Desidério Murcho, filósofo
português de boa cepa, compartilhou um meme do Russell que pode ser carregado
de controvérsia sobre a posição de Russell sobre a existência do estado e a
possibilidade de haver um bom governo.
Só pode ser um teste de
inteligência. A tradução não ajuda em nada. O que eu creio que ele diz aí é uma
espécie de confissão sobre sua excessiva crença na possibilidade de existir um
bom governo, que vive sendo abalada pela quantidade de absurdos que mesmo bons
governos cometem. Lembra muito a famosa expressão de Bismarck sobre governos e
fabricar linguiças.
Vou retraduzir tudo então e tentar
tornar o texto do meme e seu anexo palatável para nós os reles mortais e que
precisamos compreender as coisas bem. Uma exigência típica de que sempre penso
sobre quem ainda cultiva com muita parcimônia alguma generosidade
interpretativa.
"Estou absolutamente
convencido de que não há limites para a quantidade de absurdos que um governo
qualquer é capaz de cometer, isto tem conseguido abalar a minha esperança em
dias melhores."
E complementando com
"contrariando aquilo que eu geralmente tenho acreditado."
É um constatativo dele que nos
lembra muito o seu problema com como perseverar em uma crença quando muitos
indicativos podem nos levar a rejeitar está crença.
Perseveramos nesta crença porque
julgamos que ela uma orientação moral superior a sua negação.
Mas é bom que se diga também que
minha tese de interpretação ficará abalada se compararmos isto com sua
desconfiança em relação ao cristianismo e ao fato de alguns julgarem isto uma
boa ilusão pois manteria a coesão social. E é engraçado este aspecto
diferenciado entre uma razão política é uma crença religiosa.
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