Toda vez que alguém fala da elite
brasileira eu fico me perguntando do que se está falando? Em geral se usa este
termo para fazer referência aqueles que detém
poder, conhecimento, status e
prestígio, mas também aqueles que por conta disto tem e possuem privilégios,
prerrogativas o que é uma condição de vantagem e distinção em relação aos
demais cidadãos. Não creio que isto seja
legal.
Parece uma maldição isso no
Brasil, a ênfase dada à elite por alguns, a necessidade de alguns em se afirmar
como uma elite e ter uma elite me parece que é muito discriminatória. Sinto que
lidamos com algo ai que manifesta-se por alguém que é incapaz de pensar ou
quando pensa o faz da forma mais resumida e umbilical, da forma mais rasteira,
mesquinha e simplória, seja ela militar ou civil e o que inclui alguns
intelectuais. Noto que é comum ai e era comum ser incapaz de reconhecer certas
coisas, uma certa recusa a avançar na análise e discernir certas coisas e dar valor
a certas coisas. Quando li uma postagem do Professor Renato, lembrando o que o
Florestan sofreu, como foi tratado e que
riscos correu na ditadura, sobre a forma com o De Gaulle tratou Sartre, quando
incitado a prendê-lo, por conta de uma declaração contra o Colonialismo Francês
na Argélia, ao que De Gaulle respondeu “Não se prende Voltaire!”, e então lembramos
das perseguições políticas a diversos intelectuais brasileiros na ditadura
militar.
Eu me lembrei da elite e também
me lembrei imediatamente da imagem da Marina que se avista como elite, bem abraçada
ao Lobão, lembro também da notícia subseqüente de que o clube militar prefere
Marina e de que ela é contra qualquer forma de rediscussão da Anistia. Trata-se
ai sim de uma elite que julga-se com prerrogativas e salvaguardas superiores
aos demais cidadãos. E isto é discriminação e é uma atividade discricionária.
E, além disso, me lembrei também
de um episódio mais antigo aqui do sul, de um veto moral de certa elite gaúcha à
possibilidade de uma visita de Sartre e Simone de Beauvoir ao Rio Grande do
Sul. A designação para Simone de um bem pensado e ilustrado gaúcho foi
"aquela rameira". Me lembrei, então, mais ainda do Florestam e da sua obra que sempre me
impressiona sobre a Revolução Burguesa no Brasil que é de um fôlego,
profundidade e rigor impressionante.
E lembro, assim, deste tipo de
elite que não deixou nenhum livro que o valha, nenhuma obra de mínima grandeza,
nenhum trabalho que valha todo o poder que tiveram e ainda tem sobre as cabeças
conservadoras de nosso país. É uma grande vergonha o que fizeram com Florestam
e muitos outros na ditadura militar e cada vez que um néscio fala bobagens
sobre a ditadura militar, me lembro que lhe falta, inclusive, vergonha, porque
ignora, desconhece e não sabe nada do que fala, do que se trata e de suas
consequências reais. E, para mim, o Golpe Militar foi um crime tão grave quanto
é a corrupção e o vale tudo na política, pois foi imoral, ilegal e desumano o
que foi feito neste país e tudo sob a justificativa do medo e sob o império da
pior qualidade e racionalidade já formada neste país.
ESTA “ELITE” OU OS DONOS DO PODER
COMO RAIMUNDO FAORO OS INTITULOU SE MOSTRAM ASSIM TAMBÉM- Sobre a notícia de que alguns magistrados
querem um auxílio educação de até 7, 2 mil reais para a educação de seus
filhos. O país fazendo um gigantesco esforço para universalizar o acesso a
educação, melhorar os vencimentos dos educadores, garantir a correção das
desigualdades sociais e promover a inclusão de milhões de jovens ao ensino
superior.
Agora estamos nos preparando para ver os investimentos dos recursos
do Pré-Sal para a educação fazerem toda a diferença, mas eis que os velhos
donos do poder persistem na sua velha lógica de buscar cada vez mais
privilégios e manter a sua prole acima dos demais mortais e a qualquer preço.
Isso mostra o quanto ainda é preciso mudar e o quanto alguns segmentos lutam
para que não ocorra mudança alguma. E hoje a cara de pau desse pessoal é
agravada numa democracia porque não há escrúpulo algum, nem vergonha alguma em
reivindicar mais privilégios, mais benesses e continuar conservando
prerrogativas e vantagens contra os demais cidadãos. O fato deste pleito vir de
onde vem também mostra como estamos mal no Poder Judiciário em que há a cultura
de discricionariedade e da permanente obtenção de vantagens e mais vantagens à
margem de qualquer discussão de um conceito de justiça e promovendo mais e mais
desigualdades na sociedade brasileira.
Talvez assim alguém entenda o que
eu quis dizer com colocar o estado sob controle da sociedade e a importância de
uma política como a do PT para realizar isto. Também para evitar este tipo de
coisa. Meus queridos amigos e camaradas advogados devem imaginar e saber como a
vida tem continuado dura na magistratura, na falta de um conceito de
justiça...E os professores de Filosofia Política também poderiam lembrar algo
mais aqui e dar um toque neste carro.
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