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quarta-feira, 15 de julho de 2015

A MACIEIRA E SEU FRUTOS, A ARTE E O ARTISTA, por Arnold Schoemberg.


"Quando da morte de George Gershwin, com quem Schoemberg gostava de jogar tênis, o exilado (em Los Angeles nos EUA) saudou o amigo mais jovem e mais bem-sucedido como um igual. "Um artista é para mim como uma macieira", disse Schoemberg, referindo-se a Gershwin e a si próprio. "Quando chega a sua hora, queira ou não queira, floresce e começa a dar frutos. E, como a macieira não sabe nem pergunta que valor será atribuído a seu produto pelos peritos do mercado, também o compositor não pergunta se seu produto irá agradar aos peritos(...)."

In: FRIEDRICH, OTTO. A Cidade das Redes: Hollywood nos anos 40., p.44.

Uma passagem maravilhosamente evocativa para mim. Porque gosto muito de música. Porque gosto de Gershwin e Schoemberg. Porque lembro o quanto gostava das minhas inesquecíveis partidas de tênis com meu pai - sim meu pai era um eletricista que sabia jogar tênis - assim como lembro desta expressão que Schoemberg usou saindo da boca de meu pai: "quando chega a sua hora, queira ou não queira" aplicada a toneladas de situações inexoráveis, imprevisíveis, imponderáveis e que me advertiam basicamente que o que é para ser, vai ser e o que não é, jamais será, sobre também a força da natureza, do destino e também de um talento ou gênio.

Assim, como ele mandava também dar pouca pelota para os que não te entendem e não esperar entendimento ou acolhida mesmo quando se tem razão ou se é sincero. E ela também é evocativa para mim porque me lembra do ponto de vista que tenho como aluno e professor sobre o tempo de cada coisa e cada pessoa, que cada um tem seu tempo e que só nos resta estimular, apoiar, reconhecer e apostar em quem atrai nossa atenção e merece nossa estima.


George Gershwin morreu aos 38 anos de um tumor no cérebro no auge de sua carreira. É considerado o compositor mais bem sucedido e rico de todos os tempos pelo Guardian. Escute Porgy and Bess, se nunca ouviu nada dele ou a mais popular Rhapsody in Blue. Já de Schoemberg recomendo ouvir Pierrot Lunaire, que foi caracterizado como arte degenerada pelos nazistas. Compartilho aqui a fala de Schoemberg sobre Gershwin, com a sugestiva imagem em que Gershwin pinta Schoemberg - quem vai gostar desta é minha mãe ao ouvir estas palavras em alemão, sendo aqui um claro laço de reciprocidade e tranquilidade e da paciência que temos que ter com o tempo e o talento próprio de cada um:

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