Talvez minhas palavras façam mais
sentido para aqueles que tiveram também o PT como uma ideia compartilhada e
construída de norte a sul no Brasil no final dos anos 70. E eu penso mesmo que
todos que pensaram profundamente nisso durante aqueles meses que vão do
compartilhamento simultâneo e discussão por milhares de jovens, sindicalistas e
militantes de esquerda e da igreja históricos ao processo de mobilização, constituição
e fundação do PT, tem um grande apego ao partido, por esta memória. Ainda lembro da notícia e das razões que
tecíamos a favor do partido. Quando confundem a gente com o movimento sindical do
Solidariedade, na Polônia, tentando nos resumir a um movimento sindical ou
religioso, esquecem que queríamos além de democracia, poder e justiça social,
que não se tratava apenas de tirar este ou aquele do poder. Se tratava de dar o
poder ao povo brasileiro o que talvez signifique a ideia mais poderosa do PT
frente a qual sobrevivemos aos tecnicismos, neoliberalismos e formalismos. E isso significava tirar poder de um setor que nós podemos chamar de elite deste país. E
mesmo o socialismo e o comunismo real perdem para esta ideia porque não
prescindem de uma elite dirigente. O PT não é isso, não é uma tentativa de ser
a elite dirigente da sociedade, mas sim a tentativa de fazer a sociedade
dirigir o estado. E isso é mesmo mais radical do que qualquer modelo
burocrático de partido. E quando vemos ao nosso lado muitos pretendendo manter
o povo à margem do entendimento, ficamos mais convencidos de nosso projeto e
das nossas bases programáticas.
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