(Para Vinicius Coelho, Eduardo
Moraes Dudu, Jéssica Dias, Bruna Hadres, Joel Santana, Augusto Jung Pacheco,
Giovan Gil, Eduarda Bonora Kern, Vinícius Santos, Diego Pacheco, Evandro
Paixão, Gil Müller, Adriano Pires de Almeida, Sandro Della Mea Lima, Carolina
Teixeira Lima, Isabella Fortes, Nice Passos, Mauira Schneider estes jovens* que
se encontram intensamente nesta jornada)
Hoje de manhã num ônibus cheio de
alunos e alunas indo para Porto Alegre aumentar a pressão na ALERGS, olhei eles
cantando apaixonados e entusiasmados suas cantorias de luta e suas palavras de
ordem, brincando e saltitando no ônibus, e eu estava com meu colega Ari
Meneghini, e de repente iniciei um diálogo sobre vanguarda, minoria,
sacrifícios e o tal heroísmo quase solitário. Solitário a tal ponto do próprio
sujeito se ver como um Dom Quixote muitas vezes - e algumas vezes realmente tão
solitário ao ponto de levar a um sacrifício singular e individual como ocorreu
com Che Guevara. Não faço apologia do sacrifício e tendo a ser muito prudente
em relação a isto porque pode levar apenas a uma tragédia ou ser um mero gesto
insensato e absurdo. Penso sempre na vida daqueles que lutam por uma causa que
atinge a todos, mas que nem todos reconhecem ou compreendem. Penso nisto porque
as vezes fico me auto observando e me questionando se eu fui um idiota ou um
trouxa como alguns dizem, se valeu a pena ou não e se sou de algum valor de
fato ou sou mais um pretensioso apenas. E penso em meus companheiros e
companheiras de jornada e caminhada também. Pensei em como nós ali e os alunos
e alunas por ai, lutam por muitos, por milhares e por milhões, mesmo quando
estes muitos, estes milhares e estes milhões não estão lutando junto,
compreendendo junto ou se sacrificando junto por uma causa maior, por um
idealismo, com certo altruísmo e solidariedade excessiva, ingênua, insensata e
maluca para os ditos seres humanos "normais". Eu disse para meu
querido colega: temos que compreender isto. O quanto somos raros, o quão
difícil é as pessoas normais seguirem estes sujeitos raros e o fato corriqueiro
até de que muitas vezes somos muito poucos lutando por uma causa que diz
respeito a todos. Mas que acontecem muitas surpresas nestas caminhadas, porque
em algumas situações raras também os tais sujeitos raros se multiplicam, como
se multiplicaram nesta geração de jovens que hoje ocupam escolas, fazem marchas
e andam aos milhares como irmãos de fé e camaradas em muitas cidades, estados e
regiões do nosso país. E então lembrei de Che Guevara que também falava de
sonhos - e são sonhos mesmo que alimentam estes jovens e nós - e que como John
Lennon e muitos outros acreditava que uma atitude individual radical e decidida
fazia muita diferença, poderia ser exemplo, poderia ser realidade se fosse
compartilhada. E há algo de maravilhoso no gesto de um quando este gesto é
reconhecido por milhões. Como o artista que encanta e que toca o coração, este
gesto toca a consciência e, então, este um passa a ser muitos, passa logo a ser
milhares e passa a ser milhões. Uma etapa desta jornada hoje teve um desfecho
estadual, mas muitas outras virão e não se surpreendam aqueles que não
compreenderem agora. Pois um dia compreenderão. Onde está o segredo? Só na
convicção, na grandiosa esperança de vitória, no sentimento de que sempre vale
a pena e na visão daquilo que muitos não vêem e que só os grandes líderes e as
grandes líderes avistam, mesmo num pequeno momento de solidão, no risco que
correm de serem sacrificados pela covardia ou pela mera incompreensão de seus
pares - e muitos foram -, mas também pela capacidade de exprimir pela palavra
uma mensagem que ultrapassa seus egos, ultrapassa suas individualidades e
atinge a coletividade de forma muito precisa e transformadora. E na cadeia
sucessória que nos espanta e que nos surpreende, muito poucos sabem ultrapassar
a solidão ou a abordagem apequenada que é cega para esta grandeza e
generosidade. O heroísmo ganha outra perspectiva quando é compartilhado na luta
por milhares. Viva a nova geração de jovens brasileiros e gaúchos que vão fazer
a roda da história gerar. E que aqueles que ainda não entenderam ainda passem a
prestar mais atenção, a respeitar mais e dêem licença, porque O NOVO SEMPRE
VEM! E agora veio!
P.S.: Lamento muito que o PDT -
um partido que deveria estar atento de fato, na prática e teoricamente - tenha
se interposto a este processo e dê sustentação para o ataque terrível que os
educadores e estudantes do RS sofrem com este condomínio de PMDB, PSB, PP, PSD,
PSDB e outros promovem contra a educação pública, contra os direitos dos
trabalhadores e contra esta maravilhosa juventude.
*Alguns jovens de
espírito..."
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