O governador José Ivo Sartori
solicitou ontem que o Comando de Greve do CPERS - com vasta adesão de
educadores (entre funcionários e professores: 80 dirigentes e militantes do
CPERS) que acompanha a sua Presidente Helenir de Aguiar Schurer, desocupe o
CAFF alegando que tem dialogado com os educadores e que sempre foi transparente
sobre as reais condições do Estado. Veja:
“Nunca deixamos de dialogar.
Respeitamos a todos e sempre fomos transparentes sobre o que podemos e o que
não podemos fazer. Vamos estabelecer uma discussão ainda mais ampla sobre o
futuro da educação e a melhoria da qualidade de ensino”. José Ivo Sartori
Ora, o governador em seu apelo
mente sistematicamente para a imprensa, a sociedade e os trabalhadores em
educação, servidores públicos e estudantes. Aliás, mente o governador e mente
sua equipe de governo, como já fez o secretário de educação Alcoba nesta
semana.
A mentira vem desde o início do
governo ocorrendo, pois nenhuma de suas medidas, propostas ou projetos foi
apresentada para discussão e nem houve diálogo algum em tempo algum. O diálogo
do governo é uma fraude, pois impõe silêncio ao interlocutor não leva em
consideração nenhum direito de manifestação ou mérito dos interlocutores. Tudo
que ele fez foi impor unilateralmente a sua posição durante todo o seu governo.
O governo Sartori não é um governo de diálogo, mas sim de monólogo.
O governador simplesmente impõe,
seja através de sua maioria na assembléia legislativa, seja através de seus
gestores, indicados e apaniguados nas secretarias, fundações e autarquias, as
sua políticas e propostas. Não há diálogo algum, não há escuta algum e sequer
assentimento ou contestação são ouvidas pelo governo. .Uma prova disto é o que
ocorreu com diversos PLs no ano passado e que foram aprovados na assembléia
legislativa à despeito da forte oposição, da mobilização massiva dos
trabalhadores, dos diversos argumentos contrários e das razões e alternativas
apresentadas por mais de 44 sindicatos de servidores públicos. Nem mesmo as
contestações veiculadas na imprensa sobre aumento de ICMS, por exemplo, foram
sequer consideradas. E deu no que deu. A medida deprimiu a economia estadual.
Não há respeito devemos
considerar assim, da parte de um governo que sentou à mesa com uma categoria em
greve por quatro vezes e não apresentou nenhuma proposta. Respeito não pode ser
apenas uma declaração de intenções, mas deveria vir acompanhado de gestos,
propostas, sinais e apontamentos que respondam a situação grave da educação
estadual. E esta situação tem sido agravada pelas atitudes do governo. A
apresentação formal de propostas pelo governo do Estado seria um gesto de
respeito, mas o governo tem sido intransigente e ficou tentado matar no cansaço
a nossa categoria, para ficar sem conceder nenhum ponto da nossa pauta.
E mesmo – vejam só - após a greve
ter sido iniciada os gestos do governo do estado não tem respeitado a categoria
dos educadores. Um exemplo disto é que ao tomar a iniciativa de promover de
forma vergonhosa e covarde o reenquadramento do difícil acesso sob alegação de
exigência legal para penalizar e pauperizar 70% dos educadores, o governo
procurou impor aos diretores e diretoras de escolas e às equipes diretivas à
execução do “serviço sujo”. Da mesma forma, em um outro exemplo, o governo
também tentou impor às direções das escolas ocupadas o serviço sujo de promover
as desocupações dos estudantes, promovendo o conflito dos diretores das escolas
com os estudantes. E é grave que em alguns casos houve incitação à violência
entre alunos, de pais de alunos com alunos ocupantes e de professores a alunos.
Isto é uma irresponsabilidade e um gesto de desprezo com nosso papel
fundamental de educar e cuidar das crianças e adolescentes. E a desocupação da
Secretaria da Fazenda, com toda a truculência envolvida e a ausência completa
de qualquer forma de negociação ou diálogo demonstra claramente isto.
O gesto do governo de estado –
vejam também isto - na semana passada de chamar os pais dos alunos e os alunos
para comparecerem nas escolas na próxima segunda feira foi um grave desrespeito
ao movimento de ocupações dos alunos e à greve legitima dos educadores. O
governo e parte da imprensa diga-se de passagem tentaram impor a derrota da
greve e a desocupação de escolas através de propaganda que incitava o confronto
e a violência.
Por sorte e por juízo do povo
gaúcho nada disto ocorreu, salvo um caso em Porto Alegre em que houve a ação
agressiva de pais contra uma ocupação que não teve confronto porque é claro que
a tática dos alunos não é de confronto e nem de promover violência. E a
resposta do CPERS e dos estudantes veio na segunda feira desta semana para
confrontar a mitomania do governador e de sua equipe com a verdade dura: de que
ele não respeita, não dialoga e não apresenta propostas para os dois movimentos
legítimos em defesa da educação, dos educadores, das escolas públicas e dos
estudantes.
E, por fim, ele também avança na
mitomania quando pede o cumprimento da lei e da ordem sem, no entanto, cumprir
a lei do piso salarial nacional dos educadores. Isto não pode ser chamado de
respeito, nem aos educadores e nem à lei.
Temos um governador mitômano?
Pois bem, vejamos se eles vão
apresentar propostas agora! Estamos aguardando o diálogo, a transparência (com
o Fundeb, por exemplo) e um debate mais amplo sobre educação e a qualidade da
educação que envolve compromissos claros do governo e também o comportamento
moral do governador! Porque é insustentável esta grande farsa e fraude de um
governo de mentiras!
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