Me sinto tão indisciplinado e
oscilante nisto de seguir um mestre que provavelmente pouco me resta para
objetar na tua postagem, meu caro Roberto Horácio Sá Pereira. Não ando muito
reverente, e talvez nem seja relevante também, mas em alguns casos gosto mais
das pessoas dos mestres e menos das ideias e tem outros que gosto mais das
ideias do que das pessoas, em todo caso, a gente acaba nem fazendo parricídio e
nem erguendo monumentos para eles. E gosto bem mais de filósofos e filósofas
vivas do que nos que já passaram. A miséria da filosofia no Brasil é tal que
pouco caso fazem de nós mesmos, por isso creio que sem bajulação devemos
defender e nos fortalecer em algum tipo de estatuto do pensamento sério e
honesto. As convicções de uns contra outros não me agradam e nem me servem para
nada. Não me ajudam. Penso que a saída real é incomodar na política e gerar
efeitos culturais, ainda que tenha muito interesse em questões epistêmicas,
metafísicas e clássicas, tenha predileção por certos filósofos e abertura para
descobrir outros que nunca li com mais atenção, penso mesmo é nos efeitos de
nossas idéias nos alunos e em suas formas de interpretar este país. A coisa
está tão feia no Brasil que a revolta organizada dos filósofos talvez não evite
a piora do quadro, mas pode ajudar em alguma reação. O Brasil vive hoje em
todos os aspectos que eu posso divisar: O PIOR DOS MUNDO POSSÍVEIS! E não
consigo mesmo ficar assistindo isto como expectador. Me parece haver um
imperativo moral na denúncia e na reação contra isto. Um grande abraço amigo!
PROVOCAÇÃO POR ROBERTO HORÁCIO SÁ
PEREIRA:
Pensamento do dia:
"filosofar "não é seguir um
mestre", seja ele Kant, Hegel, Marx, Wittgenstein ou até o pobre do
Deleuze (para quem não me conhece já fui até deleuziano, lacaniano, na vida. O
primeiro curso que dei tinha o nome de "Pensamento nômade", parece
piada, mas não é). Todo filósofo nasce de um parricídio. Quem nunca matou seu
Sócrates, e continua o seguindo com um mestre, nunca se tornará um Platão. Fica
repetindo aquela mesma baboseira pro resto da vida. E é isso que produz um
grande divisor de águas no campo da filosofia, não entre "analíticos"
(nem sei mais o que isso significa) e "continentais", ou entre
filósofos e historiadores de filosofia, mas entre pessoas que pensam por conta
própria e seguidores de mestres. O problema no Brasil, é que todo mundo quer
seguir um mestre, até muitos daqueles que se dizem "analíticos". O
camarada é ou Deleuziano, ou Wittgensteineano ou Fregeano, ou Kantiano, etc. e
não consegue pensar fora da "caixinha". Só assim eles se sentem
seguros. Por isso praticamente não se cria nada de minimamente original no
Brasil."
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