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terça-feira, 19 de agosto de 2014

SOBRE A ENTREVISTA DE DILMA NA GLOBO EM 18 DE AGOSTO DE 2014

Eu gostei da entrevista da candidata do Partido dos Trabalhadores , à reeleição a Presidência da República, Dilma no Jornal Nacional de ontem à noite pelo que ela revelou e pelo que ela encobriu, mas que pode ser revelado também. Fiz questão de dedicar um tempo a ela e a escrever isto hoje pela manhã, porque considero uma entrevista muito importante para a eleição. Assisti em casa às 23 horas após chegar da escola das minhas aulas à noite e com tranqüilidade prestei muita atenção às questões, ao comportamento e ao tom dos entrevistadores, prestei atenção às respostas da candidata e seu comportamento e ao tipo de pauta construída para uma entrevista de 15 minutos. 

Fiquei pensando também sobre como uma entrevista destas é recebida nas casas de milhões de brasileiros e brasileiras e em que sentido ela representa o tom de certa abordagem à política nacional e aos desafios do Brasil. Numa entrevista destas a pauta deve ser sempre muito mais importante do que o modo, mas no caso atual creio que infelizmente o modo superou a pauta. Neste sentido, creio que o William Bonner não precisa mais ter medo de ser assessor de imprensa de ninguém, de nenhum político, governo ou partido, porque mostrou pelo seu modo que já o é. 

Não assisti, por exemplo, as entrevistas de Aécio e nem de Eduardo Campos na véspera de sua trágica morte, na semana passada, mas supondo que o tom dos entrevistadores foi semelhante, não gostei nada da forma e do que vi por parte dos entrevistadores porque percebo uma forma inquisitorial e de enfrentamento da entrevistada. Eu não acredito que uma entrevista boa precise ser grosseira ou agudizada desta forma. Em todos os pontos em que ouve mais ênfase, energia e discurso ríspido por parte dos entrevistadores, eu creio que as respostas da presidenta foram à altura e claras e que ela manteve a tranqüilidade e a calma de forma notável e muito segura. Talvez tenha sido esta segurança e tranqüilidade que tenha irritada e imposto aos entrevistador seu tom de assessor adversário.

As quatro questões apresentadas sobre Corrupção, Saúde, Economia e as Propostas da Presidente, me parecem traduzir uma pauta reduzida e minimizada. Por exemplo, não fizeram nenhuma pergunta mais intimista e pessoal sobre porque ela quer ser reeleita, ou como fariam pelo menos uma questão generosa ao FHC, Generais, Colllor, Sarney e até o Itamar Franco receberia da bancada da globo uma bola redonda para tabelar tranqüilo. Poderiam ter perguntado por exemplo como para outros, como ela tem visto seus anos de governo, que desafios julga ter vencido e que desafios considera para o próximo período. Mas não, agora o nível global de assessoria de imprensa adversária está consolidado sob o comando de Bonner.  

O caráter e a postura dos entrevistadores no limite da deselegância e excessivamente agressivos na entrevista (dedos em riste e olhar de desaprovação, atropelo repetidos das respostas da candidata e num caso muito evidente a ocupação de mais espaço pelo entrevistador para emitir sua opinião ou fazer reparo às  respostas da candidata), me pareceu uma tentativa objetiva de intimidação e eu não gosto nada disso em circunstância nenhuma. Creio que a presidenta Dilma manteve seu auto-controle e respondeu com boa parte de suas posições já clássicas e conhecidas. As pessoas podem dizer que não gostaram das respostas, mas a s respostas são verdadeiras e bem coerentes com os fatos ocorridos, as ações do seu governo e seus posicionamentos não podem ser desmentidos ou minimizados de forma alguma, pois representam nas quatro questões pautadas a regra geral da conduta dela e do seu governo. 

Para a Corrupção, AP 470, demissão ou substituição de ministros, alianças políticas e a expressão de confiança e responsabilidade plena em seus indicados aos cargos federais ela foi bem clara como sempre tem sido nisto. Quando diz que seu governo jamais teve alguém chamado de ENGAVETADOR GERAL DA REPÚBLICA, que em seu GOVERNO a Polícia Federal investiga com plena autonomia, que em seus governos de Lula e Dilma foi criada a CGU e implementadas medidas legais de transparência não mente e não omite a verdade. A posição rigorosa dela em relação a não discutir a AP 470, em respeito ao Poder Judiciário é absolutamente exemplar e indiscutível. E me pareceu uma tentativa canhestra do entrevistador tentar coloca-la em confronto com o STF através das posições ou opiniões manifestadas pelo PT, seus dirigentes e militantes sobre a AP 470. A pegadinha não vingou e só mostrou o quanto o entrevistador subestima a entrevistada. 

Para a saúde e a economia as perguntas feitas por Patrícia Poeta, também parecem desconhecer o que foi feito na saúde, qual o nível de responsabilidades federadas e também me parecem ser preparadas questões à toque de caixa. Eu nunca tinha visto uma entrevista em que o entrevistador aborda todo o tema com poucos fatos brutos e parece desconhecer em detalhes o que tem sido feito ou não. Poderia deslindar aqui a lista de questões da saúde que muitos já conhecem para além do Mais Médicos, passando pro Samu em todo o Brasil, Farmácia Popular do Brasil, Expansão do PSF, Instalações das UPAs, construções de Hospitais, o tema dos Transplantes e, além disso, tratar da questão do financiamento da saúde com a Extinção da CPMF por força da união entre bancada oposicionista e alguns deputados de situação que resolveram marcar este tento.

