Os alunos e alunas estão fazendo
aquilo que precisa ser feito, da forma que precisa ser feito. Não vai adiantar
nada tentar enrolar eles ou inventar respostas vagas ou imprecisas. Estão muito
brabos com propostas sem prazos e sem previsões. São muito sérios. O tempo da
lorota governista acabou! Os governos de mentira e as conversas fiadas não
funcionam mais mesmo.
E está é somente a primeira onda
de ocupações. Imagino que milhares de outros jovens estão assistindo este ciclo
de 150 primeiras escolas e que o número de escolas possa dobrar. Pois vai ser
contagiante e muito robusto o processo de multiplicação e consolidação da
tática. Surgem diversas lideranças em cada escola ocupada. E novas relações
sociais, culturais e políticos estão se estabelecendo como nunca ocorreu antes.
E este é um sinal de maturação política muito forte. E aqui servem de exemplo
para os demais colegas e militantes sociais. Estão se entrosando, estabelecendo
laços, se organizando e dialogando em todas as regiões, nas cidades e nas
escolas de forma muito rápida também. E não sofrem de certos males de
divisionismo e tentativas de tutela intelectual.
Basta ver os padrões de resposta à
carta do governo. Seguem uma linha muito firme de resistência e crítica ao que
eu chamo de lorota. A mentira, a enrolação e forma autoritária e ignorante da
postura do governo é contestada pelos jovens de forma rigorosa. E ao contrário
do que o governo esperava a repetição aqui e ali dos ultimatos de desocupação
só aumenta a convicção dos jovens. O diálogo retardado e enrolado, a demora em
responder e as temáticas de impugnação da legitimidade da luta dos jovens só
aumentou a resistência.
E, é bom que se diga, os jovens
estão absolutamente antenados com os professores no sentido de preservar a
autonomia do seu Movimento, mas em parear a greve com as ocupações na exigência
de uma resposta consistente do governo. Os dois PLs, o 44 e o 190, da
privatização da escola pública e o da escola sem partido, estão na mira dos
dois movimentos e precisam ser retirados da pauta da assembleia legislativa.
Eles nos ajudam muito sustentando
a pauta completa que apresentaram ao governo. E a exigência de recursos para
manutenção e reformas das escolas é também muito forte em todas as falas deles.
Você não percebe em nenhum aluno algum grau de incerteza nas posições deles.
Nós professores e funcionários
grevistas temos que aproveitar a unidade conquistada com eles, reconhecer toda
a importância deles e continuar a avançar neste tempo sobre todas as demais
escolas num diálogo com todos os colegas. Este diálogo deverá prosseguir e ir
consolidando cada vez uma base maior para nossa luta.
Eu defendo, e tem sido aceito,
que todos os ataques sofridos por nós e no caso dos alunos e alunas merecem
nossa resposta mais dura e séria possível: que é o pedido de afastamento das
direções e equipes diretivas que promoveram e incitaram violência entre os
alunos, ou entre pais e alunos. Quem não consegue arbitrar um conflito desta
natureza e promove o desrespeito aos direitos dos jovens não está em condições
de dirigir uma escola pública. Após a greve e as ocupações temos que tomar a
iniciativa de exigir o afastamento e a abertura de processo administrativo e se
necessário transferir de escola e comunidade quem não for capaz de proteger
nossos alunos e alunas e construir a solução pacífica de conflitos.
É
inadmissível que os alunos e alunas que lutaram em defesa da educação tenham
que após tudo isto sofrer em suas comunidades escolares qualquer forma de
retaliação, perseguição ou constrangimento. Temos que ser muito firmes nisto. E
aproveito para solicitar cópias das ocorrências e testemunhos dos alunos e
alunas para substancializarmos a denúncia junto ao MP, ao Conselho Tutelar e à
Administração Estadual nas formas da lei e segundo as previsões estatutárias e
legais. O tempo da lorota, do autoritarismo, da política do medo, do
amedrontamento e de um padrão pouco exigente de negociação acabou. E devemos
reconhecer que os alunos estão contribuindo e muito com isto. E isto tem
consequências também para nossas organizações, decisões e discussões.
A posição expressa por todas as
entidades responsáveis sobre as ocupações deveria ser levada em consideração por
todos também. O governo deve se curvar à realidade da crise na educação
estadual e parar de tentar constranger os estudantes e educadores ou menoscabar
suas responsabilidades.
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