No filme - para mim maravilhoso -
O Livro de Eli, com Eli (Denzel Washington) e Solara (Mila Kunis) fazendo uma
dupla de sobreviventes, mestre e discípula, pai e filha, mas também um homem e
uma mulher, a primeira Bíblia a ser impressa após o apocalipse e o colapso da
civilização. Esta Bíblia que foi toda memorizada de uma versão em braile por um
cego cuja sensibilidade mais que aguçada alimentou uma fé que o guia para o
Oeste por mais de trinta anos palavra por palavra, passo a passo do seu caminho
em um mundo vil, cruel e perverso.
A imagem solar é como uma luz vidente
ao fundo, em meio ao deserto há uma luz que nos cega e que nos guia. E tanto o
nome de Eli (Hélios) quanto Solara (de Solar) evocam esta imagem de uma luz
presente e que guia, em meio a tantas trevas, os passos dos sobreviventes de um
apocalipse, de um sol perverso que desceu a terra em uma guerra nuclear.
E é a bíblia do rei James, cuja
primeira impressão de 1611, marca a divulgação em língua inglesa das escrituras
– correspondendo ao feito de Lutero ao traduzir do latim para o alemão a Bíblia.
Esta Bíblia do Rei James que acaba de completar 400 anos.
Neste mundo é e continuará sendo
precisão muita fé (luz) e firmeza (na linguagem) para sobreviver com o que se
sabe e o que não se consegue saber, aceitar ou perceber. Para sobreviver em
meio as crenças perdidas e às crenças na perdição. E ainda precisamos de mais
tolerância e muita compreensão para conseguir criar um novo mundo em que o
excesso de bens materiais não ultrapasse a necessidade e o aceitável.
O buraco da agulha continua do
mesmo tamanho que tinha no primeiro século e a possibilidade de paz social ainda
exige bem mais do que migalhas, esmolas e moedas. Salve o povo grego, salve
todos aqueles que se negam a usura e que já entenderam a necessidade ainda a
mesma de Justiça na República. Platão não estava errado contra a ganância, os
desejos e ambições de poucos sobre os muitos e as multidões.
A tragédia não é produto de uma
catarse coletiva, mas sim de ações individuais e escolhas mesquinhas...enquanto
não aprendemos a compartilhar viveremos à margem do fim....
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