trabalho e que é legítimo em seus propósitos e tem razoável
eficácia. E Dilma não foi soberba nem arrogante frente aquela saranda toda.
Manteve sua direção e mostrou bem quem de fato tem visão de futuro, não pela
sua caixola, mas por representar um grande coletivo de pessoas que não querem
mesmo o mal deste pais e do seu povo e que não se servem do vale tudo, não tem
poderes externos ao seu favor, nem canhões de comunicação ao seu lado. E ao meu
ver, apesar do massacre sistemático que o governo sofre por grupos poderosos ao
ponto de mobilizar uma espécie de exército paralelo contrário ao seu trabalho e
do seu governo, ela mantém seriedade e a tranqüilidade necessária para vencer
E
te garanto que boa parte deste coletivo não está no governo, não é empregado
pelo governo, nem beneficiário de suas políticas sociais, mas que continua
mantendo sua aposta no Brasil e na mudança de nossa sociedade. Muitos petistas
que conheço nem querem estar no governo, só querem um país melhor e trabalham
seriamente para isso em cada canto que podem e em todos os espaços que ocupam
no mundo do trabalho, da cultura, da ciência e da tecnologia.
Me aborreço sim, mas confio no encontro entre pensamento e poder que levou este projeto a nos colocar onde e como nós estamos, ainda que seja verdadeiro que muitos não compreendem isto.
Não creio que o povo não saiba votar. Nossa democracia está em sua infância. 25 anos é muito pouco tempo para prender a votar e mesmo assim sei que o povo só pode aprender a votar, votando e assumindo sua parcela de responsabilidade com quem elege.
Fiquei pensando numa matéria e entrevista que vi na Globo News com Eric Maskin (Milenio Eric Maskin Discute como tornar a democracia mais representativa )sobre como tornar a democracia mais representativa. Este debate sobre a democracia e que me leva para o tema geral da reforma política, pois entendo que devemos sim adotar novos mecanismo de voto e fiquei muito bem impressionado com a solução ou método de Condorcet citado por ele para as maiorias reais em que os eleitores votam em seus três o quatro candidatos preferidos e que a eleição se dá sobre o melhor ranqueado.
Também dizer que creio que é necessário criar um sistema de barreira que elimine as minorias que não formam maioria e que simplesmente disputam espaço e midia com os debates. Não creio que não há nada que tenha sido apresentado e dito pelos grupos minoritários no debate .que não possa ser dito com mais convergência e precisão pelos majoritários. Neste sentido creio que certos aspectos da disputa de hegemonia devem passar das urnas para os partidos e para os plebiscitos.
De qualquer modo é preciso sim rearranjar o espectro partidário nacional e impedir o artificialismo e as legendas de aluguel que só servem para barganhar espaços e representar pobremente e sem dignidade posições diversas que podem ser sim incluídas em partidos já existentes. Não dá para ficar criando um partido para cada nova ambição de poder, e nem tanto lastro de pensamento que se apresenta ou que sente não representado. Não tenho a menor ideia como resolver isto, mas creio que precisa ser pensado também na reforma política.
Devo falar de parte do que me aborrece com mais detalhe emfim. O fato de Marina Silva não ter partido real e formalmente legitimado só mostra o quanto nossa democracia está num arranjo ruim que permite de ocasião uma candidatura cuja unidade política máxima e mais alargada é artificial e inconsistente, mas que, entretanto, disputa por acidente, tragédia, fatalidade e acaso ou destino a presidência da república com chances reais de vencer, mas cujos principais apostadores de ocasião não lhe dão sustentação política real alguma no futuro. E não digo isso por não respeitá-la, mas sim por não respeitar a tradição que a usa como títere e fantoche para voltar ao poder no Brasil.
Não acredito mesmo que a virtude seja preservada pela fortuna, pois cabe a virtude preservar a possibilidade de uma fortuna...portanto, não arrisco a apostar em aventuras na democracia e não creio ser sensato correr ou provar de novo este tipo de risco só por capricho e oportunismo.
E tudo se mostra nos pensamentos que os candidatos e candidatas apresentam. Na qualidade deles e no grau de seriedade e fiabilidade que racionalmente podemos lhes atribuir. Isso não significa que alguns pensamentos não possam ser melhores e avançar na democracia amanhã, mas ainda é bem cedo e precoce para tributar ao que se enuncia como novo uma saída segura.
Me aborreço sim, mas confio no encontro entre pensamento e poder que levou este projeto a nos colocar onde e como nós estamos, ainda que seja verdadeiro que muitos não compreendem isto.
Não creio que o povo não saiba votar. Nossa democracia está em sua infância. 25 anos é muito pouco tempo para prender a votar e mesmo assim sei que o povo só pode aprender a votar, votando e assumindo sua parcela de responsabilidade com quem elege.
Fiquei pensando numa matéria e entrevista que vi na Globo News com Eric Maskin (Milenio Eric Maskin Discute como tornar a democracia mais representativa )sobre como tornar a democracia mais representativa. Este debate sobre a democracia e que me leva para o tema geral da reforma política, pois entendo que devemos sim adotar novos mecanismo de voto e fiquei muito bem impressionado com a solução ou método de Condorcet citado por ele para as maiorias reais em que os eleitores votam em seus três o quatro candidatos preferidos e que a eleição se dá sobre o melhor ranqueado.
Também dizer que creio que é necessário criar um sistema de barreira que elimine as minorias que não formam maioria e que simplesmente disputam espaço e midia com os debates. Não creio que não há nada que tenha sido apresentado e dito pelos grupos minoritários no debate .que não possa ser dito com mais convergência e precisão pelos majoritários. Neste sentido creio que certos aspectos da disputa de hegemonia devem passar das urnas para os partidos e para os plebiscitos.
De qualquer modo é preciso sim rearranjar o espectro partidário nacional e impedir o artificialismo e as legendas de aluguel que só servem para barganhar espaços e representar pobremente e sem dignidade posições diversas que podem ser sim incluídas em partidos já existentes. Não dá para ficar criando um partido para cada nova ambição de poder, e nem tanto lastro de pensamento que se apresenta ou que sente não representado. Não tenho a menor ideia como resolver isto, mas creio que precisa ser pensado também na reforma política.
Devo falar de parte do que me aborrece com mais detalhe emfim. O fato de Marina Silva não ter partido real e formalmente legitimado só mostra o quanto nossa democracia está num arranjo ruim que permite de ocasião uma candidatura cuja unidade política máxima e mais alargada é artificial e inconsistente, mas que, entretanto, disputa por acidente, tragédia, fatalidade e acaso ou destino a presidência da república com chances reais de vencer, mas cujos principais apostadores de ocasião não lhe dão sustentação política real alguma no futuro. E não digo isso por não respeitá-la, mas sim por não respeitar a tradição que a usa como títere e fantoche para voltar ao poder no Brasil.
Não acredito mesmo que a virtude seja preservada pela fortuna, pois cabe a virtude preservar a possibilidade de uma fortuna...portanto, não arrisco a apostar em aventuras na democracia e não creio ser sensato correr ou provar de novo este tipo de risco só por capricho e oportunismo.
E tudo se mostra nos pensamentos que os candidatos e candidatas apresentam. Na qualidade deles e no grau de seriedade e fiabilidade que racionalmente podemos lhes atribuir. Isso não significa que alguns pensamentos não possam ser melhores e avançar na democracia amanhã, mas ainda é bem cedo e precoce para tributar ao que se enuncia como novo uma saída segura.
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