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domingo, 21 de junho de 2015

E A ILUSÃO DA VERDADE PODE SER COMPARTILHADA - notas dominicais


“O maio inimigo do conhecimento não é a ignorância, mas sim a ilusão da verdade.”

Stephen Hawking


Ora, a ilusão de verdade é uma crença. Mas é uma crença que obteve algum atributo cuja aparência de veracidade foi certificada sob algum critério do sujeito ou portador desta crença. Assim, temos um sujeito de crenças que faz seleção de suas crenças de acordo com os critérios, preferencias e interesses que possui, sendo estes critérios em muitos casos também crenças. O exemplo da relação quase irmã de crença e valores cabe aqui.  Mas veja só, então, ele recebe crenças e produz crenças, reproduz crenças também com uma bela ilusão de autonomia. Assim, a autonomia da reflexão não é por si só um critério para certificar uma crença como verdadeira, do mesmo modo que o compartilhamento por muitos não é indicio de veracidade. Aqui o adagio “posso estar errado” se amplifica e deve ser pensado com rigor “podemos estar errados”. Mas quando um só pensa diferente? Isso, porém. é ou pode ser também uma ilusão de verdade, pois não é o caso de porque ele pensa por si mesmo ou sem a interferência direta de outrem que ele não possa ter aqui ainda uma ilusão de verdade que por seu estatuto pessoal, ele a preserva como apenas duvidosa. Isto é, uma crença duvidosa não possui certeza, mas nem por isso é falsa, apenas não obteve nessa margem do rio ou nesta altura do campeonato a consagração desejada e almejada. Em alguns momentos esta ilusão de verdade ganha certo prestígio e status e é compartilhada por muitos, por exemplo, por uma escola filosófica ou ramo da ciência, por uma seita religiosa ou partido político e mesmo a opinião pública e a mídia constróem outras crenças sobre mais uma ilusão de verdade. Nesta, pequena anotação sobre crenças e ilusão de verdade, provocada por Hawking e por outros debates sobre isto que estão ficando abundantes, não trato de como uma crença se torna ou passa a ser considerada verdadeira e justificada, mas com certeza não é por seus critérios de verdade e justificação serem compartilhados que podemos dizer que ela é verdadeira e justificada. Minha hipótese aqui – que aliás não é minha é de uma certa tradição, é que a veracidade é conferida por fatos ou ações (verificacionismo material), e a justificação pela relação desta crença com outras já comprovadas ou pelo seu encaixe* (coerentismo formal) em uma teoria ou corpo de crenças já comprovadas. Mas a parte que eu mais gosto desta teoria é quando percebemos que as crenças são em sua origem sempre provocadas por algo externo a nós. E, que nós apenas lhes reproduzimos ou transformamos. E aqui numa casca de nóz me encontro com Platão, Descartes e Kant em uma situação delicada de novo...        

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