Para Economia a resposta de Dilma parece mostrar três pilares fundamentais: Manutenção dos Empregos e dos Salários, Controle da Inflação e Não Aumento dos Impostos no Brasil de Lula e Dilma, em meio à crise internacional. Mas todos sabemos que discutir política econômica hoje não se resume a isso nem se limita a este trio de fundamentos, mas o tema foi prejudicado pela “pauta principal”, pelo modo e formato da entrevista.  A atenção dada à economia na entrevista, porém, é o que me parece que é o tema mais prejudicado com a ênfase ao tema da corrupção e que, por outro lado, é o tema mais explorado por aqueles que nesta quadra não acreditam mais no Brasil e que fazem terrorismo sistemático em seus meios de comunicação.

E, para o mal dos pecados da Rede Globo, a pauta negligenciada foi justamente a educação que, ao meu ver, é a área onde, além da inclusão social com desenvolvimento econômico, é a base para o futuro deste país, seu povo e a exploração sustentável de suas riquezas sem transferir estes dividendos para nações além mar, como é o caso do Pré-Sal para a Educação. Me causa  espanto,  o total nível de desinformação  generalizado no Brasil hoje sobre as políticas educacionais em andamento no país. Isso inclui o Piso, mas também o Pacto pela Educação, os diversos programas de apoio a educação como Livro Didático, Merenda Escolar, Inclusão Digital, Ciência sem Fronteiras, Prouni, Enem, Escolas Técnicas, Mais Educação, Educação Infantil e muitos outros programas que todos que são educadores, gostam de educação e apostam neste país deveriam ter conhecimento e dedicar algum tempinho para verificar mais de perto, antes de irem as urnas para eleger esta ou outro candidato ou reeleger a Dilma.

Vou falar um pouco mais desta abordagem do Bonner, aproveitando o comentário detalhado que compartilho aqui Entrevista com Dilma acende holofotes sobre Bonner e indo além, para além do que é encoberto nesta entrevista. Este tipo de abordagem aos candidatos me parece ser admissível somente no contexto de um debate com outros adversários e no calor de alguma controvérsia pontual ou geral. Não creio que a Rede Globo seja candidata, nem que William Bonner com sua síndrome de assessor de imprensa ou Patrícia Poeta com sua conduta que só atesta o quanto estamos numa democracia hoje, mas que alguns não sabem mesmo o que fazer com ela, sejam e possam ser aceitos como a voz ou os representantes de outros candidatos e adversários, salvo se abrirem o voto ou se um editorial da empresa assuma lado e posição. Isso só poderia acontecer em um contexto excepcional. Com isso não penso é claro que numa entrevista destas deveriam ser tratadas somente amenidades, mas creio que o tom mais ou menos enfático cabe aos candidatos e não à bancada de entrevistadores.  Não creio aceitável esta forma e modo, e penso que nenhum candidato deve ser tratado desta forma e que isto é só um reflexo da forma leviana com que alguns de nós tratamos o estado brasileiro, tratamos as questões públicas e as autoridades no Brasil. Isso é um sintoma, ao meu ver, do tipo de linha e do padrão de abordagem desqualificada dada aos políticos em geral e, em especial, àqueles que desagradam a rede Globo, sua  emissora, seus proprietários e suas linhas editoriais nos demais jornais, revistas e rádio.  

Podem pensar o que quiserem, mas eu não tenho dúvida que a política brasileira hoje é melhor do que era à 10, 20, 30, 40 anos atrás. Ainda que persistam os feudos, os currais eleitorais, legendas de aluguel, políticos mercenários e sem bandeira alguma, clâs familiares que se locupletam em cargos públicos e que assenhoriam ainda do estado brasileiro e do poder-poderes, porque não dizer, porque há isso também no legislativo, executivo e também judiciário Os donos do poder e seus mecanismos de defesa, resistência, seus assessores de imprensa e suas reduções, terrorismos, políticas do medo e a sua agressividade disputam sim espaço na vida nacional. Mas creio que cabe à nós discernir isto, avaliar criticamente a todos e votar cada vez melhor, dando mais importância para quem é sério e não caindo nessa onda tradicional e reprodutiva dos Donos do Poder. 

Como escrevo aqui no Rio Grande do Sul e aqui temos um monopólio de comunicações afiliado da rede globo que lança candidatos e que constrói com facilidade candidatos dentre seus quadros do jornalismo e comentadores políticos, econômicos, culturais, meteorológicos, etc, poderia dizer enfim que não me surpreenderia se um dia qualquer, por um acaso, William Bonner resolvesse, por próprio arbítrio e escolha, ser candidato do seu jaez a alguma coisa neste país, posto que o estágio de assessor de imprensa dele está sendo concluído com méritos, haja visto que substitui e muito bem seus próprios candidatos em debates que ainda não aconteceram, mas que ele já vai ensaiando. 

Sob esta ótica, tudo normal, tudo anda bem, com este mal...tudo como dantes no quartel de Abrantes...

Não vejo a hora de assistir a substituição do assessor de imprensa pelos candidatos em um debate. 

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