“O maio inimigo do conhecimento
não é a ignorância, mas sim a ilusão da verdade.”
Stephen Hawking
Ora, a ilusão de verdade é uma
crença. Mas é uma crença que obteve algum atributo cuja aparência de veracidade
foi certificada sob algum critério do sujeito ou portador desta crença. Assim, temos
um sujeito de crenças que faz seleção de suas crenças de acordo com os
critérios, preferencias e interesses que possui, sendo estes critérios em
muitos casos também crenças. O exemplo da relação quase irmã de crença e valores
cabe aqui. Mas veja só, então, ele
recebe crenças e produz crenças, reproduz crenças também com uma bela ilusão de
autonomia. Assim, a autonomia da reflexão não é por si só um critério para
certificar uma crença como verdadeira, do mesmo modo que o compartilhamento por
muitos não é indicio de veracidade. Aqui o adagio “posso estar errado” se
amplifica e deve ser pensado com rigor “podemos estar errados”. Mas quando um
só pensa diferente? Isso, porém. é ou pode ser também uma ilusão de verdade,
pois não é o caso de porque ele pensa por si mesmo ou sem a interferência
direta de outrem que ele não possa ter aqui ainda uma ilusão de verdade que por
seu estatuto pessoal, ele a preserva como apenas duvidosa. Isto é, uma crença
duvidosa não possui certeza, mas nem por isso é falsa, apenas não obteve nessa
margem do rio ou nesta altura do campeonato a consagração desejada e almejada. Em
alguns momentos esta ilusão de verdade ganha certo prestígio e status e é
compartilhada por muitos, por exemplo, por uma escola filosófica ou ramo da
ciência, por uma seita religiosa ou partido político e mesmo a opinião pública
e a mídia constróem outras crenças sobre mais uma ilusão de verdade. Nesta, pequena
anotação sobre crenças e ilusão de verdade, provocada por Hawking e por outros
debates sobre isto que estão ficando abundantes, não trato de como uma crença
se torna ou passa a ser considerada verdadeira e justificada, mas com certeza
não é por seus critérios de verdade e justificação serem compartilhados que
podemos dizer que ela é verdadeira e justificada. Minha hipótese aqui – que aliás
não é minha é de uma certa tradição, é que a veracidade é conferida por fatos
ou ações (verificacionismo material), e a justificação pela relação desta
crença com outras já comprovadas ou pelo seu encaixe* (coerentismo formal) em
uma teoria ou corpo de crenças já comprovadas. Mas a parte que eu mais gosto desta
teoria é quando percebemos que as crenças são em sua origem sempre provocadas
por algo externo a nós. E, que nós apenas lhes reproduzimos ou transformamos. E
aqui numa casca de nóz me encontro com Platão, Descartes e Kant em uma situação
delicada de novo...
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