Ela era uma mulher muito linda, charmosa e alegre. A beleza
provocava suspiros até nas mulheres que andavam por perto, e o seu charme
dobrava todos os metais e chaves quando ela passava, e sua alegria dava uma bela
abalada em todos os amigos e amigas que chegavam muito perto. Mas ela só
possuía um defeito: mentia, mas não mentia para os outros não, mentia para si
mesma, muito mais para si do que para qualquer um que andasse por perto. Assim,
ninguém podia chamar ela de mentirosa. Seria uma injustiça com ela. E esta, porém,
foi a impressão mais forte que eu tive dela quando ela me disse certas coisas e
depois disse outras. E eu sabia disso e ficava calado e admirado. Olhava bem,
me admirava e ficava quieto. Não podia dizer nada mais, nem menos, senão seria
envolvido nessa trama. E eu aprendi a ficar à certa distancia vendo o que
acontecia com os cachorrinhos de estimação que ela possuía. Nenhum deles
passava fome, mas eu sabia que cada um deles só recebia migalhas do que ela
realmente tinha ou me parecia ter para dar. Um dia ela disse que queria mais e
eu fiquei pensando. Bem, garota vais ter que dar bem mais, para ter mais. E
nunca mais falei disso com ela, porque eu não podia me envolver mesmo em uma
trama destas. Kerouac já havia me ensinado que A GENTE NÃO PODE SE ENVOLVER
MUITO COM QUEM NÃO SABE O QUE QUER OU COM QUEM SABE DEMAIS O QUE QUER. E ENTÃO
EU FIQUEI SÓ OBSERVANDO, até que aquela bela imagem se dissipasse no retrovisor
da minha vida e nunca mais falei disso. Hoje me lembrei disso de novo. Porque
acabei de tomar um banho e ler 10 páginas bem saborosas de um livro muito
legal. E o Sol e o Mar em sua beleza sempre me trazem na lembrança a esperança
de que tudo podia ser diferente, pelo menos comigo...sopra a brisa e escuto um
som suave...
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