isso ajuda...
como método e como tábua de salvação...
para escrever e para pensar...
“Crusoe é um homem que se encontra numa pequena rocha, com
os poucos confortos que, a custo, conseguiu arrancar ao mar; a melhor coisa do
livro é precisamente a lista das coisas que foram salvas do naufrágio. O mais
grandioso poema é um inventário. Cada um daqueles utensílios de cozinha se
torna ideal pelo simples fato de que Crusoe podia tê-lo deixado cair ao mar.
Nas horas vagas, ou nas horas amargas de cada dia, é um bom exercício olhar
para uma coisa – seja o balde do carvão ou a estante dos livros – e pensar que
felizes nos sentiríamos se tivéssemos conseguido tirá-la do navio em vias de se
afundar, podendo contar com ela na ilha solitária. Um exercício ainda melhor é
recordar que todas as coisas que existem escaparam por pouco, que tudo o que
existe foi salvo de um naufrágio. Toda a gente viveu uma aventura horrível;
toda a gente podia não ter nascido, como aqueles bebês que nunca chegam a ver a
luz do dia”.
Trecho de: G. K. Chesterton. “Ortodoxia.”
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