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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

NEOLIBERALISMO E A CORDINHA DO FUNDAMENTALISMO

No nervo do meu comentário ao texto de Juan Arias no El Paisaqui, dica do Renato Janine Ribeiro, com a lembrança final do amigo Alberi Petersen.

 MARINA, ARENDT, FUNDAMENTALISMO E NEOLIBERALISMO

A equação de Marina se completa agora – para além da controvérsia da inclusão/exclusão da causa LGBT e da Supremacia do Fundamentalismo, somou-se, nas linhas do programa, a presença tisnada de algo da filosofia política de Hannah Arendt. Quem nos chamou atenção para isto foi o professor Renato Janine citando um artigo de Juan Arias no Jornal El Pais. Eu que sou de longa data um simpatizante e leitor de Hannah Arendt e que conheço por leituras e investigações alguns brasileiros que se dedicam ao estudo das idéias dela e que são influenciados por ela vejo uma causa disto, sem pressupor com isto – que fique claro que Marina seja leiga em Hannah Arendt ou incapaz de compreendê –la. Mas creio sinceramente que vistas as coisas no contexto das falas dela: esse componente de “crítica á velha política “ é em Marina pura retórica, considerando-se suas companhias de viagem.

Eu não tenho o que dizer contra a racionalidade e a seriedade de Marcos Rolim que a acompanha e que creio ser o responsável pelas influências arendtianas em Marina. Mas posso discordar da aposta e da jogada dele igualmente. Que é como vejo sua adesão à REDE e ao projeto de Marina. Já tratei dele neste espaço e no meu blog em um texto sobre suas críticas ao PT. Respeito muito ele pelos eu trabalho e linha de investigação em geral. Penso, porém, que se ele estiver errado, e Marina for eleita, será um grandioso erro, um grave erro intelectual e político, por conta de que ele e outros se prestam a não identificar que o fundamentalismo de Marina serve como cordinha de salvação do bote salva-vidas do neoliberalismo que pegou carona com ela agora.

Penso que é mais provável, em caso de vitória e pela agenda que será implementada com isso, que eles e a mídia vão iniciar o sacrifício dela e do governo dela assim que obtiverem os resultados desejados, retumbando mais o fundamentalismo dela no futuro do que sua adesão ao projeto neoliberal. E na minha visão de esquerda mais generosa e compreensível possível, cuja partícula compreensiva entende o projeto pessoal dela e a ambição frustrada dos que a rodeiam que bota água no moinho do sonho comum, mas que será um triste sacrifício dela e do povo brasileiro ao Deus mercado.

Porém, Marcos Rolim que apóia Marina não será o primeiro a cometer tal erro na história. Deixo claro também que discordo, além disto e de novo, das razões erguidas e arrazoadas por ele em diversos aspectos contra o PT.

E colocar o lastro de Hannah Arendt contra um projeto que é em essência sem a menor dúvida ainda a maior defesa da democracia, me parece sim um erro. Principalmente porque vai devolver de lambuja a supremacia de certos setores na política econômica. Falar de banqueiros, operadores de mercado, consultores de economia pode hoje ser algo comum, mas eu sou daqueles que lembra muito bem onde o país parou e o que ele passou quando estes caras tinham seus canais de influencia céleres nos governos militares e neoliberais.

Poucos falam ao meu ver – neste debate - que o governo Dilma sustenta e está conseguindo sustentar as conquistas do período Lula fortemente ameaçadas pela crise. Que a dívida interna e tudo que é chamado com grande terrorismo econômico de fracasso pelo INSTITUTO EMPIRICUS e a turma do MILLENIUM, em seu governo, sustenta isto: o emprego, o salário e os investimentos atuais do estado brasileiro. E que todas as mudanças que vem de carona com Marina vão sacrificar mesmo estas conquistas o que envolve desde programas ao poder aquisitivo e a renda dos trabalhadores. Então, ratio in res plana...

Creio que posso discordar da aposta e da jogada deles igualmente por certas razões ligadas ao tipo de marcas que ela está trazendo junto. O erro de Rolim que é como vejo sua adesão à REDE e ao projeto de Marina é ressuscitar e dar mais fôlego ao neoliberalismo no Brasil.

Não quero mesmo o que será um triste sacrifício dela e do povo brasileiro ao Deus mercado. Mas há que se ter certa distância destas aventuras e eu prefiro uma modalidade de racionalidade prudencial e séria que encara as dificuldades, compreende o cenário e que topa segurar todo o ônus econômico e político para manter o país estável e com emprego e renda do que esta aventura neste caminho cujo resultado não precisa de muita edulcoração ou pilulismo, nem de historicismo ou dons proféticos para ser compreendido.

Se a coisa continuar deste jeito vamos ter que fazer campanha pelo voto útil em Dilma!

Vou terminar dizendo que não é o medo da velha política que depõe contra ela, mas sim o sonho de mais democracia e mais igualdade social, o sonho de redução da miséria e a certeza de que isso não será realizado por submissão ao Deus mercado, às gazelas especulativas e aos banqueiros e banqueiras deste país.

Se ela não se cuidar em sua racionalidade delirante não lhe sobrarão moedas para apor aos seus olhos na travessia do Stige e o barqueiro não lhe dará nem passagem, nem conforto.

CAPITCHE?

UMA LEMBRANÇA AQUI

Intelectuais, Artistas, "ativistas sociais", etc.

Por Darlan Montenegro:

"Em 1994, no seminário Pós-Neoliberalismo, na Uerj, na mesma mesa em que Perry Anderson apresentou seu famoso "Balanço do Neoliberalismo", Francisco de Oliveira foi aplaudido seguidas vezes, durante uma intervenção sobre a conjuntura que, então, vivíamos, no Brasil.

O momento mais efusivamente ovacionado foi aquele em que ele disse que a candidatura de Fernando Henrique Cardoso oferecera o pretexto que muitos intelectuais brasileiros sempre haviam buscado para aderir à direita sem passar vergonha.

Aplaudimos de pé, por uns bons cinco minutos.

Marina está proporcionando a mesma oportunidade a um monte de intelectuais das novíssimas gerações. E é de se esperar que a adesão seja recompensada da mesma forma que a adesão a FHC o foi. Vêm aí os novos Franciscos Weffort.


Só que não. Porque Marina não passará."

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