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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

FRIEDRICH NIETZSCHE - VONTADE DE PODER - FRAGMENTO 1067

1. E sabeis vós também o que significa para mim “o mundo”? 

2. Devo mostrá-lo em meu espelho? 

3. Este mundo: uma imensidão de força, sem começo, sem fim;

4. uma firme, férrea grandeza de forças;

5. que não se torna maior, não se torna menor, 

6. que não se consome, mas apenas se transforma;

7. e, como um todo, é de imutável grandeza, 

8. um orçamento doméstico sem gastos e sem perdas;

9. mas, do mesmo modo, sem crescimento, sem ganhos;

10. rodeado pelo “nada” como suas fronteiras, 

11. nada que se desvaneça, nada desperdiçado, nada infinitamente extenso;

12. mas sim, como força determinada, posto em um determinado espaço, 

13. não em um lugar que fosse algures “vazio”, antes como força em toda parte, como jogo de forças e ondas de força;

14. ao mesmo tempo uno e vário, acumulando-se aqui e ao mesmo tempo diminuindo acolá;

15. um mar em forças tempestuosas e afluentes em si mesmas, sempre se modificando, sempre refluindo;

16. com anos imensos de retorno, com vazante e montante de suas configurações, expelindo das mais simples às mais complexas, do mais calmo, mais inteiriçado;

17. mais frio ao mais incandescente, mais selvagem;

18. para o que mais contradiz a si mesmo e depois, de novo, da plenitude voltando ao lar do mais simples, 

19. a partir do jogo das contradições de volta até o prazer da harmonia, afirmando a si mesmo ainda nessa igualdade de suas vias e anos;

20. abençoando a si mesmo como aquilo que há de voltar eternamente, 

21. como um devir que não conhece nenhum tornar-se satisfeito, 

22. nenhum fastio, nenhum cansaço —: 

23. este meu mundo dionisíaco do criar eternamente a si mesmo, do destruir eternamente a si mesmo, 

24. este mundo misterioso da dupla volúpia, este meu “além de bem e mal”, sem fim, 

25. se não há um fim na felicidade do círculo, sem vontade, se não há boa vontade no anel que torna a si mesmo — 

26. vós quereis um nome para este mundo? 

27. Uma solução para todos os seus enigmas? 

28. Uma luz também para vós, ó ocultos, fortes, mais destemidos seres da meia-noite? 

29. Este mundo é a vontade de poder — e nada além disso! 

30. E também vós mesmos sois essa vontade de poder — e nada além disso!

(obs. numeração e subdivisão minha. Nas duas traduções que possuo está como um parágrafo corrido. Cito SAFRANSKI, Rüdiger. Nietzsche: Biografia de uma tragédia. Tradução Lia Luft. São Paulo: Geração Editorial, 2011, p. 268. &, finalmente, NIETZSCHE, Friedrich. A Vontade de Poder. Tradução Marcos Sinésio Pereira Fernandes, Francisco José Dias de Moraes. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008, pp.512-513. Uso ambas as traduções nesta acima - em uma leitura crítica posterior isso será aperfeiçoado, justificado e esclarecido.)

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