Bom Dia....com filosofia de Balthazar Barbosa Filho (1942-2007, in memoriam)...só
quem já foi aluno (a) dele ou quem compartilhou de alguma atividade filosófica
ou cotidiana com ele, sabe porque ele é fundamental para a filosofia, para o
ensino da filosofia, para a leitura dos clássicos e também para a superação,
com muita seriedade, rigor e coragem do que já está aí.
E também há que se lembrar da graça e do fino humor e estado
de ânimo de suas lições. Das ironias sutis e também da precisão conceitual
quase definitiva dele. Ele combinava a leveza e a suavidade de um mestre zen
com a precisão e a acríbia de um samurai no ataque as idéias dos clássicos e de
seus contemporâneos. Talvez ele seja imortal para todos aqueles que o viram
enfrentar argumentos intrincados e teses ou posições apaixonadas de clássicos a
contemporâneos, dos modernos aos medievais e sempre me passava a impressão de
ser uma espécie de Papa da Filosofia Brasileira. Pelo menos era assim que este
aluno avistava as entrétiens entre ele e os demais filósofos e filósofas Uspianos,
Campinenses e etc. Se enganam em muito aqueles que o julgavam como um ácido destruidor
de absurdos. E esta visão se deve, um tanto a proximidade dele da escola de filosofia
analítica, mas ele com certeza jamais desprezava a ontologia ou, mesmo, pasmem
os crentes, ao contrário, admirava e prezava em muito a metafísica. Eu via nele
mais o atacante sutil e avistava muita arte na forma como ele deslindava as
teses de seus amigos, com muita elegância, deferência, mas sem temor algum. Apesar de ser um autor com publicações
dispersas em muitos lugares, e também com uma batelada de inéditos, algumas delas
foram reunidas aqui em um conjunto de artigos que envolvem três grandes
questões filosóficas em suas imbricações e com suas revelações possíveis
Penso que ele foi um mestre fundamental para a filosofia,
também porque fui seu aluno, mas porque a filosofia é algo que quando possui
algum valor para o pensamento é lançada e vai muito além da nossa localidade,
espacialidade, temporalidade e historicidade. (não somente a filosofia
brasileira - a qual não depende sua existência exclusivamente do que pensam ou
escrevem os filósofos, ou do que é publicado ou não publicado, citado, cotado
ou elogiado inter-pares - a qual também só vai atrair a atenção externa por
seus efeitos ou afinações e afinidades internas.) A filosofia é lançada para além
do seu tempo. É talvez a atividade com maior capacidade projetiva em relação ao
passado e ao futuro, ainda que não tenha mais os privilégios de ser consultada
em todas as circunstâncias ou ocasiões.
Recomendo como ex-aluno e também porque fazia parte de um
grupo de alunos do período de 1989
a 1997 que anotavam tudo em seus cadernos. Cadernos que
são consultados até hoje com boas descobertas. E que um dia, se necessário, é possível que se agrupem estas anotações ou cópias delas e
se apurem as aulas com o rigor merecido. Aulas estas, aliás, que ele escrevia
em seus próprios cadernos e ia lendo e aditando como o velho Aristóteles em
seus tratados. E tenho a absoluta certeza que valeria à pena fazer isto. Tenho a
mais absoluta certeza que o Balthazar era um dos grandes filósofos brasileiros...
Recomendo....e que se gerem bons debates, elucidações e
esclarecimentos sobre isto...
O texto de apresentação é o que segue: "Os artigos
reunidos nessa coletânea foram publicados em diferentes revistas do Brasil e do
exterior. O leitor notará em cada um, ao lado de uma erudição intencionalmente
contida, a argumentação sólida, sem concessão a frases de efeito ou facilidades
retóricas. Analisa a questão da verdade e sua relação com certos princípios
lógicos, a razão prática, a capacidade efetiva da razão de discernir no juízo o
verdadeiro do falso, o tempo, a ação, entre outros"
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