Eu não defendo nada indiscriminadamente sobre este tema da midia, faço o debate também, mas não trato ninguém como vítima ou coitado. O tema da qualidade da comunicação social no Brasil é gravíssimo. Desde as concessões até este vale tudo lesa pátria que assistimos todos os dias nos canais abertos e lemos em jornais, editorias, vemos em comentaristas e em muita gente que tem opinião tendenciosa e pré-crítica sobre tudo. E estamos bem longe de dizer com certeza e segurança que uma camada inteira da imprensa brasileira não faz lobby por interesses não muito defensáveis e escusos. Fiz um comentário sobre isso em uma postagem de um amigo, pois lá - num ambiente de esquerda e esquerda "radical" de academia - se cobra que o governo regule a mídia, e formule mecanismos legais de regulação com algo como uma Lei de Medios, mas aqui as coisas são bem mais díficeis do que na Argentina e algumas pessoas que observam estas coisas tem muita dificuldade para entender isto, este limite do governo e que o governo deve mesmo respeitar sob pena de arranjar mais problemas ainda do que já tem ao meu ver. Mas isso precisa sim ser construído pela sociedade civil. Não dá para fazer aqui - com discurso crítico, propositivo e cobrador como sempre - o que a grande maioria da militância intelectual da esquerda adora e costuma fazer: provoca o governo para fazer e quando dá conflito ou crise, tira o corpo fora. Nenhuma pessoa sensata que estivesse em um governo compraria esta briga sem apoio franco e engajado das pessoas. E este apoio existe mas não é mesmo engajado. Então isto precisa ser construído. Toda vez que o governo ousa tratar desta questão ou sequer arranha o tema em qualquer fala é considerado autoritário, chavista, totalitário e etc. E não creio que colocaram um moleque para deliberadamente fazer isto. O máximo que aconteceu foi que um estagiário ou mesmo um bedel qualquer se arrogou o direito de fazer isto. Mas isso só mostra o quanto a sociedade civil e a opinião pública está calada neste debate. Os orgãos de classe e também os representantes do povo precisam fazer. O tema é de debate público, formulação de legislação e da regulação dos meios. Tenho numa hora destas saudades e muitas lembrança de Daniel Hertz. Confesso que tendo a olhar muito para a Reforma Política como condição também deste tipo de avanço. Eu vi esta semana uma sessão terrível na Câmara de Deputados sobre o Horário Político da Voz do Brasil que exemplifica muito o tamanho deste tipo de defesa ampla geral e irrestrita da irresponsabilidade, do mercenarismo e da manipulação da imprensa que tem inflexão também na eleição de deputados e outros mandatos no país afora.
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